Amor à primeira vista

por Luis Borges 14 de abril de 2017   Convidado

* por Sérgio Marchetti

Aconteceu comigo. Foi amor à primeira vista em pleno mês de fevereiro. Foi antes do Carnaval. Eu olhei para aquela pessoa frágil, inocente, mas ela nem sequer me notou. Eu não existia para ela. Não passava de um estranho, mais um chato querendo se aproximar dela. Mas não fui atrevido. Detesto ser inconveniente e forçar minha presença com quem quer que seja. Fui sempre assim. Quando puder ser útil, sem invasão de privacidade, estarei ao lado dela. Tudo é novo e, por mais que estejamos preparados para a novidade, sempre há surpresas no inabitual.

O certo é que, apesar das dificuldades naturais que permeiam os fatos novos, meu coração continua batendo mais forte por ela. É algo indescritível, e nem sabia que em meu coração cansado e meio descrente dos rumos da humanidade, ainda caberia um novo amor.

Aí veio o tempo, que é inimigo e aliado e, aos poucos, para minha felicidade, percebi que já estava sendo notado. Muito pouco, porém o amor é paciente, é bondoso e não se irrita – como disse Paulo aos Coríntios.

Confesso que não consegui muito progresso. Ela não fala comigo mas, ao vê-la, meu coração se enternece. Emociona-me estar perto dela e estou certo de que é uma questão de tempo para que nos tornemos grandes amigos. Para dizer a verdade, se não for ilusão, acho que outro dia ela sorriu para mim. Foi um sorriso discreto, de cantinho de boca, mas valioso por ter sido o primeiro de uma série de sorrisos que se transformarão em gargalhadas.

De novo busco auxílio no tempo. Esse personagem principal na novela de nossas vidas. O tempo, personagem que consegue ser mocinho e vilão numa mesma trama. Figura forte, que em sua onipotência e onipresença nos enfraquece, nos rouba os traços de beleza, o brilho do olhar e a força muscular, entre tantos furtos de que é capaz aquele bandido. Entretanto, é ele que nos permite resignação em nossas perdas, nos ensina a ter calma, a não antecipar aquilo que exige um período maior para acontecer.

Sinto saudade. Vontade de ver, de abraçar. Isso é prova de que a vida é renovável e de que o amor, além de incomensurável, é um sentimento que nos estimula a viver.

Posso cantar a música de Júlio Iglesias e dizer que “ela me enfeitou a vida desde aquela tarde em que chegou…”. E, ao chegar, tornou-se prematuramente a protagonista do teatro de minha vida e de muitas outras pessoas. É a estrela principal que iluminou meus dias e gerou uma responsabilidade de ter que viver mais tempo para poder usufruir de sua companhia. Uma diferença de idade nos separa, mas em nossa relação só irá intensificar nosso amor.

Os dias passam e a esperança de conquistá-la aumenta a cada hora. Acho que ela é meio brava e geniosa, pois demonstra ser portadora de personalidade forte. Melhor assim. Sabe o que quer. Vamos discutir algumas vezes. Isso eu já estou prevendo.

Já que estou falando de amor, me vem à mente uma lembrança de alguém que escreveu que quando nasce uma criança, nasce também um pai, uma mãe, os avós, os tios. E, de fato, é exatamente assim que acontece. São os marinheiros de primeira viagem. Neste momento posso dar vida à frase acima. Em minha família nasceu uma criança, primeira filha de um casal. Nasceu então a mãe, o pai, as tias, a avó e o avô. Começou um novo mundo e, nele, começamos a escrever uma nova história.

Nasceu Manuela, um bebê que me fez nascer avô e, antagonicamente, me tornar um menino de cabelos grisalhos com olhos umedecidos e brilhantes, morrendo de vontade de brincar com ela.

Eu disse. Foi amor à primeira vista. Estou aprendendo uma nova maneira de amar.

Como escreveu Guimarães Rosa:

“Minha senhora dona, um menino nasceu. O mundo tornou a começar”.

* Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

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A palavra reforma parece ser umas das mais citadas nesses últimos tempos nos diversos meios de comunicação. Também pudera! Tenho a percepção de que quanto mais tempo passa que o grupo pró-impeachment da ex-Presidente da República assumiu o poder – e lá se vão 11 meses – aumenta o desespero em função dos frágeis e lentos resultados alcançados até agora. Só pedir paciência e se vitimizar em relação à queda de arrecadação de tributos não é suficiente.

As reformas passaram a ser a panaceia para todos os males, mas a da Previdência Social tornou-se pedra angular para o sempre decantado ajuste fiscal das contas públicas. O realce dado à obrigatoriedade de sua aprovação pelo Congresso Nacional tornou-se maior ainda após a entrada em vigor da PEC que limita os gastos públicos durante 20 anos e a revisão do orçamento da União visando tampar um buraco de R$58 bilhões para manter o buracão do déficit público nos mesmos R$139,2 bilhões previstos originalmente para esse ano.

Acontece que a tentativa de aprovar tudo a toque de caixa começou a enfrentar dificuldades na medida em que as partes mais interessadas e mobilizadas da população passaram a conhecer mais profundamente o significado e as consequências do conteúdo. O impopular e antipopular Presidente da República começou a fazer algumas mexidas na proposta original, que de cara já tinha deixado de fora as Forças Armadas e retirou da proposta a previdência dos servidores públicos estaduais e municipais. Para complicar um pouco mais a situação, o jornal “O Estado de São Paulo” publicou dia 05/04 uma pesquisa apontando que 260 Deputados Federais votarão contra o texto proposto, sendo que boa parte deles pertence à base aliada do atual governo. Como se vê, sobrariam apenas 253 Deputados para votar a favor da proposta, se todos comparecerem, número insuficiente perante a exigência constitucional de 308 votos para fazer as modificações propostas.

Como os Deputados, e também os Senadores querem ficar bem com suas bases eleitorais, focados que estão nas eleições de outubro de 2018. Os sinais vão se clareando em função da “Lei de Murici”, segundo a qual cada um cuida de si.

Daí para um novo recuo do Presidente da República foi só chegar à manhã do dia seguinte. Ele disse que autorizou o relator da comissão especial (que subserviência do Poder Legislativo!) a fazer mais alterações na proposta em discussão. Os recuos se deram na redução da idade para se participar da transição de um modelo para o outro, manutenção de critérios específicos para a aposentadoria de policiais e professores, novas regras para trabalhadores rurais, pensões tendo como piso o salário mínimo e manutenção do beneficio de prestação continuada, também tendo como piso o salário mínimo.

Como o apressado calendário para aprovar a proposta a toque de caixa não resistiu à realidade dos fatos, o relator só vai apresentar seu parecer no dia 18 de abril. Antes estava previsto para o início do mês. Como o jogo está ficando mais aberto, não me surpreenderei se numa próxima jogada a idade mínima de 65 anos para se aposentar, o tempo mínimo de contribuição de 25 anos e o tempo máximo necessário para receber aposentadoria integral também forem alterados para um valor menor.

Agora é só imaginar o Poder Judiciário Federal e o Ministério Público também fazendo suas reivindicações para ficar fora da reforma, argumentando relevância e complexidade de seus trabalhos. Do telhado para o chão é só cair!

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A relação entre o capital e o trabalho coloca sempre em evidência a correlação de forças que faz o pêndulo pender mais para um lado do que para o outro. Não tenho a ilusão de propor um dosador de equilíbrio entre as partes envolvidas diretamente e nem com a interveniência da Justiça do Trabalho. A capacidade de se organizar e se estruturar para se chegar a algo que seja adequado para quem vende a sua força de trabalho é um grande divisor de águas e determinante para que o capital não tenha a prevalência sobre tudo o que está em jogo. Por isso é preciso encarar realisticamente, sem fantasias, o significado da aprovação da lei que estabelece a terceirização irrestrita da atividade principal (atividade fim) e das atividades auxiliares (meios de qualquer negócio).

Formalizou-se na lei o que já vinha sendo praticado ao longo dos anos no que tange aos processos auxiliares (meios) que estavam amparados por jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. Agora a lei também assegura a terceirização da atividade principal do negócio, para satisfação do mercado, que passa a ter mais uma possibilidade legal para poder tentar reduzir custos com os contratos de trabalho com as pessoas e, é claro, atingir a meta de lucros para os donos do capital.

Agora o que também vai ganhar mais evidência é a quarteirização dentro dos serviços terceirizados, que na verdade já é praticada há um bom tempo. Ela está presente tanto na modalidade em que se contrata um terceiro para gerenciar os terceirizados que atendem a uma determinada organização quanto na modalidade em que um terceirizado contrata um outro terceiro para fazer o que seria o trabalho que lhe fora terceirizado. Um bom exemplo dessa modalidade de quarteirização é quando uma certa empresa terceiriza para outra a implantação e a implementação de seu sistema de gestão de pessoas. Esta, por sua vez, ao não conseguir ter equipe própria de empregados para atender demandas que são variáveis, quarteiriza para outra empresa, pessoa jurídica, a realização dos serviços no todo ou em parte.

Também tenho críticas ao projeto sancionado recentemente pelo Presidente da República. Elas vão desde a origem do Projeto de Lei, que foi retirado da pauta da Câmara dos Deputados em 2003, até a sua amplitude e passando pelo tempo de duração dos contratos, relações de subordinação na empresa contratante e condições de trabalho. Como estamos em tempo de reformas, muito do que pode ser “despiorado” ou suavizado está sendo transferido para a reforma trabalhista e para o Projeto de Lei que tramita no Senado Federal.

Meu ponto é tentar dimensionar qual é a força necessária e suficiente para enfrentar e garantir determinadas condições de trabalho na relação com o capital quando 13,5 milhões de pessoas estão desempregadas segundo o IBGE, uma quantidade de pessoas que está sub-empregada  ou vivendo de diferentes formas da economia informal ou invisível. Nas ruas essencialmente estão presentes os segmentos mais organizados dos trabalhadores dos serviços públicos, enquanto uma quantidade bem maior se pronuncia e faz julgamentos pelas redes digitais, mas quase que para por aí só na indignação.

Sair dessa encruzilhada continua sendo um grande desafio, pois estamos vivendo numa conjuntura em que a estratégia é de sobrevivência e, quanto pior, pior mesmo. Enquanto isso, o social grita e se aparecer uma oportunidade num trabalho quarteirizado haverá alguém se posicionando para aproveitá-la.

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O Observação & Análise abordou neste post de 30 de junho de 2015 alguns empreendimentos que estavam com suas obras paralisadas em Belo Horizonte, notadamente as municipais. A maior ênfase foi dada à construção do espaço multiuso que estava sendo construído no Parque Municipal Américo Renê Gianetti no local onde funcionou o Colégio Imaco. Passados 21 meses voltamos ao lugar para verificar em que pé estão as coisas. Como não nos assustamos com mais nada, o jeito foi apenas registrar que tudo continua parado e o desperdício do dinheiro público evidenciado em mais um exemplo, conforme mostram as fotografias postadas e seguir. Nesse caso específico o empreendimento teve um valor inicial orçado em R$16 milhões em 2013. Se as obras forem retomadas em algum momento do tempo é bem provável que mais recursos financeiros terão que ser adicionados, no mínimo em função do que já se perdeu de equipamentos e instalações praticamente abandonadas nesse grande período.

Obra inacabada onde era o colégio Imaco. | Foto: Sérgio Verteiro

 

Outro ângulo da obra inacabada do colégio Imaco. | Foto: Sérgio Verteiro

Outras obras estão abandonadas pela cidade, como no Bairro Alto Vera Cruz, e na região do Barreiro que foram mostradas pela TV Globo Minas no MGTV do dia 27 de março de 2017.

Quem mora no Bairro Santa Tereza pode encontrar outra obra parada na Rua Anhanguera quase esquina de Rua Pouso Alegre, onde a ampliação do posto de saúde se iniciou com a desapropriação de alguns terrenos vizinhos e só ficou nisso.

Você também já percebeu outros empreendimentos que estão parados na cidade, sejam eles pertencentes ao município, ao estado ou à União? Será que os órgãos que têm a missão de fiscalizar e auditar a conformidade da execução desses empreendimentos estão cumprindo a sua missão?

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Foi num dia como hoje, há exatos 34 anos, que faleceu a cantora Clara Nunes. Mineira, nascida em 12 de agosto de 1942 no município de Paraopeba, mais especificamente no distrito de Cedro, hoje Caetanópolis.

Ao longo de seus pouco mais de 40 anos de vida teve uma trajetória profissional na qual foi subindo degrau a degrau até tornar-se a grande cantora que foi. Começou a cantar no coro de uma igreja e, aos 14 anos, foi trabalhar como tecelã na fábrica de tecidos Cedro e Cachoeira, onde ficou por 2 anos. Aos 16 anos mudou-se para Belo Horizonte, indo morar no bairro Renascença, e prosseguiu como tecelã durante o dia, estudante do curso Normal Superior à noite e cantora no coral de uma igreja nos finais de semana.

Em 1960 venceu a etapa mineira do concurso “A Voz de Ouro ABC” e ficou em terceiro lugar na etapa nacional. Depois veio a fase de cantora na Rádio Inconfidência, apresentadora de seu próprio programa musical na TV Itacolomi, a participação no cinema, a mudança para o bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, em 1965, e o término de sua participação no movimento da Jovem Guarda em 1968 com o filme “Jovens Pra Frente”.

A partir daí aderiu ao samba e à pesquisa mais intensa sobre a música e o folclore na cultura brasileira. Converteu-se ao Candomblé e foi pesquisar suas origens e ritos musicais no continente africano. Em 1972 consagrou-se definitivamente como cantora de samba ao lançar o LP “Clara, Clarice Clara”. A seguir participou com grande destaque ao lado do ator Paulo Gracindo do espetáculo “Brasileiro Profissão Esperança”, texto de Paulo Pontes.

Dentre seus vários discos lançados na sequência da carreira, com muito sucesso, podem ser citados os álbuns “Clara Nunes”, “Alvorecer”, “Claridade”, “Canto das Três Raças”, “As Forças da Natureza”, “Guerreira”, “Esperança”, “Brasil Mestiço”, “Clara” e “Nação”, que foi seu último LP, gravado em 1982. Mais detalhes sobre a carreira de Clara Nunes podem ser vistos aqui.

Apenas como uma pequena amostra para quem quiser relembrar de imediato alguns de seus grandes sucessos sugiro que se ouça as músicas:

Tributo aos Orixás

Conto de areia

Juízo final

Portela na avenida

O falecimento de Clara Nunes em 02/04/1983 se deu após 28 dias de internação na UTI da Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro, em decorrência de reação alérgica ao anestésico usado numa cirurgia de varizes e a uma parada cardíaca.

É grande o reconhecimento pelo conjunto da obra da cantora e muitas são as homenagens que lhe são prestadas de diversas formas. Destaco aqui a musica Um ser de luz, cantada por João Nogueira de autoria de Paulo César Pinheiro (ex-marido de Clara Nunes), Mauro Duarte e João Nogueira conforme a letra a seguir.

Um ser de luz
Fonte: Vagalume

Um dia
Um ser de luz nasceu
Numa cidade do interior
E o menino Deus lhe abençoou
De manto branco ao se batizar
Se transformou num sabiá
Dona dos versos de um trovador
E a rainha do seu lugar
Sua voz então
Ao se espalhar
Corria chão
Cruzava o mar
Levada pelo ar
Onde chegava
Espantava a dor
Com a força do seu cantar

Mas aconteceu um dia
Foi que o menino Deus chamou
E ela se foi pra cantar
Para além do luar
Onde moram as estrelas
A gente fica a lembrar
Vendo o céu clarear
Na esperança de Vê-la, sabiá

Sabiá
Que falta faz tua alegria
Sem você, meu canto agora é só
Melancolia
Canta, meu sabiá, voa, meu sabiá
Adeus, meu sabiá, até um dia
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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 30 de março de 2017   Curtas e curtinhas

Vagas no Congresso Nacional

Dois projetos distintos que tramitam no Senado Federal abordam a quantidade de vagas na Câmara dos Deputados. Um deles também mexe na quantidade de Senadores e define que cada estado passaria a ter 2 representantes ao invés dos 3 atuais e o número total de Senadores cairia de 81 para 54. Já na Câmara dos Deputados o número de representantes do povo cairia dos atuais 513 para 385. Dá para imaginar quando isso será aprovado e quanto e que redução traria para os gastos da casa legislativa?

O outro projeto que mexe com a Câmara propõe a redistribuição das atuais 513 vagas proporcionalmente à população dos estados, em função da quantidade de habitantes registrados pelo IBGE em 2015. Por esse critério Minas Gerais passaria a ter 55 representantes, 2 a mais que o número da atual bancada. Será que esse reforço ajudaria a melhorar os tão criticados baixos resultados dos atuais 53 deputados?

Orçamento da União

O Orçamento da União para 2017 foi aprovado pelo Congresso Nacional com um déficit de R$139 bilhões, mas contava com arrecadações incertas de R$54 bilhões. Uma premissa era o crescimento de 1,6% do PIB, que agora já caiu realisticamente para 0,5%. Pelo andar da carruagem o Ministro da Fazenda já percebeu no terceiro mês do ano que dificilmente virão os ovos com os quais contava. Assim, já cacarejou dizendo que é de R$58 bilhões o tamanho do rombo que precisa ser estancado para que o buraco do orçamento continue com o déficit previsto de R$139 bilhões. Uma das medidas propostas é o aumento da carga tributária (IOF, reoneração da folha salarial), algo inadmissível há um ano pelos apoiadores do impeachment da ex-Presidente. Entre eles estava a poderosa Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) com seus patos amarelos. Mais uma vez fica claro a quem caberá pagar o pato.

Reforma da Previdência

O impopular Presidente da República começou a dar sinais bastante visíveis de sua preocupação com as críticas ao projeto de Reforma da Previdência Social. Rapidamente apressou-se em retirar da proposta a parte que se refere aos servidores estaduais e municipais. Entretanto, ele que é tido como um constitucionalista, esqueceu-se que a Constituição Brasileira determina que cabe à União fazer as regras gerais enquanto os estados devem atuar apenas em suas especificidades.

Vamos ver quais serão os próximos passos na tentativa de tornar a proposta mais palatável e em conformidade com a atual Constituição Brasileira.

Supersalários

O Senado Federal aprovou em dezembro de 2016 a proposta que regulamenta a aplicação do teto para a remuneração dos servidores públicos da União, estados e municípios. Esse teto, hoje, é de R$33,7 mil. Até o momento o projeto está paradinho na Câmara dos Deputados, aguardando a indicação de um relator para posterior tramitação em três comissões específicas para, finalmente, ir a votação em plenário. Será que haverá tempo hábil para que tudo isso aconteça ao longo deste ano?

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Decorridos 12 dias da espetaculosa operação Carne Fraca feita pela Polícia Federal em alguns frigoríficos brasileiros, entre eles duas das maiores marcas do mercado, são muitos os desdobramentos e as consequências. Diante de tudo que tem sido falado nas diversas mídias, quero citar aqui 3 aspectos, dentre tantos, que merecem mais reflexão e ação.

O primeiro deles está ligado ao sistema de gestão da qualidade dos alimentos que estão envolvidos ao longo de toda a cadeia produtiva. Quem fiscaliza o fiscal e quem audita o auditor que faz parte do processo que verifica e atesta a conformidade das diversas etapas com as especificações previstas em leis, acordos comerciais, regulamentos e projetos envolvidos? O sistema precisa ter mecanismos à prova de bobeira, pois os critérios claramente especificados só atrapalham a ação de corruptos e corruptores.

Em segundo lugar é importante lembrar que a quantidade de informações que vieram à tona através de fatos e dados, com diferentes níveis de rigor técnico e cientifico, nos mostram que ainda temos muito que melhorar em nossa busca de informações e conhecimentos consistentes que amparem e sustentem as nossas opiniões e abordagens. Não vale o achismo nem se ter a profundidade de um pires.

Em último lugar registro que não percebi se representantes dos consumidores brasileiros foram convidados para participar do churrasco que o Presidente da República ofereceu aos embaixadores de 27 países importadores de carnes brasileiras, que ocorreu no domingo 19/3 em Brasília. Um fato curioso, não sei se percebido pelo Presidente em sua rápida reação, é que a churrascaria é especializada em carnes oriundas da Argentina, Austrália e Uruguai. Já os dados sobre as exportações brasileiras até o período anterior à ocorrência da operação policial mostram que os brasileiros são disparadamente os maiores consumidores da carne produzida por aqui. São exportados 30% da carne de frango, 20% de bovinos e 18% de suínos. No mínimo devíamos estar representados no churrasco, ainda que pagando R$119 por pessoa.

Para embalar essas reflexões sugiro que se ouça a música Churrasco, de autoria de José Mendes e Luis Muller, na voz de José Mendes.

Churrasco
Fonte: Letras.mus.br

O churrasco já está pronto traga a faca e a farinha
Chegue pra cá rapaziada que o churrasco é na cozinha
Esta vida da cidade meu bem para mim não tem valor meu bem
Me lembro da minha terra meu bem onde mora o meu amor

Quando abro esta acordeona corro os dedos no teclado
E canto nesta melodia meu viver apaixonado
Teus cabelos cor da noite meu bem olhos verdes cor do mar meu bem
Quando chegará o dia meu bem de contigo me casar

Se eu pudesse ser o sol para te espiar pela janela
Não sentiria esta saudade que eu não posso mais com ela
Eu quisera ser a rola meu bem a rolinha do rincão meu bem
Para construir meu ninho meu bem dentro do teu coração

Não precisa ser o sol meu bem nem a rola do rincão meu bem
Para construir teu ninho meu bem dentro do meu coração

Então vou falar com teu pai para o seu consentimento
Vai ter um churrasco gordo na festa do nosso casamento
Pode falar com meu pai meu bem para o seu consentimento meu bem
Vai ter um churrasco gordo meu bem na festa do nosso casamento
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