Parece que foi ontem, mas de repente, e não mais que de repente, estamos outra vez no tempo do advento, tempo litúrgico em que os cristãos católicos se preparam para o Natal nas quatro semanas que o antecedem. Mas qual sentido e conteúdo podem ser dados às avaliações, revisões, expectativas e perspectivas que surgem nesse tempo?

Como tudo começa com a gente, comecemos por nós mesmos, portanto, partindo do eu até chegarmos a nós. Começo esse tempo olhando para o que foi planejado, o que consegui executar, quais os resultados (entregas) alcançados, o que ainda está pendente e quais serão os próximos passos, após os reposicionamentos diante de novos propósitos e de outros que deixarão de fazer sentido.

Busco deixar bem claro para mim mesmo qual é o ciclo do curso da vida em que me encontro, com as forças e fraquezas a eles inerentes. Desse balanço vem a certeza de que é preciso viver um dia de cada vez, combatendo a ansiedade que pode se tornar a antessala da depressão. Não dá para cair na ilusória ditadura da felicidade permanente.

Ao olhar para o meio externo que nos contorna e impacta, me vejo reafirmando que permanecerei no estoicismo, evitando sofrer com antecedência sobre o que poderá vir a ser o amanhã. É impossível querer controlar variáveis sobre as quais não tenho autoridade, inclusive as que determinarão o instante da minha finitude.

Sei que nada está fácil, mas como sou um realista esperançoso acredito que transformações no planeta necessariamente acontecerão, pelo amor ou pela dor, diante da necessidade de sobrevivência e com suporte no conhecimento aplicado.

Nesse início de balanço, fica claro que posso polir mais as amizades, sem muita expectativa de reciprocidade, ou seja, ter mais iniciativa para propor ações fortalecedoras das relações. Não basta constatar e falar uns para os outros que precisamos nos encontrar presencialmente ao constatar que isso não acontece há alguns anos. Não há dúvidas de que as amizades serão cada vez menores quantitativamente, inclusive devido ao processo de cada um, mas podemos fazer um pouco mais em prol da amizade e do bem que ela nos faz.

Também fica claro em meu balanço que estou fugindo da polarização política, das informações mentirosas dos doutrinadores e das Guerras em todos os seus níveis. Continuarei buscando relações respeitosas no regime democrático e almejando mais equidade e diversidade em prol do equilíbrio e da inclusão sem patrulhamento de ideias. Muitos podem até imaginar que isso tudo é uma utopia, mas é o que eu acredito no momento e busco colocar em prática, sem ser o proprietário da verdade.

Ao longo desse atual advento prosseguirei refletindo e definindo propósitos relativos à saúde, à família, ao lazer, à sustentabilidade financeira, ao modo simples de viver, à espiritualidade… Por enquanto, é o que tenho para o momento desse início do tempo de advento.

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Um dos fundamentos da gestão nos ensina que gerenciar é resolver problemas. Conceitualmente, problema é o resultado indesejável de um processo. Por sua vez, processo é um conjunto de causas que provoca um ou mais efeitos. Porém, na medida em que o tempo passa e um problema não é resolvido, tudo fica cada vez mais crônico.

Nesse sentido, quero chamar a atenção para o problema cada vez mais crônico que é o alto desrespeito ao Código de Posturas Municipais no bairro de Santa Teresa, na zona leste de Belo Horizonte. Faz um ano e seis meses que postei uma pensata sobre esse problema, que continua se agravando dia após dia. Por isso ela está sendo republicada e atualizada à luz do que está incomodando e colocando em risco a vida de muitas pessoas. É fundamental que todos os interessados cumpram respeitosamente os critérios estabelecidos em lei para assegurar de maneira organizada o direito de ir e vir de todos no convívio social.

O que está acontecendo na rua Mármore, por exemplo, a principal do bairro, é que alguns estabelecimentos comerciais como bares, restaurantes e mercearias estão usando toda a calçada e parte da pista de rolamento para colocar mesas e aumentar o espaço para atendimento a seus clientes. Alguns até delimitam parte da pista com grades. Tudo fica mais difícil para a circulação de pedestres, de todas as idades, inclusive pessoas com deficiência, que muitas vezes são obrigados a passar entre as mesas, geralmente ocupadas por pessoas eufóricas após tomar algumas cervejas. Quando não é possível, o jeito é passar pela pista de rolamento e, em alguns casos, depois do gradeamento, o que só aumenta a insegurança e o risco de acidentes ou quase acidentes.

Existe o caso de um bar que já coloca mesas até na calçada da Praça Duque de Caxias, que fica em frente. É importante lembrar que a praça é tombada pelo Patrimônio Histórico e sua calçada tem sido usada até para fazer churrasco na modalidade fogo de chão. Existe um outro que utiliza o espaço de um posto de combustíveis vizinho às suas instalações para fazer um pagode às noites de sábado e domingo. O som advindo do evento fica muito além dos limites estabelecidos pela Lei do Silêncio.

Não podemos nos esquecer que o Código de Posturas do município de Belo Horizonte, aprovado pela lei 8616/2003 e modificado pela Lei 9845/2010, estabelece que a colocação de mesas nas calçadas precisa ser licenciada pela Prefeitura, e mesmo assim se a calçada tiver largura acima de 2,75 metros. Já a colocação de mesas e gradeamentos nas pistas de rolamento são simplesmente proibidas. Por outro lado, a Lei do Silêncio de número 9505/2008, que dispõe sobre o controle de ruídos, sons e vibrações, estabelece que o limite para as emissões entre 19h01 até as 22h é de 60 decibéis, de 22h01 às 23h59 é de 50 decibéis e de 0h às 7h é de 45 decibéis.

Vale lembrar que o bairro de Santa Tereza é uma Área de Diretrizes Especiais – ADE segundo a Lei de Uso e Ocupação do Solo, possui em torno de 16.400 mil habitantes segundo o IBGE e estima-se que apenas 10% dos moradores frequentam os seus bares, restaurantes e casas de shows musicais.

Como se vê, é preciso avaliar o desempenho da fiscalização da Prefeitura e sua Administração Regional Leste diante do descumprimento de diversas exigências contidas nas leis de regulação urbana. E como tem sido a fiscalização da Câmara de Vereadores em relação aos atos e omissões do poder executivo municipal?

Cabe também à população do bairro uma maior vigilância para fazer valer os seus direitos como cidadãos, inclusive registrando suas reclamações pelos canais da prefeitura, como o telefone 156 na opção 1 para reclamações, na Ouvidoria, na Zeladoria e na Administração Regional Leste, por exemplo. Quem cala consente!

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Curtas e Curtinhas

por Luis Borges 24 de novembro de 2023   Curtas e curtinhas

Educação financeira é o que todos precisam

Viver e sobreviver em momentos tão difíceis na economia é um grande desafio e exige muita educação financeira para melhor aproveitar o que cada um consegue obter no mercado altamente competitivo e desigual.

Recente pesquisa do Instituto Datafolha, encomendada pela Federação Nacional de Previdência Privada e Vida – Fenaprevi, mostrou que 3% dos brasileiros deixam de planejar o futuro financeiro por confiar sua sorte a Deus. Em cada 10 entrevistados, 8 disseram que pretendem planejar suas finanças. Entre eles, 6 pensam nisso frequentemente ou sempre e têm objetivos financeiros definidos para os próximos 12 meses.

Todavia é preciso estar atento para não fazer compras diante do impulso, não pagar juros abusivos para antecipar consumos que não cabem no orçamento.  É importante ter atenção para não cair em muitas ilusões, verdadeiros cantos de sereias, que surgem em muitas promoções, do tipo Black-Friday, em que nelas muitos embarcam comprando pelo dobro da metade do preço que foi dobrado antes do início das promoções.

É o que está posto na nossa cultura recente.

Será que as ondas de calor foram embora? 

A semana passou sem o calorão dos últimos 15 dias. Olhando para os fatos e dados é possível perceber que os eventos climáticos extremos são cada vez mais frequentes e demonstram que o aquecimento global é real, ou seja, o clima da terra já é outro. No Brasil, são visíveis a seca da Amazônia, as queimadas do Centro-Oeste, as fortes chuvas do Sul, as ondas de calor do Sudeste e do Nordeste. Também são incontestáveis o apagão da energia elétrica em São Paulo após os vendavais, a falta de água na região Metropolitana de Belo Horizonte e as grandes ondas do mar invadindo praias no Rio de janeiro.

E olha que ainda falta 1 mês para o início do verão.

Ondas de calor levam grandes empresas ao aumento do consumo de energia

O mercado livre de energia, cujos preços não são regulados e é voltado para indústrias e grandes empresas, teve um consumo de 25,6 mil MW em outubro, o que significa 40% do total da energia consumida no país.

Isso significou um crescimento de 4% em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE, quando a economia cresce, também aumenta o consumo de energia, mas embora a indústria tenha reagido, via crescimento de atividade, boa parte desse desempenho se deve ao calor, que puxou o consumo no comércio e serviços.

O que mais preocupa diante do aumento da frequência das ondas de calor é que o Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS acaba se vendo na obrigação de lançar mão das termelétricas para gerar pelo menos 15% da quantidade de energia necessária, visando evitar um apagão ao longo do país. Vale lembrar que os custos das termelétricas são bem maiores e são sempre repassados diretamente para os consumidores.

Eleições na Argentina 

A República Argentina, vizinha do Brasil na América do Sul, tem aproximadamente 46 milhões de habitantes e acabou de eleger seu novo presidente, que tomará posse no dia 10 de dezembro. Javier Milei é um ultra liberal que assumirá o país com inflação de 142% nos últimos 12 meses, 40% da população abaixo da linha da pobreza, 51% das pessoas recebendo algum tipo de ajuda governamental, o país sem reservas cambiais e com uma enorme dívida externa sendo cobrada.

O novo presidente promete acabar com o Banco Central, dolarizar a economia mesmo sem ter dólares, passar de 18 para 8 a quantidade de ministérios, privatizar as empresas estatais de comunicação e de petróleo, entre outras medidas. O seu partido elegeu apenas 39 deputados federais em 257 vagas disputas e apenas 7 senadores em 72 cadeiras. Assim, o Presidente eleito precisará fazer muitas alianças políticas para garantir a sua própria governabilidade. No plano externo, terá que se curvar ao pragmatismo econômico, a começar pelas relações com o Brasil e a China.

A conferir os próximos passos.

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Curtas e Curtinhas

por Luis Borges 14 de novembro de 2023   Curtas e curtinhas

A evasão no ENEM 

O Exame Nacional do Ensino Médio – Enem em 2023 teve 3,9 milhões de inscritos, 500 mil a mais que no ano anterior, e uma evasão de 32 % nas duas  etapas – 1,2 milhão de faltosos. Olhar os motivos desse efeito indesejável que é a evasão e atuar para combatê-las é uma grande contribuição para resolver esse problema. Na sua opinião, quais as causas fundamentais desse problema?

De qualquer maneira, a educação é a base de tudo.

De Reforma em Reforma 

Há pelo menos 30 anos se fala em algumas reformas tidas como necessárias para o Estado brasileiro. Frequentemente, muitas delas são tratadas e vendidas como a panaceia para todos os males do país, mesmo ficando aquém das expectativas de muita gente.

O fato é que em 2017 foi aprovada a Reforma Trabalhista e em 2019 a Reforma da Previdência Social Privada (INSS), ambas com diversos questionamentos de perdas para os trabalhadores.

Agora, a sempre decantada Reforma Tributária está de volta à Câmara dos Deputados, após alterações feitas pelo Senado. A simplificação do processo de arrecadação dos tributos é uma das premissas, muitas são as exceções previstas para a redução da alíquota base dos tributos e a discussão sobre o Imposto de Renda com a tabela de retenção congelada ficará para uma próxima etapa.

Continuam na fila a Reforma Administrativa para o serviço público Federal e a Reforma Política. Aliás, essa ainda levará algumas décadas, pois não interessa à maioria dos donos dos partidos.

Viajando pelas estradas mineiras 

Viajar pelas estradas mineiras, sejam elas Federais ou Estaduais, públicas ou concedidas, é um risco permanente. Essa é a sensação diante das condições gerais e específicas a que todos estão submetidos.

Buracos na pista, sinalização deficiente, fiscalização ineficiente, alguns traçados questionáveis… além de muitos condutores de veículos marcados pela imprudência, imperícia e negligência fazem parte do cenário permanentemente encontrado pelo Estado afora.

Como se vê, essa é apenas mais uma constatação do que enfrentamos, mesmo sabendo que gestão e educação é o que todos precisam.

O feriado da Proclamação da República em 15 de novembro 

Chegamos ao segundo feriado do mês na quarta-feira, 15 de novembro, para lembrar os 134 anos da Proclamação da República no Brasil, em 1889. Vale lembrar que o primeiro feriado do mês foi no Dia dos Finados, em 2 de novembro, em meio a um intenso calor como agora.

Sempre lembrando da importância da República e da defesa permanente da democracia no país, é interessante pensar num feriado de meio de semana em plena quarta-feira, onde é possível emendar os trabalhos da semana. De imediato, penso no Poder Legislativo da União, Estados e Municípios com seus senadores, deputados Federais, deputados estaduais e vereadores e com eles vem a lembrança do Poder Judiciário e todos os seus tribunais, ávidos por emendar um feriado.

Olhando para o mês de dezembro, veremos que será feriado em Belo Horizonte no dia 8, sexta-feira, além do Natal na segunda-feira 25 e na outra segunda teremos o início do Ano Novo. De feriado em feriado o ano também se faz caminhante, para desespero de quem só fala em produtividade.

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Viver é perigoso, dizia Guimarães Rosa, mas de onde vem o perigo? Inegavelmente pode vir de todos os lados ou partes, até mesmo ficar no quase, na base da sorte. Enfim, tudo pode acontecer, inclusive nada, é só pensar no caso do time do América Futebol Clube, no atual Campeonato Brasileiro da série A.

Pensemos no caso de Vaninha, uma amiga de longa data, desde a infância universitária, que mora num edifício do bairro Anchieta, na Zona Sul de Belo Horizonte. O seu apartamento fica no quarto andar e faz vizinhança com o da atual síndica. Ao todo são doze apartamentos, sendo dois por andar – no primeiro estão os que possuem áreas privativas e no sexto ficam as coberturas.

Diante do grande calor reinante no fim do inverno e no avançar da primavera, os moradores do edifício decidiram, em assembleia geral com a presença de oito dos doze proprietários, que quem quiser pode instalar equipamentos de ar condicionado em seus respectivos imóveis conforme determinadas condições técnicas especificadas.

Vaninha foi uma das moradoras que não compareceu à reunião por não estar se sentindo bem, o corpo com alguns sintomas esquisitos, uma vontade de não fazer nada e uma febre se iniciando. A síndica também não é nada simpática, o que já seria motivo para aumentar o desânimo.

No dia seguinte, Vaninha estava se sentindo tão péssima com o mal estar que narrou a situação para seu filho mais velho, já que o marido estava viajando a trabalho. Ele ficou muito preocupado e tomou as providências para que sua mãe fizesse um teste rápido visando verificar se era a Covid-19 numa de suas variáveis.

Para a surpresa deles o resultado deu positivo.

Já eram altas horas quando o marido voltou de sua viagem. No dia seguinte, usando máscara, ele foi até a porta do apartamento da síndica para se informar sobre as decisões relativas à instalação de sistema de ar condicionado conforme as condições gerais para a realização de intervenções no edifício.

Conversa vai, conversa vem, a síndica quis saber por que ele estava usando máscara. Foi aí que ela ficou sabendo sobre o que aconteceu com sua esposa e lembrou que no final de semana anterior ela e o marido se encontraram com Vaninha no saguão do edifício e subiram juntos no elevador. Então, a síndica informou que ela e o marido estiveram de molho por causa da Covid-19 que os alcançou pela terceira vez. Lembrou também que nunca se vacinaram para se proteger devido ao medo de surgir algo pior em função dos efeitos colaterais advindos da vacina. Só aí entendeu porque Vaninha não pôde comparecer à assembleia do edifício e pediu ao marido que levasse a ela os seus sinceros pedidos de desculpas pelos transtornos causados. Porém, continuou sem usar máscaras e a andar pelo edifício cumprindo a função de síndica.

Vaninha cumpriu cuidadosamente as prescrições médicas e registrou a observação de seu infectologista, de que graças às vacinas tomadas a atual cepa da Covid-19 não veio com todo o ímpeto.

Enquanto isso, o perigo continuou morando ao lado e nos demais ambientes comuns do edifício com os desrespeitos de sempre perante a vida dos outros. Realmente “viver é perigoso”.

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O voo do ascensorista

por Convidado 31 de outubro de 2023   Convidado

por Sérgio Marchetti*

Há alguns meses, tive o privilégio de adquirir um livro numa manhã de autógrafos bastante concorrida. Mas, obviamente, que a euforia e a fila se deveram ao merecido prestígio do autor, o jornalista Eduardo Costa.

Ao chegar ao lado do escritor, depois de ter sido ultrapassado por algumas pessoas que não respeitaram a antiga, tradicional e democrática fila, tive o prazer de ver a figura carismática de nosso jornalista distribuindo autógrafos com a mesma simpatia com que nos recebe na Rádio.

Com o livro autografado na mão, a próxima etapa seria a leitura. E aí entra a parte que mais gosto. E não foi menos prazerosa do que supunha. Desde o início, já me prendeu a atenção porque a narrativa (no sentido literário), foi escrita pelas tintas da alma, numa transparência que me remeteu à Inácia de Carvalho, local onde morava nosso escritor. E, foi com felicidade que identifiquei coisas comuns entre a minha vida e a daquele que era “… apenas um rapaz latino-americano. Sem dinheiro no banco, sem parentes importantes. E vindo do interior…”

Logo nas primeiras páginas, falou das lembranças mais remotas, a mudança para capital e as dificuldades advindas de uma certa pureza que o interior tinge em nossas faces. Verdade! E, ainda que saiamos de lá, o interior nunca sai de nós. Carregamos na alma um carimbo patrimonial de “nascidos no interior”. E o fato só me enche de orgulho.

Mas, continuando a saga do menino que, assim como meu pai, trabalhou no Banco Real, percebe-se que seu destino era a reportagem, pois o perfil ousado se sobrepunha à timidez e falava mais alto, buscando oportunidades e vendo bem mais à frente do que a maioria das pessoas. Obstinado, venceu o câncer e não foi por acaso, caros leitores, que Eduardo Costa foi à Cuba, Londres, Frankfurt, China, viajou na comitiva do Papa João Paulo II e, na Índia, em frente ao Taj Mahal, tirou a foto junto com a comitiva do Presidente Lula em 2003. Depois, veio a Record e, recentemente, a Bandeirantes.

As aventuras e os “micos” foram registrados com muita graça, e nos servem para lembrar os nossos apertos em nossas peripécias pela vida, principalmente quando saímos do Brasil. Mas fazer o lavabo de bidê foi o máximo!

O livro é uma lição de vida. Constato que a trajetória de um repórter é muito emocionante, excitante, mas excessivamente perigosa, se estiver fazendo cobertura numa guerra ou se disser verdades sobre certas autoridades e figuras que estão num patamar acima das leis e da Constituição Brasileira.

O fato é que o menino ascensorista continua abrindo portas, levando pessoas a novos lugares. Com seu jeito mineiro, e com a honestidade aprendida com o pai, vai subindo andar por andar, vendo de onde veio e para aonde vai, sabendo que o mais importante não é a altura que galgou, mas sim a construção de um caminho que o fez chegar aonde chegou.

E o ascensorista criou asas e voou.

 

*Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br

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O tempo prossegue indelével, sem poder ser apagado ou desaparecer, e o calendário gregoriano marca esse 24 de outubro, no segundo mês da primavera, no hemisfério sul do planeta Terra.

Nessa marcação do tempo com os dias repletos de calor e podendo ou não chover, ventar forte e até surgir um friozinho onde estou em Belo Horizonte, me vejo caminhando dia a dia, ano a ano. A marca dos 69 anos está sendo atingida hoje e o próximo ponto está na direção dos 70, uma outra década que vai se delineando.

Olhando para trás, vejo como se deram os vários ciclos da vida que me trouxeram até o dia de hoje. Dou muito valor a tudo o que foi feito conforme a capacidade que eu tinha a cada ciclo e buscando no insubstituível conhecimento o necessário suporte para as diferentes fases.

Tenho a consciência de tudo o que foi vivido, com acertos e erros que muito me ajudaram a prosseguir, sem desistir jamais. E claro que persisto no realismo esperançoso e, por isso mesmo, consciente das limitações trazidas pelas condições funcionais, conforme nos mostra a teoria das restrições. Nada será como já foi, inclusive em termos de autonomia e independência.

O que poderá ser mais adequado nesse novo ciclo precisará ser construído em função das condições de contorno que delimitam as possibilidades, mas sem abrir mão do respeito e da dignidade. Isto pode até parecer simples, mas é desafiante nessa complexa arte de viver, inclusive nos avanços das diversas etapas na fase idosa em busca de um envelhecimento ativo e de momentos felizes.

Nessa altura da pensata, muitos leitores podem estar se perguntando sobre onde eu quero chegar, mas o que almejo é continuar caminhando em condições dignas e com saúde mental compatível até a finitude nesse plano. Sei que muitos não gostam de conversar sobre a finitude, mas ela nos traz uma certeza definitiva de que estamos tratando do marco final dessa existência.

Enquanto caminho para o final dessa manhã e o dia vai crescendo, reitero minha gratidão pela vida inteira ancorada na família amiga e nos amigos surgidos na caminhada. É dia de celebrar!

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