Já se passaram 28 dias do segundo turno da eleição para Presidente da República que foi marcada por polarização, fake news, tentativas de se colocar em dúvida a integridade das urnas eletrônicas, pesquisas eleitorais com dificuldades para captar mudanças na reta final e uma guerra civil na internet…

Mas como vale tudo pelo poder em diferentes épocas da vida no país, é bom lembrar, por exemplo, a eleição para Presidente da República ocorrida em 3 de outubro de 1955, na qual foi eleito Juscelino Kubitschek com 35,3% dos votos dos eleitores aptos a votar. Veja mais detalhes aqui. Agora, em 2018, o Presidente eleito obteve 39,2% dos votos de quem estava apto a votar.

Reproduzo a seguir parte de um texto do historiador Antônio Gasparetto Junior mostrando como o Movimento 11 de novembro, de natureza político militar, garantiu que o Presidente eleito e seu vice tomassem posse no dia 31 de janeiro de 1956.

“A herança do varguismo acaba elegendo o candidato do PSD, Juscelino Kubitschek, para presidência e o candidato do PTB, João Goulart, para vice-presidência. A vitória de tal chapa mostrou que o legado de Getúlio Vargas permanecia vivo e que continuava mais forte que as manifestações da UDN.

Os militares e os membros da UDN ficaram insatisfeitos com a aliança que ganhou as eleições, Juscelino era rejeitado por Carlos Lacerda, Café Filho e as Forças Armadas por causa de sua ligação com o PTB. Por outro lado, Luis Carlos Prestes, o PCB e os sindicatos apoiavam a chapa de Juscelino e João Goulart. Teve início então uma acirrada disputa política.

Os embates políticos ficaram intensos e atingiram o auge em primeiro de novembro de 1955 quando, no sepultamento do general Canrobert Pereira da Costa, o coronel Jurandir Mamede fez um discurso defendendo a impugnação da posse dos eleitos para presidência. O então Ministro da Guerra, Henrique Lott, estava presente e desaprovou o discurso do coronel, pois havia uma recomendação de se evitar pronunciamentos que agravassem a situação política do Brasil. Lott exigiu a punição do coronel Mamede junto ao presidente em exercício Café Filho, mas este recusou.

Pouco tempo depois, Café Filho teve que se afastar do cargo por problemas de saúde e o comando foi passado interinamente para Carlos Luz, presidente da Câmara dos Deputados e próximo na linha política da UDN.

Tanto Café Filho como Carlos Luz tinham afinidades com a ideia de impugnar a vitória de Juscelino e Goulart, o que representava um perigo. O general Henrique Lott ficou descontente com toda a situação e apresentou seu pedido de demissão, mas os generais Odílio Denys e Olympio Falconiére se reuniram para evitar a demissão do general Lott, pois um golpe se aproximava. Além disso, nessa reunião ficou decidido ocupar pontos importantes do Rio de Janeiro para pressionar o governo a respeitar a disciplina militar. O general Lott recuou do pedido e decidiu liderar tal movimento planejado no dia 10 de novembro. Já durante a madrugada do dia 11 de novembro o general Lott ordenou o cerco ao Palácio do Catete, a ocupação dos quartéis de polícia e da sede da companhia telefônica. Tal evento ficou conhecido como Movimento 11 de Novembro, Contra-Golpe ou Preventivo do Marechal Lott.

Com a situação plenamente desfavorável, Carlos Luz, Carlos Lacerda, alguns ministros e o coronel Mamede embarcaram no cruzador Tamandaré às 9 horas da manhã rumo a Santos, para de São Paulo tentar organizar uma resistência. Mas a tentativa foi frustrada pela ação do general Falconiére que chegou primeiro em São Paulo obrigando o cruzador Tamandaré voltar ao Rio de Janeiro. Tal fato marcou a vitória do general Henrique Lott.

A Câmara dos Deputados impediu Carlos Luz de exercer a presidência, empossando Nereu Ramos para o cargo. Quando Café Filho tentou retornar ao cargo, foi impedido por estar envolvido com o embargo da posse dos eleitos. Nereu Ramos conseguiu do Congresso o direito de governar em Estado de Sítio por 30 dias e assim foi possível sustentar o governo para que os candidatos eleitos tomassem posse no dia 31 de janeiro de 1956”.

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Ouço algumas pessoas a bradar de vez em quando que “o passado a gente esquece”. Mas como esquecer ou apagar a História que registra a trajetória de uma nação ou mesmo da humanidade? É por isso que insisto sempre que olhar para o passado nos ajuda a conhecer melhor os acontecimentos que nos trouxeram até o presente momento para melhor compreendê-lo e também para nos ajudar a projetar o que o futuro poderá vir a ser.

Nesse sentido é importante conhecer um pouco mais a trajetória de Getúlio Dornelles Vargas na política partidária brasileira. Trajetória que se encerrou com o seu suicídio em 24 de agosto de 1954, com a conhecida carta que diz “saio da vida para entrar na história”. Uma forma de conhecer melhor sua biografia é ler o artigo de Mayra Poubel publicado no Info Escola. Reproduzo a seguir parte dele, que aborda a atuação política de Getúlio Vargas de 1928 a 1954.

“Tornou-se presidente do estado do Rio Grande do Sul em 1928, assumindo o governo com o objetivo pacificador da política estadual. Porém a sucessão de Washington Luís se deu em meio de discordâncias entre as lideranças estaduais de São Paulo e Minas Gerais sobre as eleições federais. O presidente paulista não queria realizar a alternância com um candidato mineiro, insistindo em um candidato paulista. Com isso, a oposição viu em Getúlio Vargas uma alternativa. De um lado estava a candidatura oficial a cargo do paulista Júlio Prestes. Do outro lado a figura de Getúlio Vargas como representante da Aliança Liberal que contava com membros gaúchos, mineiros além do apoio da Paraíba, de dissidências estaduais e do movimento tenentista. Como vice de Vargas, João Pessoa.

Das eleições de março de 1930, Júlio Prestes saiu vitorioso. Porém setores mais radicais da Aliança alegaram fraudes nas eleições não reconhecendo o resultado como legítimo e iniciando a organização de um levante que desembocou na Revolução de 1930. Se de início alguns setores estavam hesitantes, o assassinato de João Pessoa ocorrido em julho serviu como combustível para àqueles que queriam derrubar o governo. Em 3 de novembro de 1930, Getúlio Vargas torna-se chefe do Governo Provisório após a vitória da oposição.

Em 1932 eclodiu em São Paulo a chamada Revolução Constitucionalista que exigia a elaboração de uma nova constituição, demanda que só foi resolvida em 1934 com a promulgação de uma nova Constituição. Após a Constituição, Vargas foi submetido a eleições indiretas que deveriam por fim ao período do “governo provisório”. Ele conseguiu se eleger com 175 votos enquanto seu antigo aliado Borges de Medeiros conseguiu 59.

Alegando ameaças de um pretenso plano comunista no Brasil chamado de Plano Cohen, em 1937 Getúlio fechou o Congresso Nacional – marco que estabelece o início do período do Estado Novo, que se estendeu até o ano de 1945. Foi um período ditatorial em que entrou em vigência uma nova Constituição que estabeleceu, entre outras coisas, a dissolução dos partidos políticos.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a vitória dos países democráticos, havia uma pressão de redemocratização na política brasileira, porém Getúlio Vargas alegava que o movimento “queremista” era uma prova da vontade do povo que ele continuasse no poder. Isto não aconteceu e Vargas foi deposto pelos militares.

Após ser deposto, Vargas chegou a participar da Constituinte de 1946 (sendo eleito pelos estados do Rio Grande do Sul e São Paulo), porém após vários constrangimentos no parlamento feito por opositores, regressou a sua cidade natal, fixando-se na Fazenda de Itu em um exilio voluntário. Esse afastamento acabou quando nas eleições presidenciais de 1950 Vargas foi eleito com 48.7% dos votos.

Durante todos os anos desse novo governo (1951-1954), Getúlio enfrentou uma forte campanha oposicionista liderada pela União Democrática Nacional (UDN). Em agosto de 1954 um atentado contra o líder oposicionista Carlos Lacerda agravou ainda mais a instabilidade política e as pressões sobre Vargas que não suportando a forte campanha oposicionista que atacava seu legado político além de ataques pessoais, suicidou-se em 24 de agosto de 1954. A sua morte causou reação popular que culpabilizou todos que atacavam Getúlio”.

Quais aspectos mais te chamaram a atenção?

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De vez em quando é importante olhar para o passado num determinado ponto do tempo e verificarmos como as coisas da vida foram se desenvolvendo até os dias presentes. Quem sabe venham daí um pouco de conhecimento e inspiração para nos impulsionar rumo ao futuro que virá, mas que chega a cada novo instante.

Nesse vai da valsa, diante de mais uma eliminação da seleção brasileira de futebol numa Copa do Mundo – no caso a da Rússia – voltei ao ano de 1982 na Copa da Espanha, quando o Brasil também foi eliminado em seu quinto jogo, apesar de todo o seu futebol arte.

Aconteceu que 4 dias após essa eliminação os formandos de todos os cursos de Engenharia da UFMG participaram da cerimônia de colação de grau no antigo ginásio do Minas Tênis Clube, em Belo Horizonte. Era o dia 9 de julho, portanto há pouco mais de 36 anos. A ditadura militar já tinha completado 18 anos, a população brasileira era estimada em 126,5 milhões de habitantes, a inflação anual estava em 101% e o PIB do ano anterior foi negativo em 4,39%. Fui escolhido para ser o primeiro orador da cerimônia e, em 3 minutos, proferir o discurso a seguir. Será que alguns dos temas abordados continuam sendo válidos na atual conjuntura?

Professor José Martins de Godoy, D.D. Diretor da Escola de Engenharia e nosso estimado Paraninfo.

Senhores membros da congregação

Senhores professores homenageados

Queridos pais

Colega presidente do DCE

Caros colegas

Senhoras e Senhores

Estamos aqui para receber os nossos diplomas de engenheiros. Para trás fica um longo caminho que nem todos os brasileiros de nossa idade puderam percorrer, excluídos que foram dos bancos escolares pelo nosso modelo econômico.

O ensino que recebemos geralmente se mostrou acrítico e desvinculado das nossas realidades imediatas, mas suficiente para trabalharmos como repetidores nesse país de tecnologia importada.

Ser um engenheiro que engenha, um engenheiro criador, continuará sendo um sonho, que talvez só se realize quando o nosso país for autônomo, independente, senhor do seu destino e possuidor de ouvidos para ouvir a voz de sua população.

A Universidade que vivenciamos se mostrou muito mais formadora de mão de obra, relegando a um segundo plano a sua função de pensar, de fazer a ciência, de ver a sociedade criticamente.

A Universidade que vivenciamos primou pelo amadorismo e pelos bons propósitos da maioria dos seus dirigentes, mas como já dizia o poeta, houve muita distancia entre intenção e gesto.

E o que esperar do mercado de trabalho? Talvez ser mais um número na estatística dos desempregados, ou muita luta junto ao Sindicato da nossa categoria profissional e de outras categorias profissionais, pois bons padrinhos não resolverão os problemas de todos nós…

Enquanto continuarmos apáticos, sonhando de olhos abertos, a recessão econômica e o desemprego continuarão a caminhar lado a lado, os lucros do capital prosseguirão intocáveis, a riqueza concentrada em poucas mãos e a miséria fartamente distribuída.

Se nessa hora a realidade nos mostra que muitos dos nossos sonhos continuarão a ser sonhados, ela não nos impede de reconhecer e de agradecer aos nossos pais pelo acalanto, pela força que nos deram em todos os momentos.

Finalmente, um até de repente aos nossos colegas, professores, à Escola de Engenharia e seu corpo de funcionários, com a certeza de que nunca se apagarão de nossas memórias os diferenciados momentos que vivemos juntos.

Daqui a pouco iremos para as nossas festas, mas na segunda-feira já estaremos na luta. Fizemos um gol, mas ainda não somos campeões.

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O Plano Cruzado entrou em vigor em 28 de fevereiro de 1986, quando os índices inflacionários caminhavam para as alturas. Naquele dia faltavam oito meses e meio para as eleições de 15 de novembro, quando seriam eleitos 23 governadores, 487 deputados federais e 49 senadores.

Hoje, em 2018, a baixíssima inflação anual ficou em 2,86% nos últimos 12 meses, segundo o IPCA/IBGE. O Presidente da República decretou intervenção federal na segurança pública no estado do Rio de Janeiro em 16 de fevereiro, dia em que faltava pouco mais de sete meses e meio para o primeiro turno das eleições para Presidente da República e governadores.

Passados 32 anos será que é possível encontrar semelhanças na conjuntura enfrentada por José Sarney, vice que assumiu o lugar de Tancredo Neves, e de Temer, vice que assumiu o lugar de Dilma?

A seguir um pouco do que foi e significou o Plano Cruzado, conforme publicação do portal Toda Matéria.

O “Plano de Estabilização Econômica (PEE)”, conhecido popularmente como “Plano Cruzado”, foi um plano econômico brasileiro criado durante o governo de José Sarney em 1986, pelo então ministro da Fazenda Dilson Funaro e os economistas João Sayad, Edmar Bacha, André Lara Resende e Pérsio Arida, com o objetivo de conter o processo de inflação galopante.

Assim, pela Lei nº 2.283, de 27 de fevereiro de 1986, institui-se o plano econômico, sob o slogan de “inflação zero”, que passa a vigorar em 28 de fevereiro de 1986 e durou até 16 de janeiro de 1989, quando foi substituído pelo Cruzado Novo.

Principais Causas e Características

A hiperinflação brasileira durante a década de 1980 permitiu lucros financeiros àqueles que lidavam com o processo especulativo, bem como àquelas empresas mais competitivas no mercado.

Por sua vez, a inflação possuía um caráter inercial, segundo o qual a própria inflação se alimentava de si num processo de retroalimentação, sendo a causa do próprio aumento. Por esse motivo, a “desindexação da economia” seria a única forma de eliminar a origem da especulação financeira causadora deste fenômeno.

Assim, foram adotadas as seguintes medidas:

  • Reforma monetária, com a transformação da moeda Cruzeiro em Cruzado, o qual valia 1000 vezes mais;
  • Congelamento dos preços em todo o varejo pelo prazo de um ano nos valores de 27 de fevereiro de 1986;
  • Congelamento e correção automática do salário quando os índices atingissem 20% de inflação;
  • Adiantamento de 33% do salário mínimo;
  • Congelamento da Taxa de Câmbio;
  • Criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND) para a implementação do Plano de Metas responsável pela área de infra-estrutura econômica e insumos básicos.

Contexto Histórico

Entre os anos de 1983 e 1985, a inflação registrava índices de 230% ao ano. Contudo, a previsão para 1986 era de até 400% ao ano. Apesar disso, a condição interna e externa do país eram relativamente boas, uma vez que havia superávit nas exportações e os preços do petróleo diminuíam no mercado internacional.

Enquanto isso, as contas públicas estavam equilibradas e sem as pressões inflacionárias dos déficits públicos, o que favorecia a implementação de uma reforma econômica mais radical.

Com efeito, se em fevereiro de 1986 a inflação chegou a 14,36%, no mês seguinte, após a implementação do PEE, já havia uma deflação de -0,11 %. Nos meses subsequentes, a inflação se manteve controlada.

Contudo, a política monetária de elevação da taxa de juros para desaquecer o consumo e incentivar a poupança não funcionou como deveria (na realidade, houve saques nas cadernetas de poupança, direcionados para o consumo de bens) e criou-se uma situação de desequilíbrio entre a oferta e a demanda, devido ao consumo em alta. Como o governo não era capaz de controlar seus gastos ou corrigir as falhas com medidas impopulares, o Plano Cruzado começou a demonstrar falhas.

Além disso, o congelamento dos preços impedia que produtores reajustassem seus preços, o que acabou diminuindo a rentabilidade dos produtos ou até inviabilizando a produção, especialmente de gêneros afetados por condições sazonais.

O resultado imediato desse fenômeno foi o desabastecimento de bens e as grandes filas nos supermercados. Apesar disso, o consumo continuava em alta. Por outro lado, o congelamento da taxa de câmbio fez o Brasil perder uma parcela significativa das reservas monetárias internacionais.

Por fim, após as eleições de 15 de novembro de 1986, o PEE fracassou definitivamente e a inflação retornaria com mais força do que no período que antecedeu ao Plano Cruzado.

Em 1987, devido à crise econômica desenfreada, o Brasil decreta a moratória da dívida externa. Mesmo assim, o Cruzado continuará como moeda nacional até janeiro de 1989, quando foi substituído pelo Cruzado Novo.

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A febre amarela está, com destaque, entre as preocupações do cotidiano das pessoas e das autoridades governamentais atordoadas com a volta da doença que era considerada controlada. As abordagens feitas pelas diversas mídias destacam a desinformação, os descuidos em áreas de risco, os sintomas da doença, a dose única integral da vacina ou seu fracionamento, os postos públicos ou privados com vacinas disponíveis ou não, o cartão com registro da vacina e as justificativas governamentais diante do despreparo para enfrentar rapidamente o surto.

Enquanto pouco se fala sobre as formas de evitar o mosquito transmissor do vírus, um bom destaque tem sido dado às atualizações das estatísticas – sempre crescentes – com o número de pessoas mortas ou casos de suspeitas de contaminação em análise nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Como também é importante olhar para trás, para o passado, para melhor compreender o presente e enxergar possíveis soluções para o futuro, registro aqui algumas datas marcantes da presença da febre amarela no Brasil a partir de 1685, segundo a Wikipédia.

A primeira referência à febre amarela no Brasil data de 1685, com a ocorrência de surto no Recife, em Olinda, na Ilha de Itamaracá e em Goiana na Capitania de Pernambuco. O vírus da febre amarela e o Aedes aegypti vieram juntos da África, nos navios negreiros. Tempos depois atingiu a população de Salvador, onde causou cerca de 900 mortes durante os seis anos em que ali esteve. A febre amarela foi reintroduzida em 1849 (primeira grande epidemia ocorrida na capital do Império, o Rio de Janeiro), quando um navio americano chegou a Salvador procedente de Nova Orleans e Havana, infectando os portos e se espalhando por todo o litoral do Brasil.

Uma grande epidemia de febre amarela matou mais de 3% da população da cidade brasileira de Campinas no verão do ano de 1889. Adolfo Lutz, em suas reminiscências sobre a febre amarela, calculou em três quartos a população que deixou Campinas em direção a outras cidades, fugindo da febre amarela.

Em 1895, o navio italiano Lombardia foi acometido de febre amarela ao visitar a cidade do Rio de Janeiro, onde quase não existia esgoto e a infraestrutura sanitária era extremamente precária.

Outras datas:

·         1902 – Sorocaba (SP), foi realizado o 1.º Combate ao vetor da doença, sob a orientação de Emílio Ribas.

·         1903 – Oswaldo Cruz, iniciou a Campanha contra a febre amarela no Rio de Janeiro.

·         1928 – A doença reaparece no Rio de Janeiro, causando 436 mortes. Iniciada, a nível nacional, campanha contra a febre amarela, resultado do contrato assinado com a Fundação Rockefeller.

·         1940 – Foi criado, no Brasil, o “Serviço Nacional de Febre Amarela”.

·         1957 – Após ampla campanha de combate ao Aedes aegypti, essa espécie foi declarada erradicada do Brasil, na XV Conferência Sanitária Pan-americana.

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Quando observamos e analisamos os acontecimentos da vida brasileira no presente momento também somos impelidos a olhar para o passado recente de nossa história para melhor compreender o seu processo gerador.

Se olhamos para trás, também devemos olhar para a frente e fazer nossas projeções sobre o que o futuro poderia vir a ser, como por exemplo, nas eleições presidenciais de outubro de 2018.

Nesse sentido apresento a seguir um trecho do artigo da historiadora Michele Viviane Godinho Corrêa sobre o Ato Institucional número 5, de 13 de dezembro de 1968, publicado pelo portal Info Escola. O artigo completo pode ser lido neste link.

Em seu preâmbulo, o AI-5 manteve a convicção de que o golpe de 1964 representou uma revolução que refletiu os anseios do povo brasileiros. Investidos do poder que emana do povo e que lhes foi delegado por este, os militares novamente colocam na conta da esquerda socialista seus atos contrários aos direitos e garantias individuais, “no combate à subversão e às ideologias contrárias às tradições de nosso povo, na luta contra a corrupção” […]. Para isso, buscaram os meios que julgavam necessários à realização da reconstrução da pátria. Além disso, o texto reforçou que o processo revolucionário seria continuado (AI-2) e, para isso, seria necessário eliminar grupos oriundos dos setores políticos e culturais, assim como “processos subversivos e de guerra revolucionária”, em alusão aos grupos de resistência armada que vinham promovendo diversas ações para desestabilizar o regime militar, tais como expropriações em bancos e sequestros.

Além da já conhecida prerrogativa de decretar o recesso do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e das Câmaras de Vereadores a qualquer tempo, medida já presentes em atos institucionais anteriores, o AI-5 deixa claro que o retorno às atividades desses órgãos também dependeria de convocação do Presidente da República. Também permitiu que o Presidente da República pudesse decretar intervenção nos estados e municípios sem limitações constitucionais.

O AI-5 também reforçou a prerrogativa do Presidente da República, orientado pelo Conselho Nacional de Segurança, de suspender por dez anos os direitos políticos e cassar mandatos eletivos em todas as esferas (municipal, estadual e federal) de qualquer cidadão. A suspensão de tais direitos cessaria privilégio de foro devido à função exercida – o que atingia o deputado Márcio Moreira Alves e permitiu sua cassação – e impediria o cidadão de votar e ser votado em eleições sindicais. Proibia também manifestação de assuntos de natureza política e poderia até chegar a proibição de frequentar determinados lugares.

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Enquanto a crise política persiste sem que o sistema político partidário consiga chegar a uma saída que tire o país da paralisia, vai ficando claro a falta que faz um protagonista que ainda não entrou no jogo. Basta lembrar como as difusas manifestações populares de junho de 2013, portanto há quatro anos, balançaram o país e deixaram marcas da grande insatisfação reinante. Ainda assim, os detentores do poder político se mantiveram focados em suas próprias necessidades de manutenção do poder enquanto se acentuavam as crises econômica e social.

Agora enquanto o impopular Presidente da República tenta se agarrar ao cargo e às malas de dinheiro oriundas da aliança corrupta entre políticos, empresários e alguns segmentos de servidores públicos, é chegada a hora do povo voltar às ruas. A seguir uma pequena amostra sobre os acontecimentos do dia 20 de junho de 2013, conforme foi publicado pela Folha de S. Paulo. A matéria completa pode ser lida aqui.

As manifestações realizadas nesta quinta-feira levaram cerca de 1 milhão de pessoas às ruas em 25 capitais do país. Em ao menos 13 delas foram registrados confrontos. O Rio de Janeiro foi a capital com maior número de pessoas, 300.000.

Em nove das capitais com confronto, houve também ataques ou tentativas de destruição de prédios públicos, como sedes de prefeituras e de governo e prédios da Assembleia Legislativa e do Tribunal de Justiça.

Os protestos contra o aumento das tarifas do transporte público começaram no início do mês e foram ganhando força em todo o país, sendo registrados vários casos de confrontos e vandalismo. Com isso, 14 capitais e diversas outras cidades anunciaram entre ontem e hoje a redução das passagens.

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As revelações das delações ultra-premiadas feitas por Joesley Batista e Ricardo Saud, do grupo empresarial J&F, à Procuradoria Geral da República colocaram em evidência dois Senadores envolvidos no recebimento de R$2 milhões entregues em malas aos operadores designados por eles. Logo vieram explicações do principal denunciado mostrando que o dinheiro faria parte da tentativa de venda de um imóvel na cidade do Rio de Janeiro, o que não se concretizou.

Para quem acredita que primeiro a história acontece como tragédia e que pode se repetir como farsa, é bom lembrar que em 1992 a “Operação Uruguai” tentou explicar a origem de determinados recursos financeiros usados na manutenção de Fernando Collor de Melo, então Presidente da República.

A seguir um breve resumo do que foi a tentativa de se criar explicações que acabaram não subsistindo diante da realidade lógica dos fatos. Leia, neste link, o texto completo, que foi escrito por Janes Rocha e publicado pelo jornal Valor Econômico em 2009.

Em julho de 1992, o motorista do então presidente, Eriberto França, deu uma entrevista à revista “Isto É” confirmando que o ex-tesoureiro do partido de Collor, o falecido Paulo César Farias (PC), pagava despesas pessoais do presidente com recursos de campanha. Pressionado, Collor foi à TV e afirmou que usava dinheiro da sobra de campanha administrado pelo secretário particular Cláudio Vieira. Convocado por uma CPI do Congresso, Vieira contou que converteu as sobras de campanha (cerca de US$ 3,5 milhões) em barras de ouro, por meio do doleiro Najun Turner. Com o ouro, tomou um empréstimo no mesmo valor junto à agência de factoring Alfa Trading, de Montevidéu. Os fiadores da operação haviam sido o empresário da construção civil Paulo Octavio e o ex-senador Luiz Estevão, ambos de Brasília.

Era tudo uma farsa. Na verdade a Operação Uruguai havia sido bolada nos escritórios do também falecido Alcides dos Santos Diniz, irmão do empresário acionista do grupo Pão de Açúcar, Abílio Diniz, para esconder o financiamento dos gastos presidenciais por empreiteiras. A verdade foi descoberta através de outro depoimento na CPI, o da secretária de Diniz, Sandra Fernandes de Oliveira, que declarou ter presenciado uma reunião nos escritórios do patrão, no bairro dos Jardins em São Paulo, onde tudo foi combinado. O depoimento da secretária, somado a perícia policial comprovando que o contrato apresentado por Vieira com a tal Alfa Trading tinha autenticações cartoriais falsificadas, desmoralizaram a história da Operação Uruguai.

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A marchinha é um gênero musical que está sempre presente na festa popular que é o Carnaval, abordando com muito humor e irreverência diversos aspectos do cotidiano no país.

A história registra a primeira marchinha do Carnaval brasileiro em 1899, a sempre lembrada “Ô abre alas”, de Chiquinha Gonzaga.

Para o Carnaval deste ano tivemos marchinhas para todos os gostos, mas destaco aqui as 5 finalistas do concurso de marchinhas Mestre Jonas, em Belo Horizonte. A campeã foi “O Baile do cidadão do bem” seguida por “Solta o cano”, “Pinto por cima”, “Puxa Saco” e “Nesse carnaval”. Neste link é possível ouvir todas as finalistas.

Se hoje é grande a liberdade de manifestação e de expressão, vale lembrar que nem sempre foi assim ao longo da nossa história. Um bom exemplo foi o carnaval de 1944, quando o grande sucesso foi a marchinha “Eu brinco”, de autoria de Pedro Caetano e Claudionor Cruz cantada por Francisco Alves. A História registra em 1943 a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial e a forte censura que a Ditadura do Estado Novo do Presidente Getúlio Vargas fazia às diversas formas de manifestação política. A crise econômica se acentuou com a participação na guerra e o Carnaval de 1944 estava ameaçado de não acontecer, o que gerava tristeza em muita gente. Além disso, a sátira política estava na clandestinidade, pois a ditadura era plena. Então teve início uma campanha para se garantir a realização do Carnaval ainda que as marchinhas abordassem temas mais líricos, folclóricos e de exaltação. Esse foi o contexto que permeou o surgimento da marchinha “Eu brinco”.

Fica o convite para ouvir a música e acompanhar a letra.

Eu brinco
Fonte: Letras.mus.br 

Com pandeiro ou sem pandeiro
Eh eh eh eh, eu brinco
Com dinheiro ou sem dinheiro 
Eh eh eh eh eu brinco

No céu a lua caminha 
Tão triste sozinha
Pra não ser triste também
com pandeiro ou sem pandeiro
meu amor, eu brinco

Com pandeiro ou sem pandeiro
Eh eh eh eh eu brinco
Com dinheiro ou sem dinheiro
Eh eh eh eh eu brinco

Tudo se acaba na vida
Morena querida 
Se o meu dinheiro acabar
Com dinheiro ou sem dinheiro
Meu amor, eu brinco
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De vez em quando também é bom olhar para trás, ainda que seja apenas como uma referência histórica, mas que pode nos ajudar no presente a traçar os rumos para o futuro. Por isso considero importante levantar alguns aspectos relevantes, sem esgotar o assunto, que marcaram a conjuntura do período em que foi proclamada a república no Brasil, cujo marco a história registrou em 15 de novembro de 1889, portanto há 127 anos.

Um aspecto que incomodava bastante na época era a dívida externa brasileira, que cresceu muito devido aos empréstimos externos feitos pelo Império para financiar a Guerra do Paraguai, que durou de 1864 a 1870.

Os negros também engrossaram as fileiras do Exército durante a Guerra do Paraguai, mas ficaram decepcionados com a não abolição da escravatura após o término dos confrontos.

Já os fazendeiros da elite agrária ficaram descontentes com a perda dos escravos que trabalhavam nas fazendas de plantações de café, por exemplo. É que a escravatura foi abolida pouco antes, com a Lei Áurea de 1888, que não previu nenhuma indenização para os donos de escravos.

Os militares estavam insatisfeitos com a censura prévia às suas manifestações, que só poderiam acontecer caso autorizadas pelo Imperador e pelo Ministro da Guerra, que era um civil. Também os salários dos militares causava descontentamento, por serem bem abaixo dos altos salários dos servidores civis do Império.

O Imperador Dom Pedro II já estava adoentado e, apesar do autoritarismo, ainda tinha a simpatia de boa parte da população. O que ninguém contava era com a continuidade do Império após a morte do imperador.

A classe média apoiava o movimento republicano e seus membros, como os funcionários públicos, comerciantes, artistas, jornalistas, estudantes e profissionais liberais, reivindicavam o fim do Império.

Segundo alguns historiadores, os republicanos se dividiram em dois grupos mais importantes. Um grupo era formado pelos evolucionistas, que acreditavam ser a Proclamação da República algo inevitável e até pacífico. O outro grupo, o dos revolucionistas, acreditava que só a luta armada garantiria efetivamente a proclamação e manutenção da República.

A Monarquia durou 67 anos, mas chegou ao fim em 15 de novembro de 1889 com a Proclamação da República, cujo movimento inspirador se baseou no modelo dos Estados Unidos. Assim foi elaborada a constituição de 1890 que entrou em vigor em fevereiro de 1891 sendo o país denominado de Estados Unidos do Brasil.

O Marechal Deodoro da Fonseca mostrou-se extremamente autoritário e, muito pressionado, renunciou ao cargo em novembro de 1891 quando foi substituído pelo vice-Marechal Floriano Peixoto, que também manteve-se extremamente autoritário na continuidade do mandato.

Como se vê o ciclo da história não tem necessariamente a velocidade que gostaríamos que as mudanças tivessem rumo à sonhada sociedade ideal. Enquanto isso nunca acaba de ser construído o jeito é ir navegando na sociedade real, sem jamais desanimar.

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