Pedaladas no orçamento familiar

por Luis Borges 2 de maio de 2016   Pensata

A expressão “pedalada fiscal” continua em grande evidência no embate que se trava pelo poder político no Brasil. Segundo a Wikipédia, “pedalada fiscal”:

é um termo que se refere a operações orçamentárias realizadas pelo Tesouro Nacional não previstas na legislação, que consistem em atrasar o repasse de verba a bancos públicos e privados com a intenção de aliviar a situação fiscal do governo em um determinado mês ou ano, apresentando melhores indicadores econômicos ao mercado financeiro e aos especialistas em contas públicas.

Isto ocorre porque, apesar de o gasto social ter efetivamente ocorrido, ele ainda não saiu das contas do Governo Federal, quando o mesmo divulga seu balanço anual. Assim, este artifício pode ser usado para aumentar o superávit primário (economia feita para pagar os juros da divida pública) ou impedir um déficit primário maior (quando as despesas são maiores que as receitas).

Ainda segundo a mesma fonte:

Orçamento é a parte de um plano financeiro estratégico que compreende a previsão de receitas e despesas futuras para a administração de determinado exercício (período de tempo). Aplica-se tanto ao setor governamental quanto ao privado, pessoa jurídica ou física.

Para quem trabalha com a gestão estruturada dos negócios de um governo, uma empresa, uma família ou um indivíduo, por exemplo, o planejamento orçamentário deve ser feito a partir de algumas premissas que estarão presentes no período em que ele ocorrerá. Entre elas podemos citar, a título de exemplo, o crescimento da economia, o nível de emprego, o índice de inflação, as variações do câmbio, o aumento da carga tributária, as prioridades para os investimentos públicos ou potenciais reformas que surgirão na política, na Previdência Social, nas leis trabalhistas ou na representação sindical. Quanto mais informações e conhecimento mais chances se terá de surgir algo mais realista e factível num horizonte de curto prazo (um ano). É claro que o orçamento não pode ser uma mera peça de ficção e deve ser gerenciado com disciplina, foco e responsabilidade. Ele é algo para valer e não pode ser modificado sem justificativas muito relevantes.

Diante de tudo o que estamos passando nesse momento fico imaginando especificamente como anda o orçamento das famílias e dos indivíduos em função dos fatos e dados que vão sendo divulgados cotidianamente. Será que a prática das pedaladas já se incorporou à cultura das pessoas, principalmente diante da necessidade da sobrevivência e gastos acima do que se ganha?

A julgar pelos dados divulgados pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas a situação que já não era boa só tem piorado. Segundo esses órgãos, no mês de março de 2016 a quantidade de brasileiros com dívidas em atraso chegou a 58,7 milhões de pessoas. Estima-se que 4,2 milhões dos novos devedores passaram a fazer parte da lista de janeiro de 2015 até março de 2016.

Verifica-se que é grande o desafio para que também as famílias e indivíduos alcancem um maior equilíbrio entre o que se ganha, o que se gasta ou até mesmo o que se poupa diante da pouca educação financeira, do consumo compulsivo, da perda do poder aquisitivo em função da inflação, juros altos e da recessão econômica. Aliás, ela já fez 10,4 milhões de desempregados conforme a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE relativa ao trimestre dezembro/15, janeiro e fevereiro/16.

Como se vê a reinvenção dos modos de vida torna-se cada vez mais uma necessidade. Um bom começo poderia ser pelo conhecimento efetivo e detalhado de todas as receitas e despesas mensais devidamente registradas numa simples planilha em meio físico ou eletrônico se este for o seu caso. Mas de repente isso se aplica apenas aos outros e não a você.

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