O calendário gregoriano aponta inexoravelmente para o fim do ano, enquanto sinaliza os movimentos para a aproximação do outro que já vem vindo. Em nossa cultura muitas pessoas acabam dando uma paradinha neste momento do ano para agradecer pelo que aconteceu de bom, mesmo com tantas perdas inesperadas, e renovar os propósitos de fazer de maneira diferente o que “deu ruim”.

Nesse sentido é importante observar e analisar as condições em que viraremos o ano e com quais perspectivas poderemos contar realisticamente, sem fantasias e desejos insustentáveis. Na hora do “vamos ver” é preciso saber como vencer os desafios “medindo a água com o fubá” diante da percepção de que o poder aquisitivo dos cidadãos caiu bastante e não só por causa da pandemia. Segundo o IBGE as camadas de maior renda tiveram perdas em torno de 17,5%, as médias 20% e as populares 28%. Será possível negociar algum nível de reposição salarial numa conjuntura que exige estratégias de sobrevivência? Diante de tudo isso o que pode ser feito para atenuar a perda do poder aquisitivo? Procurar mais trabalho, mesmo difícil de ser encontrado, cortar custos com as mãos de tesoura para que fique só o que cabe no orçamento real ou iniciar a redução de custos pelo combate ao desperdício, nem sempre percebido?

Digamos que você não liga muito para o hábito de trabalhar com um orçamento mensal, anotar os gastos e analisar como foram feitos. Você sabe que as tarifas dos serviços administrados pelos governos federal, estaduais e municipais estão na bica para ser aumentados por índices que vão muito além do IPCA do IBGE, sob a alegação de grandes aumentos dos custos operacionais? A gestão dos negócios nunca melhora.

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Dá para imaginar que quem não conhece os hábitos de consumo de água dos moradores de uma casa e das condições de suas instalações hidráulico-sanitárias terá que mudar de hábito para verificar a ocorrência de perdas que só aumentam a conta. Causas poderão estar na fragilização das tubulações, gerando vazamentos ocultos, nas válvulas desreguladas, nas torneiras gotejando, nos banhos demorados… Imagine os desperdícios com a energia elétrica devido ao uso de equipamentos eletrodomésticos desregulados, chuveiro na posição inverno na primavera-verão, lâmpadas acesas em diversos cômodos de uma casa como se fosse um palácio encantado…

É obvio que o combate ao desperdício não resolverá toda a perda do poder aquisitivo mas é um primeiro passo para a adequação de seus custos à realidade atual de seu orçamento. Avalie e verifique se você tem desperdícios também nos gastos com telefonia, tarifas bancárias, juros no parcelamento de cartões de crédito, transporte individual, alimentação em casa e fora, plano de saúde, lazer, vestuário…

O combate ao desperdício deve ser permanente e sempre colocado em prática conforme nos ensina a educação financeira.

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Chegou ao fim o prazo legal para que o Poder Executivo da União, estados e municípios envie ao legislativo o Projeto de Lei Orçamentária para o ano de 2021 tendo como referência o que determina a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) aprovada em julho.

Os modelos de gestão de negócios consistentes determinam que o orçamento deve estar alinhadíssimo com o planejamento estratégico nos horizontes de curto, médio e longo prazos.

Nesse sentido ainda estamos longe da excelência enquanto país, mas é preciso persistir na busca permanente da melhoria continuada gestão. Precisamos de método, seqüência, constância de propósitos sempre tendo como base o conhecimento, nunca o achismo.

Para tratar o orçamento de maneira séria é preciso romper a percepção predominante na cultura de que ele é uma mera peça de ficção para cumprir uma exigência da lei. Isso dá margem para se fazer estimativas muito altas de receitas, que em sua imensa maioria não são atingidas e ficam em torno de 15% a 20% da meta estabelecida. Um exemplo didático vem do orçamento da Prefeitura de Belo Horizonte em 2019 que projetou arrecadar R$12,933 bilhões, mas só conseguiu R$10,653 bilhões, ou seja 17,6% abaixo da meta. Isso facilita uma distorção da legislação que, ao estabelecer o percentual de repasses de recursos financeiros aos poderes Legislativo e Judiciário, determina que ele deve ser calculado sobre a receita estimada no orçamento independente do que for efetivamente arrecadado.

A análise de conjuntura e cenários feita por agora vai determinar as premissas que regerão o plano orçamentário até o final do próximo ano. Podemos imaginar as incertezas que nos afetam nesse estágio da pandemia e como estaremos no pós vacina eficaz e segura. Em quanto pode ser estimado o crescimento da economia, o índice de inflação, a taxa básica de juros e a cotação do dólar? É importante lembrar a contração da economia, agora estimada pelo Banco Central em 5,28%, o que torna fraca a nossa base para comparações. As estratégias serão de sobrevivência, manutenção, crescimento ou desenvolvimento?

Seria prudente avaliar os resultados do orçamento a cada 6 meses e fazer um reposicionamento, principalmente quanto à entrada de recursos que não aconteceram no período avaliado.

Como os recursos são finitos é óbvio que prioridades devem ser estabelecidas e intensas negociações serão feitas entre as partes envolvidas. É claro que existem a lei de responsabilidade fiscal, o teto de gastos públicos, os déficits orçamentários de anos anteriores e as dificuldades políticas para se fazer uma reforma administrativa que defina por exemplo, um teto para a remuneração da casta de servidores públicos – hoje o teto é para o salário base, ao qual se somam os inúmeros penduricalhos.

Como se vê os desafios são enormes e há muito o que se fazer para chegar a um orçamento cada vez mais efetivo e respeitoso com os tributos pagos pela população.

Só para refletir: como são feitos o seu orçamento individual e o da sua família?

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A Reforma Tributária aparece com muita freqüência a partir do ano 2000 nas análises de conjuntura e cenários de quem trabalha com planejamento estratégico e sua gestão. Estiveram na cena outras reformas e algumas até acabaram acontecendo, como a Trabalhista e a da Previdência Social, que muito desagradaram aos trabalhadores. Enquanto isso a Reforma Administrativa Federal, a Político Partidária e o Pacto Federativo seguem aguardando um momento mais oportuno e conveniente.

O fato é que a primeira parte da proposta da Reforma Tributária enviada pelo Ministério da Economia ao Congresso Nacional em julho se juntará a outras que estão tramitando na Câmara dos Deputados – representante do povo – e do Senado Federal – representante dos estados que formam a União. Vale lembrar que segundo o Dicionário Houaiss reforma é uma mudança introduzida em algo para fins de aprimoramento e obtenção de melhores resultados; nova organização, nova forma; renovação.

As reformas são sempre vendidas como a solução para todos os problemas do país, mas é preciso que se demonstre com fatos, dados, transparência e discussão aprofundada no processo participativo as causas que justifiquem a real necessidade delas. Não dá para fazer isso a toque de caixa sob o argumento de que é preciso equilibrar as contas públicas, que os gastos são sempre crescentes e maiores que a arrecadação. E quando será feita uma análise crítica dos gastos, a começar pelos helicópteros e passagens aéreas, por exemplo?

É preciso conhecer as premissas da Reforma Tributária e seus parâmetros para a União, estados e municípios. Só para ilustrar, podemos verificar que a proposta do Ministério da Economia indica que essa primeira etapa é só para simplificar o processo de cobrança dos tributos federais. Assim veio a proposição da singela fusão do Programa de Integração Social – PIS e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS gerando a Contribuição sobre Bens e Serviços – CBS. A alíquota para todos os contribuintes foi fixada em 12%, exceto para os bancos – setor financeiro que será de 5,8%. Dá para entender por que dessa diferença? O setor de telecomunicações está reivindicando de 6% a 7%.

Existe o pressuposto de que não haverá aumento da carga tributária, hoje em torno de 38% do PIB. Mas basta não corrigir a tabela do Imposto de Renda Retido na Fonte, como tem acontecido anualmente, para se ter aumento real da carga tributária. E se o sonho dourado da volta da CPMF vier em nova embalagem sob a denominação de contribuição sobre transações financeiras eletrônicas para desonerar a folha de pagamento salariais das empresas?

A discussão tende a ser longa em função do tamanho da mobilização da sociedade e suas instituições, mas até a divisão do bolo tributário federal precisará ser revista. Hoje a União fica com 55%, os estados com 27% e os municípios com 18% sendo que os dois últimos tiveram um grande crescimento de seus encargos nas últimas décadas.

Será que dessa vez a Reforma Tributária vai chegar nalgum lugar bom? Na Conjuração Mineira a luta era contra 20% do quinto do ouro como imposto.

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Parece que foi ontem o início do ano 2020 embalado pelo “agora vai”. A projeção para o crescimento da economia no ano era de 2,3% ainda mais que, nos últimos três anos, não tinha passado de 1,1% em cada um deles.

Na quarta-feira de cinzas a linha da meta do crescimento econômico já dava sinais de dificuldades para ser atingida conforme mostrado no post deste blog Depois do carnaval para onde a coisa vai?. Em março chegou a pandemia do novo coronavírus, a Covid-19, que era só uma questão de tempo após varrer os continentes da Ásia e Europa, partes integrantes do mundo globalizado.

Do ponto de vista de quem usa minimamente algum modelo de Sistema de Gestão consistente em seus negócios e trabalhos nas organizações humanas públicas e privadas ou mesmo na vida pessoal/familiar é hora de avaliar, fazer um balanço sobre o rumo que as coisas tomaram após seis meses. Como dizem Milton Nascimento, Fernando Brant e Márcio Borges na música “O que foi feito devera”:

“Se muito vale o já feito,

mais vale o que será.

E o que foi feito é preciso conhecer para melhor prosseguir”.

Para ajudar a sistematizar essa avaliação podemos usar um método para relatar de maneira organizada a situação atual de uma meta a ser atingida, no nosso caso, o crescimento da economia do país, que impacta em todos nós.

São 5 grandes perguntas que devem ser respondidas com os devidos desdobramentos conforme se segue: O que foi planejado, o que foi executado, qual o nível dos resultados alcançados, o que está pendente para ser feito e quais serão os próximos passos com as devidas reorientações estratégicas. É até simples, mas toma tempo e exige muita transpiração e inspiração…

Dito isso, e como já estamos em julho iniciando a travessia para cumprir a outra metade do ano, é preciso redefinir os próximos passos. Estamos diante de grandes e inesperadas mudanças ocorridas na conjuntura do país e muitas incertezas impedindo que se faça projeções sobre os cenários que teremos pela frente, o que praticamente exige de nós um acompanhamento diário do rumo que as coisas vão tomando.

Voltando nosso olhar para a projeção da outrora meta de crescimento da economia veremos que neste momento o Banco Central do Brasil projeta uma contração de 6,4% do Produto Interno Bruto até o final do ano. Fica cada vez mais claro que nossas estratégias continuarão a ser de sobrevivência enquanto as mortes causadas pela Covid-19 crescem – já passam de 65 mil – a vacina ainda não está pronta e, segundo o IBGE, o desemprego e o desalento só crescem aos milhões.

E você, caro leitor, como está observando e analisando os acontecimentos com os respectivos impactos em sua vida pessoal, familiar ou no mercado de trabalho, em sua cidade ou estado? E a nossa extremamente desigual sociedade agüentará conviver até quando com a carestia, a fome e o desemprego aberto? Depois do auxílio emergencial o jeito será aproveitar a trilha para fazer o programa de renda mínima dentro da estratégia de sobrevivência para todos, inclusive para o capitalismo. A conferir.

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A manutenção de nossas moradias, sejam elas casas ou apartamentos condominiais, exige uma gestão que garanta a disponibilidade para o uso permanente das instalações, equipamentos e utensílios pertencentes ao ambiente. Ainda que tudo tenha sido projetado e construído por profissionais habilitados conforme a lei, a operação dos ativos é feita pelos moradores usuários das casas e nos casos de condomínios existem aspectos que transcendem cada unidade e seu gerenciamento interfuncional deve ser feito pelo síndico, mas com a cooperação e participação de todos os condôminos em busca do bem comum.

Na nossa cultura ainda predomina a negligência em relação à gestão da manutenção e pouco se faz em ações preventivas. Por isso mesmo, em nossas moradias, a cena mais comum é a manutenção corretiva, quando um bem estraga ou se quebra, uma instalação está com uma infiltração merejando água ou um equipamento eletroeletrônico se queima devido à queda de um raio onde não existe um sistema protetor.

Digo isso para contar a saga do morador de uma casa após perceber um vazamento em sua caixa d’água com capacidade para reservar 500 litros. O fenômeno foi percebido na manhã da quarta-feira antes do Carnaval, quando o morador fechou imediatamente o registro da instalação da entrada de água e conseguiu agendar uma visita técnica de um bombeiro hidráulico autônomo para as 17h do mesmo dia. Entretanto o profissional não apareceu na hora marcada e nem deu satisfação alguma para justificar o seu descompromisso. Mesmo assim, o morador fez um contato com o bombeiro para conversar sobre o acontecido e ele disse que as coisas ficaram “agarradas” e que não deu para comparecer na hora combinada. Novo acordo foi feito para a realização do serviço às 9h do dia seguinte, mas o horário acabou sendo desmarcado pelo bombeiro em cima da hora sob a alegação que precisava resolver uma emergência no serviço feito na tarde do dia anterior. Pacientemente o morador disse ao profissional que ficaria fora de casa durante o Carnaval e agendou uma nova tentativa para que o trabalho fosse feito a partir das 9h da quinta feira após as cinzas do Carnaval. E não é que que o bombeiro hidráulico não apareceu na hora combinada e, ao receber um telefonema do morador, disse que havia se esquecido do combinado e que logo a seguir se deslocaria rumo à casa do cliente? Lá chegou por volta das 11h e identificou que a causa do vazamento da caixa d’água era devido à boia quebrada. Por volta do meio-dia o serviço foi concluído e custou ao morador R$170,00 relativos à mão de obra e aquisição de uma nova boia.

Perguntado sobre a garantia para os serviços realizados, o bombeiro disse que a validade era só até ele passar pelo portão que dá acesso à rua. Em seguida, disse que estava brincando e que em caso de problema era só chamá-lo.

Lembre-se, caro leitor, de que um cliente ao contratar um serviço espera que ele tenha qualidade intrínseca, preço adequado e bom atendimento. Imagine se num curto período de tempo a pia de sua casa aparece entupida enquanto a geladeira pára de refrigerar, o fogão a gás não acende a chama e a máquina de lavar roupas quebra um componente fundamental e você vai procurar um profissional para resolver cada desses problemas. Haja paciência e dinheiro!

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Blefar, segundo o Dicionário Informal da Língua Portuguesa significa:

 “arriscar sem algo, sem se ter muita chance de dar certo. Falar algo que não é verdade ou dizer que vai fazer alguma coisa que na verdade não vai.”

Blefar também é uma das características marcantes para os jogadores de truco, que mesmo estando com cartas mais fracas do baralho tentam “trucar” os adversários e, conforme as reações, acabam batendo em retirada e desistindo do intento que se tornou insustentável. Vale lembrar que do outro lado também existem jogadores.

Uma analogia com o jogo de truco pode ser feita com o recente episódio em que o Presidente da República disse que zeraria os impostos federais – PIS, COFINS e CIDE – que incidem sobre combustíveis caso os governadores dos estados também zerassem o ICMS cobrado nas bombas dos postos. E se fosse o contrário, com os governadores propondo que a iniciativa fosse do governo federal?

O fato é que a maioria dos estados está quebrada, não conseguem ser austeros para combater desperdício de dinheiro que sai pelos ralos e muito menos abrir mão de algo em torno de 20% das receitas advindas da cobrança de ICMS sobre combustíveis. Da mesma forma o Governo Federal também não consegue abrir mão de R$27 bilhões arrecadados no ano passado com a cobrança de seus impostos, ainda mais tendo registrado um déficit orçamentário de R$95 bilhões no mesmo período.

Como se viu, a reação dos governadores foi imediata, uma grande reunião foi feita em Brasília mostrando a óbvia inviabilidade do desafio do Presidente da República e coube ao Ministro da Economia dizer que a discussão sobre essa possibilidade de zerar impostos deveria mesmo ser feita por ocasião da tramitação da reforma tributária no Congresso Nacional. Bom será se essa reforma não se transformar em panaceia para todos os males e pré-requisito fundamental para a retomada do crescimento econômico e combate de privilégios, como aconteceu com reforma da previdência social e também com a reforma trabalhista, que geraria milhões de empregos e deu no que deu.

Em sã consciência quem vai abrir mão de qualquer centavo do que arrecada se não consegue conter os seus crescentes gastos, tanto na União Federal quanto nos estados e municípios? Também é importante lembrar que as pessoas vivem nos municípios e é neles que as coisas acontecem cotidianamente. A sereia começa a cantar versos dizendo que, se vier apenas a simplificação do processo de arrecadação de tributos, já terá sido um grande passo nesse momento. É por isso que vem à lembrança que a reforma tributária aparece na análise dos cenários de quem faz planejamento estratégico de seus negócios há mais de 20 anos. Como diz o adágio popular “o jogo é jogado, e o lambari que é fisgado”.

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Sabe-se da geografia que o período das chuvas na região Sudeste vai de outubro a março, mas com intensidade maior a partir do início do verão. Os índices pluviométricos desse janeiro, e notadamente da segunda quinzena do mês, estão mostrando um aumento significativo no volume das águas, tanto na forma de pancadões de menor duração quanto por períodos mais longos com menores quantidades formando um somatório também expressivo. Até agora os resultados de tudo isso estão expostos na tragédia vivida diretamente pelas pessoas que moram em Belo Horizonte e sua região metropolitana, bem como na Zona da Mata mineira, no sul do Espírito Santo e no Norte do Rio de Janeiro.

Não há duvidas de que água é vida e de que as chuvas são extremamente necessárias para equilibrar o ciclo. Mas diante de tudo que está acontecendo nesse período com todos os tipos de perdas, a começar pelas vidas humanas, é fácil constatar que a maioria das pessoas se volta quase que naturalmente para combater os efeitos trazidos pelo modo que as chuvas vieram e provavelmente voltarão em outros anos. Até as autoridades e os políticos partidários sobrevoam as regiões atingidas para constatar esses mesmos efeitos, notadamente em anos eleitorais.

É preciso dar grandes passos à frente para solucionar esse problema de maneira mais duradoura a partir do conhecimento das causas que estão no processo que o geraram. Também é importante lembrar que a remoção das poucas causas vitais pode ajudar a resolver uma significativa parte do problema. Diante da enorme quantidade de fatos e dados disponíveis e de muitos resultados indesejáveis que se repetem ano após ano com as diferentes políticas de governo no sistema capitalista – no estado de bem estar social ou no liberalismo econômico – é preciso repensar o modelo de desenvolvimento urbano vigente.

Se conceitualmente sistema é um conjunto de partes interligadas, a gestão das águas deve ser feita por bacias hidrográficas em toda a sua plenitude. A presença maciça das estruturas de concreto armado, o adensamento populacional, o encarceramento dos rios em canais fechados, as cirurgias plásticas feitas nas encostas de montanhas e serras, a impermeabilização do solo através de cimento e asfalto, a deseducada destinação do lixo domiciliar e outros resíduos bem como a brutal concentração de renda que empurra uma expressiva camada da população para moradias na beira de cursos d’água já dão sinais visíveis de que precisam ser repensados.

E o que dizer do aquecimento global e da mudança de clima que alguns ainda tentam negar apesar de todas as evidências científicas? Para quem gosta de alegar que os recursos não são suficientes é só lembrar que é por isso que um modelo de gestão estruturada trabalha com a priorização de necessidades que precisam ser atendidas num determinado horizonte de tempo.

Caminhemos mesmo sabedores de que gestão é o que todos precisam, mas nem todos sabem que precisam, nessa toada realista e esperançosa em meio à dor das perdas.

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Um cliente que durou 8 anos

por Luis Borges 10 de dezembro de 2019   Gestão em pauta

Os fundamentos da gestão aplicados a qualquer negócio nos ensinam que é preciso ter foco nas necessidades do cliente e saber que ele busca a qualidade intrínseca especificada para os bens e serviços, preços adequados e excelente atendimento. Dito isso, vale a pena refletir e aprender com o caso do proprietário de uma loja especializada no comércio varejistas de bens para animais e plantas, situada na zona sul de Belo Horizonte. Ele acabou de perder um cliente cuja fidelidade durou os últimos 8 anos (2011-2019) na aquisição de ração, milho, fertilizantes, adubos, herbicidas e congêneres.

As relações entre o cliente e o fornecedor começaram a se azedar no início desse ano por causa da forma de pagamento que era sempre à vista através de dinheiro vivo ou cartão de débito. Estranhamente o fornecedor passou a dizer em toda compra que a máquina de passar o cartão estava estragada e que o pagamento só poderia ser em dinheiro. Até agora, no final do ano, nada da máquina ser consertada. Pelo visto o fornecedor deixou de trabalhar com essa modalidade de pagamento para economizar na taxa cobrada pela operadora do cartão e não teve coragem de informar isso a seus clientes.

A gota d’água para a perda do então cliente fidelizado foi na última quinta feira do mês de novembro. O cliente saiu de casa apressado, sem notar que deixou para trás sua carteira contendo uma certa quantidade em dinheiro, que seria usado para a compra de 20kg de milho e 5 kg de ração no final da tarde, quando estivesse voltando pra casa. Quando entrou na loja especializada ele logo percebeu o problema. Ele explicou o ocorrido ao dono. Disse que estava que estava com o cartão de débito, e pediu um crédito de confiança – levar 5kg de milho pra pagar no dia seguinte.

Para sua surpresa, recebeu como resposta um “sinto muito, essa vou ficar te devendo”. O sangue do cliente talhou e ele respondeu de bate pronto que nunca mais retornaria à loja. Afinal, de que adiantaram os anos de fidelidade e pagamentos à vista se o fornecedor nem mesmo confiava nele? O fornecedor permaneceu impassível e o cliente saiu da loja logo em seguida. Como estava de posse do cartão de débito foi procurar outro estabelecimento onde fosse possível fazer suas compras com pagamento pelo cartão. Não demorou muito para encontrar o que procurava e pretende testar esse fornecedor até o final do ano. Se as necessidades e expectativas forem atendidas, é claro que será mantido como fornecedor em 2020.

E você, caro leitor, o que faria diante de uma situação como essa? É mais fácil manter um cliente, conquistar um novo cliente ou recuperar um cliente perdido?

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A recém promulgada reforma da Previdência Social fará com que as aposentadorias exijam mais tempo de contribuição e tenham valores menores que aqueles atualmente em vigor. Quem quiser cobrir esse buraco terá que aumentar sua poupança individual, tarefa ainda possível com certas restrições para o que sobrou da antiga classe média e praticamente impossível para as camadas de baixa renda que buscam permanentemente a sobrevivência.

Para quem estiver em condições apropriadas, diversas são as possibilidades de aplicações financeiras que poderão ajudar a formar um futuro colchão para suavizar gastos na fase idosa da vida, que tem probabilidade de ser cada vez mais duradoura. Nesse sentido chama a atenção de muita gente que já tem um imóvel para moradia própria a possibilidade de adquirir outro para ser alugado na modalidade residencial ou mesmo comercial.

O imóvel é considerado um bem de raiz, que valoriza aos saltos segundo os especialistas do setor. Entretanto é preciso olhá-lo no espectro de um determinado espaço de tempo para a maturação do investimento, com a devida paciência diante da ansiedade por resultados muito rápidos.

Imaginemos a quantas anda a situação de quem optou por essa modalidade na cidade de Belo Horizonte, tem seu imóvel alugado por meio de uma imobiliária e conta com o dinheiro do aluguel na primeira quinzena do mês. Segundo pesquisa informal feita com três imobiliárias de porte médio – até 500 imóveis – cerca de 80% dos inquilinos estão pagando pontualmente, 15% atrasando até 30 dias e os restantes 5% passam dos 30 dias de atraso e podem até chegar ao despejo.

Geralmente os proprietários recebem o valor dos aluguéis dois dias após as imobiliárias receberem de seus inquilinos. Segundo essas mesmas fontes atualmente demora pelo menos 60 dias, em média, para se alugar um imóvel residencial e em torno de seis meses para o caso de salas e lojas.

Outro fato importante é que a maioria dos inquilinos estão pedindo para não haver reajuste do valor dos aluguéis desses imóveis nessa conjuntura de alto desemprego e perda de poder aquisitivo, ainda que a taxa básica de juros esteja baixa e a inflação oficial também. Isto não significa que a economia esteja necessariamente bem, pois é visível e demorada a retomada do crescimento econômico. Também é importante lembrar que, sobre o valor do aluguel ,incide imposto de renda de 15%, taxa de administração da imobiliária de 10% e taxa variável de fundo de reserva para o caso de condomínios residenciais e comerciais. Além disso, as manutenções estruturais cabem aos proprietários, bem como os tributos e taxas condominiais quando estão desocupados.

Mas como dizem os especialistas, o imóvel é um bem de raiz e cada um é livre para fazer a sua própria escolha em relação ao destino que dará ao dinheiro poupado, de preferência munido de muitas informações para ancorar sua decisão. Afinal de contas os fatos não deixam de existir só porque são ignorados.

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Partindo da premissa de que a gestão pela liderança, e não pelo comando, é o que todos precisam, mas nem todos sabem que precisam, reitero a minha crença na necessidade da educação continuada nessa área do conhecimento. Esse tema precisa ser aprendido, praticado e melhorado continuamente. É importante lembrar e relembrar sempre que é dos fundamentos científicos da gestão que vem os conceitos que sustentam e suportam os sistemas presentes em nossas vidas.

Aqui no ponto que estou abordando sobre a solução de problemas crônicos ou não é importante relembrar alguns conceitos da forma mais simples possível. Nesse sentido sistema é um conjunto de partes interligadas oriundas de diversos processos que são definidos como um conjunto de causas que provocam um ou mais efeitos. Quando esses processos não levam a um resultado esperado nos deparamos com um problema, ou seja, com um resultado indesejável de um processo. Mas como resolver um problema? A primeira condição é admitir que o problema existe e isso já é metade da solução. Esse é o maior desafio para os seres humanos, inclusive para muitos deles que até conhecem ou conheceram um modelo de gestão, mas não o colocam em prática. Imagine o que resulta da ação de quem não conhece um modelo de gestão e age tal qual um déspota não esclarecido. Num caso ou no outro é comum perceber pessoas que ignoram o problema, depois o negam ou simplesmente dão desculpas e buscam culpados pela sua existência. Tudo isso também é permeado pelo achismo na base do eu acho isso, eu acho aquilo, na contramão do método científico. O caminho mais curto é questionar os fatos e dados e errar continuamente na tomada de decisões no impulso encorajado pelo achismo. Tudo se complica ainda mais quando se busca sustentar uma afirmação nascida do achismo com atitudes abrasivas, provocativas e desprovidas de inteligência estratégica. Isso vale para os setores público e privado e também em nossa vida pessoal ou familiar, cada qual com suas respectivas dimensões e especificidades.

Dois exemplos simples e recentes nos mostram e ilustram o que estou dizendo. As reivindicações dos caminhoneiros em maio de 2018 foram inicialmente ignoradas pelo Governo Federal da época, que só acordou quando o país estava paralisado. Agora o desmatamento e as queimadas subsequentes na floresta Amazônica, cujas ocorrências estão registradas em séries históricas de dados, foram alvo de negações e contestações de membros do Governo Federal na atual estação do inverno. Negar as evidências advindas dos fatos e dados e posteriormente buscar culpados pelos acontecimentos fizeram parte do processo até a admissão da existência do problema diante da repercussão internacional que o desmatamento e as chamas geraram. Como se vê não podemos abrir mão de métodos para a análise e solução de problemas e nem revogar a lei da gravidade num achismo monocrático. Não podemos nos esquecer de que não existe substituto para o conhecimento.

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