Novo tempo

por Luis Borges 11 de dezembro de 2016   Música na conjuntura

O advento é o período preparatório para a chegada do Natal marcado pelas expectativas em torno de um novo tempo que virá. Fico pensando também nos rumos que o país tomará diante de tantos sinais a nos indicar que a entropia está aumentando, ou seja, cresce a desagregação entre as partes envolvidas.

Fica evidente a falência múltipla dos órgãos do sistema político, apesar do autismo dos representantes que teimam em desconhecer que seus representados já não suportam mais as suas práticas cada vez mais caras e danosas ao país. Apesar do discurso de que as instituições estão funcionando e garantindo plenitude à democracia, o que se vê é o confronto entre os conceitualmente independentes e harmoniosos três poderes.

A situação pode ser ilustrada pelos mais recentes episódios envolvendo Senado Federal, Supremo Tribunal Federal e a Força Tarefa da Operação Lava Jato. A crise política se aguça cada vez mais, embalada por variáveis que envolvem a manutenção do poder, a defesa de supersalários que desrespeitam a lei e as consequências trazidas pelo desnudamento da tecnologia da corrupção largamente praticada país afora. Enquanto isso lá se vão 7 meses após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e o que mais se ouve do vice que a sucedeu é um pedido para que a população tenha paciência para esperar acontecer o fim da recessão econômica. Aliás, a cada mês que passa, a sensação que fica é que isso ainda vai demorar e, quando vier, será com números bem tímidos.

Diante dessas percepções e com muitas expectativas em relação aos impactos e desdobramentos que tudo isso tem e terá para o posicionamento e atuação da sociedade brasileira – já bastante dividida entre insatisfeitos, intolerantes, proprietários da verdade, maniqueístas e crescentes posturas pouco civilizadas -o que esperar ao final de uma primavera brasileira?

Para facilitar um pouco a nossa reflexão e compreensão do momento, sugiro a música Novo Tempo, composta por Ivan Lins e seu parceiro Vítor Martins em 1980. Lá se vão 36 anos e ela continua a nos instigar.

Novo Tempo
Fonte: Letras.mus.br

No novo tempo, apesar dos castigos
Estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
Da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta
Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver
Pra que nossa esperança seja mais que a vingança
Seja sempre um caminho que se deixa de herança
No novo tempo, apesar dos castigos
De toda fadiga, de toda injustiça, estamos na briga
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
De todos os pecados, de todos enganos, estamos marcados
Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver
No novo tempo, apesar dos castigos
Estamos em cena, estamos nas ruas, quebrando as algemas
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
A gente se encontra cantando na praça, fazendo pirraça
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