por Sérgio Marchetti*

Desde criança eu gostava de ouvir histórias. O momento melhor das minhas aulas no grupo escolar era no final, quando a professora (que não era tia) arrematava com uma história.

Confesso que viajava pelos castelos dos príncipes, pela torre de Rapunzel, entre as árvores da floresta dos sete anões, no encontro com um gato de botas, além de ouvir um minúsculo ser do tamanho de um polegar.

Daquela época até hoje, os livros ocuparam papel importante na minha vida e na minha estante. Mas, lamentavelmente, assim como milhares de outras coisas que marcaram a vida de milhões de pessoas, tiveram sua pena de morte decretada. E nesse movimento, incontáveis ambientes, culturas, etc  foram vítimas das mudanças e dos aprimoramentos do mundo contemporâneo.

O que me conforta, é saber que minha geração ainda poderá contar com a leitura de livros que, mesmo sendo técnicos, foram escritos por um ser pensante que traz em seu âmago alguma forma de emoção.

Saibam, caríssimos leitores deste Blog, que a Inteligência Artificial escreve textos sensacionais em tempo recorde. E que a previsão de muitos estudiosos da tecnologia se cumpriu, apesar de tantos críticos terem dito que jamais ocorreria. E, nessa esteira rolante, não sei dizer, sinceramente, se seremos substituídos por ferramentas tecnológicas com bilhões de palavras e formações de frases. Tenho plena convicção de que a concorrência é desleal. Agora, os chatbots são os protagonistas da peça. São softwares que se comunicam e interagem com usuários por meio de mensagens automatizadas. Isso, a todo momento e sem necessidade de qualquer ajuda humana.

Utilizando a linguagem policial, a tecnologia está adentrando em nossas casas e fazendo evadir tudo que, até hoje, era uma rotina e um estilo de vida. Neste contexto, o que prevalece é a mudança e Heráclito (500 a.C. – 450 a.C.) confirma sua tese:  “Tudo muda o tempo todo, e o fluxo perpétuo (movimento constante) é a principal característica da natureza”.  Só não imaginava que as transformações seriam muito mais avassaladoras do que poderia prever.

Enfim, estamos diante de um novo mundo, totalmente diferente do que já se viu em toda a história deste planeta. “E nada do que foi será/ de novo do jeito que já foi um dia…”

 

*Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br

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Curtas e Curtinhas

por Luis Borges 27 de setembro de 2023   Curtas e curtinhas

Supermercados querem vender medicamentos

A Associação Brasileira dos Supermercados – Abras vai pedir o apoio do presidente Lula ao projeto de lei que permite aos supermercados a venda de medicamentos isentos de prescrição médica. Segundo a entidade, antiácidos e analgésicos poderão ter redução de preços em torno de 30%. Obviamente que a Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias – Abrafarma é contra a medida e a considera nociva à saúde do povo.

Quem vencerá essa disputa na Câmara dos Deputados?

Emendas Pix

Os Parlamentares Federais – Deputados e Senadores – têm o direito de destinar emendas impositivas com verbas para Estados e Municípios através de convênios com os ministérios do Poder Executivo, com a devida prestação de contas do dinheiro gasto. Já nas Emendas Pix os parlamentares enviam as verbas diretamente para os municípios e geralmente priorizando os pequenos.

Levantamento feito pelo jornal O Globo, na edição de 25 de setembro, mostra que nos últimos três anos foram enviados R$6 bilhões a municípios na modalidade Pix e que não houve prestação de contas em 94% dos casos. Assim, por exemplo, fica mais fácil pagar shows musicais pelo país afora.

A onda de calor e a energia elétrica

Enquanto a maioria das pessoas está reclamando da onda de calor do final do inverno e do início da primavera, o Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS informa que o consumo de energia elétrica terá um aumento de aproximadamente 6% no mês de setembro na comparação com o mesmo período do ano passado. Entretanto, o ONS afirma que os reservatórios das usinas estão cheios e não há risco de desabastecimento.

Também está em crescimento a geração de energia eólica e fotovoltaica. Pelo visto, este será o quinto ano consecutivo sem a edição do Horário de Verão a partir da terceira semana de outubro.

Reposição salarial de 40% ou greve

Faixas espalhadas pelo campus da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG na Pampulha, em Belo Horizonte, mostram a sinalização e o desejo dos professores em obter parte da perda salarial acumulada a partir de 2015. Atualmente, ela se aproxima dos 60% enquanto o Ministério da Gestão sinaliza 1% de reajuste para o ano que vem.

Vamos ver se a categoria vai se mobilizar para obter esta conquista, pois isso não acontece desde 2016.

Cooperativas financeiras crescem na concessão de créditos

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae fez uma pesquisa sobre a concessão de créditos buscados pelas empresas desse porte no mês de junho. Foram ouvidos 6.237 empresários por telefone, dos quais 22% foram atendidos pelo Banco do Brasil, 17% pela Sicredi, 15% pela Caixa, 12% pelo Sicoob e 10% pelo Bradesco.

Como podemos ver, as duas cooperativas financeiras juntas, Sicred e Sicoob, responderam por 29% dos empréstimos concedidos, ou seja, praticamente três em cada 10 operações.

É o associativismo e o cooperativismo realçando o seu valor crescente na forma de organização de pessoas em seus negócios.

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Estamos passando pelo momento de discussão, negociação e aprovação do orçamento de 2024 da União Federal, Estados e Municípios a partir dos parâmetros determinados pela Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO.

Tomando o orçamento da União Federal para observação e análise, veremos alguns aspectos que provavelmente serão abordados e discutidos na fase legislativa, diante de pressões e reivindicações de diversos grupos e segmentos interessados. Muitas negociações serão feitas, a começar pelos interesses dos próprios parlamentares.

Chamam a minha atenção alguns aspectos (pontos) que impactam diretamente e de maneira desigual os pagadores de tributos na forma de impostos, contribuições e taxas, inclusive nos serviços públicos concedidos.

Um ponto relevante para a proposta é que tudo está ancorado no arcabouço fiscal, que substituiu o teto de gastos públicos. As premissas básicas utilizadas na elaboração da peça orçamentária estimam o crescimento do Produto Interno Bruto – PIB em 2,26%, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA do IBGE, em 3,3%, taxa básica de juros – Selic do Banco Central em 9,8%, dólar em R$ 5,02, barril de petróleo em US$ 73,90, salário mínimo em R$ 1.421,00 e Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC, que reajusta os benefícios do INSS, em 3,01%.

É extremamente desafiadora a meta de zerar o déficit público, ancorada essencialmente no aumento da arrecadação em busca de R$ 168,5 bilhões. A imensa maioria das medidas para se atingir essa meta ainda depende da aprovação pela Câmara dos Deputados e do Senado.

Outros aspectos importantes dizem respeito ao congelamento dos valores pagos pelo programa Bolsa Família e da Tabela do Imposto de Renda, apesar das promessas da campanha eleitoral. Já para os servidores do Poder Executivo é previsto um reajuste salarial simbólico de 1%, o que só aumenta a perda do poder aquisitivo que se acumula desde 2015 e se aproxima dos 60%.

Enquanto isso, as emendas parlamentares visíveis e obrigatórias somam R$ 37,6 bilhões, fora outros aportes diluídos na estrutura organizacional do Poder Executivo.

O questionável Fundo Eleitoral para as campanhas de candidatos a prefeitos e vereadores prevê gastos de R$ 939 milhões. Entretanto, nas negociações da peça orçamentária poderá ser elevado até R$ 5,5 bilhões, pois o mesmo fundo foi de R$ 4,9 bilhões nas eleições de 2022 e os parlamentares esperam que seja corrigido pela inflação dos últimos 2 anos. Praticamente não existem recursos para novos investimentos e somente para o pagamento dos juros da dívida pública estão reservados R$ 649 bilhões.

Para quem acompanha o orçamento público mais de perto, é de se imaginar que o mesmo também deveria ser feito para o orçamento individual e familiar. Com quais premissas entraremos no ano de 2024 em relação ao poder aquisitivo, às possibilidades de manutenção do emprego ou de obtenção de novas fontes de renda, por exemplo?

Será que precisamos conhecer melhor os nossos números, repensar os três ou quatro cartões de crédito que usamos, parar de tomar decisões só no impulso ou aumentar a educação financeira?

O que é possível fazer com as coisas que só dependem de nós?

 

Para mais detalhemento sobre os números apresentados nesta pensata, você pode clicar aqui e aqui.

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Mother of Mine

por Convidado 11 de setembro de 2023   Convidado

por Sérgio Marchetti*

Nesses últimos dias, a vida me surpreendeu negativamente. Eu acreditei, leitores de boa-fé que, com o passar dos anos, os desafios que a existência nos reserva fossem diminuindo. E, pela lógica, já tendo certo acúmulo de experiência, realizações, “uma certa idade”, as cargas mais pesadas seriam atribuídas aos mais jovens.

Mas estava enganado. Primeiro, porque a vida não tem lógica alguma. E, depois, pelo fato de que, quanto mais vivemos, mais caras ficam as cobranças. E a que chegou para mim é impagável. Tive que encarar o antagonismo de “conviver com a morte”. A história começa, lamentavelmente, com o fato de minha querida mãe ter ido se encontrar com meu pai. Sim, após alguns dias de agonia, ela partiu. E, embora bastante idosa, a dor da separação é muito forte. A ruptura causada pela partida daquela pessoa que nos guardou no ventre, nos remete a um novo corte do cordão umbilical. A vida nos bate na face, nos enche o peito de angústia e reafirma nossa fragilidade. Outra vez, me vem à mente a pergunta de Hamlet na peça intitulada a Tragédia de Hamlet: “ser ou não ser, eis a questão”. E, o não ser, que levou meu pai há um ano, não satisfeito, veio buscar minha mãe. Tanta doçura tinha em sua maneira de ser que, quando eu era criança, estudando inglês (que não aprendi direito), ouvi uma música linda que se chamava Mother of Mine, de Jimmy Osmond, e dediquei a ela porque a melodia traduzia a delicadeza, meiguice e suavidade de minha querida Dona Iris, cujo nome representa, não por acaso, “mensageira dos deuses”.

Confesso, leitores mais sensíveis, que jamais consegui sentir em meu íntimo que havia feito tudo que minha mãe merecia. Sempre me vem aquela vozinha no ouvido dizendo que ainda poderia ter feito mais. O mesmo sinto por meu pai. Mas minha gratidão por tê-los tido como pais não cabe em mim.

E o grande desafio, que citei inicialmente, veio me testar justo no dia em que estava agendada uma palestra para 150 pessoas (empresários do comércio). Imaginaram? Foi isso mesmo. De um lado uma palestra com interações bem-humoradas e de outro um velório de uma pessoa tão especial, e em cidades diferentes.

Sabia que não teria condições psicológicas para realizar um trabalho que atendesse às expectativas mínimas. Faltaria alegria, energia, entusiasmo e equilíbrio emocional. Era quase início de noite, e a palestra seria às 9h da manhã seguinte. Como cancelar? Mas, caso conseguisse ter forças para realizá-la, não daria tempo de comparecer ao sepultamento. O que fazer? E os organizadores? O público? Como ficariam todos?

Não me perguntem como foi que decidi. Apenas saibam que algo maior do que eu é que me deu forças. Fiz cortes nos assuntos e diminuí para uma hora o tempo da apresentação (seriam duas horas). Tomei chás, suco de maracujá, quase não dormi, porém compareci ao evento. Cumpri meu papel e tive a certeza de que minha mãe, que sempre soube de minha dificuldade — por ter muita compaixão pelos outros (puxei dela) — se orgulharia de mim.

Foi difícil, mas consegui. A superação foi muito além do que supunha. Óbvio que não tive a energia e os insights que obteria normalmente. Confesso que não me lembro de tudo que fiz naquele evento. Mas saí daquele lugar com a alma lavada e, alguns minutos depois, com os olhos também, porque iria encarar uma das cenas mais tristes no teatro da minha vida. Um drama que acontece todos os dias, mas, quando nos acomete, a naturalidade deixa de existir. E assim, como cantava o grande Gonzaguinha, “um homem também chora…” e “Guerreiros são pessoas/ São fortes, São frágeis/ Guerreiros são meninos/ No fundo do peito”.

Desta forma, mantendo uma força que não tenho, mesmo com o coração dilacerado, me despedi da mulher que me deu a vida, pedindo a Deus que a recebesse de braços abertos, a amparasse e, a protegesse, assim como fez com todos que, nesta vida, se aproximaram dela.

Até um dia, mother sweet mother of mine.

Mother Of Mine

Jimmy Osmond

 

Mother Of Mine

Mother of mine you gave to me,

All of my life to do as i please,

I own everything i have to you,

Mother sweet mother of mine.

 

Mother of mine when i was young

You showed me the right way

Things should be done,

Without your love where would i be,

Mother sweet mother of mine.

 

Mother you gave me happiness,

Much more than words can say,

I pray the lord that he may bless you,

Every night and every day.

 

Mother of mine now i am grown

And i can walk straight all on my own,

I’d like to give you what you gave to me,

Mother sweet mother of mine.

 

Mother Of Mine (Tradução)

Minha mãe você me tem dado,

Tudo que eu faço na vida é para teu prazer

Eu possuo todas as coisas porque tenho você

Mãe, minha doce mãezinha.

 

Minha mãe quando eu era jovem

Você me mostrou o caminho certo

Coisas que deveriam ser feitas,

Sem seu amor onde estaria eu,

Mãe, minha doce mãezinha.

 

*Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br

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A viagem que virou uma saga

por Luis Borges 5 de setembro de 2023   Pensata

Segundo o dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa, Saga é uma sequência de acontecimentos fecunda em incidentes, conforme um dos seus verbetes. Foi o que aconteceu com um mineiro de 64 anos, residente em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, que possui uma propriedade rural de grande porte no Sul do Estado de Goiás. O seu negócio é a soja, destinada à exportação. Tudo é feito em conformidade com a sustentabilidade ambiental.

A cada 30 dias, o proprietário vai à sede do seu empreendimento onde permanece em torno de 7 dias verificando a conformidade da gestão dos processos operacionais, o andamento das metas e as ações corretivas que se fizerem necessárias. Ele faz também contatos com fornecedores, clientes e outros proprietários de empreendimentos na região.

Desde que entrou nesse negócio, tem sido bem complicada a logística para ir até a propriedade e retornar a Nova Lima. Exemplificam bem isso os acontecimentos da visita ocorrida em meados do mês de julho.

Tudo começou na ida de Belo Horizonte para Goiânia, quando foi marcado um voo para as 17h30. Ele saiu de casa em Nova Lima um pouco antes das 15h, com a meta de chegar ao aeroporto de Confins com 1h15 de antecedência em relação à decolagem da aeronave. Afinal de contas, a empresa aérea só recebe as malas para quem paga pelo despacho de bagagem até 60 minutos antes da hora marcada para o início da viagem. Entretanto, foi surpreendido no guichê ao ser informado do cancelamento do seu voo e a sua inclusão no próximo, previsto para 21h50. Um detalhe: a passagem de ida, com o despacho de uma mala custando R$ 1.800,00 e a de volta, 10 dias depois, ao preço de R$ 1.300,00.

Quando o avião pousou em Goiânia no meio da pista do aeroporto, bem distante do local clássico de desembarque, quase todos os passageiros se levantaram para sair rapidamente da aeronave. Imediatamente, o comandante solicitou pelo alto-falante que todos os passageiros deveriam ficar sentados em seus lugares. Isso porque agentes da Polícia Federal entrariam na aeronave para identificar dois passageiros que estavam sendo procurados. Os nomes foram anunciados no autofalante com o pedido para que se apresentassem espontaneamente. Como ninguém se manifestou, dois agentes começaram a verificar o documento de identidade de todos que estavam a bordo, até que na 8ª fila uma passageira se identificou e já ficou detida.

Os passageiros que não faziam parte do alvo da operação começaram a desembarcar enquanto os agentes avançavam pela aeronave até encontrar o outro procurado.

Após chegar no saguão do aeroporto, poucos minutos antes da meia-noite, o fazendeiro foi buscar o veículo reservado na locadora e teve mais uma pedra inesperada no caminhar do dia. A sua reserva havia caído no sistema e não havia disponibilidade do modelo de veículo de sua preferência. O jeito foi pegar e aceitar o que tinha lá e partir imediatamente para o sul de Goiás e chegar ao município onde fica sua propriedade por volta das 5 horas da madrugada. Foi a conta de se preparar para o primeiro compromisso de sua jornada marcada às 9h daquela manhã.

Como podemos ver, essa viagem tornou-se uma saga mesmo com todo o planejamento. O que prevalece é o desrespeito ao cliente da empresa aérea que, além de cobrar altos preços, ainda não cumpre do que foi combinado com os passageiros, a começar pelo cancelamento de um voo, por exemplo.

E você, caro leitor, já passou por perrengues desse tipo? Reclama ou fica por isso mesmo?

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Curtas e Curtinhas

por Luis Borges 28 de agosto de 2023   Curtas e curtinhas

Mais vagas para cursos de medicina

A Secretaria de Educação Superior – Sesu, do Ministério da Educação – MEC, enviou ofício circular às universidades federais pedindo que elas avaliem com urgência a ampliação do número de vagas ofertadas e a abertura de novos cursos de medicina.

A medida foi criticada pela Associação Brasileira das Mantenedoras das Faculdades – Abrafi, uma das principais entidades de representação do ensino superior privado.

A avaliação é de que o Governo Federal vai inviabilizar a abertura de novas vagas em instituições pagas.

É o capitalismo sem riscos, buscando garantir uma reserva de mercado ao se sentir ameaçado diante da possibilidade do aumento de vagas no ensino público gratuito.

Aguardemos o desfecho do caso.

Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO 2024 

O Poder Legislativo da União Federal, Estados e Municípios precisa aprovar até 31 de agosto de cada ano a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO enviada pelo Poder Executivo com os parâmetros para a elaboração do orçamento do ano seguinte.

Em Araxá, por exemplo, a Câmara Municipal fez uma reunião extraordinária no dia 21 de agosto e aprovou a LDO (Projeto de Lei 46/2023), que prevê uma arrecadação de R$ 792 milhões para o Município em 2024. Vale lembrar que em 2023 a arrecadação esperada é de R$ 720 milhões.

Pelo visto, está difícil de se alcançar essa meta, mas é preciso conhecer as causas fundamentais desta dificuldade.

Agora é aguardar o projeto da Lei Orçamentária Anual de 2024, a ser enviado pelo Poder Executivo.

Os imóveis do patrimônio da União Federal

O Governo Federal e o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Administração – Consad estão lançando a Rede Nacional de Patrimônio Público na expectativa de melhorar a gestão dos imóveis que pertencem a União, Estados e Municípios.

Fala-se, atualmente, que a União possui mais de 700 mil imóveis, dos quais 10 mil estão desocupados, sem manutenção adequada e correndo risco permanente de invasão.

Segundo dados do Tribunal de Contas da União – TCU, os gastos anuais com aluguéis no âmbito da estrutura dos órgãos da administração Federal são de R$ 1,6 bilhão e mais R$ 180 milhões são despendidos com o pagamento de taxas de condomínio.

Ainda segundo o TCU, o valor total dos bens imóveis em poder da União é de R$ 1,36 trilhão e chama atenção a depreciação desses bens, que está em R$ 18 bilhões por ano.

O equilíbrio das contas públicas é um desafio permanente

O Arcabouço Fiscal foi aprovado pelo Congresso Nacional para substituir o teto de gastos. Agora, a discussão da Reforma Tributária prossegue no Senado, mas o grande desafio para os gestores públicos continua sendo a gestão do que se arrecada e do que se gasta. Nesse momento, não dá para aumentar a já alta carga tributária e a economia ainda está longe de um crescimento pujante diante das necessidades do país.

Olhando para a arrecadação de Estados e Municípios, é possível verificar que nem tudo são flores. Cerca de 51% dos municípios mineiros afirmaram que estão com a arrecadação de janeiro a julho desse ano menor que o projetado no oçamento. O Estado de Minas Gerais arrecadou no mesmo período R$ 63,964 bilhões ante R$ 68,090 bilhões em igual período do ano passado em valores nominais. Já o município de Araxá, por exemplo, recebeu pela transferência de sua participação no ICMS, IPI e IPVA R$ 142,564 milhões nos 7 meses desse ano ante R$ 173,853 milhões em igual período do ano passado.

Aguardemos para ver como os gestores públicos farão para fechar o ano. Qual será a diferença entre o orçado e o realizado?

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A Linha caiu

por Luis Borges 22 de agosto de 2023   Pensata

Por volta das 8 horas e 20 minutos da terça-feira, 15 de agosto, feriado municipal em Araxá, Belo Horizonte e Belém, teve início um apagão no sistema integrado de energia elétrica do Brasil. Após 6 horas, todas as partes tinham voltado à normalidade.

Estima-se que 30 milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica em 25 estados e no Distrito Federal. O estado de Roraima não foi afetado por estar fora do sistema integrado nacional. Agora, o Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL e o Ministério de Minas e Energia – MME buscam as causas das falhas que levaram o sistema a se proteger com a redução de 25% da carga.

Quantas vezes algo semelhante aconteceu em diferentes magnitudes nos últimos 25 anos? Um ponto para reflexão que esse último apagão da energia elétrica nos enseja é sobre a confiabilidade dos variados sistemas a que estamos submetidos no dia a dia.

Partindo da premissa de que sistema é um conjunto de partes interligadas, cada qual com inúmeros processos, atividades e tarefas, o que e como fazer quando a linha cai e ficamos fora do ar?

Imediatamente só nos resta constatar que o sistema caiu deixando a expectativa esperançosa de que ele poderia voltar a qualquer momento, de preferência o quanto antes. Mas nada impede a geração de uma enorme ansiedade entre os usuários em decorrência da falha acontecida. Isso não impede que alguns digam que a tecnologia só é boa quando funciona e que outros comecem a discursar sobre a inteligência artificial, por exemplo.

O fato é que, quando a linha e o sistema caem, só nos resta saber que a tecnologia não funciona infinitamente por si só. Ela também precisa de gestão estruturada e planos alternativos para enfrentar os apagões de qualquer natureza. Vale lembrar que a gestão do risco faz parte do jogo e que devemos estar preparados para fazer a análise do modo e efeito de falhas. Como escreveu Guimarães Rosa “viver é perigoso ” e o ditado popular afirma que “a vida é um risco”.

Para ilustrar, podemos nos lembrar do caso de uma empresa aérea, cujo piloto sentiu-se mal no trajeto de um voo de Miami para Santiago do Chile, dia 14 de agosto, com 271 passageiros a bordo. Mas diante da emergência o piloto foi autorizado a entrar no espaço aéreo do Panamá e conseguiu pousar no Aeroporto Internacional do país. Imediatamente, teve início o atendimento ao piloto que morreu pouco tempo depois. Pensemos na finitude.

Cada um de nós tem muitos exemplos e casos para mostrar algo que não funcionou, a solução que foi dada e em quanto tempo. Sempre aparece alguém para dizer que “o que não tem remédio, remediado está”. Conformados ou inconformados, acabamos ficando numa encruzilhada e precisando tomar uma decisão perante as falhas que surgem mesmo diante das altíssimas tecnologias. Imaginemos o caso do telefone celular, esse dispositivo tecnológico que se tornou uma extensão, apêndice do corpo humano. Se o WhatsApp apresenta instabilidade ou até sai do ar por algum tempo, como ficam as vidas associadas a ele. E no sistema bancário, no bloco cirúrgico de um hospital, no transporte por metrô, no trânsito das cidades…?

Enfim, o jeito é prosseguir pensando que a confiabilidade não é absoluta, que probabilidades existem e que a tecnologia deve ser usada de maneira equilibrada…

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