Curtas e curtinhas

por Luis Borges 15 de junho de 2016   Curtas e curtinhas

Eleições presidenciais no Peru

O segundo turno das eleições presidenciais no Peru mostrou uma diferença de apenas 0,23% dos votos válidos na disputa entre os dois candidatos conservadores. Pedro Pablo Kuczynski, da coligação “Peruanos por el Kambio”, venceu apertadamente com 8.566.619 votos sua concorrente Keiko Fujimori, da coligação “Fuerza Popular”, que alcançou 8.527.550 votos. A diferença foi de apenas 39.069 votos num país que possui 31.488.625 habitantes segundo o Censo de 2016. Também é bom lembrar que o Presidente eleito não obteve maioria parlamentar no Congresso, o que deixa antever muitas dificuldades em futuras votações de projetos de interesse do governo.

Vale também lembrar que há 20 meses ocorreu o segundo turno das eleições presidenciais no Brasil de 200 milhões de habitantes em que a eleita venceu seu concorrente com uma margem 3,28% dos votos válidos, algo em torno de 3 milhões e 400 mil votos.  Se por aqui a luta pelo poder político continua encarniçada, vamos acompanhar os próximos passos do Peru.

Inverno chegando

O outono está chegando ao fim, marcado pelo frio, vendavais, chuvas e muitas localidades com temperaturas abaixo de zero no Sul e Sudeste do Brasil. O inverno terá inicio na segunda feira 20 de junho às 19h34 de Brasília, momento que marca o solstício de inverno no hemisfério Sul, período em que o hemisfério Norte está mais inclinado em direção ao Sol. Temperaturas baixas, dias curtos e noites longas são características marcantes da estação.

Como estão as suas expectativas faltando apenas 5 dias para a chegada da nova estação?

Nascer do Sol em Itacambira/MG

Foto: Arquivo/Sérgio Verteiro

Fusão do BB com a Caixa

Na terça-feira 07/06 o blog de Vicente Nunes, no portal do Correio Braziliense, abordou a possível fusão entre o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. O último teria suas operações absorvidas pelo primeiro, exceto a carteira imobiliária. Foi o suficiente para que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) solicitasse esclarecimentos ao Banco do Brasil, que negou veementemente a informação em comunicado ao mercado na quinta. Será? Muitos são os rumores sobre as dificuldades que a Caixa estaria enfrentando em função das interferências políticas em sua gestão. A conferir.

Migração de curso

Segundo o professor Ricardo Takahashi, pró-reitor de graduação da UFMG, 7% dos alunos que entraram na UFMG em 2014 mudaram de curso de graduação em 2015. Na sua opinião, quais seriam as principais causas desse fenômeno?

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O Galo e os livros

por Convidado 13 de junho de 2016   Convidado

* por Sérgio Marchetti

Estou escrevendo algumas bobagens que pretendo transformar em um novo livro e, para não me tirar a inspiração, hoje não quero falar de problemas de governo, propinas e desonestidade. Falarei sobre algo mais ameno: futebol. Eu quero fazer indagações, mas com foco num time da capital. Antes, porém, caro leitor, permítame  hablar sólo un poquito com usted.  Você ou vocês, melhor dizendo, já observaram que nas entrevistas de jogadores de Atlético e Cruzeiro só ouvimos os craques hablando la lengua española? Digo, castelhano e portunhol? Quanto estrangeiro! Será que foi por isso que melhoramos tanto nosso futebol? Brincadeira, gente.

Não por acaso, vou falar do Galo. São observações e análises. Eu estou impressionado com o mau rendimento da equipe. Sei das ausências, porém ainda acho que no futebol há uma condescendência muito grande para com os seus profissionais. Vou fazer um pequeno histórico.

O Atlético demitiu o Levir Culpi – que se intitulou de “burro com sorte”. São palavras dele, não fui eu quem disse tamanha ofensa. Eu apenas concordo. E é esse o título de seu livro: Burro com sorte. A diretoria não satisfeita e, ainda tomada pela emoção, contratou Diego Aguirre, desta vez sem livro mas, se escrevesse, provavelmente trocaria o “com sorte” por “sem sorte”. Não deu certo. Creio, deve ter ido para Barbacena para tentar a cura. Veio o Marcelo. Bem, ele chegou agora e estou torcendo para que dê um jeito naquele grupo de jogadores, que mais parecem soldados feridos em combate. Por enquanto, só diria que o Marcelo não está com sorte. O outro atributo – aquele ponto comum entre os dois técnicos anteriores – quero crer que ele não terá. Mas tomara que não escreva livros. Os livros não estão fazendo bem para o Galo.

Torcida do Atlético no Independência em fevereiro/2016 | Foto: Igor Costoli

Torcida do Atlético no Independência em fevereiro/2016 | Foto: Igor Costoli

Mas vamos aos jogadores. Eu aconselharia um treino de olhos vendados. Assim, quando descobrissem seus olhos, talvez acertassem mais passes. Os cegos desenvolvem outras habilidades. Pode ser uma ideia para o novo técnico. Já o nosso goleiro – sou admirador dele – mas depois que virou santo e escritor (olha o livro aí) parece que um espírito baixou nele. Anda numa preguiça de sair do gol que nem oração forte está resolvendo. E os lançamentos… o goleiro não consegue chutar a bola dentro das linhas do campo. Ele chuta para as laterais. O índice de erro é elevadíssimo. E nas bolas atrasadas ele tem se enrolado todo.  Eu sei que o rapaz tem crédito, mas está com baixa rotação faz tempo. Mas nem me falem em substitui-lo pelo Uilson.  Agora, convenhamos, a zaga também não ajuda. Quando o adversário ataca é aquele “Deus nos acuda”. E na lateral esquerda… O Lucas Cândido parece aprendiz de patinação. Já notaram? É todo desengonçado e não marca ninguém. Mas não para por aí. Tem uma turminha que joga lá na frente que não assusta nem a bebê de colo. São tão bonzinhos que reabilitaram o Dênis, goleiro do São Paulo. Deve ser o próximo a ser beatificado.

Diria que no Galo, o que tem para hoje é saudade, principalmente do Luan. O Menino Maluquinho passava garra aos colegas e alegria ao torcedor. Sem ele o futebol ficou mais pobre. Coincidência ou não, foi depois do livro.

Eu já ia voltar ao meu livro e continuar escrevendo, mas me assalta uma dúvida: será que devo? Estou me lembrando que o Muricy Ramalho, aposentado por arritmia cardíaca, também lançou um livro recentemente. Sei não…

* Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

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Vale a leitura

por Luis Borges 11 de junho de 2016   Vale a leitura

O gafanhoto e a abelha

A humanidade caminhou do feudalismo para o capitalismo e tentou caminhar do capitalismo para o socialismo em várias partes do mundo, mas a maioria das experiências não se sustentaram. Discutir o que virá depois do capitalismo ou mesmo seu desempenho no século XXI também nos ajuda a perceber a sua capacidade de se reinventar para manter a sua hegemonia num meio em que prevalece a competição em detrimento da cooperação.

O filósofo Hélio Schwartsman aborda em seu artigo “O gafanhoto e a abelha” a visão de Geoff Mulgan sobre o capitalismo. O artigo mostra que:

“o capitalismo é essencialmente um sistema em movimento, no qual tendências fortemente predatórias (o gafanhoto) se combinam com forças construtivas (a abelha) para formar um amálgama cuja marca é a transformação. Para Mulgan, Marx errou ao subestimar a capacidade do capitalismo de responder e se adaptar a ameaças e pressões políticas. Conseguiu, até, disseminar riqueza e sem perder a capacidade de, simultaneamente, concentrá-la”.

Grupos de WhatsApp e Facebook

Não sei se você participa de grupos de WhatsApp ou Facebook, por exemplo, mas sei também de pessoas que participam de um, cinco, dez e até vinte grupos. Qual é a utilidade ou a inutilidade do que se posta nesses grupos para as pessoas que deles participam? No mínimo, a resposta a essa pergunta vai gerar uma boa discussão e muita polêmica.

Uma boa contribuição vem do artigo “Tenha modos”, de Lia Bock, onde ela mostra coisas que acontecem num grupo de WhatsApp de pais de alunos de uma escola particular da cidade de São Paulo.

“Numa escola construtivista da zona oeste de São Paulo, onde Alessandra colocou os filhos, o problema do grupo de pais é o que ela chama de marketing da maternidade. A quantidade de fotos em passeio é tão grande que faz com que as dicas se transformem em exibicionismo e marketing pessoal da boa mãe”.

Gato por lebre

Como se posicionar em relação à veracidade das informações colocadas a todo instante à nossa disposição das mais diversas formas e mídias, a começar pela Internet, por exemplo? Em tempos de muito compartilhamento e pouca checagem, o professor e jornalista Leonardo Sakamoto apresenta algumas possibilidades em seu artigo “Dez dicas para descobrir se uma noticia é falsa”.  Entre elas destaco:

  • Evite páginas que não trazem a pessoa ou equipe que produzem o conteúdo
  • Se você acha que se informa o suficiente apenas lendo um título, por favor, não compartilhe nada nessa vida
  • Desconfie de textos que não trazem fontes confiáveis, como entrevistados e pesquisas de instituições conhecidas, para defender as informações e números divulgados.
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Mau atendimento como sempre

por Luis Borges 8 de junho de 2016   Pensata

Na rua mais movimentada de um bairro crescem os sinais de recessão econômica, da perda do poder aquisitivo e do desemprego galopante. Os ambulantes proliferam vendendo de água a agulha, uma diversidade digna de um grande mercado persa. Os comerciantes formalmente instados à condição de pagadores de impostos reclamam da grande queda das vendas, da postura mais arisca dos clientes, da insegurança crescente enquanto os profissionais da política partidária prosseguem na feroz disputa pelo poder.

Além de reclamarem da queda dos lucros, o que os donos desses negócios estão fazendo para manter e fidelizar os seus clientes? Nada, respondem duas amigas, uma de 56 e outra de 59 anos, que fazem compras nessa rua há quase 10 anos. Elas frequentam a padaria diariamente e pelo menos uma vez na semana comparecem ao sacolão de hortifrutigranjeiros e ao supermercado. Como toda e qualquer cliente que se preze elas também têm a expectativa de encontrar bens e serviços de qualidade a um preço justo e com um excelente atendimento.

Foto: Marina Borges

Foto: Marina Borges

A percepção delas mostra que ainda existe muito o que ser melhorado por parte de seus três fornecedores. A necessidade mais gritante está no serviço dos atendentes, inclusive dos caixas, que não se comprometem com o processo de atendimento, fazem “cara de paisagem” como se nada fosse com eles, sempre se dispersam conversando com os colegas e evitam falar com cliente que estão atendendo. Eles passam a sensação de que o cliente incomoda, que é quase um favor atendê-lo e que, quanto mais rápido ele for embora, maior será o tempo livre sem fazer nada.

As duas amigas também nãos estão satisfeitas com os preços cobrados e consideram que eles poderiam estar bem mais em conta, inclusive com mais promoções. Além disso, dizem não perceber a presença de um gerente ou chefe liderando os trabalhadores, que muitas vezes se assemelham a um bando perdido ou no máximo a um grupo. Uma das amigas diz que os chefes só ficam mexendo com planilhas e falando ao telefone e se esquecem – ou não tem tempo – para verificar o que as pessoas estão fazendo e menos ainda para treiná-las nos padrões dos diversos processos. Fica fácil de entender a causa da grande rotatividade de empregados. Toda semana tem gente nova no pedaço.

Por último as duas amigas falam que ainda continuam fiéis a esses fornecedores por causa da logística, pois eles estão distantes a no máximo cinco quarteirões de suas residências e nem automóvel elas precisam tirar da garagem.

Como se vê a crise exige e torna o momento obrigatório para que todos possam rever os seus processos de trabalho e continuar competindo mesmo no aparentemente acomodado mercado de um bairro.

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Quem quiser ou precisar conhecer com um bom nível de confiabilidade a real situação do funcionalismo público brasileiro poderá encontrar uma razoável dificuldade. Muitas vezes as informações estão escondidinhas em vários tipos de relatórios, que são apresentados de maneira desintegrada e nem sempre amigável. Outras vezes os acessos não estão disponíveis apesar de aparecerem citados nos sites como se estivessem. Mesmo quando se recorre à Lei de Acesso à Informação não se tem a garantia de que ela será obtida e em quanto tempo.

Nesse momento em que o país se encontra em plena recessão econômica e sofrendo todas as suas consequências – inclusive queda na arrecadação de impostos, contribuições e taxas – crescem os questionamentos sobre diversas variáveis que envolvem as pessoas que trabalham para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Salários, gratificações, benefícios, horizontes de carreira, aposentadoria integral pelo regime próprio, penduricalhos como auxílio para moradia, livro e mudança de domicílio, diárias e jatinhos, só para citar alguns exemplos, pressionam os custos sempre crescentes independentemente do nível da receita. As disparidades existentes entre os três poderes e o Ministério Público chamam a atenção para determinados níveis de privilégios e colocam em questão a qualidade do gasto, a Previdência Social própria para o setor público bem como sobre o tamanho que o Estado deveria ter.

Ao garimpar mais informações consistentes envolvendo essas questões encontrei o Relatório Final dos Debates sobre a Previdência Social, produzido no âmbito do Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Renda e de Previdência Social. Ele foi produzido pelo então Ministério do Trabalho e Previdência Social, tendo sido divulgado em 10 de maio de 2016 e publicado no dia seguinte pelo DIAP – Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar.

Apresento a seguir alguns pouquíssimos fatos e dados contidos no Relatório que chamaram minha atenção sobre a dimensão da estrutura existente nesse grande sistema.

  • Os Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) asseguram a proteção previdenciária aos servidores públicos titulares de cargos efetivos e são disciplinados pelo art. 40 da Constituição Federal, pela Lei nº 9.717/1998 e por alguns dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal.
  • Além da União, dos Estados e do Distrito Federal, existem RPPS em 2052 municípios, incluídas todas as Capitais;
  • Não possuem RPPS outros 3.517 municípios, cujos servidores vinculam-se ao Regime Geral da Previdência Social (RGPS) do INSS que paga os proventos de seus servidores aposentados e pensionistas (porém, cerca de 70% da população brasileira vive em Municípios que instituíram o RPPS, devido a sua prevalência naqueles de maior porte).
  • Em 2014 existiam no RPPS da União 1.195.852 servidores ativos, 566.390 aposentados e 411.475 pensionistas perfazendo um total de 2.173.717 pessoas.
  • Nos Estados e Distrito Federal eram 2.678.043 servidores ativos, 1.442.815 aposentados e 490.215 pensionistas num total de 4.611.073 pessoas.
  • Já nos Municípios eram 2.379.189 servidores ativos, 449.055 aposentados e 132.573 pensionistas dando um total de 2.960.817 pessoas.
  • Portanto são 9.745.607 servidores entre ativos e inativos sempre recebendo proventos integrais.

O que mostrei aqui é apenas a ponta da ponta do iceberg que envolve o serviço público, mas dá para sentir o tamanho do desafio a ser enfrentado por quem espera equilibrar as contas públicas a partir de premissas racionais.

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Há pelo menos 30 anos ouço falar em reforma da Previdência Social enquanto entra e sai governo. Se reforma pode significar a reorganização de um sistema, o remendo apenas substitui uma pequena parte que já não funciona a contento. Alguns governantes tiveram até dois mandatos consecutivos, que resultaram em pequenos remendos e muitas bravatas, num jogo mais de cenas do que de vontade de mudar alguma coisa para melhor. Basta a lembrança do fator previdenciário, que reduz a remuneração de quem se aposenta em torno dos 50 anos de idade mesmo tendo atingido o tempo de contribuição por ter começado a pagar lá pelos 15 ou 16 anos de idade.

Mas por que a reforma da Previdência Social incomoda tanto a todos nós? Está em nossa cultura o desejo de parar de trabalhar profissionalmente o mais cedo possível e com a garantia de receber proventos que nos assegure a continuidade da vida no ócio com dignidade até o dia em que os olhos se fecharem definitivamente. Mas o que pesa tanto para o equilíbrio e a sustentabilidade da Previdência Social nos setores privado e público?

No caso do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), que se aplica aos trabalhadores da iniciativa privada, é importante enumerar alguns aspectos marcantes que o evolvem. Sempre se fala aos quatro ventos que “existe um déficit anual crescente em suas contas”, mas ninguém se lembra de apontar que em 1988 a Constituição Brasileira determinou a incorporação de 5 milhões de trabalhadores rurais na condição de aposentados. A condição era que o Tesouro Nacional repassaria ao INSS o valor gasto com os pagamentos, mas isso já deixou de ser feito há décadas. Em 2015 o RGPS teve um resultado negativo de R$85,8 bilhões em função do superávit de R$5,1 bilhões da previdência urbana e do déficit de R$91 bilhões da previdência rural. A contribuição urbana representa 98% e a rural 2% Como falta transparência e a gestão é frágil, sobram informações incorretas, manipulação de dados, fraudes, roubos e desperdícios. Não dá para esquecer que a recessão econômica e 11,5 milhões de desempregados impactam e contribuem para reduzir a arrecadação, bem como a desoneração da folha de pagamentos salariais das empresas. Também é importante lembrar que a taxa de fecundidade já chegou a 1,7 filhos por mulher e a expectativa média de vida já se aproxima dos 75 anos.

Sendo assim, vale discutir de maneira racional, sem manipulações governamentais, sindicais – de empregados e empregadores – e de partidos políticos as várias variáveis que interferem no modelo e na gestão do RGPS, tais como idade mínima para se aposentar, tempo e teto máximo de contribuição, fontes de financiamento, auditorias e transparência para permitir o acesso a todas as informações.

Espera-se que dessa grande discussão não prevaleçam propostas que só transfiram para os trabalhadores todos os ônus de uma reforma que reequilibre o sistema, enquanto o Estado e seus governantes de cada momento poderão fingir que a solução não passa por eles.

Enquanto isso, um grupo de trabalho foi criado em Brasília para apresentar uma proposta de reforma em 30 dias para posterior discussão no Congresso Nacional. Esse tempo já está quase acabando, mas a discussão será muito desgastante e penosa devido aos interesses em disputa no jogo. É claro, e também se espera, que o Regime Próprio da Previdência Social que se aplica aos servidores públicos federais, estaduais e municipais dos três poderes também faça parte dessa discussão, que deve apresentar uma solução integrada para toda a Previdência Social – para o serviço público e o serviço privado – , seja ele na cidade ou no campo.

Até lá, a corrida para a aposentadoria só tem aumentado, em função daqueles que querem assegurar os direitos adquiridos em vigor sem ter que se submeter a possíveis regras de transição.

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De vez em quando tenho a honra de ser convidado para participar de alguma festa alusiva aos 15 anos de uma “mocica”, ao casamento de alguém ou para os 60 anos de gente da minha geração – da família, da escola e do trabalho. Um fenômeno interessante, e que tem chamado minha atenção, é o que está ocorrendo em eventos com a presença de colegas de aula da Universidade na segunda metade dos anos 70 do século passado. Boa parte deles militava no movimento estudantil, uma força auxiliar do movimento operário de então. O foco era a derrubada da Ditadura Militar, com variadas nuances entre os opositores ao regime político.

Existe uma colega que sempre chega às festas bastante apressada e bem depois da hora marcada para o início. Até aí tudo bem, pois ela nunca foi de cumprir horário mesmo. Após os eufóricos cumprimentos ensejados pelo encontro, a colega já aproveita para dizer que não poderá permanecer por ali durante muito tempo pois ainda irá a outra festa onde já está sendo aguardada. Como o tempo passa rapidamente, inquieta e ansiosa a colega logo começa a se despedir de todos com beijos de um lado e do outro da face e falando que é preciso fazer um encontro de toda a turma. A proposta ecoa como uma palavra de ordem sem efeito. A sensação é que ela pensa que seu papel é o de fazer uma proposta para que os outros a coloquem em prática. Percebo que a colega não mudou o seu jeito de ser até hoje, é sinal de que já não haverá tempo para mudar mais. Não existe autocrítica capaz de alavancar tamanha mudança em postura tão cristalizada. Após a saída da propositiva colega, os remanescentes prosseguem na festa imaginando quando haverá um novo encontro para que a proposta seja repetida mais uma vez.

Terminei minha reflexiva constatação pensando que se colegas estão assim, que avaliação podemos fazer das nossas amizades com os amigos e amigas cuja quantidade cabe nos dedos de uma ou no máximo duas mãos? Será que elas estão sendo cultivadas como merecem e precisam ser? Afinal de contas, as amizades para a turma dos que já estão passando dos 60 são uma parte importante no balanceamento do curso da vida, que deve ser ativo e em busca de muitos momentos felizes com a prevalência do lado idoso.

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