A paz

por Luis Borges 2 de janeiro de 2017   Música na conjuntura

O Dia Mundial da Paz acontece todo dia 1º de janeiro desde 1968, ano em que o mundo inteiro era marcado pela Guerra Fria e pela corrida armamentista. De lá para cá foram muitos os acontecimentos que perturbaram ou acabaram com a paz em diferentes modos e níveis. Por outro lado, podemos olhar a paz por diversos ângulos, desde a quietude individual até as grandes guerras civis que sacodem atualmente diversos países e também passar pelas gritantes desigualdades sociais que tiram a paz da vida de tantas pessoas e comunidades. Se a justiça deve preceder a paz, quem está disposto a mudar de postura para contribuir na grande solução que poderá levar ao reequilíbrio da humanidade?

Como tudo começa com a gente, ainda que de maneira incipiente, que tal refletir e pensar em algum tipo de ação que dependa só de nós ouvindo a música A paz na voz do cantor Gilberto Gil, que a compôs em parceria com João Donato?

A Paz
Fonte: Letras.mus.br

A paz invadiu o meu coração
De repente, me encheu de paz
Como se o vento de um tufão
Arrancasse meus pés do chão
Onde eu já não me enterro mais

A paz fez um mar da revolução
Invadir meu destino; A paz
Como aquela grande explosão
Uma bomba sobre o Japão
Fez nascer o Japão da paz

Eu pensei em mim
Eu pensei em ti
Eu chorei por nós
Que contradição
Só a guerra faz
Nosso amor em paz

Eu vim
Vim parar na beira do cais
Onde a estrada chegou ao fim
Onde o fim da tarde é lilás
Onde o mar arrebenta em mim
O lamento de tantos "ais"
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Natal das crianças

por Luis Borges 25 de dezembro de 2016   Música na conjuntura

Desde que o Observação & Análise existe tenho postado nessa época do ano uma música alusiva ao Natal, sempre acompanhada de uma pequena reflexão.

Neste ano em que tudo está mais difícil para nós, até tive alguns dias atrás a sensação de que nem haveria Natal. Eu não sentia o clima da festividade contagiando a sociedade como um todo e nem o microclima familiar. A ruindade e a chatice de certos aspectos da vida no país acabaram prevalecendo e tirando muito da nossa energia.

Porém, como sou um realista esperançoso, sinto que o clima do Natal finalmente chegou. Também, pudera: se demorasse mais um pouquinho a data passaria em branco.

Todavia como às vezes não é tarefa fácil planejar com os adultos um Natal para ser passado em família, ainda que a tradição diga que o Natal é com a família, sugiro que voltemos por alguns instantes aos nossos tempos de criança. Parece que as coisas eram mais fáceis e que havia menos proprietários da verdade. Nesse sentido é interessante ouvir e até mesmo cantar a música Natal das Crianças na voz do cantor Blecaute que a compôs em 1955.

Um Feliz Natal a todos os leitores.

Natal das crianças
Fonte: Letras.mus.br

Natal, natal das crianças, natal de noite de luz
Natal da estrela guia, natal do Menino Jesus
Natal, Natal das crianças, natal da noite de luz
Natal da estrela guia, natal do Menino Jesus
Blim, blom, blim, blom, blim blom
Bate o sino na matriz, papai, mamães rezando
Pra o mundo ser feliz
Blim blom, blim blom, blim blom
O Papai Noel chegou, tambem trazendo presente
Pra vovó e vovô
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Novo tempo

por Luis Borges 11 de dezembro de 2016   Música na conjuntura

O advento é o período preparatório para a chegada do Natal marcado pelas expectativas em torno de um novo tempo que virá. Fico pensando também nos rumos que o país tomará diante de tantos sinais a nos indicar que a entropia está aumentando, ou seja, cresce a desagregação entre as partes envolvidas.

Fica evidente a falência múltipla dos órgãos do sistema político, apesar do autismo dos representantes que teimam em desconhecer que seus representados já não suportam mais as suas práticas cada vez mais caras e danosas ao país. Apesar do discurso de que as instituições estão funcionando e garantindo plenitude à democracia, o que se vê é o confronto entre os conceitualmente independentes e harmoniosos três poderes.

A situação pode ser ilustrada pelos mais recentes episódios envolvendo Senado Federal, Supremo Tribunal Federal e a Força Tarefa da Operação Lava Jato. A crise política se aguça cada vez mais, embalada por variáveis que envolvem a manutenção do poder, a defesa de supersalários que desrespeitam a lei e as consequências trazidas pelo desnudamento da tecnologia da corrupção largamente praticada país afora. Enquanto isso lá se vão 7 meses após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e o que mais se ouve do vice que a sucedeu é um pedido para que a população tenha paciência para esperar acontecer o fim da recessão econômica. Aliás, a cada mês que passa, a sensação que fica é que isso ainda vai demorar e, quando vier, será com números bem tímidos.

Diante dessas percepções e com muitas expectativas em relação aos impactos e desdobramentos que tudo isso tem e terá para o posicionamento e atuação da sociedade brasileira – já bastante dividida entre insatisfeitos, intolerantes, proprietários da verdade, maniqueístas e crescentes posturas pouco civilizadas -o que esperar ao final de uma primavera brasileira?

Para facilitar um pouco a nossa reflexão e compreensão do momento, sugiro a música Novo Tempo, composta por Ivan Lins e seu parceiro Vítor Martins em 1980. Lá se vão 36 anos e ela continua a nos instigar.

Novo Tempo
Fonte: Letras.mus.br

No novo tempo, apesar dos castigos
Estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
Da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta
Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver
Pra que nossa esperança seja mais que a vingança
Seja sempre um caminho que se deixa de herança
No novo tempo, apesar dos castigos
De toda fadiga, de toda injustiça, estamos na briga
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
De todos os pecados, de todos enganos, estamos marcados
Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver
No novo tempo, apesar dos castigos
Estamos em cena, estamos nas ruas, quebrando as algemas
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
A gente se encontra cantando na praça, fazendo pirraça
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Por debaixo dos panos

por Luis Borges 12 de outubro de 2016   Música na conjuntura

O 12 de outubro é um feriado nacional no qual se comemora o dia de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, a padroeira do Brasil, um país laico. Padroeira é aquela que protege e defende, mas é interessante pensar sobre o quanto a nação ainda precisa de proteção. Afinal de contas o conjunto de valores que regula de forma fundamentada as relações sociais ainda guarda distância entre o regulamentado e o praticado. As consequências das inobservâncias também nem sempre levam à punições, o que acaba sendo um prêmio. Diante de tudo que o país vem passando e enfrentando, o que pensar nesse momento sobre as velhas e piores práticas do faz de conta e da traição silenciosa para fazer prevalecer interesses inconfessáveis?

É claro que o processo histórico é lento e exige muita paciência em função do tempo que escoa. Mas será que já é possível se perceber alguma mudancinha, por menor que seja, por parte daqueles que vivem acostumados com a certeza da impunidade para todos os seus delitos?

Será que a música Por debaixo dos panos já começa a perder seu sentido ou está mais presente do que nunca em nossa cultura? Ainda que só como lembrança e reflexão sem dor, que tal ouvir na voz de Ney Matogrosso a letra feita por Antônio Barros e Cecéu?

Por debaixo dos panos
Fonte: Letras.mus.br

O que a gente faz
É por debaixo dos pano
Prá ninguém saber
É por debaixo dos pano
Se eu ganho mais
É por debaixo dos pano
Ou se vou perder
É por debaixo dos pano...(2x)

É debaixo dos pano
Que a gente não tem medo
Pode guardar segredo
De tudo que se vê
É debaixo dos pano
Que a gente fala do fulano
E diz o que convém...
É debaixo dos pano
Que eu me afogo
Que eu me dano
Sem perder o bem...(2x)

O que a gente faz
É por debaixo dos pano
Prá ninguém saber
É por debaixo dos pano
Se eu ganho mais
É por debaixo dos pano
Ou se vou perder
É por debaixo dos pano...(2x)

É debaixo dos pano
Que a gente esconde tudo
E não se fica mudo
E tudo quer fazer
É debaixo dos pano
Que a gente comete um engano
Sem ninguém saber...

É debaixo dos pano
Que a gente
Entra pelo cano
Sem ninguém ver...(2x)

O que a gente faz
É por debaixo dos pano
Prá ninguém saber
É por debaixo dos pano
Se eu ganho mais
É por debaixo dos pano
Prá ninguém saber
É por debaixo dos pano
O que a gente faz
É por debaixo dos pano
Prá ninguém saber
É por debaixo dos pano
Se eu ganho mais
É por debaixo dos pano
Ou se vou perder
É por debaixo dos pano...

É debaixo dos pano
Que a gente esconde tudo
E não se fica mudo
E tudo quer fazer
É debaixo dos pano
Que a gente comete um engano
Sem ninguém saber...

É debaixo dos pano
Que a gente
Entra pelo cano
Sem ninguém ver...(2x)

 

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Primavera nos dentes

por Luis Borges 21 de setembro de 2016   Música na conjuntura

A Primavera começa oficialmente nesta quinta-feira, 22 de setembro, às 11 horas e 21 minutos, hora de Brasília. Ela chega precedida por um final de Inverno muito quente em Belo Horizonte, com temperaturas de até 33ºC, além de queimadas abundantes, baixa umidade relativa do ar, ventanias e mínimas gotículas de chuvas.

A Primavera é a estação do ano de que mais gosto, mesmo diante de tantas mudanças climáticas. Tenho a expectativa do rebrotar das plantas e da presença marcante das flores, contribuindo para a melhoria do astral. Por outro lado, é com muito realismo, pragmatismo, esperança e alguma poesia que entro na nova estação, sem ingenuidade perante a luta de classes que também floresce. Os problemas transbordam e a árvore da sabedoria não é a que hegemoniza a floresta.

As primeiras flores já aparecem. | Foto: Maria Cristina Borges

As primeiras flores já aparecem. | Foto: Maria Cristina Borges

Continuam preocupantes os níveis de insatisfação e intolerância de uma sociedade na qual os grupos que disputam o poder não conseguem resolver a crise em que jogaram o país. Longe do maniqueísmo, que só vê os que são “contra” ou “a favor” de determinadas proposições, existem os que não se sentem representados pelo que está aí. Uma boa demonstração disso poderá ser medida nas eleições municipais desta Primavera, diante da estimativa feita por diversos comentaristas políticos de que 35% dos eleitores devem votar nulo, branco ou se abster de comparecer às urnas.

Enquanto as chuvas não chegam e o conformismo segura um grito mais alto das ruas, só nos resta a paciência histórica de quem nunca se sente vencido na busca inteligente das transformações necessárias para que todos possam realmente viver melhor.

Muitas são as músicas brasileiras que abordam ou enaltecem a Primavera. Para este ano sugiro a escuta de Primavera nos dentes, de autoria de João Ricardo e João Apolinário, cantada pelo grupo Secos e Molhados, que contava com Ney Matogrosso nos vocais.

Primavera nos dentes
Fonte: Letras.mus.br

Quem tem consciência para ter coragem
Quem tem a força de saber que existe
E no centro da própria engrenagem
Inventa a contra-mola que resiste

Quem não vacila mesmo derrotado
Quem já perdido nunca desespera
E envolto em tempestade decepado
Entre os dentes segura a primavera
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Que trabalho é esse?

por Luis Borges 8 de setembro de 2016   Música na conjuntura

A Reforma Trabalhista está entrando com força na pauta, apresentada como mais uma das medidas salvadoras na busca do reequilíbrio das combalidas contas públicas. Ela contracenará com a tão falada Reforma da Previdência Social. Essas duas reformas estão sendo tratadas como as soluções para todos os erros e males que afetam o capitalismo brasileiro, agora em seu segundo ano de recessão econômica.

Diante de diagnósticos que nem sempre são feitos com a necessária amplitude e consistência metodológica, verifica-se a prevalência de muitos prognósticos alarmistas e a veiculação de diversas proposições de medidas para solucionar os problemas com a cara dos tecnocratas que as formulam.

Como parte dessa Reforma Trabalhista, que deve chegar ao Congresso em setembro, surgiu a proposição de dois novos tipos de contrato de trabalho. São o “contrato parcial” e o “contrato intermitente”, cujas jornadas de trabalho semanais serão menores que as 44 horas atualmente em vigor. Segundo a proposta, o “contrato parcial” terá a jornada de trabalho previamente definida em dias e horas. Um bom exemplo ilustrativo poderia ser o trabalho num bar nos finais de semana, propício para quem precisa complementar renda ou mesmo para quem procura uma primeira oportunidade de trabalho e, é claro, para quem está literalmente desempregado.

Já o “contrato intermitente” permitirá ao contratante acionar o empregado conforme suas necessidades específicas em variados dias do mês. Poderia ser adequado, por exemplo, a uma empresa de eventos, que contrata seus atendentes e garçons em função dos contratos fechados, que variam ao longo da semana e do mês. Mas, na verdade, não sei se os tecnocratas consideraram em seus estudos que boa parte desse tipo de contratação é feita atualmente na informalidade.

Enquanto a sereia canta, embalada por 11,8 milhões de pessoas desocupadas segundo dados do IBGE, e muitos economistas projetam uma retomada das contratações lá pelo meio do ano que vem, muitas ainda serão as discussões e proposições no sentido de mostrar a viabilidade desses tipos de contratos. Mas tudo pode ser acompanhado pela voz de Paulinho da Viola na música Que trabalho é esse?, de autoria de Zorba Devagar e Micau.

Que trabalho é esse?
Fonte: Letras.mus.br

Que Trabalho é Esse?

Que trabalho é esse
Que mandaram me chamar
Se for pra carregar pedra
Não adianta, eu não vou lá

Quando chego no trabalho
O patrão vem com aquela história
Que o serviço não está rendendo
Eu peço minhas contas e vou-m'embora
Quando falo no aumento
Ele sempre diz que não é hora

Veja só meu companheiro
A vida de um trabalhador
Trabalhar por tão pouco dinheiro
Não é mole, não senhor
Pra viver dessa maneira
Eu prefiro ficar como estou

Todo dia tudo aumenta
Ninguém pode viver de ilusão
Assim eu não posso ficar, meu compadre
Esperando meu patrão
E a família lá casa sem arroz e sem feijão
Como é que fica!

É mestre(?) Madeira(???)
Só ficou faltando você
E aquele Adolfo
E aquele sapateado
E aquele sorriso, né?
Mas não tem nada, não...
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Você me abandonou

por Luis Borges 22 de agosto de 2016   Música na conjuntura

A campanha eleitoral oficial, com duração de 45 dias, está em andamento para os candidatos a prefeito e vereador das cidades brasileiras. Algumas mudanças nas regras do jogo – como a proibição do financiamento privado das campanhas dos candidatos e a redução do tempo de exposição das propostas aos eleitores – podem até nos dar a sensação de inovação. Mas em quem acreditar nessa altura da combalida democracia representativa, quando já prevalece em boa parte da população a anomia, a perda de identidade com o que aí está?

Tomando como referência a cidade de Belo Horizonte podemos tentar nos lembrar das eleições municipais de 2012 e avaliar os resultados – positivos e negativos – alcançados pelos eleitos para prefeito, vice-prefeito e vereadores.

Se olharmos só para os atuais 11 candidatos a prefeito veremos que cinco deles são deputados federais, dois são deputados estaduais e um é vice-prefeito e ex-deputado estadual . Além disso, uma deputada federal e um deputado estadual são candidatos a vice-prefeito. Vale a pena repetir a pergunta feita pelo repórter Eduardo Costa, da Rádio Itatiaia: o que cada candidato fez pela cidade de Belo Horizonte durante o exercício de seu mandato? Eu também gostaria de conhecer o diagnóstico e o prognóstico que fazem para a cidade, além de saber se eles já estudaram a Lei Orgânica do Município e se já estudaram a Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2017, primeiro ano do mandato de quem for eleito.

Como geralmente a maioria dos candidatos só aparece em tempos de eleição, de dois em dois ou de quatro em quatro anos, só falta agora alguém aparecer falando em fidelidade, em compromissos que raramente serão cumpridos mas sempre lembrados nessas ocasiões.

Por isso continua sempre atual e facilmente aplicável a música Você me abandonou, de autoria de Alberto Lonato, que você ouve abaixo na interpretação da Velha Guarda da Portela. Mudar o que precisa ser mudado depende só de nós.

Você me abandonou
Fonte: Letras.mus.br

Você me abandonou 
Ô ô eu não vou chorar
Mas hei de me vingar
Não vou te ferir
Eu não vou te envenenar
O castigo que eu vou te dar é o desprezo 
Eu te mato devagar
O desprezo é uma arma perigosa
É pior do que uma seta venenosa 
O desprezo para quem sabe sentir
Muitas vezes faz chorar
Outras vezes faz sorrir
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Aprendendo a jogar

por Luis Borges 17 de agosto de 2016   Música na conjuntura

A vida de cada ser humano é um sistema formado por diversos e variados processos, que nutrem a aprendizagem desigual e combinada que promove o crescimento de cada um. Um dos processos que exige muita atenção de seus participantes é o político-partidário, que cada vez mais transforma-se num jogo para profissionais. Nele vale tudo na busca pelo poder, os meios justificam os fins e o feio é perder a eleição. Mas para isso é preciso aprender a jogar e aperfeiçoar o jogo o tempo todo, sabendo-se que a traição é parte integrante desse processo.

O caso ocorrido dia 5 de agosto em Belo Horizonte, quando o Partido Socialista Brasileiro (PSB) jogou ao vento o seu pré-candidato a prefeito da cidade e foi se coligar com o Partido Social Democrático (PSD) ocupando a vaga de vice-prefeito me fez lembrar um fato histórico que possui um grau de semelhança.

Nas eleições para Presidente da República no ano de 1950, Cristiano Machado lançou-se candidato pelo PSD, mas seu partido acabou apoiando Getúlio Vargas, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Assim, Cristiano Machado ficou em terceiro lugar na disputa, com 21,49% dos votos válidos, enquanto Getúlio Vargas venceu as eleições com 48,73% dos votos e Eduardo Gomes, da União Democrática Nacional (UDN), ficou em segundo lugar com 29,66%.

A persistência de Cristiano Machado em se candidatar mesmo sem o apoio da maioria esmagadora dos membros do PSD gerou o termo “cristianização”, que representa o que ocorreu com ele e com diversas outras pessoas nos anos subsequentes nos partidos políticos brasileiros.

Aprender com os erros dos outros é bem melhor do que com os nossos próprios erros, mas que é preciso “aprender a jogar” não tenho dúvidas. Melhor ainda cantarolando com Elis Regina a música de Guilherme Arantes.

Aprendendo a jogar
Fonte: Letras.mus.br 

Vivendo e aprendendo a jogar
Vivendo e aprendendo a jogar
Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo
Mas aprendendo a jogar

Água mole em pedra dura
Mais vale que dois voando
Se eu nascesse assim pra lua
Não estaria trabalhando

Mas em casa de ferreiro
Quem com ferro se fere é bobo
Cria fama, deita na cama
Quero ver o berreiro na hora do lobo

Quem tem amigo cachorro
Quer sarna pra se coçar
Boca fechada não entra besouro
Macaco que muito pula, quer dançar
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Tatuagem

por Luis Borges 25 de julho de 2016   Música na conjuntura

O Senado Federal está fazendo uma consulta pública sobre o Projeto de Lei 350/2014, de autoria da Senadora Lúcia Vânia (PSB-GO). Esse Projeto altera a Lei do Ato Médico, que dispõe sobre o exercício da Medicina, para modificar e aumentar as atividades privativas de médicos. O que está causando mais polêmica é a parte do texto prevendo que apenas médicos sejam aptos a fazer qualquer invasão da epiderme e da derme com o uso de produtos químicos ou abrasivos. Também se torna ato privativo dos médicos a invasão da pele atingindo o tecido subcutâneo para injeção, sucção, punção, insuflação, drenagem, instilação ou enxertia, com ou sem o uso de agentes químicos ou físicos.

Uma das interpretações decorrentes do texto é de que os profissionais de tatuagem não mais poderiam atuar se a lei fosse aprovada. A atividade de tatuar passaria a ser privativa dos médicos ou deveria ser assistida por um deles. A reação dos profissionais da tatuagem foi imediata, pois eles se consideram artistas na arte de tatuar enquanto os médicos seriam apenas detentores de conhecimento técnico específico.

Até hoje, 25 de julho, a consulta online feita pelo Senado registra 111.580 votos contrários à aprovação do PL e 75.922 a favor.

Enquanto a mobilização das categorias profissionais atingidas aumenta o debate, que tal ouvir a música Tatuagem, de Chico Buarque de Holanda e Ruy Guerra?

Tatuagem
Fonte: Site Chico Buarque

Quero ficar no teu corpo feito tatuagem
Que é pra te dar coragem
Pra seguir viagem
Quando a noite vem
E também pra me perpetuar em tua escrava
Que você pega, esfrega, nega
Mas não lava

Quero brincar no teu corpo feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem
E nos músculos exaustos do teu braço
Repousar frouxa, murcha, farta
Morta de cansaço

Quero pesar feito cruz nas tuas costas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas
Quando a noite vem
Quero ser a cicatriz risonha e corrosiva
Marcada a frio, a ferro e fogo
Em carne viva

Corações de mãe
Arpões, sereias e serpentes
Que te rabiscam o corpo todo
Mas não sentes.
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Desde agosto de 2010 a inflação dos últimos 12 meses não atinge a meta de 4,5% ao ano, definida para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) medido pelo IBGE.

Diante da incapacidade de combater a inflação, só resta ao Governo Federal apresentar justificativas, manifestar otimismo para o futuro e, de quebra, arrumar um culpado para simbolizar com bastante evidência a principal causa da subida dos preços no momento.

Já foi assim com o chuchu, o tomate, a cebola e a cenoura. Agora a bola da vez é o feijão, seja ele carioquinha, roxinho ou preto. É fácil encontrá-los em Belo Horizonte por até R$16,00 o quilo. Mas por que o preço subiu tanto já que o mercado é regido pela lei da oferta e da procura? O Ministério da Agricultura se apressa em mostrar que a safra foi menor no estado do Paraná, o maior produtor, e no Mato Grosso. As causas são atribuídas ao clima, pois no começo do ano choveu muito, agora chove pouco e tem frio com geada.

A proposta do Governo Federal é suspender o imposto de 10% incidente sobre as importações durante 3 meses e buscar o feijão na Argentina, Paraguai e Bolívia. Quem sabe até no México e na China se ambos atenderem às exigências sanitárias. Até a importação direta pelas grandes redes de supermercados foi sugerida. E os atravessadores, como ficarão nessa?

Enquanto isso os produtores de feijão em Minas Gerais são contrários à importação, pois o estado tem produção. De uma forma ou de outra, o consumidor paga pela escassez e a carestia aumenta com o poder aquisitivo em queda livre.

O jeito é pelo menos ouvir e cantar a música O preto que satisfaz composta por Luiz Gonzaga Júnior, o Gonzaguinha, em 1979 e que foi tema da novela “Feijão Maravilha”, da Rede Globo de Televisão.

O preto que satisfaz
Fonte: Letras.mus.br

Dez entre dez brasileiros preferem feijão
Esse sabor bem brasil
Verdadeiro fator de união da família
Esse sabor de aventura
Famoso pretão maravilha
Faz mais feliz a mamãe, o papai
O filhinho e a filha

Dez entre dez brasileiros elegem feijão!
Puro, com pão, com arroz
Com farinha ou macararrão
Macarrão, macarrão!
E nessas horas que esquecem dos seus preconceitos
Gritam que esse crioulo
É um velho amigo do peito

Feijão tem gosto de festa
É melhor e mal não faz
Ontem, hoje, sempre
Feijão, feijão, feijão
O preto que satisfaz!...
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