A Petrobras é só a ponta do iceberg

por Luis Borges 19 de novembro de 2014   Música na conjuntura

Na definição mais simples que encontrei, sistema é um conjunto de partes interligadas. Assim, tudo o que esta vindo à tona na operação Lava Jato da Polícia Federal pode ser considerado como a ponta de um iceberg, de um sistema chamado Petrobras.

A República acaba de fazer 125 anos, embora ainda distante das melhores práticas inerentes às atitudes republicanas. Transparência continua muito difícil, mesmo com a Lei de Acesso à Informação. Se tenebrosas transações vão sendo reveladas nesse caso específico da Petrobras, onde o clube das empreiteiras é hegemônico no cartel dos fornecedores, imagine no restante do país.

O Brasil tem em sua estrutura organizada em prol dos serviços públicos, a União, vinte e seis estados e um Distrito Federal, 5.562 municípios, com igual número de assembleias legislativas estaduais e Câmaras Municipais. Também é bom lembrar que existem três poderes independentes, centenas de empresas estatais e milhares de servidores contratados via concurso público ou pelo recrutamento amplo.

Um bom exercício é estabelecermos uma ordem de grandeza, para termos uma dimensão da quantidade de pessoas jurídicas que fazem negócios com toda essa estrutura, como fornecedores ou clientes. Dá para pensar no volume de recursos financeiros envolvidos e na quantidade de pessoas intermediando os processos desses negócios? Claro que tudo regado por uma grande carga tributária.

Por isso esse é um bom momento pra nos lembrarmos da música “Brasil”,  de Agenor de Miranda Araujo Neto, o Cazuza, que viveu 32 anos nesta terra. Ele queria saber qual era o negócio do Brasil. O desafio continua e o momento é propício. Que venha a democracia participativa e que todos mostrem as suas caras.

Brasil
Letra retirada deste link

Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer

Não me ofereceram
Nem um cigarro
Fiquei na porta estacionando os carros
Não me elegeram
Chefe de nada
O meu cartão de crédito é uma navalha

Brasil
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim

Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer

Não me sortearam
A garota do Fantástico
Não me subornaram
Será que é o meu fim?
Ver TV a cores
Na taba de um índio
Programada pra só dizer "sim, sim"

Brasil
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim

Grande pátria desimportante
Em nenhum instante
Eu vou te trair
(Não vou te trair).
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