A saúde é um dos itens que sempre aparece na pauta de preocupações e prioridades das pessoas. Quero chamar a atenção para o grande avanço do conhecimento técnico na área da saúde, que nem sempre está associado a avanços nas outras áreas. O ponto é simples: quando fazemos uma consulta médica é comum que sejam solicitados alguns serviços de apoio ao diagnóstico. Eles podem variar de exames laboratoriais a ressonância nuclear magnética e geram uma base de informações que ajudarão na conclusão do médico, que poderá ser até mesmo inconclusiva.

A reflexão que faço é sobre a qualidade do atendimento aos pacientes. Se adotarmos o ponto de vista das empresas de apoio ao diagnóstico médico, cada paciente que vai fazer um exame é um cliente. Sendo assim, deveria ser bem tratado, para ser fidelizado e, eventualmente, voltar. Continuando nessa linha, a empresa, conhecedora do seu cliente, entende que nem todos se sentem tranquilos ao fazer exames. E, com isso, se preocuparia em prestar um atendimento exemplar.

tecnologia no atendimento na saúde

Mas não são todas as empresas que enxergam os pacientes como clientes. Por experiência própria e de pessoas com quem conversei, em alguns casos o atendimento deixa a desejar já na porta da empresa, em função da desinformação. Falta, por exemplo, orientação sobre qual guichê procurar ou sobre onde fica a sala de realização dos exames.

Outro caso problemático é o do atendimento no horário de almoço, o clássico “12h às 14h”. Sobram clientes/pacientes esperando e faltam funcionários para fazer os serviços, pois eles se revezam para almoçar. A empresa responsável, no entanto, vende esse horário de atendimento como um diferencial.

Outra situação acontece em exames de diagnóstico por imagem, quando é necessário trocar de roupa ou usar um gel específico para o procedimento. Nesses casos, pertences do paciente devem ser deixados em uma salinha ao lado. Se algo desaparecer no meio tempo, dificilmente alguém assumirá a responsabilidade. Também chama atenção a falta de cordialidade dos funcionários. Em alguns casos o profissional que realiza o exame mal balbucia um cumprimento e já parte para a execução dos procedimentos. Não que o atendimento melhore na saída. Sei de casos em que o paciente é informado secamente no fim do exame que deve se dirigir à sala ao lado e limpar o gel do próprio corpo rapidamente para que outro paciente entre, no melhor estilo “papa fila”.

A sensação que fica nesses casos é a de muito autoritarismo presente – que às vezes beira a falta de educação – e de que os funcionários do atendimento ao público não se consideram prestadores de serviço, mas sim prestadores de favores. Por isso, talvez, não se preocupem com as longas filas de espera, que consideram que todos têm máxima disponibilidade de tempo. Perguntar alguma coisa até ofende.

Mas a tecnologia… ah, a tecnologia brilha.

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Está fazendo um ano que postei aqui neste blog uma pensata com o título de Saúde: tecnologia x qualidade no atendimento. Como de vez em quando é bom dar uma olhada para trás visando verificar a melhoria ou a piora de um determinado aspecto ou indicador de desempenho, tomei a iniciativa de conversar com algumas pessoas que foram ouvidas naquela ocasião. Felizmente elas continuam bem vivas e gerenciando a própria saúde apesar dos preços cobrados pelos planos em suas diversas modalidades. Chamou muito a minha atenção o fato delas terem repetido recentemente os exames do ano passado no mesmo laboratório de serviços de apoio ao diagnóstico cujo atendimento deixou péssima impressão naquela ocasião. Aliás, juntaram-se a eles alguns exames que foram solicitados pela primeira vez agora. Tentei entender a razão para se manterem fiéis ao antigo fornecedor, sendo que existem outros laboratórios no mercado prestando o mesmo serviço. As pessoas me disseram que seguiram a orientação de seus médicos, que alegaram ser os profissionais daquele laboratório de sua plena confiança para realizar os exames solicitados.

Então perguntei se eles perceberam alguma melhora no atendimento ao comparar com os serviços prestados no ano passado. Foi praticamente consenso que o mau atendimento continua o mesmo e que até aumentou o tempo de espera, apesar da alta tecnologia utilizada na realização de tantos e variados exames, notadamente os de imagens. Houve um caso específico em que a pessoa tinha um exame agendado para as 9h40 que só se iniciou ao meio-dia de uma terça-feira. Após muitos questionamentos sobre as causas da demora uma atendente balbuciou que algumas pessoas do grupo faltaram ao trabalho e outras chegaram atrasadas.

Agora após passar novamente pelos mesmos e cada vez mais demorados tipos de transtornos, finalmente algumas dessas pessoas não pretendem mais voltar ao laboratório indicado pelo médico e estão dispostas a encarar o profissional para lhe dizer que não voltarão mais àquela empresa de grande porte. Sugeri a elas que lembrem a seus médicos que todo cliente espera que seu fornecedor tenha alto nível de qualidade, preço justo e excelência no atendimento e que notadamente essa última dimensão está longe de acontecer. Vale lembrar, também, que não dá para o consumidor  abrir mão de seus direitos nas relações de consumo em pleno regime capitalista que se diz pautado pela competitividade entre os concorrentes na prestação de serviços a que se propõem no mercado que tem seu risco.

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