Vale a leitura

por Luis Borges 4 de maio de 2014   Vale a leitura

Feudos – Os que chegam ao poder acostumam-se a ele. PT, PSDB, não importa o partido. Conquistado um cargo, a luta é para mantê-lo. Uma boa análise está nesta coluna de Fernando Canzian.

Política no Brasil é um meio de vida para milhões de pessoas. É um projeto de ascensão social às custas da sociedade. Quem detém esse poder se agarra a ele como pode.

Trabalho – A reflexão sobre o poder e suas relações com as centrais sindicais é o ponto de partida para o texto de Eduardo Costa, que relembra a correlação entre trabalho, educação financeira e sucesso, profissional e pessoal.

No mundo do sindicato, a situação é muito parecida com o sistema de governança – quem entra, encontra tantas facilidades para gerir a sobrevivência no cargo que só mesmo por muita incompetência abre espaço para novidades.

Ranking – Universidades brasileiras perderam posições no ranking das melhores instituições mundiais de até 50 anos de idade. Leia no blog Abecedário uma explicação para isso.

Legalize – O deputado Jean Wyllys deixa claro seu ponto de vista no primeiro parágrafo.

Legalizar a cannabis e acabar com a guerra às drogas não é somente uma questão de liberdades individuais. É também uma questão de segurança pública e de direitos humanos.

No artigo ele pormenoriza a legalidade do uso de álcool e tabaco e seus efeitos na saúde pública, comparando-os aos da maconha. Também analisa a violência, mortes, população carcerária para defender sua ideia. Ele é autor de um projeto de lei sobre o assunto, que propõe anistia em alguns casos. Leia aqui.

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Fóruns, seminários, palestras discutem a mobilidade urbana, também presente nas propagandas oficiais e revistas, especializadas ou não. O termo fica “zumbindo” nas nossas cabeças.

BRT Move, monotrilho, trem metropolitano, anel rodoviário, BR-381, metrô (ou trem de superfície, no caso de BH) são temas e preocupações recorrentes quando se fala da logística para levar as pessoas de um lugar ao outro.

É preciso observar com mais atenção as condições em que acontecem esses deslocamentos.

Trem lotado visto da plataforma de embarque
Qual deve ser o nível de conforto aceitável e compatível com a dignidade humana?
Metrô lotado, foto dentro do vagão
Fotos: Sérgio Verteiro

O metrô de BH é o mesmo há muitos anos. Mesmas composições, mesmos horários. No último dia 22 um trem acoplado começou a circular, mas faz apenas duas viagens por dia. Só ganham volume, ao longo dos anos, as promessas de ampliação não cumpridas, a quantidade de passageiros, que cresceu mais de 13% só no ano passado, e o preço das passagens.

Nos horários de pico os vagões estão entupidos. Não dá nem pra comparar a latas de sardinhas, pois os peixes parecem mais confortáveis em suas embalagens. A lotação facilita o “encoxamento”, intencional ou não, e piora as condições de segurança.

Nessa altura, será que ainda encontraremos quem fale em legado da Copa diante da realidade, mostrada em fatos, fotos e dados?

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1851 – Primeira viagem experimental com uma locomotiva elétrica. O teste aconteceu na cidade de Washington, Estados Unidos.

1870 – Nascimento de Osório Duque Estrada, autor da letra do Hino Nacional Brasileiro e também poeta, crítico, professor, ensaísta e teatrólogo.

1938 – Getúlio Vargas cria o Conselho Nacional do Petróleo, considerado precursor da Petrobras, para que o governo pudesse controlar o produto.

1964 – Foram emancipados três municípios mineiros – Ipatinga, João Monlevade e Timóteo.

1970 – Forças norte-americanas e sul-vietnamitas entram no Camboja em perseguição aos vietcongs durante a Guerra do Vietnã.

1991 – Morre Luiz Gonzaga Júnior, o Gonzaguinha, cantor e compositor brasileiro.

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No dia 25 de abril completaram-se 40 anos da Revolução dos Cravos em Portugal. O embaixador de Portugal no Brasil deu entrevista à Agência Brasil, que está no link acima, explicando que a revolução significa liberdade para os portugueses.

“Portugal está em festa porque o 25 de abril restituiu a liberdade: de pensar, de escrever, de se reunir e poder se manifestar”.

Francisco Ribeiro Telles – Embaixador de Portugal no Brasil

Liberdade que, na época, faltava a nós, brasileiros. A revolução foi assunto da coluna de Pasquale Cipro Neto, publicada na Folha de S. Paulo da última quinta-feira. Leitura indicadíssima, que pode ser feita neste link.  O professor relembra a importância do repertório, do conhecimento, para entender o mundo. E cita uma música de Chico Buarque que fala da revolução portuguesa, Tanto Mar. Na coluna, Pasquale destrincha a letra, as metáforas e as relações entre as situações brasileiras e portuguesas naquele ano. Segue um trechinho:

A estrofe da canção que mais relaciona a situação vivida por Portugal naquele abril de 1974 com a situação do Brasil no mesmo período é esta: “Sei que há léguas a nos separar / Tanto mar, tanto mar / Sei também quanto é preciso, pá / Navegar, navegar”. Antes que alguém pergunte, “pá” é um vocativo tipicamente português, algo como o nosso “rapaz”, “cara” ou algo equivalente. A origem provável desse “pá” é a redução de “rapaz”.

É forte o valor metafórico das expressões “léguas a nos separar” e “tanto mar”. Literalmente, o Brasil e Portugal são, sim, separados por muitas léguas de mar, mas o mar de que fala o grande Mestre é outro. Na letra de Chico Buarque, o mar que separava o Brasil de Portugal era simbólico: lá, as águas da liberdade, do fim da tirania; cá, as águas da opressão, da barbárie.

Assim como vale a leitura da coluna, vale também ouvir a bela música. Ouça clicando no link abaixo.

Tanto Mar – Chico Buarque

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Vale a leitura

por Luis Borges 25 de abril de 2014   Vale a leitura

Tiradentes – O professor Luiz Carlos Villalta traçou um perfil de Joaquim José da Silva Xavier, publicado no dia 21 de abril.

Tiradentes tinha fortuna equiparável ao do magistrado Tomás Antônio Gonzaga e pertencia a uma família importante da região do Vale do Rio das Mortes. Jamais se colocou a favor da abolição da escravidão, como bradam algumas lideranças políticas mineiras e magistrados pátrios da atualidade, para escárnio dos historiadores e frenesi nos embates políticos.

Mecânico x Engenheiro – Na hora de escolher uma profissão, você encorajaria seu filho a se tornar mecânico de automóveis ou engenheiro mecânico? Neste artigo excelente, Sabine Righetti levanta a discussão, comparando Brasil e Alemanha. Aproveite o acesso e navegue pelos textos antigos do blog, que trazem boas discussões.

Nem todo mundo tem aptidão para a universidade e, pior, muita gente pode estar deixando para trás aptidões preciosas –como a mecânica– para entrar em uma sala de aula em busca de melhores salários.

Tubulações velhas – Em meio ao problema da falta de água em São Paulo, o Estadão revela que as tubulações velhas da Sabesp causaram perda de 31,2% de toda a água produzida no caminho entre a estação de tratamento e a casa dos consumidores. Isso representa quase todo o “volume útil” do sistema Cantareira cheio. A matéria completa está aqui.

Como não pagar IPVA – A receita é simples. Use transportes como carro de boi, bicicleta, helicóptero, jatinho e iate. A explicação está na coluna de Vladimir Safatle.

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Prepare o seu coração

por Luis Borges 24 de abril de 2014   Pensata

Duas mortes súbitas recentes, de um ator e de um locutor conhecidos nacionalmente, praticamente obrigam a reflexão sobre a saúde do coração e o infarto agudo do miocárdio. Nos perguntamos se somos suscetíveis e o que podemos fazer para evitar ou postergar o episódio.

Mas com a passagem dos dias e nenhum acidente cardiovascular nos acontecendo, o susto com as mortes vai sendo absorvido e a preocupação com o infarto vai sendo deixada de banda. Cuidar do coração se torna uma prioridade que não existe mais. 

O alerta de terremoto ou tsunami só volta quando chegam notícias dando conta de que o irmão de uma amiga querida morreu de repente, sem mais nem menos, no início de uma manhã. “Logo ele, de apenas 48 anos, que nunca teve nada, nenhum sintoma, nem pensava em fazer check-up!”, nos contam ao telefone. 

Nós perguntamos no que fazer e como fazer. Pode não ser o caso, mas o primeiro impulso agora é correr atrás de uma consulta com o primeiro clínico ou cardiologista que puder atender antes do próximo pôr do sol.

É possível tentar, mas o choque de realidade dos limites técnicos-financeiros dos planos de saúde suplementar podem impedir. Da mesma forma que a tentativa pode ser abortada no SUS, o Sistema Único de Saúde. Lembrando que, constitucionalmente, a saúde é um direito de todos e um dever do estado.

A única certeza é poder chamar o SAMU numa emergência. A incerteza é o tempo de atendimento. 

Se conseguir a consulta eletiva, é impossível saber quantos exames de apoio ao diagnóstico serão solicitados, para que sejamos virados ao avesso. Na pior das hipóteses, nada será descoberto e ficará a recomendação para repetir a dose em seis meses. 

É preciso preparar o coração, morram por causa dele famosos ou anônonimos, e pensar em prevenir sempre. 

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O Brasil que querias

por Luis Borges 23 de abril de 2014   Pensata

Vi diversas manifestações ao longo do dia de ontem em torno dos 514 anos do descobrimento do Brasil, na data oficial de 22 de abril. Entre elas, não faltaram perguntas e afirmações como “que país é este?”, “você já descobriu o Brasil?”, “ainda estamos engatinhando” ou “ninguém aguenta mais tanta corrupção!”.

Fiquei a pensar no nível de idealização de muitas pessoas em relação ao país e no pessimismo que alardeiam ao falarem da distância entre o real e o ideal. Também me causam espanto aqueles que tentam tapear a realidade, em ano de Copa e de eleições presidenciais, como se o País das Maravilhas de Alice fosse, em sua maior parte, aqui do lado de baixo do Equador.

Se nem tanto ao mar, nem tanto à terra, o quê e como fazer para dosar a felicidade diante da realidade e das expectativas, permanentes e crescentes? A percepção imediatamente nos mostra muita gente insatisfeita, outro tanto que só reclama e uma grande parte indiferente, empenhada em cuidar de si e dos seus mais próximos.

Se falta liderança, foco e energia, o Brasil que querias ainda vai exigir muita paciência histórica, para ser transformado num modelo, ainda em lenta e contínua construção. Mas desanimar, jamais.

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