O que é seu está guardado

por Luis Borges 7 de julho de 2017   Pensata

As coisas estão acontecendo com muita rapidez no cotidiano da crise vivida pelo país. Cada vez mais surpreendendo pela ousadia, apropriação indébita de recursos e pelo descompromisso com a maioria da população denotado pelos agentes do Estado que o dominam. Nada de ética, de atitudes republicanas; é muito discurso enquanto o foco é só se manter no poder, custe o que custar. A obsessão é tanta para manter tudo do jeito que está, sem mexer no que realmente precisa ser mexido, que o autismo faz com que os sinais de descontentamento não sejam efetivamente percebidos e muito menos analisados. Como está crescendo o número de pessoas que acompanham os acontecimentos no país e sofrem na pele os impactos deles, como a corrupção, desemprego aberto, Reforma da Previdência… o pote de mágoa está só aumentando.

O povo ainda não voltou às ruas enquanto o impopular Presidente da República segue sangrando e comprando apoios partidários para se manter no desejado cargo. Imagino que muita gente deve estar se lembrando de um famoso dito popular que diz “o que é seu está guardado”, ou seja, vai ter troco para você e os seus.

Enquanto as ruas não gritam para valer e os políticos partidários não percebem que precisam encontrar soluções para a crise política que eles mesmos criaram, o tempo vai passando e o sofrimento só aumentando. Agora faltam 15 meses para as eleições gerais de 2018, cujas regras precisam ser definidas nos próximos 3 meses. Espero que os 35 partidos políticos e seus partidários, notadamente os que se aliaram em seus projetos de poder nos últimos 30 anos, recebam um duro recado de rejeição vindo das urnas. Aliás, pode ser tanto pelos que comparecerem às urnas buscando varrer do mapa a maior parte dos que exercem mandatos atualmente, quanto pela abstenção nesse modelo em que o voto é obrigatório.

Quem der uma olhada para outros países poderá perceber, por exemplo, o que aconteceu nas recentes eleições francesas que elegeram o Presidente da República e os 577 parlamentares da Assembleia Nacional. Os tradicionais partidos que ocuparam o poder e tiveram maioria parlamentar nos últimos 30 anos foram amplamente derrotados. A vitória coube ao partido centrista República em Marcha criado há apenas um ano. Quem quiser que aprenda com os sinais que vem de outros países, ainda que as realidades políticas, econômicas, sociais e culturais tenham as suas especificidades. Não dá para enganar a todo mundo indefinidamente pelo tempo todo.

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