O Galo e os livros

por Convidado 13 de junho de 2016   Convidado

* por Sérgio Marchetti

Estou escrevendo algumas bobagens que pretendo transformar em um novo livro e, para não me tirar a inspiração, hoje não quero falar de problemas de governo, propinas e desonestidade. Falarei sobre algo mais ameno: futebol. Eu quero fazer indagações, mas com foco num time da capital. Antes, porém, caro leitor, permítame  hablar sólo un poquito com usted.  Você ou vocês, melhor dizendo, já observaram que nas entrevistas de jogadores de Atlético e Cruzeiro só ouvimos os craques hablando la lengua española? Digo, castelhano e portunhol? Quanto estrangeiro! Será que foi por isso que melhoramos tanto nosso futebol? Brincadeira, gente.

Não por acaso, vou falar do Galo. São observações e análises. Eu estou impressionado com o mau rendimento da equipe. Sei das ausências, porém ainda acho que no futebol há uma condescendência muito grande para com os seus profissionais. Vou fazer um pequeno histórico.

O Atlético demitiu o Levir Culpi – que se intitulou de “burro com sorte”. São palavras dele, não fui eu quem disse tamanha ofensa. Eu apenas concordo. E é esse o título de seu livro: Burro com sorte. A diretoria não satisfeita e, ainda tomada pela emoção, contratou Diego Aguirre, desta vez sem livro mas, se escrevesse, provavelmente trocaria o “com sorte” por “sem sorte”. Não deu certo. Creio, deve ter ido para Barbacena para tentar a cura. Veio o Marcelo. Bem, ele chegou agora e estou torcendo para que dê um jeito naquele grupo de jogadores, que mais parecem soldados feridos em combate. Por enquanto, só diria que o Marcelo não está com sorte. O outro atributo – aquele ponto comum entre os dois técnicos anteriores – quero crer que ele não terá. Mas tomara que não escreva livros. Os livros não estão fazendo bem para o Galo.

Torcida do Atlético no Independência em fevereiro/2016 | Foto: Igor Costoli

Torcida do Atlético no Independência em fevereiro/2016 | Foto: Igor Costoli

Mas vamos aos jogadores. Eu aconselharia um treino de olhos vendados. Assim, quando descobrissem seus olhos, talvez acertassem mais passes. Os cegos desenvolvem outras habilidades. Pode ser uma ideia para o novo técnico. Já o nosso goleiro – sou admirador dele – mas depois que virou santo e escritor (olha o livro aí) parece que um espírito baixou nele. Anda numa preguiça de sair do gol que nem oração forte está resolvendo. E os lançamentos… o goleiro não consegue chutar a bola dentro das linhas do campo. Ele chuta para as laterais. O índice de erro é elevadíssimo. E nas bolas atrasadas ele tem se enrolado todo.  Eu sei que o rapaz tem crédito, mas está com baixa rotação faz tempo. Mas nem me falem em substitui-lo pelo Uilson.  Agora, convenhamos, a zaga também não ajuda. Quando o adversário ataca é aquele “Deus nos acuda”. E na lateral esquerda… O Lucas Cândido parece aprendiz de patinação. Já notaram? É todo desengonçado e não marca ninguém. Mas não para por aí. Tem uma turminha que joga lá na frente que não assusta nem a bebê de colo. São tão bonzinhos que reabilitaram o Dênis, goleiro do São Paulo. Deve ser o próximo a ser beatificado.

Diria que no Galo, o que tem para hoje é saudade, principalmente do Luan. O Menino Maluquinho passava garra aos colegas e alegria ao torcedor. Sem ele o futebol ficou mais pobre. Coincidência ou não, foi depois do livro.

Eu já ia voltar ao meu livro e continuar escrevendo, mas me assalta uma dúvida: será que devo? Estou me lembrando que o Muricy Ramalho, aposentado por arritmia cardíaca, também lançou um livro recentemente. Sei não…

* Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

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