E o mundo não se acabou
Em meio à crise social cada vez mais aguda aumenta a preocupação das pessoas com a segurança individual, familiar e nos espaços coletivos. Coisas ruins vão acontecendo e repercutindo pelos diversos meios de comunicação. Aumenta também – e exponencialmente – a sensação de insegurança, quase tão danosa quanto a violência explícita. Ficamos sempre com as piores expectativas.
Começamos o ano com a enorme repercussão sobre a rebelião nos presídios do Amazonas, Roraima e Rio Grande do Norte. O temor de que as rebeliões chegariam a Minas Gerais também se incorporou ao nosso dia-a-dia. Agora já chegamos a 12 dias da greve da Polícia Militar do Espírito Santo e ainda não parece visível uma solução adequada para o conflito. A bomba também está armada no quebrado estado do Rio de Janeiro, onde os salários da Polícia Militar e demais servidores estaduais estão atrasados. No Rio Grande do Norte também cresce a mobilização diante de grande descontentamento com os governantes.
E se a coisa chegar a Minas Gerais? O que faremos e o que será de nós? O Governo do estado garante que tudo está na mais santa paz. Mas, e se vier o pior? Diante de tudo que está acontecendo muitos se sentirão no direito de ter um pré pânico só de imaginar uma situação sem policiamento nas ruas, que já não é nenhum primor. Tenho ouvido muita gente dizendo que estamos caminhando para o fim do mundo e outros dizendo que o mundo já acabou, pelo menos para eles.
Que estratégias adotar diante de uma situação como essa? Seria melhor aplicar a “Lei de Murici” ao dizer que cada um deve cuidar de si ou reclamar e denunciar os inertes governantes e poderes constituídos que, aliás, em sua imensa maioria, sabem cuidar muito bem de si próprios?
Fico imaginando também como chegaremos à Quarta-feira de Cinzas após o encerramento do Carnaval oficial de Belo Horizonte, que começou no sábado 11 de fevereiro projetando a presença de 3 milhões de pessoas nas ruas. Será que a civilização prevalecerá? Apesar do pessimismo e da preocupação com a segurança, será que perceberemos o mesmo que o compositor baiano Assis Valente narrou em 1938 em sua música E o mundo não se acabou? Sugiro a escuta da canção na voz de Carmem Miranda.
E o mundo não se acabou Fonte: Letras.mus.br Anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar Por causa disso a minha gente lá de casa começou a rezar E até disseram que o sol ia nascer antes da madrugada Por causa disso nessa noite lá no morro não se fez batucada Anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar Por causa disso a minha gente lá de casa começou a rezar E até disseram que o sol ia nascer antes da madrugada Por causa disso nessa noite lá no morro não se fez batucada Acreditei nessa conversa mole Pensei que o mundo ia se acabar E fui tratando de me despedir E sem demora fui tratando de aproveitar Beijei na boca de quem não devia Peguei na mão de quem não conhecia Dancei um samba em traje de maiô E o tal do mundo não se acabou Anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar Por causa disso a minha gente lá de casa começou a rezar E até disseram que o sol ia nascer antes da madrugada Por causa disso nessa noite lá no morro não se fez batucada Chamei um gajo com quem não me dava E perdoei a sua ingratidão E festejando o acontecimento Gastei com ele mais de quinhentão Agora eu soube que o gajo anda Dizendo coisa que não se passou Ih, vai ter barulho e vai ter confusão Porque o mundo não se acabou Anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar Por causa disso a minha gente lá de casa começou a rezar E até disseram que o sol ia nascer antes da madrugada Por causa disso nessa noite lá no morro nem se fez batucada