Quando foi que isso começou?

por Convidado 4 de novembro de 2022   Convidado

*por Sérgio Marchetti

Não quero ser pessimista, meus caros (e)leitores, mas tenho a impressão de que estamos testemunhando um dos piores momentos de nossa história política. Aqui, nesta terra descoberta por Cabral, há uma guerra psicológica gerada pela disputa de poder que tem por inspiração (apenas por inspiração) o famoso “Manifesto Comunista, no qual Marx e Engels afirmam que “a história de todas as sociedades até hoje existentes é a história das lutas de classes”. Pena que mais de 90 por cento das pessoas desconheçam tal teoria. Porém, ainda assim, e não por acaso, servem ao objetivo dos que pretendem alçar voo rumo ao pódio. No aqui e no agora há exageros e jogos de interesses dos dois lados. Mas, sendo justo, a hipocrisia dos que não governam extrapolou os limites, inclusive voltando ao tempo das censuras, que tanto queremos esquecer. E a parcialidade prejudica a já abalada confiança das pessoas. Imaginem um jogo entre Brasil e Argentina cujos árbitros sejam torcedores da Seleção Argentina e fãs de Maradona…

Descobrimos que o poder é uma doença maldita e que George Orwell foi magnificamente brilhante ao escrever a Revolução dos Bichos. A América do Sul sobreviveu à ditadura militar, mas, numa análise crítica constatada pela mídia mundial, com a ideologia atual, sua destruição será iminente. Os bichos de Orwell são mais deslumbrados, desleais, inescrupulosos e desonestos do que os antigos donos da fazenda.

Recorrendo um pouco ao passado, como fuga para deixar o cérebro esfriar, quando ouço pessoas que viveram na década de 1950 dizerem que foi o melhor momento do mundo — não por acaso denominado de anos dourados —, me ponho a lembrar de minha infância e percebo que provavelmente tenha sido o melhor tempo para se viver. Era o pós-guerra. Buscava-se a recuperação do ser humano e a tentativa de viver em paz. O mundo tornava a começar e trazia em sua bagagem um propósito de ser feliz. Prevaleciam as reuniões de família, amigos, vizinhos, empregos duradouros…

O relógio girou. Estávamos na década de 1960 — era criança, mas daquela posso falar. As pessoas eram mais humanas. Minha casa no interior nunca ficou fechada à chave durante o dia. Mas o mundo mudou, e como uma enchente carregou nossa tranquilidade e segurança para muito distante.

O período do “para sempre” havia se encerrado. Na terra do pau-brasil a geração X experimentava tempos cinzentos e aplaudia a riqueza rebelde da música brasileira. Continuamos “caminhando e cantando e seguindo a canção…” mas a ilusão de sermos iguais se findou.

De volta ao mundo real, a desigualdade aumentou e vieram novos dias e novas doenças, sobretudo as psicológicas. A vida perdeu o seu valor. O futuro agia na surdina e nos preparava a maior mudança que os seres vivos já presenciaram. Os bens não seriam duráveis como antes. Vieram as gerações Y e Z e a desumanização se acelerou e, embora na teoria trocássemos os chefes por líderes, o distanciamento hierárquico e a pressão por resultados só aumentaram.

Caminhando mais um pouco, a palavra “conectados” se tornou sinônimo de pessoa desenvolvida, atualizada. Muitos perderam suas “faculdades” mentais ao desvalorizarem o ensino universitário. Mas nada de emoção. Apenas prazer. Somos razão — pensam os desavisados. Aristipo está de volta, mas certamente seus adeptos ainda não o conhecem. E, tudo isso, provavelmente fez tremer até a um Daniel Goleman.

Os antigos valores, lamentavelmente, se tornaram obsoletos. A palavra honestidade, que tem origem no latim honos e remete para dignidade e honra, não encontra respaldo na sociedade atual. Os fins justificam os meios escusos para se chegar ao poder.

Acredito que estejamos vivendo a era do desamor. Falta respeito, afeto e carinho. Notadamente, o esforço para destruir os antigos costumes tem sido cada vez maior e com mais seguidores.

Registrem para não esquecer: ”haverá choro e ranger de dentes”.

*Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

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