Que venha a empatia

por Convidado 6 de setembro de 2017   Convidado

* por Sérgio Marchetti

Socorro! O relacionamento está morrendo.

Volto alguns anos para contextualizar os fatos. Há pouco tempo os pais ensinavam aos filhos que o maior valor de um homem ou mulher era indubitavelmente a honestidade. Quando falavam da honestidade davam à palavra um sentido amplo que declinava lealdade, amizade, coleguismo, justiça, ética, verdade e até valores como fidelidade, moral e comportamento decente.

Ser ético era ser “direito”, respeitar os dogmas, as leis, a cultura, as regras sociais. Na vida pessoal ou no mundo do trabalho, além da ética, a empatia também tem feito mais falta do que se possa imaginar. O que me salta aos olhos e me causa estranheza é a incoerência das pessoas. Falam da corrupção, do desrespeito por parte dos governantes e de tantos outros bandidos de colarinho branco ou sem colarinho, mas se esquecem de olhar para si.

Especificamente no mercado de trabalho, apenas para dar um exemplo nas empresas, os departamentos que contratam mão de obra e que, em sua grande maioria, possuem profissionais formados na área humana, parecem não saber que aquelas pessoas que são submetidas a testes e entrevistas merecem e têm o direito de receber um retorno, mesmo que seja um “não”. Também na prestação de serviços – e isso eu falo por mim – temos pedidos de organizações para o envio de propostas de treinamento, consultoria, assessoria mas, costumeiramente -e em sua grande maioria – não há retorno das propostas. O que foi feito da empatia, do respeito? Algumas empresas solicitam urgência de nossa parte, porém a recíproca da atitude não é verdadeira. Citando ainda esse mercado corrompido é comum instrutores e até professores serem substituídos por outros colegas – normalmente com “QIs” (quem indica) mais elevados –  mas nem serem avisados. E, embora muitos tenham uma excelente avaliação de seus trabalhos, o que recebem como prêmio é o silêncio, a omissão. Simplesmente não são mais chamados para prestar serviço.

É lamentável que seres inteligentes, supostamente educados e evoluídos, se utilizem das tão ultrapassadas “igrejinhas” para poderem ascender socialmente ou internamente nas organizações.

Juro que desejava estar enganado, mas infelizmente falo de maneira inequívoca sobre a conduta de grande parte de instituições e de profissionais. Não sei a quem pedir socorro, mas num cenário de tanta corrupção e violência, estou pedindo que as pessoas se esforcem para exercitar ao menos a empatia, antes que seja tarde demais para voltarmos a ter respeito pelo próximo.

* Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

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