Moro em Belo Horizonte desde 1973, quando a população da cidade era de aproximadamente 1,24 milhão de habitantes. Agora, após 50 anos, chegou a 2,55 milhões, mas a área do município é a mesma: 331,3 km². Na grande BH, a área do município de Nova Lima é de 429,3 km², a de Sete Lagoas 536,9 km² e a de Esmeraldas 909,7 km², por exemplo. Ao longo desse tempo tenho percebido a transformação da cidade em seus diversos aspectos.

Meu ponto aqui é o adensamento urbano da cidade que deveria ser percebido pelos olhares mais atentos de todos, a começar pelos governantes.

Mesmo a cidade tendo um plano diretor, que está em processo de revisão na Câmara de Vereadores, muitas são as consequências do avanço dos empreendimentos imobiliários de todas as naturezas. Pensemos no pouco conhecido mapa acústico da cidade e o quanto ele vai sendo impactado, para pior, diante da transformação urbana.

Nesse sentido, vou contar a conversa que tive com um amigo, pelo telefone fixo, na semana passada. Em tom de desabafo ele falou sobre o que está ocorrendo numa pequena rua em que mora, num edifício construído há 5 décadas em um antigo e tradicional bairro da zona sul da cidade. Seu apartamento fica no andar térreo e tem 250 m², com área privativa. Os demais apartamentos ficam do 2º ao 5º andar, dois em cada, sendo que no último estão as coberturas.

Segundo o amigo, que é síndico do prédio há 5 anos, os moradores foram surpreendidos no início de março com a demolição de dois imóveis vizinhos do prédio. O primeiro, logo abaixo, era uma casa cuja proprietária aparecia por lá durante uma semana a cada estação do ano. Em seguida ficava um pequeno prédio de dois andares e quatro apartamentos cuja aparência externa mostrava a necessidade de uma boa reforma. As demolições começaram por volta das 6h30 da segunda-feira e foram concluídas na mesma semana, por volta das 16h da sexta. O barulho trazido pela demolição foi quase ensurdecedor diante da movimentação das máquinas específicas utilizadas e manobras dos caminhões que retiraram os entulhos em caçambas. Quase sempre algum caminhão obstruía a entrada da garagem do prédio causando mais transtornos. A maioria dos moradores tem idade superior a 68 anos e muitos deles tiveram piora em seus quadros de rinite.

O fato é que na semana seguinte começou a retirada de terra nos dois lotes e a movimentação de caminhões continuou intensa. O amigo síndico conseguiu conversar com os gestores dos empreendimentos, que são de empresas diferentes, e fez as reclamações dos moradores do prédio a começar pela hora em que os trabalhos se iniciam. Até o momento, nada mudou. Apenas foi possível saber que cada terreno vai receber um edifício de sete andares com dois apartamentos por andar, cada um com 67 m².

Como se pode ver e pelo pouco que se sabe, o jeito para os moradores do prédio e outros vizinhos da rua é se preparar para resistir e sobreviver aos transtornos que serão trazidos pelos empreendimentos nos próximos 2 ou 3 anos. Quando tudo acabar, chegarão os novos moradores trazendo mais alaridos e barulhos, muitos veículos automotores, recebimento de muitas encomendas para gerar muito lixo domiciliar, além do uso da mesma rede para distribuição de água tratada, coleta de águas pluviais, coleta de esgotos sanitários e distribuição de energia elétrica…

E você caro leitor, já enfrentou alguma situação semelhante a essa?

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Fevereiro está na passarela

por Luis Borges 8 de fevereiro de 2023   Pensata

O tempo prossegue passando inexoravelmente, sem piedade e sem escapatória. Pensando nisso constatei que a virada do ano foi outro dia mesmo, porém já se passaram 40 dias de muitos acontecimentos no novo ano. Vou citar aqui algumas coisas que chamaram minha atenção nesse período, além de expectativas esperançosas e realistas que tenho para esse novo tempo que segue avançando.

De cara, foi marcante a posse do novo Presidente da República, democraticamente eleito, com todo o simbolismo trazido pelas pessoas que subiram com ele a rampa do Palácio do Planalto, em Brasília, no dia 1º de janeiro.

Depois, vieram os inaceitáveis atos terroristas perpetrados por golpistas contra a Democracia Constitucional Brasileira, com a invasão às sedes dos Três Poderes, também em Brasília, no dia 8 de janeiro. Os atos tem que ter consequências.

Continuando a olhar para o tempo que passa, vale lembrar que quem está com fome tem pressa, que uma meta prioritária é a de Fome Zero e que é preciso ter uma data para acontecer. Caso contrário, se tornará apenas um objetivo cheio de boas intensões. Por isso mesmo é que fico na expectativa de que já esteja sendo feito um potente plano de ação, contendo as medidas estratégicas, necessárias e suficientes para o atingimento dessa desafiadora meta.

Tratamento semelhante deve ser dado ao Desmatamento Zero e às condições de vida dos povos indígenas, a começar pelos Índios Yanomâmis que estão em degradantes condições de vidas e com suas terras invadidas pelos mineradores.

Por outro lado, em Belo Horizonte, e não só aqui, o momento é de pré-carnaval, oficialmente iniciado em 4 de fevereiro, para tudo se acabar no pós-carnaval, em 26 do mesmo mês.

Como o tempo não para enquanto escrevo, fico também com a certeza que logo chegaremos aos 100 dias do atual Governo Federal, em 10 de Abril. Isso já depois do Carnaval, Semana Santa e a Páscoa com seu significado de passagem, digamos, para os novos propósitos de melhorias das condições de vida.

Passado esse tempo, dá para imaginar que a equipe de Governo estará alinhada na frente ampla negociada segundo o principio de que a politica é a arte do diálogo e do possível, tudo em nome da governabilidade.

É claro, que o Presidente, líder e comunicador, fale apenas o necessário. A hora é de focar no trabalho com método e não já começar a falar em reeleição.

Tenho uma expectativa realista de que passados 100 dias tenham sido entregues à Nação o salário mínimo de R$ 1.320,00 ao lado da correção da tabela do Imposto de Renda na fonte com a isenção até ganhos mensais de R$5.000,00 – existe um balão de ensaio para que seja 2 salários mínimos.

Também espero pela retomada do programa Minha Casa Minha Vida, com a volta da faixa 1 para atender a quem mais precisa da moradia e tem a menor renda.

Para encerrar essa pequena amostra de expectativas e percepções, registro o fato de ter sido criado o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos. Porém, é preciso lembrar que o modelo de gestão só será implementado se o Presidente da República liderar o processo e cobrar de todas as instâncias governamentais a entrega de resultados com método. Esse deverá ser um caminho sem volta, pois gestão é o que todos precisam, embora nem todos ainda saibam que precisam.

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Uma reflexão de Natal 

por Luis Borges 19 de dezembro de 2022   Pensata

O clima de Natal nos embala nesse momento, trazendo muitas expectativas esperançosas que foram surgindo no tempo do advento. Não foi nada fácil caminhar e chegar até aqui, mas o fato é que chegamos após passar pelo intenso período chuvoso do início do ano, que já está de volta, pela perda do poder aquisitivo diante da alta inflação, polarizado processo eleitoral, repique da covid-19, Black Friday, perda – mais uma vez – da Copa do Mundo de Futebol… Isso é apenas uma pequena amostra do turbilhão de fatos e dados que mexeram, e mexem muito, com as nossas cabeças e também com a saúde mental abalada por tantas preocupações, trazendo incerteza, insegurança…

Mas, se enfim é Natal, é também o momento para renascer, crescer de novo, germinar de novo muitos bons propósitos que permanecem adormecidos em nós.

Por que não almejar a felicidade na unidade de ação em vez de simplesmente querer ter razão em tudo que se diz e se faz?

Espero que o Natal seja esse tempo propício para nos ajudar a melhorar continuamente as práticas na vida de uma sociedade que queremos civilizada, respeitosa, democrática e lastreada na verdade.

Não devemos nos esquecer que tudo começa com a gente, com os motivos para a ação – motivação – que vem de dentro de nós. O querer é nosso!

Coloquemos o esperançar em ação para que as esperanças se transformem em realidade a favor do melhor viver de todos nós.

Que o natal seja de luz e sabedoria para nos ajudar a melhor compreender a complexa arte que é a vida!

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Em 1924, teve início nos Estados Unidos da América a Black Friday, na última sexta-feira de novembro. O objetivo principal é o giro do estoque existente no comércio com descontos bem atrativos para, na sequência, se focar nas vendas para o Natal, cada dia mais próximo.

A ideia foi transplantada para o Brasil em 2010, inicialmente online, e a cada ano vai se consolidando como uma das grandes datas do comércio, como já ocorre com a Páscoa, dia das Mães, dos Pais, das Crianças, dos Namorados e do Natal.

Em muitos casos, a Black Friday acaba sendo antecipada ou estendida por alguns dias ou semanas conforme a estratégia de cada negócio.

Por aqui, ela também está muito associada à ideia de que existe fraude na medida em que, muitas das vezes, os preços vigentes anteriormente são aumentados para que em seguida possam ser dados os reluzentes descontos. Já ficou famosa a frase “comprar pela metade do dobro”. Provavelmente, vários de nós teremos um ou mais casos para contar sobre algumas ocorrências boas ou ruins no contexto da Black Friday.

Um caso que fiquei sabendo nesse ano foi o de uma senhora cinquentenária que comprou uma escova secadora de cabelos, que fazia parte de sua lista de desejos há algum tempo. O pedido de compra foi feito diretamente no site de vendas de uma indústria que fica no Estado do Paraná.

Ela preencheu todas as condições exigidas, considerou o preço e frete compatíveis na relação benefício e custo, bem como cabíveis em seu orçamento. O boleto foi emitido por um banco privado e pago imediatamente numa agencia lotérica. Assim, a empresa confirmou a aceitação do pedido de compra e ratificou a venda à cliente. Vale lembrar que o boleto foi pago na sexta-feira, 18 de novembro, portanto uma semana antes da data convencionada para Black Friday.

Na terça, dia 22, o valor do boleto foi creditado na conta da compradora numa agência da Caixa, que não era vinculada diretamente à lotérica. A gerente da agência tentou entender a causa do estorno do boleto, mas não percebeu nenhuma irregularidade. A compradora entrou no site de vendas da indústria e recebeu a informação de que sua compra foi cancelada. Logo em seguida ela reapresentou o pedido de compra e recebeu uma resposta dizendo que não seria possível o atendimento devido à falta de estoque.

Só aí ficou claro porque o valor do boleto foi creditado na conta da compradora. A indústria aceitou uma quantidade de pedidos superior ao estoque que tinha disponível. Pelo visto, o controle do estoque errou, e muito. A solução foi cancelar uma certa quantidade de pedidos sem abrir o jogo para assumir a grotesca falha. Deixou que cada cliente descobrisse a seu tempo que o desejo de comprar uma escova secadora daquela indústria naquela promoção ficou inviável. Enquanto isso, vigora no país o código de defesa do consumidor e a imagem da Black Friday recebe mais um arranhão.

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Quando o empregado demite o patrão

por Luis Borges 29 de novembro de 2022   Pensata

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED do Ministério do Trabalho e Previdência Social, relativos ao mês de agosto de 2022, mostraram que 632.798 pessoas com carteira de trabalho assinada pediram demissão, ou seja, demitiram seus empregadores. Esse número foi um recorde dentro da série histórica feita com a metodologia introduzida em 2020.  O valor mais alto alcançado anteriormente foi de 603.136 pedidos de demissão em março desse ano, o que equivale a 33,2% do total naquele mês. Essencialmente, os números mostram que nos últimos 12 meses (setembro/21 a agosto/22) um em cada três trabalhadores desligados pediram demissão.

Dá para imaginar que nem todos conseguiram fazer algum tipo de acordo sobre itens como o cumprimento ou não de aviso prévio, recebimento da multa de 40% do saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço –FGTS – e manutenção durante um determinado tempo de algum tipo de benefício, como por exemplo, plano de saúde.

Mas, como assim, tanta gente pedindo demissão numa conjuntura tão difícil para o trabalhador, onde prevalecem as estratégias de sobrevivência? Ou existe um limite para o que se torna insuportável?

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do IBGE do trimestre julho-agosto-setembro mostrou o desemprego em 8,7 % da população economicamente ativa (PEA), chegando a 9,5 milhões de brasileiros.

Ainda temos os desalentados, aqueles que desistiram de procurar trabalho, cujo número está em 4,3 milhões.

Para melhor entender esse fenômeno, precisamos conhecer as principais causas que fazem parte do gerador desse efeito, o pedido de demissão. Alguns levantamentos feitos por estudiosos do mercado de trabalho recentemente mostram que entre as causas mais citadas estão a insatisfação com salários/benefícios, pouca flexibilidade na jornada de trabalho , mais chefes comandando e menos gestores liderando, piora da saúde mental, inclusive com a exaustão no trabalho, baixo índice de autorrealização, clima organizacional tóxico agravado por assédio moral e preconceitos quanto a gênero, raça e sexualidade.

Essas causas podem e devem ser desdobradas para dar mais consistência e coragem à aqueles que acreditam que existe vida fora do atual ambiente de trabalho, inclusive para a criação de um negócio próprio. Nesse caso, é preciso conhecer qual necessidade vai ser atendida, de quem ela é (Cliente) e como será atendida. Como dizia Heráclito no ano 308 antes de Cristo: “nada é permanente, exceto a mudança”. Mas não nos esqueçamos que tudo depende também do nosso querer e da nossa capacitação.

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Com quem passar o Natal?

por Luis Borges 22 de novembro de 2022   Pensata

O calendário da Igreja Católica estabelece que 27 de novembro de 2022 será o primeiro domingo do advento e com ele serão iniciadas as quatro semanas preparativas para o Natal. Neste ano, a festa pelo nascimento de Jesus se dará com a sociedade brasileira bastante polarizada, o que se acentuou no recente processo eleitoral e seus desdobramentos, trazendo distanciamento e rompimento entre muitas pessoas e famílias. Ainda vale lembrar que nos dois anos anteriores o Natal aconteceu em meio às medidas sanitárias, inclusive distanciamento social, determinadas para combater a disseminação da Covid-19. Aliás, nesse momento, também estamos diante da retomada do uso de máscaras em função do rápido avanço das mais novas variantes do vírus. Será que essa nova onda se encerrará antes do Natal?

Mas o fato é que na nossa cultura muito se fala que o Natal deve ser passado em família e a virada do ano com amigos. Todavia, como viabilizar isso após tantos rachas, rompimentos e profundos silenciamentos entre familiares, primos, amigos e até mesmo entre colegas de trabalho e irmãos de fé cristã? Como conciliar o espírito natalino com a intolerância e a dificuldade que muitas pessoas tem para aceitar opiniões diferentes?

Isso é o que está posto na conjuntura e será necessário muito diálogo e compreensão para juntar os cacos entre os que ainda sentem falta dos que estão afastados, distantes sem dar sinais de um possível reatamento. Para isso é preciso querer, mas o bloqueio, por parte de muitos, é permeado pelo ódio, a intolerância e o desrespeito, que é mais uma negação da sociedade civilizada em que imaginamos viver no regime democrático.

Nesse sentido, são muitos os relatos de verdadeiros “barracos” em família, gerando constrangimentos e posturas envergonhadas… mas o desafio é a mudança do clima para que as pessoas se reaproximem em nome do espírito natalino. Será que vai dar tempo? Ou o jeito será admitir que nem todos passarão o natal em família. Até quando, ainda que em nome da sobrevivência?

Buscando conhecer para melhor compreender o que se passa nas relações familiares e as expectativas de qualidade nas relações entre seus membros, vou citar o que disse a psicóloga Márcia Almeida Batista, diretora da clínica psicológica da PUC-SP, em recente entrevista ao UOL. “A polarização política tem intensificado conflitos familiares (…) Temos uma fantasia de que só porque somos da mesma família queremos as mesmas coisas, o que não é verdade. Podemos ter visões diferentes (…) Quando tem um clima de polarização e disputa na sociedade, isso gera reverberações dentro de todas as instituições, como escola, empresas e, inclusive, na família (…) A questão não está em expor o conflito, mas sim no modo como a gente vai mostrá-lo para o outro.”

Enquanto isso, o natal se aproxima e nós vamos fazendo nossas escolhas. Com quantos e quais, mesmo assim, passaremos o natal em família? Na casa de quem?

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Finados e finitude

por Luis Borges 7 de novembro de 2022   Pensata

Esta pensata foi escrita na manhã da quarta-feira 2 de novembro, dia de finados, em meio a muita introspecção e lembranças de tanta gente que partiu, a começar pelos familiares.

Finados traz sempre mais uma oportunidade para a reflexão daqueles que querem levar em consideração a finitude da vida e outros temas a ela associados. Se consultarmos o site Cerejeiras, veremos que “Finados” nos leva ao verbo “finar”, que vem do latim “finis” ou seja: acabar, finalizar, encerrar. O significado gramatical de finados seria então algo que finou, findou, acabou, morreu.

Mas porque se preocupar muito ou pouco com os aspectos ligados à duração da vida, ao seu fim e ao que virá depois da morte?

Como será que foi o tempo antes do início da vida? Ou, simplesmente, de onde viemos e para onde vamos? De qualquer maneira, com ou sem explicações satisfatórias, vale lembrar que na cultura dos povos, a começar pelos cristãos, os mortos são rememorados desde o século I depois de Cristo. Já no ano 998 (século X), foi criado na França o Dia de Finados, em 2 de novembro, na sequência do Dia de Todos os Santos, e a partir do século XI a igreja católica reforçou a necessidade da existência de um dia para se lembrar de todos os mortos.

No Brasil, a Lei nº 10.607 de 19 de dezembro de 2002 foi sancionada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso estabelecendo como feriado nacional o dia dos finados.

Conforme o dia da semana, dá até para emendar com feriado específico que comemora o dia dos servidores públicos da União Federal, Estados e Municípios. Nesse ano, vários foram os casos em que o feriado do dia 28 de outubro foi transferido para o dia 31 e emendado com o dia 01, que se somou ao dia 2, e tudo só voltou ao normal na quinta-feira dia 3, após 5 dias de descanso. No Brasil, uma parte expressiva da população passa o dia um pouco mais introspectiva lembrando os finados entes queridos.

Para muitos faz parte do ritual uma visita aos cemitérios, a colocação de flores nos túmulos, acendimento de velas e as preces pelas almas.

No meu caso específico, a partir do século XXI, passo o dia de finados em casa, portanto não vou mais a cemitérios nessa data.

Minha memória fica sempre muito aguçada nesse dia ao me lembrar de tanta gente querida que partiu para o outro plano espiritual em diferentes idades e circunstâncias. Ainda agora estou saindo do luto pela partida de minha mãe Lazinha, há quase três meses. Enquanto morou em Araxá, ela sempre levava flores para homenagear e enfeitar os túmulos de sua mãe e sua sogra, as duas Anas minhas avós, cujos corpos foram sepultados no cemitério das Paineiras. Ao pensamento também vem o meu pai Gaspar Borges, que foi embora há 10 anos, o sogro Lalado, que embarcou há 12 anos, a tia Landinha, que nos deixou há 25 anos, e a sogra Violanta, que foi embora tão cedo, há exatos 27 anos. É claro que são inúmeras as lembranças e saudades de tantas outras pessoas cujos nomes ocuparia um enorme espaço nesse texto, mas sempre serão lembradas em função do convívio que tivemos.

Por último, fiquei também pensando ao longo do dia sobre os velórios dos corpos enquanto ritual de passagem desse plano para o outro, a duração do próprio velório, que foi bastante reduzida após a pandemia da covid-19, o sepultamento dos corpos ou a sua cremação. Enfim, cheguei a pensar na minha própria finitude, mas acabei afastando do pensamento um pouco depois de seu início ao me lembrar que estou sem pressa. Entretanto, espero ter o merecimento de partir subitamente quando chegar a minha hora. Que assim seja!

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Completei 68 anos de idade no dia 24 de outubro com a mente povoada por lembranças, reflexões e pensamentos sobre o que foi, o que é e o que poderá ser a minha passagem pelo planeta Terra. Meu propósito é sempre buscar a melhoria contínua do meu modo de ser, viver e conviver de maneira civilizada, respeitosa e sem retrocessos, ainda mais na fase idosa da vida.

Fui buscar em algumas músicas que cultivo há décadas, e continuarei cultivando, um pouco mais de inspiração para embalar esse instante específico do curso da vida.

Foi assim que senti firmeza e consistência na música O que foi feito devera (1978) de Milton Nascimento, Márcio Borges e Fernando Brant ao dizer que “Se muito vale o já feito, mais vale o que será. E o que foi feito é preciso conhecer para melhor prosseguir”.

Não posso negar, ignorar ou esquecer o passado, mas olhá-lo como forma de aprender com erros e acertos que me trouxeram até o presente momento. É a partir dele que posso encarar e projetar, com planejamento e gestão, o que poderão vir a ser alguns cenários depois dos 68 anos.

Por outro lado, como sou consciente da finitude da vida, com todas as suas condições de contorno e riscos associados, sei que a paisagem seguirá em permanente mudança enquanto o tempo passa indelével. A propósito disso, fui buscar na música Ouro de Tolo (1973) de Raul Seixas um alerta quando ele diz que “Eu é que não me sento no trono de um apartamento, com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar”.

E por isso mesmo que não dá para se contentar com a mera condição de aposentado, ainda que com determinados graus de alguma piora das condições funcionais que nos exigem adaptações e adequações no modo de vida. É claro que sei que cada caso é um caso na sociedade brasileira, marcada por extrema desigualdade e enorme concentração de renda nas mãos de poucos.

Interessante é quando os pensamentos se voltam para o futuro com diferentes projeções de distâncias. Prevalece o princípio da incerteza com o contorno das várias variáveis que nos instigam. Mas o importante é não nos sentirmos vencidos na plena consciência dos desafios que precisam ser vencidos a cada dia, mas um de cada vez e com muita resiliência. Até me vem a imagem do bambu, que enverga, mas não quebra. Nesse ponto, são estimuladores e fortalecedores os versos do cantor e compositor Geraldo Vandré na música O Plantador (1968) ao dizerem que “Quanto mais eu ando, mais vejo estrada. E se não caminho, não sou nada”.

Prosseguirei em meu realismo esperançoso…

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Vencendo o cliente pelo cansaço

por Luis Borges 24 de outubro de 2022   Pensata

A relação entre clientes e fornecedores é sempre colocada à prova no processo que envolve o atendimento às necessidades e expectativas que as pessoas tem em relação aos produtos (bens e serviços por elas demandados).

É importante lembrar que as pessoas podem estar no papel de clientes ou de fornecedores conforme a situação em cada caso. Não nos esqueçamos que o cliente tem em suas expectativas que tudo seja fornecido segundo a qualidade especificada, preço negociado e que o atendimento seja marcado pelo cumprimento do prazo de entrega e demais condições estabelecidas.

Sabemos que o código de defesa do Consumidor está em vigência no país desde setembro de 1990. Posteriormente, a lei estabeleceu que o consumidor pode cancelar a compra de um produto, do qual não tenha gostado, até sete dias após o seu recebimento e que em caso de defeito a troca deve ocorrer em até 90 dias.

Entretanto, até hoje são registrados casos e mais casos em que o consumidor não é tratado como cliente, muitas vezes é desrespeitado quando reclama e tem sua paciência testada durante o penoso processo para fazer prevalecer os seus direitos previstos na lei.

Algo nesse sentido aconteceu com um cliente que desejava comprar um par de tênis masculino de número 45 no padrão brasileiro. Por não encontrar com facilidade essa modalidade no comércio varejista de sua cidade, ele resolveu fazer uma compra diretamente da fábrica, mais especificamente no site em que suas vendas são centralizadas. Fisicamente, a fábrica fica no estado de São Paulo.

A saga começou no primeiro contato, o qual imaginava que seria o único para resolver a sua necessidade. A compra caminhou normalmente no passo a passo até chegar à forma de pagamento. Quando ia ser digitado que a opção era pagar por meio de boleto bancário já apareceu na tela que seria via Pix. Logo ele, que sequer tem Pix. O jeito foi cancelar aquele processo de compra e reiniciar outro no qual conseguiu cravar rapidamente a opção pelo boleto.

Após dois dias do evento, a empresa ainda enviou mensagens conclamando o cliente para concluir a compra.

Logo começaram a chegar os avisos sobre a conclusão de cada etapa do processo, tais como a separação do produto (bem), embalagem, envio para transportadora e entrega no endereço indicado. Isso aconteceu quatro dias antes do prazo estabelecido.

Algum tempo depois da entrega, por sinal alguns dias antes do prazo estabelecido, o cliente foi felizinho conferir a mercadoria, mas ficou decepcionado, quase infeliz. O par de tênis enviado tinha o número 43 e veio numa embalagem etiquetada com o número 45, que foi o solicitado na compra.

Assim que tomou um fôlego, o cliente entrou em contato com a fábrica pelo site de compras e foi direcionado para fazer sua reclamação sobre a não conformidade pelo CHAT. Começou aí uma longa agonia de 2 horas. O primeiro desafio foi ajudar o atendente a localizar o pedido de compra, mostrar que houve uma falha e que deveria ocorrer uma ação corretiva. Várias perguntas começaram a ser feitas de maneira inquisitorial, dando sinais de que haveria muita enrolação para não resolver o problema. A todo instante o atendente pedia um momento e sumia da conversa. Quando insistentemente chamado, pedia desculpas pela demora e justificava como causa a lentidão do sistema. Enquanto isso o tempo passava, como é da sua própria natureza.

Nesse vai da valsa, chegou o momento em que o atendente solicitou que o cliente apresentasse uma evidência objetiva da falha. Sugeriu que fosse enviada uma fotografia do par de tênis focando no número 43 e outra mostrando a embalagem. Nesse momento o cliente perdeu a paciência, que estava por um fio, o seu sangue ferveu e ele encerrou a conversa finalizando a desistência da reclamação. Mesmo consciente que estava realizando um prejuízo, o cliente se esqueceu que o impulso caminha na contramão da estratégia. Para ele, ficou claro que o fornecedor não queria fazer a troca e o venceu pelo cansaço, mas o perderá para sempre.

E você caro leitor? Já viveu alguma situação semelhante ?

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O telefone ficou mudo outra vez

por Luis Borges 17 de outubro de 2022   Pensata

Nenhum dia é como o anterior no passar do tempo, mas algumas coisas podem acabar por se repetir, principalmente quando se trata da prestação de serviços. Foi o que aconteceu em minha residência por volta das 9h do sábado, 8 de outubro. O telefone fixo simplesmente ficou mudo e arrastou com ele a internet e a TV a cabo.

Tudo voltou a funcionar, ou seja, o serviço voltou a ser prestado pela operadora lá pelas 16h.

Quando reclamei da indisponibilidade dos serviços, a operadora informou que havia problemas técnicos na minha região, sempre eles, e que a solução estava programada para ocorrer até o final da tarde.

Se a prestação do serviço não fosse retomada até aquele momento, o procedimento a ser feito consistiria em desligar o equipamento da tomada de energia elétrica, deixá-lo desligado durante 10 segundos e religá-lo em seguida. Isso acabou não sendo necessário porque o serviço foi normalizado antes do tempo estimado.

No dia seguinte, domingo pela manhã, o telefone e demais partes do sistema (combo) ficaram indisponíveis de 7h às 11h, enquanto a previsão de retorno era para as 14h30. Os contatos com o serviço de atendimento ao cliente foram feitos por chamada de voz através do telefone celular.

É importante registrar que problemas dessa natureza já ocorreram outras cinco vezes ao longo desse ano, sendo que a pior delas foi durante a chuvarada de janeiro, ocasião em que o telefone ficou mudo durante 4 dias conforme postei aqui no blog.

Vale a pena lembrar nesse momento a quantas anda a utilização da telefonia fixa pelo país a fora. Segundo o site Teleco – Inteligência em Telecomunicação, existiam 27,5 milhões de telefones fixos em operação no Brasil no mês de agosto desse ano. Esse número era de 45 milhões em 2014, no auge dos sistemas de telefonia fixa, mas em novembro de 2021 já tinha caído para 28,9 milhões. Estima-se entre os especialistas do setor que esse número chegará a 20 milhões no final de 2026.  Enquanto isso, o número de telefones celulares chegou a 262,5 milhões em agosto, ao mesmo tempo em que a geração 5G vai avançando pelo país e a 6G dá seus sinais de aproximação.

Em função desses números podemos nos lembrar, sem muito esforço, de quantas pessoas próximas de nós “demitiram” o telefone fixo nesses últimos tempos.

Diante dessas constatações, é importante dar uma ida até a parede da memória para observar a telefonia brasileira nos últimos 50 anos (1972- 2022). Na primeira metade desse período, o telefone fixo era um investimento, a Telemig vendia uma linha no plano de expansão em 36 parcelas mensais, muitos proprietários alugavam suas linhas telefônicas, residenciais ou comerciais, e o Telefone Público (TP), o popular “orelhão”, era muito útil, mas também muito depredado…

Voltando para o presente, constato que a operadora do meu telefone fixo seguirá insistindo para que eu mude o quanto antes para a fibra óptica, o telefone ficará mudo outras vezes e o período em que ele ficar indisponível não será deduzido da conta mensal, mesmo diante das solicitações feitas. Ainda assim, o telefone fixo continua firme, mesmo minguando dia após dia. Até quando?

E você, ainda possui um telefone fixo ou ele já está com os dias contados?

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