Atrasos e falta de comunicação no hospital

por Luis Borges 29 de dezembro de 2017   Gestão em pauta

Um cliente de um plano de saúde suplementar programou uma cirurgia eletiva com um médico especialista super recomendado pelo profissional de clínica médica que o acompanha há quase três décadas com muita assertividade.

Se marcar a primeira consulta com o especialista pelo plano de saúde já foi muito difícil, imagine a cirurgia! Ficou agendada para 60 dias depois da última consulta, em função dos resultados de diversos exames laboratoriais e de imagens, os clássicos serviços de apoio ao diagnóstico. Ficou acertado que a cirurgia ocorreria na terça-feira, 5 de dezembro, a partir das 7h. Para isso o paciente deveria chegar impreterivelmente até as 6h para fazer a internação e iniciar o jejum às 23h do dia anterior. A última informação foi que um assistente da gerência de pré-internação do hospital, que é de alta complexidade, entraria em contato com o paciente para confirmar tudo o que foi planejado. Foi o que aconteceu.

No dia combinado as surpresas começaram às 5h45, quando o paciente chegou ao hospital e a portaria ainda estava trancada por medida de segurança. Após contato com a recepção obteve autorização para entrar 10 minutos depois. Concluída a internação, o paciente foi encaminhado junto com sua acompanhante para a sala de espera do bloco cirúrgico. Enquanto o tempo passava aumentava a expectativa e a ansiedade do paciente com o atraso para a entrada na sala de cirurgia. Eram quase 8h e nenhuma informação havia sido dada quando, finalmente, surgiu no corredor o médico especialista. Ele entrou imediatamente na sala de cirurgia sem olhar para os lados, provavelmente para não ter que justificar o atraso em sua chegada. Minutos depois surgiu a primeira comunicação do bloco informando que houve uma reprogramação dos serviços daquela manhã e que a cirurgia marcada para as 7h, a primeira do dia, foi reprogramada para ser a terceira.

A acompanhante do paciente em jejum conseguiu ser ouvida por uma funcionária do bloco e solicitou mais respeito com os horários combinados e mais comunicação imediata diante de fatos novos.

Já passava das 9h quando foi divulgada nova reprogramação de cirurgias e o paciente, exausto, ficou sabendo que sua cirurgia mudara para o segundo lugar e começaria dali a pouco. Lá pelas 11h tudo estava consumado e aí foi só esperar mais duas horas para que surgisse um apartamento para a sua hospedagem. Nesse período o especialista informou que a mudança da programação original foi devida a uma emergência envolvendo uma senhora bastante idosa, que o hospital estava passando por um dia de demanda atípica, além dos transtornos naturais advindos de uma obra que se inicia às 7h. Ele só não abordou a causa de seu atraso para chegar ao hospital.

Interessante notar que o hospital possui Acreditação Hospitalar segundo os requisitos do Organismo Nacional de Acreditação – ONA. Como se vê, ainda estamos longe da excelência na gestão e cabe ao paciente, que não é tratado como cliente, ter muita paciência, mesmo em jejum e obrigatoriamente adimplente com o plano de saúde.

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