Só rezando

por Convidado 8 de maio de 2017   Convidado

* por Sérgio Marchetti

Peço desculpas aos leitores que me homenageiam lendo meus escritos. Sei que a nostalgia é um sentimento meio chato. Mas acordei saudosista de um tempo em que a esperança de sermos uma grande nação era algo consistente. Hoje, aquele sentimento ultrapassou as fronteiras da utopia. E, convenhamos, quando vivemos momentos tão obscuros, é natural sentir saudade de uma vida melhor que já tivemos. Estou descrente e confesso que cansado de ouvir e ler sobre a podridão de parte do nosso povo. Nossos noticiários, por obrigação de informar, aumentaram o tempo de suas programações para mencionar todos os nomes dos corruptos, mas ainda assim foi insuficiente. E o que me assusta e estarrece é que tem muita gente defendendo esses bandidos que deixaram, e ainda deixam, pessoas morrerem à mingua sem atendimento nos hospitais públicos. Escória, ladrões que desviam o dinheiro de remédios, de merenda escolar, de salários de funcionários públicos, da aposentadoria e de tantos outros recursos. Agora, entendo porque o nazismo, mesmo cometendo as maiores atrocidades contra a humanidade, ainda tem adeptos. Os malfeitores são habilidosos no condicionamento das cabeças fracas.

Num contexto como este, de total decomposição de caráter, anda longe a poesia de Olavo Bilac dizendo às crianças brasileiras para amar com fé e orgulho a terra em que nasceram. Mas sinto saudade de tantas outras coisas. De poder andar pelas ruas, sentar na praça e não ser assaltado. Das músicas de categoria elevada, que diziam algo mais do que “beijar a boca e transar no motel”. De ser livre e conviver com pessoas educadas. Onde estão? Aonde andam? Talvez nem andem. Estão reclusas em suas casas.

Parecem coisas pequenas, mas quem já viveu mais de quarenta anos sabe que poder deixar a casa aberta era uma forma de felicidade que não tinha preço. É com pesar que, igual a Nietzsche, sinto um cheiro de putrefação no ar. O homem, no auge de sua insensatez, tentou se apoderar do mundo e, nesse ataque insano, para obter dinheiro – a qualquer custo – está tentando matar a Divindade para ter os poderes de Deus.

Hoje estou triste por saber que é neste mundo que meus filhos, netos, bisnetos, tataranetos irão viver. E nele a competição por um emprego decente continuará sendo injusta, desleal e abjeta para quem não tiver o famoso “QI”. A desonestidade avança como uma enchente que destrói tudo por onde passa. Arruína lares, profissões, carreiras, sonhos e carrega em suas águas turvas as esperanças que, na maioria das vezes, é justamente de quem trabalha, mas não tem padrinho nem força para lutar contra a correnteza do poder. A improbidade progride como um câncer que, quanto mais desenvolvido, mais destruição causa em suas vítimas.

Creio que tudo que é negativo, quanto mais lembrado mais se fortalece. Perdoem-me, então, por estar sendo incoerente. Não me contive. Foi desabafo. Também, ninguém é de ferro. O balão, se encher muito, tende a explodir. Talvez seja nosso quadro atual: todos com balões cheios, mas prestes a acabar com a festa. Basta estourar o primeiro…

Mas vamos mudar o rumo da prosa. Aprendi que quando estamos desiludidos, a oração é o melhor remédio e, tanto pelo caminho da fé, quanto pelos estudos da psique, sabemos que as palavras têm força e podem nos trazer a paz e a resignação.

Falando em oração, veio à mente uma passagem de Santo Agostinho:

O estado nada mais é do que um “grande bando de ladrões”, uma máfia — só que; muito maior, mais opressiva, e mais perigosa.

Oremos!

* Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

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Vale a leitura

por Luis Borges 4 de maio de 2017   Vale a leitura

Rebaixar o currículo

A necessidade de sobrevivência imediata pressiona muitos candidatos que buscam oportunidades de trabalho a entender mais rapidamente as causas de seus insucessos nos processos seletivos. Muitos deles acabam percebendo que é preciso gerenciar o currículo, apresentando apenas as competências e habilidades mais voltadas para o nível da vaga aberta, principalmente após terem perdido oportunidades em que seus atributos estavam muito acima das expectativas do contratante. O que fazer diante desse tipo de necessidade? É o que aborda a BBC Brasil no artigo Esconder qualificações no currículo: a tática para conseguir emprego que floresce na crise.

“Assumir um cargo com currículo muito acima do necessário implica certos riscos, apontam especialistas em mercado de trabalho.

O primeiro é a dúvida – muitas vezes legítima – da empresa sobre o porquê da candidatura, e a suspeita de que o profissional deixará o emprego tão logo consiga algo melhor.

O segundo é o receio de que o funcionário se desmotive rapidamente ou fique ansioso por uma promoção que a empresa não pode oferecer”.

Valor da aposentadoria

Apesar da grande discussão sobre a Reforma da Previdência, ainda que nem sempre haja muita profundidade ou mesmo transparência suficiente nos números oficiais apresentados, uma dúvida que sempre fica no ar é se o valor da aposentadoria será suficiente diante de tantas necessidades. Dessa dúvida só ficam de fora os servidores públicos que recebem supersalários.

O desafio será sempre no sentido de se conseguir guardar um pouco do que se conseguiu ganhar durante algumas décadas da vida. Mas como tornar isso possível? Márcia Dessen mostra um caminho em seu artigo Poupar deixou de ser uma escolha.

“O valor que investimos hoje para a aposentadoria é determinante para acumular um montante maior ou menor no futuro. Além do valor, é importante que seja frequente, todos os meses. Não espere sobrar, não vai sobrar. O desafio será poupar para o futuro sem nos privar do bem-estar no presente.”

A nova classe trabalhadora

A emergência de uma nova classe trabalhadora é permeada por especificidades nem sempre bem observadas, como revela a mais recente pesquisa da Fundação Perseu Abramo sobre a periferia de São Paulo. Assim começa o artigo Os valores da nova classe trabalhadorade Marcio Pochmann, Presidente da Fundação, ao analisar e tirar conclusões sobre os resultados apresentados pela pesquisa. Pochmann encerra seu artigo publicado pela Folha de S. Paulo afirmando que:

“A ascensão pelo trabalho e o sucesso pelo mérito combinam-se com os valores mais coletivistas relacionados à atuação do Estado e à ampliação da inclusão social. Esse novo caldo exigirá renovações tanto na forma quanto no conteúdo das políticas públicas!”

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 2 de maio de 2017   Curtas e curtinhas

A desenvoltura do contrabando

Um levantamento feito pelo Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade mostra que o Brasil perdeu em torno de 345 bilhões de reais entre 2014 e 2016 devido ao contrabando de bens. Só em 2016 a perda foi de 130 bilhões de reais. A estimativa de perdas foi calculada em função das projeções sobre a sonegação de tributos e a ocupação de fatias do mercado por bens que substituíram outros que poderiam ter sido fabricados no país. Fazem parte das análises os setores da economia que trabalham com brinquedos, cigarros, medicamentos, combustíveis, TV por assinatura, software e vestuário. Dá para se imaginar como é grande a economia informal ou invisível no país onde impera a corrupção.

Os lucros da Vale e do Bradesco

Enquanto a economia brasileira começa a dar tímidos sinais de que pode crescer um pouquinho até o final do ano, a Vale anunciou que teve um lucro líquido de R$7,891 bilhões no primeiro trimestre do ano. Esse valor é 25% superior ao obtido pela empresa em igual período do ano passado. Entre as causas desse resultado estão, segundo a direção da empresa, o aumento da produção de ferro nas minas do Pará e a melhoria da cotação dos preços internacionais da tonelada do minério.

Já o Bradesco, que através da Bradespar possui 21,2% das ações da Vale, anunciou que foi de R$4,6 bilhões o seu lucro líquido no primeiro trimestre desse ano. E o capitalismo brasileiro prossegue no seu caminho rumo à concentração da renda.

Lixões intactos

Estava ganhando desenvoltura durante o mês de abril uma articulação na Câmara dos Deputados, iniciada pelo líder do governo, com o objetivo de aprovar uma anistia para os mais de 3 mil lixões existentes em municípios brasileiros. Segundo a legislação em vigor, contida no Plano Nacional de Resíduos Sólidos, esses lixões deveriam ter sido eliminados até o ano de 2014. A iniciativa perdeu fôlego após a revelação dos diversos nomes de parlamentares que fazem parte da lista de beneficiários de doações da construtora Odebrecht. O que acabou ganhando prioridade máxima foram as negociações governamentais em torno da Reforma da Previdência Social, da Reforma Trabalhista, da Lei de Terceirização do Trabalho, da Lei do Abuso de Autoridade e da discussão do foro privilegiado para políticos partidários e autoridades.

Entretanto os defensores da sustentabilidade ambiental não podem se descuidar, pois assim que a poeira baixar as mesmas articulações voltarão à tona. Basta lembrar da tentativa de anistia ao caixa 2 de campanhas eleitorais.

Greve nos correios

Você tem alguma reclamação sobre a prestação de serviços da Empresa de Correios e Telégrafos? Eu tenho e elas se referem aos constantes atrasos na entrega de contas, impressos e encomendas via Sedex. Agora tudo só tende a piorar em função da greve nacional dos funcionários da empresa, iniciada dia 26 de abril. A pauta de reivindicações inclui um “não” à privatização da empresa, ao fechamento de agências e às demissões de funcionários. E agora José – mais precariedade à vista para os usuários dos serviços da empresa.

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Canção do sal

por Luis Borges 1 de maio de 2017   Música na conjuntura

Cada dia do ano é dedicado a alguém, a alguma profissão ou mesmo a um determinado santo ou motivo.  Mas inegavelmente o Dia do Trabalhador, 1º de maio, mexe bastante com a sociedade em função do significado e do impacto que o mundo do trabalho e suas relações têm na vida de todos.

Neste ano de 2017 chegamos à data com a aprovação da proposta de Reforma Trabalhista pela Câmara dos Deputados e que agora passa a aguardar a votação no Senado Federal e posteriormente a sanção do Presidente da República. Ela veio precedida pela aprovação da Lei da Terceirização do trabalho e marcada pelo regime de urgência para a sua votação. A sensação é que dela também depende a salvação da pátria, como se ela, por si só, muito ajudasse a fazer cair a quantidade de brasileiros desempregados, hoje em torno de 14 milhões.

Também vale realçar a greve nacional de 28 de abril protestando contra a Reforma Trabalhista e notadamente contra a Reforma da Previdência Social, tida como outra salvadora da pátria e colidindo com várias conquistas de muitas categorias profissionais notadamente das altas castas do serviço público. O momento exige intensificação das mobilizações populares para aumentar a pressão sobre o desmoralizado e decadente Congresso Nacional na expectativa de que a movimentação das redes sociais se transforme em algo mais concreto na ruptura do silêncio que ainda permanece nas ruas.

Mesmo com a pauta que se coloca para a luta dos trabalhadores brasileiros nesse momento de condições adversas, com a brutal perda do poder aquisitivo dos salários em função da recessão econômica dos últimos anos, vale a pena refletir um pouco sobre a origem da palavra salário.

Segundo a Wikipédia:

“o trabalho antigamente era pago em proteção, abrigo ou em mercadoria, esta mercadoria por sua vez, era o sal. Salário deriva do latim salarium, que significa “pagamento de sal” ou “pelo sal”. O termo vem do antigo Império Romano, pelo fato que o sal valia como seu peso em ouro, pois ele era antigamente uma das poucas maneiras para preservar a carne”.

Para concluir essa abordagem sobre o dia do trabalhador me lembro da Canção do Sal, música composta por Milton Nascimento em 1967, portanto há 50 anos, e que faz parte do disco Travessia, o primeiro da sua brilhante carreira. Ouça aqui Canção do Sal na voz de Elis Regina.

Canção do Sal
Fonte: Letras.mus.br

Trabalhando o sal é amor é o suor que me sai
Vou viver cantando o dia tão quente que faz
Homem ver criança buscando conchinhas no mar
Trabalho o dia inteiro pra vida de gente levar

Água vira sal lá na salina
Quem diminuiu água do mar
Água enfrenta sol lá na salina
Sol que vai queimando até queimar

Trabalhando o sal pra ver a mulher se vestir
E ao chegar em casa encontrar a família sorrir
Filho vir da escola problema maior é o de estudar
Que é pra não ter meu trabalho e vida de gente levar.
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Imposto sobre a renda?

por Luis Borges 28 de abril de 2017   Pensata

Felizmente está chegando ao fim a fase mais cansativa da entrega da declaração do Imposto de Renda da pessoa física, marcada para se encerrar às 23h59min deste 28 de abril.

Como ocorre todos os anos é muito grande a falação nos principais meios de comunicação em torno do tema. Tudo começa a aquecer quando a Receita Federal anuncia a liberação do programa do rascunho da declaração, prossegue com o anúncio do programa que será usado, geralmente com uma pequena novidade justificada como aperfeiçoamento do modelo, e tudo vai se intensificando com a proliferação de dicas, esclarecimento de dúvidas, cuidados com as informações corretas, multas em casos de atraso na entrega da declaração, riscos de se cair na temida malha fina… Tem também os bancos oferecendo antecipação da restituição mediante aceitação de suas gulosas taxas de juros.

Fico imaginando para quê tanto cansaço para cima de nossas cabeças , a começar pelo equívoco de se taxar os salários como se eles fossem uma renda. Fica tudo muito desigual quando se verifica que o valor do trabalho assalariado é proporcionalmente muito mais pagador de tributos do que os ganhos de renda gerados com a aplicação de recursos financeiros.

Também são assustadores os níveis de detalhes e os cruzamentos de dados possíveis em função da integração de fontes do sistema. Tudo isso diante do baixo poder aquisitivo dos salários, da obrigatoriedade de fazer a declaração para quem tem receita anual líquida acima de R$28.559,70 e, é claro, se a pessoa não fizer parte dos milhões de desempregados ou dos sobreviventes da economia informal.

O contraste é grande quando comparamos todo esse rigor no controle das formiguinhas enquanto passam manadas de elefantes na forma de propinas do caixa 1 e do caixa 2 dentro e fora do Brasil, numa perfeita relação ganha-ganha entre corruptos e corruptores lastreada com o dinheiro público, aí incluídos os recursos oriundos do imposto de renda. Só se fala com a maior naturalidade em milhões e bilhões de reais como se o arrependimento e uma delação fossem suficientes para anistiar todos os crimes cometidos.

É incrível perceber que órgãos arrecadadores, controladores, auditores de contas públicas e vigilantes do cumprimento das leis não tenham conseguido perceber praticamente nada muito relevante ao longo dos últimos 30 anos. Será que a Receita Federal, o Comitê de Acompanhamento Financeiro (COAF) do Ministério da Fazenda, os Tribunais de Contas e o Ministério Público estão cumprindo as suas missões institucionais ou só agora estão percebendo que existem mais que simples aviões de carreira entre o céu e a terra? Ou será que alguém ainda vai querer recitar o preceito constitucional de que “todos são iguais perante a lei”?

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O recolhimento do lixo domiciliar no bairro de Santa Tereza é feito durante a noite das segundas, quartas e sextas-feiras. O serviço é feito por uma empreiteira terceirizada pela Superintendência de Limpeza Urbana da Prefeitura.

Como ainda existe um pouco de falta de educação sanitária e também de autodisciplina por parte de alguns moradores e comerciantes do bairro é comum se verificar a presença de lixo nas calçadas que são ali colocados fora dos dias e horas pré-estabelecidos. A incidência acaba sendo maior aos sábados e domingos, devido ao espaço de três dias que separam a coleta da sexta e a da segunda-feira.

Foi nesse contexto que surgiu no bairro um grupo de três pessoas oferecendo aos moradores e comerciantes um dispositivo feito com estrutura metálica para receber o lixo enquanto o caminhão não passa. A abordagem feita aos moradores enfatizava o apoio da Prefeitura Municipal à iniciativa e insistia na instalação do dispositivo na calçada numa altura de um metro acima do piso. Alguns moradores perguntaram se o serviço seria bancado pela Prefeitura e só aí ficaram sabendo que tratava-se de negócio privado, sem vínculo com o poder executivo municipal. O preço ofertado foi de R$130,00 por unidade, nele já estando incluída a instalação na calçada. Também existia a possibilidade de negociar um desconto para pagamento à vista. Outro questionamento que os vendedores ouviram foi sobre a pouca largura das calçadas e os transtornos causados aos pedestres em função do estado de conservação e dos obstáculos nelas existentes, como buracos, grades e entradas de garagens. O que ninguém contestou foi o transtorno causado pelo lixo colocado na calçada, deixado de qualquer maneira e a qualquer hora.

Enquanto o problema continua sem solução e dependendo das pessoas, a paisagem foi modificada em muitas vias do bairro, como mostrado nas fotos deste post. E já tive conhecimento de que já existem alguns poucos moradores verbalizando na fila da padaria que se arrependeram da aquisição feita há menos de um mês.

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Desenredo

por Luis Borges 24 de abril de 2017   Música na conjuntura

A história oficial registra que o descobrimento do Brasil se deu no dia 22 de abril de 1500, quando as caravelas do navegador português Pedro Álvares Cabral chegaram ao litoral sul do hoje estado da Bahia tendo o local recebido o nome Monte Pascoal. Entre os historiadores existem aqueles que defendem a tese de que a frota de Cabral desviou-se intencionalmente de sua rota original rumo às Índias para chegar ao Brasil. Outros defendem que foi por mero acaso a mudança da rota enquanto alguns poucos afirmam que Portugal já havia descoberto o Brasil antes desta data.

O fato é que aqui estamos, 517 anos depois do ocorrido e registrado, começando como colônia portuguesa até chegar a atual República Federativa do Brasil. Diante de tantos problemas que enfrentamos hoje, como a corrupção institucionalizada, justiça lentíssima, grande concentração de renda nas mãos de poucos, democracia essencialmente representativa… Apesar de tudo prosseguimos em nosso realismo esperançoso acreditando na capacidade de mudança que existe nos brasileiros, ainda que de maneira desigual, mas passível de ser combinada em prol de um bem estar maior e mais digno para todos.

Enquanto vamos jogando paciência e sobrevivendo acumulando forças, que tal cantar (e refletir) a música Desenredo (G.R.E.S – Unidos do Pau Brasil),  composta por Luiz Gonzaga Júnior e Ivan Lins em 1979, aqui na voz de Leila Pinheiro?

Desenredo
Fonte: Letras.mus.br

No dia em que o jovem Cabral chegou por aqui ô ô 
Conforme diversos anúncios na televisão
Havia um coro afinado da tribo tupi
Formado na beira do cais cantando em inglês 
Caminha saltou no navio assoprando
Um apito em free bemol
Atrás vinha o resto empolgado da tripulação 
Usando as tamancas no acerto da marcação 
Tomando garrafas inteiras de vinho escocês

Partiram num porre infernal por dentro das matas ô ô
Ao som de pandeiros, chocalhos e acordeon
Tamoios, Tupis, Tupiniquins, Acarajés ou Carijós, sei lá 
Chegaram e foram formando aquele imenso cordão
Meu Deus, quibão
E então de repente invadiram a avenida central, 
mas que legal!
E meu povo vestido de tanga adentrou ao coral 
Um velho cacique baiano sacou do piston
E deu como aberto em decreto mais um carnaval

A assim a 22 daquele mês de abril
Fundaram a escola de samba
Unidos do Pau Brasil.
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