Esperando a próxima tragédia

por Luis Borges 4 de fevereiro de 2019   Pensata

Já se passaram onze dias do rompimento de mais uma barragem de rejeitos de minério de ferro construída por alteamento a montante na mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), pertencente à Vale Sociedade Anônima. Fico pensando sobre a avalanche de fatos, dados, informações e até conhecimentos consolidados que estão sendo difundidos por diversas mídias. É inquestionável a dimensão da tragédia humana em todos os seus aspectos, a começar pela dor trazida pela morte de quase 400 pessoas das quais ainda falta encontrar a maior parte dos corpos. Para quem mora num dos 34 municípios da região metropolitana de Belo Horizonte, como eu por exemplo, fica a sensação que tudo aconteceu muito pertinho de nós, logo ali a 5, 10 ou 20 km de onde moramos, trabalhamos ou frequentamos em busca de lazer. Também fica uma pergunta passeando pela mente, que vai e voltam querendo saber ou imaginar como estariam as coisas se eu, nós ou um de nossos parentes ou amigos estivéssemos lá no local onde aconteceu o acontecido.

Passaram-se apenas 11 dias, mas o que aguarda os envolvidos direta e indiretamente na tragédia nos próximos dias, meses e anos? Se tudo começa com a gente e a desgraça é individual dá para imaginar a ordem de grandeza das perdas de cada parte e do todo, chamado sociedade, com seus diferentes grupos de interesse vivendo num país típico do capitalismo tardio?

Em meio a tanta inquietação e na plenitude do veranico que retarda o sono só aumenta a entropia trazida pela lama que desceu da barragem. Mas, se quanto maior a entropia mais próximos estaremos da solução para o problema, é preciso também saber se existe um querer que implique na busca de uma solução que leve em conta todos os interessados, e não apenas parte deles, segundo as melhores práticas em prol da sustentabilidade em todas as suas dimensões.

Como isso ainda é só um ideal, quase que uma utopia, dá para entender porque a história se repete, primeiro como tragédia e depois como farsa. Basta lembrar que uma barragem de rejeitos de minério de ferro com alteamento a montante se rompeu há pouco mais de três anos em Mariana e quase nada mudou de lá para cá. No momento estamos passando por um grande brainstorming, tentando encontrar as causas fundamentais e prioritárias que levaram a esse efeito tão trágico. Da ganância dos donos da Vale –  focados na máxima lucratividade para seus investimentos – passando pelas ações e omissões do estado e seus agentes e chegando-se até as condições em que se realiza o trabalho na mineração, diversas são as causas que tem surgido nas discussões sobre essa tragédia de Brumadinho.

É importante lembrar que um dos donos da Vale é a Litel Participações com, 20,98% das ações. A Litel é formada pelos fundos de pensão dos empregados do Banco do Brasil (Previ), da Caixa Econômica Federal (Funcef), da Petrobras (Petros) e da Cesp (Funcesp). Entre outros acionistas da Vale estão o BNDESPar e o Bradespar além de ações comercializadas em bolsas de valores.

Enquanto isso fico me perguntando se serão necessários mais três anos para que se removam as causas da atual tragédia e também penso no que poderá ser feito para desativar as bombas relógio instaladas em barragens de municípios como Rio Acima, Nova Lima, Itabirito, Congonhas e Itabira, por exemplo. Afinal de contas depois de “Mariana nunca mais” chegou a vez de “Brumadinho nunca mais”. Será que haverá um próximo nunca mais?

Parafraseando o educador Paulo Freire “é fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal maneira que num dado momento a tua fala seja a tua prática.” A necessária transformação que o momento aponta continua desafiando a todos e a cada um nas partes que lhes cabem nesses tempos liberais.

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A possibilidade de receber uma herança num dia que ainda vai chegar povoa o imaginário de muitos descendentes de casais que possuem terras, casas, apartamentos ou aplicações financeiras, por exemplo. Se esse não for o caso, vale sonhar com a herança de um tio ou tia solteiros ou viúvos que não tiveram filhos e não destinaram seus bens através de um testamento. É interessante observar que surgem diversas formulações em torno da partilha de diferentes quantidades de bens e do número de herdeiros, portadores de necessidades específicas em função de suas condições de vida.

Tomei conhecimento do caso do sr. Tiãozinho e de dona Aninha, que eram proprietários de 2 alqueires de terra em uma região de Minas Gerais banhada pelo rio Suaçuí. Eles tiveram 12 filhos, 7 mulheres e 5 homens que permanecem vivos, a mais velha com 60 anos e a mais nova com 38.

A história registrou o falecimento de dona Aninha há 4 anos, quando ela tinha 79 anos, e do senhor Tiãozinho há um ano e meio, aos 83 anos de idade. Após a missa de sétimo dia por intenção de sua alma ficou claro que o luto pela perda do pai já havia passado para alguns filhos mais apertados financeiramente. Eles só queriam discutir a partilha da propriedade e dos bens nela existentes, além do dinheiro depositado numa caderneta de poupança. Um detalhe importante é que o pai deixou definido em testamento que a partilha de tudo deveria ser feita em 12 partes iguais.

Rapidamente Nozinho, o terceiro filho, solteiro comunicou a todos que deixaria Belo Horizonte e voltaria a residir na casa da propriedade junto com a irmã mais velha, viúva pensionista da Previdência Social. Ele justificou a decisão dizendo que era para conduzir o processo de partilha dos bens, o que não foi contestado por nenhum dos irmãos. Logo veio a contratação de um advogado para obter a liberação do dinheiro da caderneta de poupança, processo esse que durou em torno de 8 meses e que rendeu R$5 mil para cada herdeiro além dos devidos honorários pagos ao profissional operador do direito.

Dois meses depois do recebimento desse dinheiro, Nozinho decidiu monocraticamente arrendar a propriedade por um valor desconhecido pelos herdeiros, que até o momento não receberam nada pelo negócio e também nada cobraram dele. Como quem cala consente, ele começou o ano de 2019 apresentando aos demais herdeiros uma proposta para comprar as suas partes na propriedade em pleno dia de Santos Reis. Cada herdeiro receberia R$15 mil pela sua parte num futuro indefinido e assinaria a escritura passando o bem imóvel para o irmão. Com isso, seria possível ele solicitar um empréstimo ao Programa Nacional de Agricultura Familiar – Pronaf, para investir na plantação de alimentos, modalidade que tem prazo de carência de três anos para inicio do pagamento das prestações do financiamento.

Em função dos resultados alcançados Nozinho começaria também a pagar alguma parte do valor proposto a cada herdeiro, sem correção monetária, e esperando que nas safras seguintes conseguiria quitar o restante da dívida. Para facilitar a comunicação entre os herdeiros ele criou o grupo de WhatsApp “Nossa Roça” e a reação foi imediata. A maioria rechaçou a proposta, comparando-a com a emissão de um cheque em branco e considerando muito baixo o valor proposto para a compra das terras. Além disso, veio à tona a informação de que Aprígio, o quarto filho, já havia comprado anteriormente a parte da irmã Catarina por R$25 mil e posteriormente a do irmão Berto por R$18 mil.

Mesmo instalado o caos entre os herdeiros, Nozinho continua insistindo e cobrando pelo WhatsApp uma resposta para a sua proposta que ainda é a mesma. Aprígio com suas três partes e os outros 8 herdeiros, com uma parte cada, prosseguem quietinhos e deixando as coisas como estão para depois ver como ficarão. Herança também dá nisso!

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 24 de janeiro de 2019   Curtas e curtinhas

Dia do aposentado

Transcorre neste 24 de janeiro mais um Dia do Aposentado sem muito o que comemorar num país tão desigual. Basta lembrar que 22 milhões de aposentados e pensionistas que recebem um salário mínimo por mês passarão a receber R$998,00 a partir deste janeiro. Enquanto isso prossegue a falação sobre as propostas para a Reforma da Previdência Social, muito mais no setor privado e bem menos no setor público, sempre com os mais variados balões de ensaio. Quando será que surgirá uma proposta mais sistematizada que possa ser baseada em fatos e dados verdadeiros?

Sem correção na tabela do IR

Caminhamos para o final do primeiro mês de mandato do atual Presidente da República e nada de se falar em correção da tabela do Imposto de Renda Retido na Fonte. E muito menos na redução da alíquota máxima de 27,5%, anunciada e desmentida no início do mês em mais uma “bateção” de cabeça ministerial. Na prática, a carga tributária prossegue sempre aumentando e tudo vai ficando por isso mesmo.

Penduricalhos do IPTU de Belo Horizonte

A guia de pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de BH vem sempre acompanhada de taxas que não são bem observadas pelos contribuintes. Uma delas é a taxa de coleta de resíduos, que varia em função da existência de coleta seletiva ou não. Também existe a taxa de fiscalização de aparelhos de transporte e até a taxa de expediente, cobrando R$4,60 pelo envio da guia.  Prestar atenção aos detalhes continua sendo um desafio permanente tanto para perceber o quanto que se paga pelo “condomínio da cidade” e para verificar o seu efetivo retorno em serviços de qualidade a cada cidadão.

Qual é a sua inflação?

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) do IBGE, que mede a inflação oficial do Brasil fechou o ano de 2018 em 3,75%. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), medido pelo mesmo instituto, ficou em 3,43% e serviu de base para os reajustes dos proventos dos aposentados pelo INSS que recebem acima de um salário mínimo.  Como a média mascara a amplitude de determinados preços é importante também perceber que a inflação varia para indivíduos, famílias e segmentos em função de cada perfil de consumo.

Basta verificar os aumentos anuais das passagens de ônibus urbanos que foi de 11% em Belo Horizonte, dos ônibus intermunicipais em Minas Gerais em torno de 6,7%, das mensalidades das escolas privadas variando de 8% a 11%, de alguns tipos de planos de saúde passando dos 20%… Como se vê é grande o desafio para conseguir um equilíbrio entre salários e despesas, pois as negociações salariais geralmente têm sido consideradas de sucesso quando conseguem reajustes corrigindo as perdas salariais pelo IPCA. E de perdas e perdas se acumulando ao longo dos últimos anos o poder aquisitivo vai ficando para trás numa correlação de forças cada vez mais desfavorável para quem vende a sua própria força de trabalho.

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Vale a leitura

por Luis Borges 20 de janeiro de 2019   Vale a leitura

Prender a atenção dos ouvintes

Imagino que muitas pessoas não estão tendo paciência nem tempo para ouvir os discursos de posse dos Presidentes, Governadores, Ministros, Secretários de Estado e Presidentes de Empresas Estatais que estão acontecendo nesta temporada de novos mandatos. A mesmice estrutural se repete na maioria deles, que se iniciam pelos cumprimentos de um a um dos componentes da mesa diretora do evento. Como fazer para mudar criativamente as formas dos discursos e conquistar mais atenção de possíveis ouvintes? É o que aborda Reinaldo Polito em seu artigo A oratória mudou, mas alguns oradores ainda falam como no século passado, publicado no Portal UOL.

“Se quiser impressionar os ouvintes, saia dos trilhos batidos. Surpreenda o público. Depois de elaborar cada etapa da sua apresentação, reflita: que mudanças eu poderia fazer nessa mensagem para que ela pudesse ser mais encantadora? Se eu estivesse na plateia, como eu gostaria de receber essa informação? Só o fato de você refletir sobre essas questões já será meio caminho andado na busca do tempero ideal para ser bem-sucedido”.

Significados que os cemitérios podem nos trazer

Não muito raramente encontro pessoas dizendo que não gostam nem de passar na porta de cemitérios e, muito menos, de pensar na possibilidade de entrar lá e circular pelas suas vias. Não fico tentando descobrir a causa de tanta rejeição. Por outro lado acabo pensando nas lembranças e significados que aquele espaço pode me trazer. Nesse sentido gostei muito do que Cláudia Costin escreveu em seu artigo Os cemitérios e o sentido da vida, publicado pela Folha de São Paulo.

A passagem nossa na Terra é rápida, e o tempo, “jogador ávido que ganha sem roubar”, fará com que dentro em pouco tudo nos diga “é tarde demais”, nas palavras de Baudelaire. Em outros termos, os cemitérios nos lembram do sentido da existência.

Muda-te a ti mesmo

Existem pessoas que, sempre no início de cada ano, fazem muitas declarações e promessas de mudanças que serão feitas em suas vidas ao longo dos meses. De repente o ano termina e o balanço dos resultados alcançados mostra uma enorme distância entre as intenções e os gestos. Ainda assim, vale a pena tentar mais uma vez, mas buscando identificar as causas do mais recente fracasso. Leia a interessante abordagem de Mariliz Pereira Jorge em seu artigo Resolução para 2019: deixar de ser trouxa, publicado pela Folha de São Paulo.

A falta de êxito nas minhas empreitadas se parece com a da maioria das pessoas, por um único motivo. A gente é trouxa. Somente nós, os trouxas, para tomarmos tantas atitudes estúpidas que são capazes de nos prejudicar, nos deixar infelizes e frustrados com nossa falta de habilidade para cuidar da pessoa que mais merece atenção e prioridade: nós mesmos.

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Perceba as pessoas com deficiência

por Luis Borges 17 de janeiro de 2019   Pensata

A Organização das Nações Unidas – ONU estabeleceu que 3 de dezembro é o Dia Mundial das Pessoas com Deficiência. Esta é uma das formas usadas para se chamar a atenção sobre a complexa arte do convívio social de todos os dias com as restrições que limitam as condições funcionais das pessoas. Segundo dados da ONU, chega a um bilhão a quantidade de pessoas no mundo que possuem algum tipo de deficiência de vários níveis e graus. Isto equivale a 15% dos habitantes do planeta Terra, que hoje é habitado por sete bilhões de pessoas.

No Brasil, o Censo do IBGE realizado em 2010 mostrou que, do total da população brasileira, 23,9% (45,6 milhões de pessoas) declararam ter algum tipo de deficiência. Dentre elas a mais citada foi a deficiência visual, que atingia 3,5% da população. Em seguida estavam as deficiências motoras, com 2,3%, as intelectuais (1,4%) e as auditivas (1,1%).

Estima-se que ao final de 2018 o Brasil possuía pouco mais de 6,5 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual, dos quais em torno de 582 mil com cegueira congênita ou adquirida ao longo do curso da vida.

Um dado interessante que também aparece em pesquisas sobre o tema é que em torno de 70% das pessoas com algum tipo de deficiência preferem não assumir que as possuem. Isso pode impedir, pelo menos às pessoas mais atentas, algum tipo de ação mais solidária diante das necessidades inerentes à deficiência. É claro que nesse e em outros casos de ajuda espero que a mesma seja respeitosa, não invasiva e sem causar constrangimentos.

O ponto para o qual quero chamar a atenção aqui é sobre o que e como fazer para aumentar a quantidade de pessoas que conseguem perceber que, em seu ambiente, podem estar presentes pessoas com deficiência. Podemos imaginar, por exemplo uma pessoa idosa, com deficiência motora e usando uma bengala caminhando na calçada rumo à entrada de uma instituição financeira. De repente passa por ela uma apressada pessoa digitando ao celular e, sem percebê-la, ainda tromba em sua bengala e prossegue caminhando sem notar que causou sua queda. Dezenas de outros exemplos podem ser citados, como a não percepção de alguém com autismo, uma pessoa falando muito alto com um deficiente visual a ponto de ser obrigado a lembrá-la que não é surdo, apenas enxerga mal ou mesmo um cadeirante tentando entrar num edifício não amigável em termos de acessibilidade.

Muitos ainda são aqueles que, plenos hoje, podem vir a adquirir no futuro uma deficiência que venha a exigir um pouco mais de solidariedade no convívio social.

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* por Sérgio Marchetti

Mais uma vez estamos diante do surgimento de um novo ano, após as celebrações do nascimento de Jesus. Sugiro que agradeçamos, pois ainda somos passageiros que permanecem no trem da vida.

“Já choramos muito/ Muitos se perderam no caminho…”

Somos sim, sobreviventes de uma nação que agoniza, mas que não se entrega, mesmo tendo sido tão ferida e vitimada por uma “epidemia” desastrosa e desumana que atingiu seus órgãos vitais. (“Terra… Sei que tão te maltratando por dinheiro”…). Mas dezembro é um mês que nos devolve a paz, faz nascer, junto às comemorações do aniversário de Jesus, um sentimento de fraternidade que nos acalma e nos inspira mais tolerância, mais amor, mais compaixão e perdão. Há no ar algo que nos remete à trégua. Por isso, os convido à reflexão. Pois, um ciclo se encerra e o mundo torna a começar, nos possibilitando a oportunidade de não errar ou de, pelo menos, errar em coisas novas, mas nas antigas não – porque permanecer no erro é uma confissão tácita de estupidez.

Intimo-lhes a meditar, refazer, reconstruir, alterar as rotas erradas e a adquirir foco. E lhes aconselho a ficarem em silêncio, como sugeriu Santo Agostinho, para que pudéssemos ouvir nossa alma. Sim, o silêncio é um remédio indicado para curar as dores mais profundas e ainda nos remeter ao nosso âmago.

Detesto ter que citar nomes de famosos que meditam. Sei que muitas pessoas serão persuadidas quando souberem que muitos que se tornaram milionários e celebridades, supostamente meditavam ou meditam. Queria que vocês, meus caros leitores, não fossem convencidos com base em valores materiais, mas apenas porque vocês podem ser mais felizes, saudáveis e terem controle de si mesmos, independentemente de terem uma gorda conta bancária. A vida não se resume nisso e, se alguém pensa que sim, eu o vejo como um rico muito pobre. Não estou louco. Vivo no mesmo mundo capitalista que vocês (que tornou as pessoas infelizes). O que pretendo demonstrar é que todos podem ser pobres de dinheiro, mas ricos de alma. Chega de futilidade num Brasil tão necessitado de cultura. A mediocridade, quando anda junto ao poder, é insuportável. As bocas comandadas por cabeças ocas exalam um cheiro fétido de discurso vazio. Mas voltemos ao apelo para que possamos ouvir os sons do silêncio. Só assim conheceremos o milagre de escutar a voz interior que, tal qual um poema de amor, surge serena e calma nos indicando atitudes mais assertivas.

Já ouvimos dizer que o cavalo não passa arreado duas vezes, nem que o trem da esperança abrirá a porta mais de uma vez para entrarmos. E, se não estivermos atentos, perderemos os dois e as oportunidades de mudança para melhor. Comecem por sentir muito pelo que erraram. Depois, se perdoem e perdoem os demais. Você, eu, nós, vós, eles – todos devemos nos perdoar e agradecer pela graça da vida. Ame-se e ame ao próximo.

Enfim, amigos virtuais, chegamos ao final de mais uma etapa. Tive a honra de contar com a sua companhia e sua paciência. Espero, sem querer ser prepotente, que os tenha feito refletir ou ao menos distrair por alguns instantes e, se não o fiz de forma coletiva, ou se apenas a uma pessoa pude ser útil, já considero minha missão cumprida e fico grato ao cosmos por ter me indicado um caminho, por mais simples que seja.

Meus prezadíssimos leitores, espero que tenham tido um Natal festivo com muitos abraços de energia e muitos beijos verdadeiros. E desejo que, se no decorrer do novo ano, acaso chorarem, que seja de alegria, pois estão terminantemente proibidos de deixar a tristeza entrar. Fechem as portas.

“Tristeza, por favor, vá embora”…

Pois, só poderá entrar quem vier trajando a alegria e trouxer no coração o brilho da esperança.

Que seja assim por todo o ano de 2019, com realizações de sonhos, plenitude de amor e união. Que a clareza do sol lhes traga a luz de um caminho cheio de flores e uma alma decorada de felicidade. E não tenham dúvidas:

“a lição já sabemos de cor, só nos resta aprender”.

* Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

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Já estamos no oitavo dia do mandato do Presidente da República e dos governadores dos estados e do Distrito Federal eleitos em outubro do ano passado. Ficaram para trás as campanhas eleitorais no verdadeiro “vale tudo” pelo poder. Também já ficou para trás o período de transição entre mandatos. Mesmo que muitos ainda continuem no palanque eleitoral, esquecidos de que o jogo já começou enquanto muitos são os problemas crônicos que precisam ser resolvidos, é grande a expectativa pelo atingimento dos resultados esperados. Mas o tempo é finito e não existe espaço para desculpas, pois quem herda os cargos também herda os encargos.

Nesse sentido é fundamental que os eleitos trabalhem com um método de gestão pela liderança e não pelo comando, lastreado apenas em hierarquia e disciplina. Partindo da premissa de que gerenciar é resolver problemas, atingir metas e entregar resultados positivos torna-se essencial pensar sobre o método, o caminho, o passo-a-passo, a sequência que será usada para se solucionar os problemas – que são muitos. E se são muitos, quais devem ser os critérios para definir as prioridades para começar a busca de soluções levando-se em conta a gravidade, a urgência e os recursos finitos disponíveis?

Um método para a análise e solução de problemas deve partir da premissa de que o trabalho deve ser feito fundamentado em fatos e dados. É preciso lembrar que não existe substituto para o conhecimento e que a constância de propósitos é determinante. Nada de bravatas e desejos insustentáveis perante a realidade objetiva.

O primeiro passo do método de solução de problemas é a identificação do problema a partir dos fatos e dados que demonstram a sua efetiva existência. A identificação clara de um problema pode ser considerada como sendo até a metade de sua solução.

O método deve prosseguir com a fase de observação do que gera esse fenômeno (o problema). É o momento de levantar as mais diversas informações advindas dos fatos e dados, abordados sob diversos ângulos. Na sequência chega-se à fase de análise, que é determinante para a definição das causas que geram o problema, inclusive a causa fundamental.

Só após essas três fases – identificação do problema, observação e análise – é que se torna possível a elaboração de um plano de ação contendo as condições estratégicas, necessárias e suficientes para atingir a meta estabelecida para a solução do problema. A meta estabelecida deve ser sempre desafiadora e nunca maluca, inatingível.

Na sequência vem o momento da implementação das medidas propostas, da verificação da sua efetividade para atingir os resultados esperados e para padronização da solução proposta.

Quando os novos governantes completarem 100 dias em seus mandatos teremos uma boa oportunidade para avaliar os resultados alcançados. Espero que não seja “na bistunta”, pelo mero acaso, mas sim pelo uso do método que a boa gestão exige. Uma boa medida desse nível de resultados poderá vir de uma pesquisa de satisfação da população feita de maneira adequada por instituições de notória credibilidade.

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