Curtas e Curtinhas

por Luis Borges 14 de junho de 2023   Curtas e curtinhas

Aumento de preços de planos de saúde

A Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS autorizou um aumento de até 9,63% nos preços dos planos de saúde individuais e familiares para vigorar retroativamente a partir de 1º de maio. No período de 12 meses entre maio/22 a abril/23, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA do IBGE foi de 4,18% e os assalariados terão que negociar muito para repor esse índice em seus salários.

Segundo a ANS, atualmente existem no Brasil 50,6 milhões de consumidores de planos de saúde, dos quais 8,9 milhões (17,5%) são de planos individuais e familiares.

Já a Associação Brasileira dos planos de saúde – Abramge queria um aumento bem maior por causa da inflação médica e perdas acumuladas em exercícios anteriores, mesmo com o aumento de 15,5% nos preços do ano passado.

Vale lembrar que os preços dos planos de saúde coletivos e empresariais são negociados diretamente com as operadoras, sem a participação da ANS.

Como se vê, é preciso lutar permanentemente pelo fortalecimento do Sistema Único de Saúde – SUS, pois os preços dos planos de saúde privados cada vez cabem menos no orçamento das pessoas e suas famílias.

Segundo o artigo 196 da Constituição Brasileira, “a saúde é um direito de todos e dever do Estado”.

Argentina aceitará PIX para receber pagamentos de brasileiros

Uma Fintech é um tipo de empresa que fornece serviços financeiros através da tecnologia. Nesse sentido, a fintech norte-americana Fiserv vai disponibilizar aos comerciantes da Argentina pagamentos através do Pix nas compras feitas em suas lojas. Essa possibilidade trará uma facilidade aos brasileiros, pois eles não precisarão ir às casas de câmbio locais para efetuar a compra de dólares ou pesos argentinos.

As operações serão realizadas por meio do QR code, com a geração de valores a serem pagos em reais. Já estarão embutidas no momento da compra a conversão cambial e a taxa de Imposto sobre Operações Financeiras – IOF incidentes.

Como podemos constatar, o PIX continua avançando cada vez mais no mercado de transações financeiras. Brevemente, pelo visto, quem não tiver PIX ficará fora do jogo.

Um Selo Nacional para a Desjudicialização

Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça – CNJ, existem 78 milhões de processos em andamento no país, o que só encarece o custo do poder Judiciário, que nesse ano consumirá R$ 101 bilhões do Orçamento da União.

É grande a busca da judicialização para resolver conflitos. Em 2021, foram iniciados quase 28 milhões de novos processos judiciais, enquanto outros 27 milhões foram encerrados. Assim, a Ordem dos Advogados do Brasil – OAB deverá lançar o Selo Nacional de Desjudicialização para empresas, fintechs jurídicas e órgãos públicos que investirem na busca de acordos e mediações para solucionar conflitos. Isso será uma boa maneira para se evitar a morosidade da justiça e dará mais velocidade para a solução de conflitos conforme as premissas da mediação.

Os 10 anos das manifestações de junho de 2013 no Brasil

Tudo começou com questionamentos sobre o aumento de R$ 0,20 nos preços das passagens no transporte coletivo por ônibus na cidade de São Paulo. O movimento se alastrou pelo país, impulsionado pela insatisfação com políticos partidários, a corrupção, o desempenho da economia…

Em junho de 2013, a inflação dos últimos 12 meses medida pelo IPCA estava em 6,5% e o Produto Interno Bruto – PIB fechou o ano com um crescimento de 3%.

Ao longo desses 10 anos, tivemos o questionamento, pelo candidato perdedor, do resultado da eleição presidencial de 2014, a recessão econômica de 2015/16, o impedimento da Presidente da República acusada de cometer pedaladas fiscais, a criação do teto de gastos públicos em 2016, a prisão do ex-presidente Lula, que ficou impedido de disputar a eleição de 2018, a pandemia da Covid-19, o pífio crescimento da economia (em torno de 1% ao ano), as polarizadas eleições de 2022, os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, o início do terceiro mandato de Lula na Presidência da República…

Agora, a Fundação Getúlio Vargas – FGV mostra em suas projeções, num cenário otimista, que somente em 2027 o Brasil voltará ao patamar econômico de 2013, ou seja, 14 anos depois.

A conferir.

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Curtas e Curtinhas

por Luis Borges 31 de maio de 2023   Curtas e curtinhas

Bulas de medicamentos só no QR Code?

A bula é um impresso que acompanha um medicamento e contém informações sobre a sua composição, utilidade, posologias e as suas contraindicações, segundo o dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. Agora a indústria farmacêutica quer propor à Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa a substituição da bula impressa pela leitura no QR Code. A justificativa está na sustentabilidade ambiental e na economia de papel e demais insumos gastos na impressão, além de proporcionar a ampliação da quantidade de informações à disposição do consumidor.

Se a proposta for aprovada, será que aumentará o número de leitores de bulas de medicamentos? Aumentará a quantidade de vendas de dispositivos tecnológicos – celular para dar acesso a bula digital?

A conferir.

É popular um carro com preço de R$ 60.000,00?

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços – MDIC anunciou no dia da indústria (26 de maio) algumas medidas para reduzir os preços dos automóveis que estão na faixa de R$ 69.000,00 a R$ 120.000,00. A redução variará de 10,79% a 1,5% com incidência no Imposto sobre produtos industrializados – IPI, Programa de integração social – PIS e a Contribuição para o financiamento da seguridade social – Cofins. Assim, o carro popular mais barato, que terá o maior desconto, custará em torno de R$ 60.000.

Será esse preço compatível com os baixos salários recebidos pela maioria da população economicamente ativa? Qual será a taxa de juros para a compra financiada? Onde o Governo Federal vai encontrar recursos financeiros para compensar a redução dos tributos prometidos?

Pelo visto até agora, tudo vai ser bom para a indústria automobilística, que precisa desovar os estoques de suas unidades e não terão nenhum compromisso com o aumento de contratação de mão de obra ou substituição de combustíveis fosseis. Também vale lembrar que esse programa é temporário e poderá vigorar de 1 a 2 anos. Até meados de junho deverão ser divulgadas todas as regras nesse programa do novo carro popular.

As dívidas dos pequenos negócios

A segunda pesquisa Pulso dos Pequenos Negócios, feita por uma parceria do Sebrae com o IBGE, na última semana de janeiro mostrou que seis em cada dez microempresários afirmam que empenham mais de 30% das receitas com despesas financeiras. Já os pequenos e médios empresários informaram que operam com 30% de seu caixa comprometido para pagar dívidas ou juros por causa de prestações atrasadas.

Nesse cenário, muitos proprietários de pequenos negócios estão fugindo de empréstimos bancários, conforme disseram 73% dos entrevistados na pesquisa. Mas os bancos também estão deixando de emprestar dinheiro por causa da inadimplência. O levantamento mostrou que apenas quatro em cada dez pequenos empresários conseguiram aprovação para novos empréstimos solicitados.

Como sabemos, a maioria das empresas brasileiras são de micro, pequeno e médio portes e também são as que mais geram trabalho. É claro que elas precisam de planejamento, orçamento e gestão permanente em seus negócios para se manter nesse mercado cada vez mais desafiador.

É a dor e a delícia para quem quer ter o próprio negócio!

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Curtas e Curtinhas

por Luis Borges 23 de maio de 2023   Curtas e curtinhas

Unimed-Rio é líder no Índice Geral de Reclamações da ANS 

A Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS divulgou a lista dos planos de saúde pior avaliados em seu Índice Geral de Reclamações – IGR do mês de abril/2023. A Unimed-Rio, cooperativa de trabalho médico, lidera o ranking pelo sexto mês consecutivo. Em 2º lugar está a Associação de Beneficência e Filantropia São Cristovão, em 3º a Notre Dame Intermédica e em 4º o Bradesco Saúde. Esses dois últimos possuem o dobro de clientes da Unimed-Rio.

Enquanto as reclamações não param de chegar a ANS, os clientes prosseguem inquietos na expectativa do aumento dos preços dos planos de saúde, previsto para ser divulgado em junho. Quantos e quais mesmo assim prosseguirão diante da crescente perda do poder aquisitivo?

Viva o SUS!

Como ficarão os preços da gasolina, óleo diesel e gás de cozinha a partir de junho? 

A Petrobras modificou a sua política de preços dos combustíveis, no início da segunda quinzena de maio, e eles começaram a cair um pouco. Por outro lado, a partir de junho será concluída a reoneração com o acréscimo da segunda metade do ICMS, que voltou a ser cobrado a partir de março pelos estados. Em julho, será retomada a cobrança do PIS/Cofins, que é um tributo Federal. Vale lembrar, ano passado houve deflação nos meses de julho, agosto e setembro após a desoneração dos impostos no período eleitoral. As projeções do Boletim Focus do Banco Central mostram que a inflação medida pelo IPCA do IBGE ficará em torno de 6% nesse ano, bem distante da meta de 3,25%.

Subsídio municipal para o transporte coletivo por ônibus em Belo Horizonte  

Desde o dia 23 de abril está em vigor o aumento de 33% nos preços das passagens para o transporte coletivo por ônibus em Belo Horizonte. A passagem mais usada passou de R$4,50 para R$6,00, enquanto o sindicato das empresas concessionárias dos serviços queriam R$6,90. Após muitas discussões entre a Prefeitura Municipal, a Câmara de Vereadores e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte – SetraBH, chegou-se a uma proposta de subsídios municipais no valor de R$ 512 milhões na reunião no dia 18 de maio, para que voltem a vigorar os preços anteriores.

Durante as negociações os empresários do setor propuseram que o subsídio fosse de R$ 740 milhões. Esse valor foi descartado pela Prefeitura e Câmara de Vereadores por falta de comprovação de sua necessidade. Para terem direito ao subsídio, as empresas concessionárias deveram atender aos requisitos de manutenção, limpeza e funcionamento do ar condicionado dentre outros, além de aumento de 10% na quilometragem rodada e colocar em operação 420 novos ônibus.

Enquanto a tramitação dessa proposta prossegue na Câmara de vereadores, a população continua padecendo com os novos preços que entraram em vigor há 1 mês. Cada dia com a sua agonia!

Câmara de Belo Horizonte terá mais 2 vereadores 

A população de Belo Horizonte elegerá, em outubro de 2024, mais 2 vereadores para a Câmara Municipal, que assim passará a ter 43 membros. O aumento foi aprovado por 40 dos atuais 41 vereadores – o presidente da Câmara não votou. Em função do que determina a lei, os municípios com população entre 2,4 e 3 milhões de habitantes podem ter no máximo 43 vereadores e, como atualmente Belo Horizonte tem 2,55 milhões, ficou óbvia a opção dos Edis pelo número máximo permitido.

O salário pago aos vereadores tem o nome de subsídio, conforme definido pela Constituição Federal.  O subsídio pago ao vereador é definido ao final de cada legislatura, com efeito para os quatro anos subsequentes. Na atual legislatura os vereadores recebem um subsídio mensal de R$ 18.402,02. Aos 41 vereadores é facultado contratar até 15 assessores parlamentares para apoio ao desenvolvimento de atividades institucionais e de mandato, além de um atendente parlamentar, um auxiliar legislativo e um chefe de gabinete parlamentar, totalizando, no máximo, 18 servidores contratados em cada gabinete.

Como se vê, poderemos ter até 38 novas ocupações diretas no mercado de trabalho, todas em prol da representação do povo de Belo Horizonte. Recursos financeiros ainda não faltam!

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Curtas e Curtinhas

por Luis Borges 16 de maio de 2023   Curtas e curtinhas

Transferências financeiras da União e Estados para os municípios

A Confederação Nacional dos Municípios – CNM publicou em seu portal os valores dos recursos financeiros repassados obrigatoriamente pela União (Governo Federal) e pelos Estados para os 5.570 municípios brasileiros. Se olharmos as transferências feitas para o município de Araxá no 1º quadrimestre desse ano, veremos que houve uma queda em relação ao mesmo período do ano passado.

Por exemplo, a Compensação Financeira pela Exploração Mineral – CFEM gerou R$ 1,701 milhão ante R$ 2,678 milhões no ano passado. Por outro lado, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica – Fundeb gerou R$ 21,807 milhões no quadrimestre perante R$23,237 milhões no mesmo período do ano anterior, enquanto o Fundo de Participação dos Municípios – FPM transferiu R$ 28,391 milhões no período ante R$ 25,805 milhões no ano passado. Já o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS trouxe receitas obrigatórias de R$ 63,077 milhões nesses 4 meses diante dos R$ 84,490 milhões do mesmo período do ano passado.

Essas 4 modalidades de transferências representam 99% do total recebido pelo município de Araxá no período e somaram R$ 114,978 milhões em 2023 e R$ 136,212 em 2022. Portanto, o município recebeu menos R$ 21,234 milhões na comparação do 1º quadrimestre desse ano com o igual período do ano passado. Sabemos que as despesas crescem, mas será que a arrecadação conseguirá acompanhar o ritmo na gestão do orçamento R$ 720 milhões no ano de 2023?

Abstenção em torno de 48% dos candidatos no último concurso do Banco do Brasil

No dia 23 de abril foi realizado um concurso para o preenchimento de 4.299 vagas no país inteiro, das quais 2.149 são para agente comercial – escriturário e 2.150 para agente de tecnologia – escriturário.

O salário inicial é de R$ 3.622,23 por uma jornada de 30 horas semanais, além de auxílio de R$ 1.014,42 para alimentação ou refeição, cesta-alimentação de R$ 799,38, auxílio-creche, participação nos lucros ou resultados, previdência complementar, plano de saúde, plano odontológico, auxílio a filho com deficiência e acesso a programas de educação e capacitação.

Aproximadamente 1,5 milhão de candidatos se inscreveram para o concurso, mas pouco mais de 700 mil não compareceram para fazer a prova o que significou uma abstenção em torno de 48%.

Vale lembrar que existem 9,2 milhões de desempregados no Brasil e cerca de 4,6 milhões de desalentados, desistiram de procurar trabalho, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua do IBGE no trimestre de janeiro a março deste ano.

Renda continua altamente concentrada

Termina no dia 31 de maio o prazo para a entrega da Declaração de Ajuste Anual do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física. Enquanto isso, a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil – Unafisco divulgou dados consolidados das declarações do ano passado mostrando a concentração da renda no topo da pirâmide salarial do país. O levantamento indica que o grupo de pessoas mais ricas do país, cerca de 1% da população, informou que recebeu salários mensais de ao menos R$ 26 mil e tem patrimônio superior a R$ 1 milhão, em média.

No topo dessa pirâmide estão 0,13% das pessoas, que declararam renda mensal acima de R$ 400 mil e bens no valor médio de R$ 78 milhões. Isso é o que demostrou o Unafisco. O restante fica por conta dos outros 99% que são obrigados a fazer a declaração.

É o que temos para o momento.

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Nascimento e Finitude

por Luis Borges 3 de maio de 2023   Pensata

Nasceu Helena no dia 25 de abril. Nesse mesmo dia, há 49 anos, aconteceu a Revolução dos Cravos em Portugal. Primeira filha de Lolô e Pedro, talvez a única para tempos como esses, é neta de Dizinha São José, dos Campos, lá no Estado de São Paulo. Enquanto escrevo ela já está no quarto dia após a luz. Por outro lado, eu que acompanhei a gravidez pelos informativos da avó materna, prima permanentemente querida, fiquei pensando também no fim do caminho, na finitude da vida, na luz que se encerra.

Simultaneamente, um turbilhão de coisas que precisam ser feitas vieram à tona como que a desafiar a gestão do tempo que segue passando. Aliás, tempo que corre como a água do rio ainda perene, mas que não voltará atrás. Se o que passou, passou mesmo, o que ainda falta exige priorização diante do bem cada vez mais escasso que é o próprio tempo. Obviamente que a ausência de critérios não pode ser o critério para definir prioridades. E se, por exemplo, a amplitude for reduzida com a antecipação da finitude diante de uma surpreendente, mas probabilística parada cardiorrespiratória?

A força cortante simplesmente corta e marca o fim de uma caminhada e simultaneamente acontece a passagem para outro plano, com ou sem velório do corpo inerte à espera de uma destinação. Pensando assim percebo como é difícil não só pensar sobre isso, com os próprios botões pensantes, ou mesmo conversar com outras pessoas sobre a finitude e a hora em que ela se dará e com qual nível de qualidade ainda estaremos vivendo. Muitas das vezes a conversa até se inicia, ganha alguns degraus na imaginação de possibilidades e, de repente, alguém sugere que se mude de assunto, pois pensar nisso dá até medo. E não é que o assunto é mudado mesmo!

Talvez alguns dos caros leitores estejam se perguntando por que estou abordando esse assunto agora. Provavelmente alguns até me perguntarão se estou deprimido ou preocupado por estar caminhando para o fim da década da idade marcada pelos anos que começam com 60. Digo com clareza que nenhuma das hipóteses é verdadeira. Meu ponto é provocar, estimular conversas, diálogos e percepções em torno da finitude da vida, inclusive nos encontros presenciais que às vezes até acontecem. Isso muitas vezes nos surpreende, mostrando o despreparo que temos para encarar de frente a realidade como ela se mostra. Que, pelo menos, não sejamos tão surpreendidos diante da sucessão de acontecimentos em variadas velocidades.

Tudo passa também pelo realismo diante das probabilidades sobre o que o futuro poderia vir a ser para nós todos, aí incluídos você e eu.

Mas de nada adiantará as expectativas pelo avanço das pesquisas sobre as células tronco ou da maciça presença da inteligência artificial na transformação digital do modo de ser de cada um de nós.

A finitude da vida é real, pelo menos como a conhecemos. Devemos pensar e agir também em função das variáveis dela advindas.

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Aplicando o senso da utilização

por Luis Borges 25 de abril de 2023   Pensata

No Brasil da década de 90, do século passado, estava em evidência no mundo dos negócios a implantação e implementação da Gestão pela Qualidade Total-GQT, ou seja, para todos os evolvidos nos processos.

Uma pergunta que sempre surgia era sobre como começar. Em muitos casos, tudo acontecia a partir do Programa 5S, com os sensos de utilização, arrumação (ordenação), limpeza, saúde e autodisciplina.

O primeiro senso, o da utilização, nos ensina a selecionar os bens que são usados com mais frequência e que, portanto, devem estar mais próximos. Por outro lado, os bens que não são mais usados e ficam ocupando espaço podem ser doados para quem esteja precisando ou simplesmente descartados num local apropriado. É uma forma de combater o desperdício e remover a energia parada no ambiente.

Isso que é proposto para o mundo dos negócios pode também ser aplicado no cotidiano de nossas residências. Afinal de contas, tudo começa com a gente.

Vou contar aqui um caso que envolve a prática do senso da utilização, inclusive para contrapor a acumulação crescente de bens e a necessidade de se encarar o desapego daquilo que não é mais útil. Muita gente guarda bens em casa na expectativa de que poderá precisar deles um dia, que geralmente quase nunca chega.

Uma advogada de 50 anos, casada, sem filhos, decidiu se mudar do apartamento em que mora há 15 anos. Aproveitou a ocasião para colocar em prática o senso da utilização e abriu mão de alguns móveis e artigos de decoração que não se adequariam no novo apartamento.

No caso das luminárias da sala conjugada com a copa, o interesse espontâneo da então vizinha de apartamento, esteticista, síndica do prédio, 45 anos, casada, duas filhas, facilitou a destinação dos bens.

Quase que imediatamente a síndica providenciou a desmontagem das luminárias e, agradecida, enfatizou que chegaram em boa hora.

A advogada mudou-se do prédio no sábado da mesma semana em que doou as luminárias. Mas logo na manhã da segunda-feira seguinte ela recebeu um telefonema da já ex-vizinha perguntando pela nota fiscal emitida quando da compra das luminárias. A advogada quis entender o porquê. A resposta foi imediata e justificadora. Disse que, mesmo tendo gostado muito das luminárias, resolveu vendê-las para sua irmã e queria ter uma base para estabelecer o preço de venda e as condições de pagamento. Aproveitou também para reclamar da falta de um pequeno componente numa das luminárias, o que poderia desvaloriza-la um pouco.

A advogada lamentou não ter condições de atender a ex-vizinha e despediu-se dela cordialmente, como é da sua natureza. Porém seguiu pensando na Lei de Murici, que preconiza que “cada um cuida de si”. E assim a humanidade prossegue em sua caminhada

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“A vida é arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida”, escreveram Baden Powell e Vinícius de Moraes na música Samba da Benção, lançada em 1967.

A lembrança dessa música veio à minha mente após me encontrar com um primo em três velórios consecutivos, de pessoas da família, num curto espaço de tempo – cinco meses. Após nos cumprimentarmos ainda nas proximidades da urna mortuária do Tio querido por todos, durante a última hora do velório, e ainda bem que cheguei a tempo, ele fez, em tom de exclamação, uma sincera constatação.

“Só estamos nos encontrando em velórios de pessoas da família. Precisamos nos encontrar mais em outros momentos e ambientes diferentes desses”.

Passados quase quatro meses da ocasião, ainda não foi possível marcar um encontro espontâneo, por iniciativa de um de nós. Será que outra pessoa terá que se finar para que nos encontremos novamente?

Fico pensando porque isso está acontecendo. Será que a ida a um velório para  participar do ritual de passagem de uma pessoa com quem temos algum laço de convivência é uma obrigação ou conveniência social?

Seremos vistos por quantas pessoas no tempo de permanência no local, ainda mais agora com os velórios tendo um tempo de duração bem menor? E quantas pessoas veremos antes que elas nos vejam?

Fico tentando entender as causas que nos levam a não priorizar na gestão do tempo os encontros presenciais com as pessoas que imaginamos serem nossas amigas. Prevalecem as omissões e o que precisamos é de atos. Infelizmente, faltam iniciativas que poderiam ser de mão dupla ou mesmo única para viabilizar um encontro presencial, cheio de calor humano.

Como todos se esquecem que as amizades precisam de manutenção e de polimento para se manterem disponíveis e serem usufruídas, só nos resta ter um querer maior para vencer a inércia que nos aprisiona.

Será que o encontro presencial aproveitou a pandemia da Covid-19 para quase acabar de vez? Muitas são as evidências de que ele estava minguando bem antes das medidas sanitárias adotadas.

Até quando prosseguiremos nessa toada? Para muitas pessoas é mais fácil reclamar, cobrar dos outros e se vitimizar. Só nos restará o caminho mais curto para a solidão, ancorada nos dispositivos tecnológicos, enquanto caminhamos rumo à finitude.

Ainda assim, acredito na possibilidade de mudanças diante da percepção da falta que sentimos de outras pessoas interagindo nos diferentes níveis do cotidiano.

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Moro em Belo Horizonte desde 1973, quando a população da cidade era de aproximadamente 1,24 milhão de habitantes. Agora, após 50 anos, chegou a 2,55 milhões, mas a área do município é a mesma: 331,3 km². Na grande BH, a área do município de Nova Lima é de 429,3 km², a de Sete Lagoas 536,9 km² e a de Esmeraldas 909,7 km², por exemplo. Ao longo desse tempo tenho percebido a transformação da cidade em seus diversos aspectos.

Meu ponto aqui é o adensamento urbano da cidade que deveria ser percebido pelos olhares mais atentos de todos, a começar pelos governantes.

Mesmo a cidade tendo um plano diretor, que está em processo de revisão na Câmara de Vereadores, muitas são as consequências do avanço dos empreendimentos imobiliários de todas as naturezas. Pensemos no pouco conhecido mapa acústico da cidade e o quanto ele vai sendo impactado, para pior, diante da transformação urbana.

Nesse sentido, vou contar a conversa que tive com um amigo, pelo telefone fixo, na semana passada. Em tom de desabafo ele falou sobre o que está ocorrendo numa pequena rua em que mora, num edifício construído há 5 décadas em um antigo e tradicional bairro da zona sul da cidade. Seu apartamento fica no andar térreo e tem 250 m², com área privativa. Os demais apartamentos ficam do 2º ao 5º andar, dois em cada, sendo que no último estão as coberturas.

Segundo o amigo, que é síndico do prédio há 5 anos, os moradores foram surpreendidos no início de março com a demolição de dois imóveis vizinhos do prédio. O primeiro, logo abaixo, era uma casa cuja proprietária aparecia por lá durante uma semana a cada estação do ano. Em seguida ficava um pequeno prédio de dois andares e quatro apartamentos cuja aparência externa mostrava a necessidade de uma boa reforma. As demolições começaram por volta das 6h30 da segunda-feira e foram concluídas na mesma semana, por volta das 16h da sexta. O barulho trazido pela demolição foi quase ensurdecedor diante da movimentação das máquinas específicas utilizadas e manobras dos caminhões que retiraram os entulhos em caçambas. Quase sempre algum caminhão obstruía a entrada da garagem do prédio causando mais transtornos. A maioria dos moradores tem idade superior a 68 anos e muitos deles tiveram piora em seus quadros de rinite.

O fato é que na semana seguinte começou a retirada de terra nos dois lotes e a movimentação de caminhões continuou intensa. O amigo síndico conseguiu conversar com os gestores dos empreendimentos, que são de empresas diferentes, e fez as reclamações dos moradores do prédio a começar pela hora em que os trabalhos se iniciam. Até o momento, nada mudou. Apenas foi possível saber que cada terreno vai receber um edifício de sete andares com dois apartamentos por andar, cada um com 67 m².

Como se pode ver e pelo pouco que se sabe, o jeito para os moradores do prédio e outros vizinhos da rua é se preparar para resistir e sobreviver aos transtornos que serão trazidos pelos empreendimentos nos próximos 2 ou 3 anos. Quando tudo acabar, chegarão os novos moradores trazendo mais alaridos e barulhos, muitos veículos automotores, recebimento de muitas encomendas para gerar muito lixo domiciliar, além do uso da mesma rede para distribuição de água tratada, coleta de águas pluviais, coleta de esgotos sanitários e distribuição de energia elétrica…

E você caro leitor, já enfrentou alguma situação semelhante a essa?

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Curtas e Curtinhas

por Luis Borges 29 de março de 2023   Curtas e curtinhas

O Mercado de seguros e os riscos climáticos  

A Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) espera concluir até junho o desenvolvimento de um sistema com ferramentas capazes de mapear riscos climáticos em todo território Nacional. Estão no escopo dos trabalhos a avaliação de riscos referentes a ondas de calor e frio, secas, mudanças crônicas de temperatura, enchentes fluviais, costeiras e urbanas, aumento do nível do mar, estresse hídrico, variabilidades sazonais, intensidade do vento e incêndio.

A expectativa da CNseg é que as ferramentas possam ajudar seguradoras, bancos e empresas na criação de novos produtos ou serviços, bem como ajudar as autoridades no desenvolvimento de políticas públicas para prevenir desastres climáticos.

Vamos esperar para conferir os preços que o mercado de seguros cobrará em função de tantos riscos advindos do clima, que só tem piorado, enquanto não se chega a um consenso sobre o que precisa ser feito e colocado em prática a fim de evitar o pior para o planeta.

Cai o número de lojas especializadas na venda de chocolates 

Um levantamento feito pela Geofusion, empresa especializada em inteligência geográfica de mercado, mostrou que nos últimos dois anos mais de 430 lojas especializadas na venda de chocolates fecharam as portas. As principais causas desse fato são atribuídas às incertezas na economia e ao encarecimento dos insumos. O levantamento mostrou que o Brasil tinha 5.410 lojas em 2021.

As projeções de vendas para a Páscoa desse ano são tímidas segundo as mais recentes estimativas da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O crescimento esperado em vendas é de 2,8% para um faturamento de R$ 2,5 bilhões.

Que todos tenham uma Páscoa compatível com a crescente perda do poder aquisitivo e a redução do tamanho das embalagens dos diversos produtos feitos de chocolate. Ainda assim, feliz Páscoa, feliz passagem para o próximo sonho!

A Unimed-Rio continuará monitorada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)

A ANS publicou no dia 23 de março a resolução que mantém o regime de direção técnica na Unimed-Rio. Essa condição teve início em 2016 e foi mantida ao longo dos anos seguintes.

Segundo a Unimed-Rio, que é uma cooperativa de trabalho médico, o diretor técnico da ANS faz um acompanhamento mensal dos indicadores da operadora e do plano de ação. Esse ato não é considerado pela ANS como intervenção.

Ainda segundo a ANS, até o 3° trimestre do ano de 2022 a Unimed-Rio acumulava um déficit de R$ 1,1 bilhão no resultado operacional, o segundo maior do país, atrás apenas da Amil com R$ 2,4 bilhões.

A taxa de sinistralidade – quando alguém aciona o plano de saúde – é uma das maiores entre as operadoras de planos de saúde e estava em 109% ao final do período avaliado, sendo que a média do setor era de 88%. Essa situação mostra que o valor gasto com sinistros foi maior que a receita paga pelos clientes.

Como se vê, os clientes da Unimed-Rio precisam ficar atentos com a saúde financeira da cooperativa que tem se mantido debilitada ao longo desses últimos anos. Sustentabilidade até quando?

A fila da recuperação judicial continua andando

A atual onda de pedidos de recuperação judicial de empresas ganhou destaque a partir do caso das Lojas Americanas. O fato encorajou muitas outras empresas a usar o caminho previsto em lei e a fila de pedidos prossegue firmemente. Agora, a Justiça do Rio de Janeiro acatou o pedido do Grupo Petrópolis, dono das marcas de cerveja Itaipava, Crystal e Petra, dentre outras.

O Grupo alegou na justificativa de seu pedido que teve redução de receitas com a queda das vendas em 17% e que tem dívidas de R$ 4,2 bilhões, sendo 48% financeiras e 52% com fornecedores e terceiros.

O enredo é o de sempre, com narrativas semelhantes, mas vale a pena lembrar que gestão é o que todos precisam. Nem todos ainda sabem que precisam e quem não tem estratégia está condenado à morte nesse capitalismo sem tréguas.

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Curtas e Curtinhas

por Luis Borges 14 de março de 2023   Curtas e curtinhas

Perdendo como sempre no Imposto de Renda

A Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco) informou que a tabela do imposto de renda de pessoa física está defasada em 148% após sucessivas correções parciais e congelamentos consecutivos nos últimos 8 anos.

Segundo o Unafisco, se a tabela tivesse sido corrigida pelo IPCA do IBGE, 29 milhões de pessoas estariam isentas esse ano de entregar a declaração de ajuste anual, mas na realidade que temos a Receita Federal espera receber de 38,5 a 39,5 milhões de declarações. Simples assim!

E se outros bancos quebrarem?

A notícia da falência do Silicon Valley Bank – SVB (Banco do Vale do Silício), na Califórnia, levanta de imediato uma pergunta de desconfiança sobre a situação de outros bancos americanos. Até que ponto é possível confiar no sistema para que ele prossiga sem contaminações? No caso do SVB, o Banco Central Americano tem o fundo garantidor para contas de até U$ 250.000,00 (R$ 1,31 milhão), mas também já garantiu que cobrirá os valores acima desse limite. Lembremos da crise bancária de 2008, ou seja, há pouco menos de 15 anos. Lâmpadas queimam, bancos quebram e pessoas perdem dinheiro, viver é um risco permanente, mas que precisa de gestão e de educação financeira.

A gula é um pecado capital

O programa Fantástico, da TV Globo, exibiu na noite do domingo (12 de março) uma matéria sobre os prejuízos de alguns jogadores de futebol profissional que investiram em criptomoeda livre e descentralizada do tipo Bitcoin.

Os ganhos ofertados pela empresa de investimentos eram de 5% ao mês, 79,59% ao ano, e se mostraram insustentáveis. Agora a fase é de denúncias à polícia enquanto a empresa e seus aliados se esquivam das cobranças.

Quando “o olho é maior do que a barriga” a gula se acentua e a desconfiança passa longe. Vale lembrar que a taxa básica de juros (Selic) da economia estabelecida pelo Banco Central está em 13,75% ao ano e recebe muitas críticas nesse momento daqueles que a consideram alta diante da projeção de inflação de 5,96% ao final desse ano medida pelo IPCA do IBGE. A caderneta de poupança está rendendo 0,5% ao mês.

A nova lei para o setor de seguros voltará a tramitar

No início deste século, em 2004, começou a tramitar na Câmara, em Brasília, um projeto de lei que regula as obrigações e direitos nas relações entre corretores, seguradoras e clientes no mercado de seguros. São abordados temas que vão desde a formatação dos contratos, para dar maior transparência nas regras e nos termos usados, até o pagamento de prêmios, valores da garantia e da indenização.

Em 2017 o texto foi aprovado pela Câmara e enviado para o Senado, a casa revisora de leis, onde girou durante cinco anos até ser arquivado em 2022.

Agora, no ano da graça de 2023, o presidente do Senado solicitou o desarquivamento do projeto de lei para que sua discussão prossiga entre os senadores – que, como se sabe, só votam em plenário nas três primeiras semanas do mês, de terça a quinta.

Lá já se foram 19 anos e nada de concreto. Mais quanto tempo ainda teremos de tramitação?

Penhor de joias é uma modalidade de crédito

A Caixa tem o monopólio do penhor de jóias de valor desde 1934. Abaixo, o que ela diz em seu site sobre a modalidade de crédito na aba de penhor:

“O Penhor CAIXA é uma linha de crédito com uma das menores taxas do mercado e sem burocracia.

Com o Penhor, você sai com seu dinheiro na hora sem a necessidade de análise cadastral ou avalista.​ Além disso, seus bens ficam em total segurança no cofre da CAIXA e você pode renovar seu contrato quantas vezes precisar. E, depois de quitar seu contrato, você recebe seu bem de volta.

Os limites de empréstimos podem chegar até 100% do valor da garantia para os clientes com relacionamento na CAIXA”

Atualmente, a Caixa cobra do proprietário das jóias uma taxa de juros de 2,09% ao mês, o equivalente a 28,17% ao ano.

Saiba mais aqui.

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