O que cantaria Gonzaguinha?

por Convidado 24 de janeiro de 2024   Convidado

por Sérgio Marchetti*

Enfim, sobrevivemos. Atravessamos o portal de 2024. Estamos novamente diante de um novo começo. E, por pior que estejamos, ainda somos vitoriosos por estarmos vivos e termos a oportunidade de tentar fazer um futuro melhor. O ano é novo, mas embora recomecemos, os problemas são velhos. No Brasil, a “pizza” continua. Mortes de mulheres (5º lugar do mundo em feminicídio), estupros, ações do crime organizado, tráfico de drogas e de armas em alta (bem mais organizado e sintonizado do que os governantes). Nem carece de ressaltar o crescente número de assaltos, mas vale lembrar que os gastos públicos fazem inveja a qualquer marajá.

Infelizmente, assistimos de forma reiterada a concessão de direitos e regalias a criminosos com inúmeros processos e passagens pela polícia. E o que deveria causar espanto, é recebido por parte da mídia como fato tão natural que nem merece maiores comentários. De repente, recordo uma brincadeira de infância: esconde-esconde (a gente fecha os olhos e deixa o ladrão se esconder). A polícia leva anos estudando, analisando e gastando dinheiro para conseguir prender um criminoso, um chefe do tráfico. Aí, no Natal, (festa religiosa e de família), marginais, com homicídios em sua extensa folha corrida, são liberados para passarem uma data tão importante com seus entes queridos. Mas muitos deles não retornam. Então a polícia recomeça a busca. Sinceramente, caros leitores, que regalia é essa? Que brincadeira é essa?

“Que país é esse? Nas favelas, no senado/ sujeira pra todo lado/ ninguém respeita a constituição/ Mas todos acreditam no futuro da nação” (R.R.)

Otimismo é uma qualidade e uma característica saudável do ser humano. Mas autoengano chega a ser uma doença psicológica, um processo de mentir para si mesmo para não “dar o braço a torcer” e para negar a realidade. Mas bandidos perigosos estão livres nas ruas, roubando e matando pessoas honestas. O número de roubos e furtos de veículos nos primeiros oito meses de 2023, somente na Região Metropolitana de São Paulo, apresentou alta de 28% na comparação com igual período de 2022. A maior parte das ocorrências (61%) foi registrada na capital paulista. É o que aponta o levantamento da empresa de rastreamento veicular Ituran. A cidade de São Paulo registrou 229.639 furtos entre janeiro e novembro de 2023, uma média de 28,6 furtos por hora na capital. Em comparação ao mesmo período de 2022, houve aumento de 7% nesse tipo de crime — 15.219 ocorrências a mais do que no ano anterior. E o número de roubos registrados na região da Rua 25 de Março e Praça da Sé, no centro de São Paulo, atingiu o maior patamar da série histórica em 2023, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do estado (SSP). Entre janeiro e outubro desse ano, a SSP contabilizou 3.772 registros desse tipo de crime. É o maior patamar desde 2001, quando começaram a ser contabilizados os dados de violência da série histórica pela Secretaria.

Em Belo Horizonte, furtos, roubos e arrombamentos tiveram um aumento de 306 registros em 2023.

Mas isso não importa. O que é relevante é que em janeiro os governos passem a sacolinha. E as dívidas recomeçam…  A semelhança com a tributação na Inglaterra medieval — que era o sistema de arrecadar dinheiro para despesas reais e governamentais — é mera coincidência.

Você deve notar que não tem mais tutu/ E dizer que não está preocupado/ Você deve lutar pela xepa da feira/ E dizer que está recompensado/ Você deve estampar sempre um ar de alegria/ E dizer: tudo tem melhorado/ Você deve rezar pelo bem do patrão/ E esquecer que está desempregado/ Você merece, você merece…” (Gonzaguinha)

 

*Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br

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