É preciso “despiorar” o atendimento no comércio varejista

por Luis Borges 12 de agosto de 2014   Gestão em pauta

Fiquei sabendo de um caso de mau atendimento no comércio varejista de Belo Horizonte que me causou arrepios. O cliente comprou um sofá numa loja de um shopping especializado em decoração residencial. O vendedor, quando finalmente veio atendê-lo, falou sobre as características do bem, inclusive que era a última unidade, mostrou o atrativo preço para a compra a dinheiro e também as condições a prazo. Ofereceu também os serviços de impermeabilização, a ser feita por um terceiro, e marcou prazo de três dias para fazer a entrega.

Compra feita, pagamento efetuado, passaram-se os três dias e nada do sofá ser entregue. Depois de 5 dias o cliente reclamou do atraso na entrega. Foi informado não mais pelo vendedor, mas pelo setor de expedição da loja, que o prazo padrão para entrega era de dez dias. O vendedor lavou as mãos rispidamente e fugiu da cena, demonstrando que nada mais era com ele.

Finalmente, dez dias depois da compra o sofá foi entregue. Os entregadores, rápidos e rasteiros, colocaram o móvel na casa e saíram. Deixaram como rastro a embalagem plástica do sofá, largada no passeio da rua, que foi recolhida pelo cliente. Logo depois, o comprador notou uma mancha em um dos assentos e prontamente ligou na loja para reclamar. O gerente, sem se preocupar em ir ao local para ver o móvel ou procurar os entregadores, disse prontamente que o estofado nunca teve mancha e que os funcionários não jogam embalagens nas ruas. Apesar da evidência dos fatos e dados, ficou mais uma vez o dito pelo não dito e o cliente tratado como se fosse usuário de um serviço obrigatório, ou seja, é daquele jeito e pronto. Para completar, o sofá foi entregue sem a nota fiscal. O gerente disse que ela seria emitida por meio eletrônico, o que não foi feito até hoje,

O caso narrado acima mostra que gestão é o que todos precisam, mas nem todos sabem que precisam. Nesse caso, o mínimo que a gestão exige é a observação e a análise da reclamação, para verificar se ela procede ou não. Se procedente, o empresário varejista deveria atuar nas causas do problema para solucioná-lo. Se improcedente, bastaria conversar com o cliente e provar a ele, por meio de evidências objetivas, que tudo estava dentro da normalidade.  Mas nada disso foi feito. O cliente ficou com o sofá manchado e sem nota fiscal.

Esse caso também me remeteu às manchetes recentes dos jornais. O que mais se vê é o empresário do comércio lamentando que as vendas caíram, que a Copa atrapalhou, que a carga tributária é excessiva, que os juros estão altos, que o poder aquisitivo da população está caindo ou que falta mão-de-obra especializada, para ficar apenas em algumas lágrimas. Mas quando vamos para a lida das micro e pequenas empresas, vemos que o empresário se preocupa com os fatores macro e se esquece do que está dentro da empresa, como a excelência no atendimento ao cliente. 

Analisando o dia-a-dia, fica mais fácil perceber o quanto é preciso “despiorar” a gestão dos negócios para só depois atingir um padrão básico para o processo de trabalho. Praticado esse padrão durante um tempo determinado, aí sim, será possível a busca por melhorias. A gestão estruturada nos ensina que devemos satisfazer as necessidades e expectativas das pessoas que estão no papel de clientes. Elas sempre buscam, nos bens e serviços que necessitam ou desejam, a qualidade intrínseca, o preço justo e o excelente atendimento. 

Casos como esse são frequentes nos diversos segmentos do varejo e cada um de nós deve ter alguns para contar. Você já passou por isso alguma vez? Quando isso aconteceu, “deletou” a loja da sua lista ou voltou a comprar por lá? Aguardo seus comentários. 

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