Sinal fechado

por Luis Borges 13 de janeiro de 2015   Música na conjuntura

Usar o telefone celular ao volante, estacionar em local proibido ou avançar o sinal vermelho foram as infrações mais cometidas pelos motoristas de BH em 2014. A informação foi divulgada pelo Batalhão de Trânsito da PM durante entrevista à rádio Itatiaia, na semana passada.

Uma primeira observação sobre as causas evidencia a pressa, considerada inerente aos nossos tempos. A gestão da ansiedade continua sendo um grande desafio perante as crescentes exigências de sucesso pessoal e profissional na competição pela sobrevivência.

As vias públicas são praticamente as mesmas, mas a quantidade de veículos automotores praticamente triplicou nos últimos dez anos. O setor automotivo corresponde a 20% dos negócios da indústria. O veículo próprio cristaliza a individualidade, o culto ao carro de cada um. O transporte coletivo por ônibus, cuja qualidade, preço e atendimento ainda deixam a desejar,  bem como outros frágeis modais, tipo metrô, acabam sempre reforçando a busca por soluções individuais.

A escassez do tempo e a sua má gestão só acentuam a sua falta, enquanto poucos tentam compreender as suas causas. Diante dessa situação lembrei-me da música Sinal fechado, composta por Paulinho da Viola em 1969, e que foi gravada por Chico Buarque – em seu vinil do mesmo nome – no auge da censura dos tempos da Ditadura Militar. Aliás, é desse período o cognome “Julinho da Adelaide”, que Chico usou para driblar com criatividade a turma da censura do Departamento de Policia Federal.

Sinal Fechado
Paulinho da Viola
Fonte: Letras.mus.br

Olá, como vai?
Eu vou indo e você, tudo bem?
Tudo bem eu vou indo correndo
Pegar meu lugar no futuro, e você?
Tudo bem, eu vou indo em busca
De um sono tranquilo, quem sabe...
Quanto tempo... pois é...
Quanto tempo...
Me perdoe a pressa
É a alma dos nossos negócios
Oh! Não tem de quê
Eu também só ando a cem
Quando é que você telefona?
Precisamos nos ver por aí
Pra semana, prometo talvez nos vejamos
Quem sabe?
Quanto tempo... pois é... (pois é... quanto tempo...)
Tanta coisa que eu tinha a dizer
Mas eu sumi na poeira das ruas
Eu também tenho algo a dizer
Mas me foge a lembrança
Por favor, telefone, eu preciso
Beber alguma coisa, rapidamente
Pra semana
O sinal ...
Eu procuro você
Vai abrir...
Por favor, não esqueça,
Adeus...
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