Pago impostos, logo existo

por Luis Borges 30 de setembro de 2015   Pensata

A crise política e econômica prossegue, recrudesce e a solução criativa visando encontrar uma saída que atenda a todas as partes interessadas ainda não está visível. No caminho, aparecem diversas sugestões para resolver a situação. Quero chamar a atenção aqui para as propostas que só enxergam o aumento de impostos e sempre percebem no crescimento da carga tributária o caminho mais curto para a solução de tudo.

Nas notas fiscais, lá estão eles...

Nas notas fiscais, lá estão eles…

Porém, ninguém pensa nas condições necessárias para viabilizar o processo que levará aos resultados que serão objeto de taxação pelo Estado. Se a geração das riquezas se reduz e os gastos só aumentam, a equação nunca fechará. Os três poderes da República são constitucionalmente harmônicos e independentes, mas só sabem gastar sem se preocupar com a capacidade da sociedade para gerar os recursos de maneira sustentável. Todos só querem a tal da verba.

E assim vão surgindo mais e mais propostas de impostos como a ressurreição da contribuição sobre movimentações financeiras, a cobrança de royalties sobre a energia eólica e a taxação dos jogos de azar, entre os quais estão o bingo, o jogo do bicho e os carteados dos cassinos. Vale lembrar que os jogos de azar da Caixa tiveram seus preços aumentados no último mês de maio, em alguns casos reajustes de 100%. Outros impostos já foram aumentados e são uma realidade em nome do ajuste fiscal das contas públicas.

A hora é de questionar a qualidade dos gastos, a ruindade da gestão, os altos salários cheios de penduricalhos, principalmente nos poderes judiciário e legislativo, e a ostentação presente nos edifícios públicos, nas viagens aéreas, nas diárias de hotéis, nos gastos com cartão corporativo.

Fica a sensação de que só existimos para pagar impostos, de preferência na data marcada, com ou sem condições para tal.

É bom lembrar que, em muitos casos, os impostos são singelamente chamados de contribuições como a CSLL – Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido, COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social e CIDE – Contribuição sobre a Intervenção no Domínio Econômico. Esta última já está toda revitalizada, de forma que o pagador de impostos passará a contar com ela também.

A certeza de que pago impostos, logo existo também me faz pensar e me perguntar sobre o limite para suportar algo que já passou dos limites há muito tempo.

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