Quando a vida imita a arte

por Convidado 10 de outubro de 2016   Convidado

* por Sérgio Marchetti

A morte do ator Domingos Montagner, protagonista da novela Velho Chico, causou comoção em grande parte do povo brasileiro. O momento do ator, seu carisma, sua simpatia e a força do papel culminaram numa admiração extremamente elevada por parte de seus admiradores, colegas e fãs. O sentimento de tristeza externado por todas as emissoras demonstrou claramente o sucesso do personagem Santo, tão bem representado pelo ator. Mas veio o destino, ou seja lá o que for e, numa brincadeira sem graça, encerrou a novela da vida real de forma trágica. Com isso, os mistérios e as crenças que diferenciam nossa brava gente brasileira foram ingredientes fundamentais para mobilizar as pessoas. O personagem Santo dos Anjos, representado pelo ator Domingos Montagner, esteve morto nas águas do rio. O amor de Tereza (Camila Pitanga) o ressuscitou, quando os membros da tribo de índios que o resgataram já o consideravam morto. A arte que imita a vida não quis perder Santo e o manteve vivo. Porém, a vida que também por vezes imita a arte, talvez esperasse por um novo milagre. Mas ele não veio. Santo, que desta vez representava o papel de Domingos, não teve a mesma sorte.  Nem o amor pôde salvá-lo.

Capricho do destino? Fatalidade? Magia? O ator deixou de fazer outra novela porque disse que precisava fazer “Velho Chico”. Os índios atribuem sua morte ao fato de o Rio São Francisco ter precisado dele. Alegações voltadas a rituais também engrossam os comentários misteriosos que envolvem a morte de Domingos. Os depoimentos sobre o afogamento são permeados de mistérios, dúvidas e até versões que falam de magia negra.

Estranhas coincidências, armadilhas do acaso ou apenas um acidente. O fato é que até a música Mortal Loucura, tema do  personagem, em suas entrelinhas diz que: “Na oração, que desaterra a terra/ Quer Deus a quem está o cuidado dado/ Pregue que a vida é emprestado estado”. E ao final: “O voz zelosa, que dobrada brada/ já sei que a flor da formosura, usura/ Será no fim dessa jornada nada”.

Infelizmente, Domingos agora é dos anjos. O epílogo da novela de sua vida surpreendeu a todos. Estava em seu melhor momento, atingia seu ápice e ainda tinha muito por fazer, mas a traiçoeira morte, disfarçada de vida nas águas do Velho Chico, resolveu imitar a arte.

* Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

  Comentários

Publicado por

Publicado em