* por Sérgio Marchetti

Outro dia um amigo me procurou e me convidou para tomarmos um café. Combinamos um horário. Confesso que senti preguiça de ir. Estamos perdendo o hábito de conversar pessoalmente. Pensei em dar uma desculpa, inventar outro compromisso. Mas lá estávamos nós. Trocamos novidades, falamos mal do governo e da vergonha de sermos brasileiros. Reclamamos da vida difícil, da crise, da injustiça social, falamos dos filhos e nos percebemos tristes. Sabem, pacientes leitores, quando a conversa não rende? Fez-me lembrar daqueles fuscas antigos que depois de empurrados pareciam que iam pegar. Mas, aos poucos, iam falhando e morriam novamente. Nosso diálogo estava assim. Dava um lampejo e se apagava.

Então resolvi botar fogo na conversa e quebrar aquele gelo, já que hoje é comum até enxugá-lo. Dei um empurrão ladeira abaixo. Perguntei como estão as finanças e os trabalhos. Naquele momento vi lágrimas verterem nos olhos do meu amigo. Ele disse que estava muito mal e que nem seus parentes sabiam.

– Estou com depressão, tonturas, mas nem plano de saúde eu tenho. Meus filhos estão na “luta”, porém não conseguem nada sem uma indicação forte.

– Você quer dizer indicação política – comentei.  E meu amigo concordou.

– Porque você não conversa com seus familiares? – perguntei.

E a resposta foi que ninguém tem paciência para ouvir quem está passando por dificuldades. E concluiu:

–  O mundo é capitalista e as pessoas imediatistas. E, mesmo que um dia eu tenha sido importante e bem de vida, quando o dinheiro sai por uma porta, os amigos saem pela outra.

– E se você fechar a porta, eles escapam pelas janelas – completei, e rimos sorrisos tristes.

Que os amigos e familiares se distanciam, não tenho a menor dúvida. Mas disse a ele que, em momentos como esse que está passando, o ideal é procurar um psicólogo. Não podendo, teria que apelar para pessoas que estejam na mesma busca, vivendo problemas parecidos. Mas desde que ainda não tenham desistido de seus objetivos. Caso contrário, o único trabalho que terão será o de carpideiras.

– Há momentos – e são muitos – em que precisamos de um ombro amigo e não apenas de dinheiro – afirmei.

Meu amigo concordou e, novamente com lágrimas nos olhos, disse que nesses momentos desejamos o colo da mãe e a mão estendida de alguém que não nos critique, mas que apenas nos compreenda.

– Quanto melhor a situação das pessoas, menor será a empatia com os necessitados – concluí.

– Sorte, azar ou incompetência?

Foi a pergunta que me fez.  Naquele momento pensei em mim, pois também tenho minhas montanhas russas. Sabia que era incapaz de ter uma resposta. Destino ou desígnio? – refleti em silêncio. Um sopro veio ao meu ouvido e sussurrou: “escolhas erradas”.  Continuei calado, ensimesmado. Em seguida, disse a ele para tentar entender o seu papel neste mundo. Somos atores e o que vivemos aqui é uma peça teatral na qual desempenhamos muitos papeis.

– Talvez o seu papel seja o de um figurante, assim como o meu. E, nesse caso, teremos que fazer diferença, sermos muito melhores do que os canastrões que protagonizam essa enorme peça chamada vida.

Prometemos que iríamos ter outros encontros, mas sem convicção, e nos abraçamos desejando-nos uma vida melhor. Sei que não pude ajudá-lo, mas tive que dizer-lhe que o valor do momento é o dinheiro e que as pessoas gostam de vencedores, independentemente da maneira como chegaram ao pódio. Nem os familiares e, acho que, principalmente aqueles, não querem compartilhar derrotas. Por essa razão, disse-lhe:

– Mostre-se vencedor, levante a cabeça, olhe para trás, mesmo sabendo que o passado deve ficar no passado. Busque forças nas vitórias que conquistou e no sucesso que teve um dia. Lembre-se de que, apesar de todas as dificuldades atuais, você já foi protagonista um dia. Isso ninguém poderá lhe tirar.

* Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

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Estamos na época de divulgação do balanço contábil de empresas, União Federal, estados e municípios. É também época das pessoas físicas se acertarem com a Receita Federal por meio da declaração anual do imposto de renda.

No caso específico do poder público é importante lembrar que tudo o que se movimentou durante o ano de 2017 foi precedido pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e pela Lei Orçamentária Anual (LOA). Esta prevê as receitas e despesas do ano seguinte e deve ser aprovada pelo Poder Legislativo correspondente até o final de cada ano, conforme determina a Constituição Brasileira.

Entretanto o orçamento ainda não é tratado com a importância que tem na gestão e, em boa parte dos casos, acaba sendo apenas uma mera peça orçamentária para cumprir uma Lei, mesmo diante de todas as exigências contidas na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O ideal, que segue longe do real, seria a elaboração de um orçamento com receitas, gastos e investimentos alinhado com o planejamento estratégico. Ele deve resultar de um processo participativo de discussão e formulação segundo um determinado modelo de gestão estruturado que funcione de maneira dinâmica e orientada para resultados. Essa prática contínua de planejar, priorizar, orçar, implementar, avaliar, corrigir, melhorar, inovar e se reposicionar exige muito querer, disciplina para aplicar o método de gestão, constância de propósitos com foco, determinação, liderança e cooperação entre os participantes do processo. O desafio é cada vez mais reduzir a distância entre o que é orçado no planejamento e o que é realizado na gestão operacional.

Um bom exemplo dessa distância pode ser encontrado no balanço do ano de 2017 da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, divulgado em fevereiro. A LOA previa receitas de R$11,6 bilhões, mas a PBH conseguiu realizar apenas R$9,7 bilhões, o que significa uma distância de 16,32% da meta estabelecida. Já as despesas pagas chegaram a R$9,1 bilhões enquanto as despesas liquidadas (assumidas) foram de R$10,4 bilhões. O déficit é inegável e sobrou para os restos a pagar em 2018. Quais seriam as causas principais desse resultado não alcançado? Uma delas pode estar ligada às premissas utilizadas na projeção da inflação, no crescimento – ou não – do PIB, na expectativa de receitas de capital, nos repasses do Governo Federal, por exemplo. Outra causa pode estar no conforto concedido pela Câmara Municipal ao poder executivo, autorizando um corte de até 30% nos gastos previstos caso as receitas esperadas não se confirmassem, sem necessitar de aprovação do Poder Legislativo. Esse mesmo percentual já foi de 10% e não faz muito tempo. O balanço mostra que R$600 milhões deixaram de ser gastos na saúde, R$250 milhões não foram para a educação e que apenas R$350 milhões foram investidos em empreendimentos (projetos e obras) diante de um orçamento de R$1,15 bilhão. Foi só cortar.

A análise do balanço também mostra que a PBH gastou R$4,5 bilhões para pagar os servidores municipais, R$500 milhões para o pagamento de juros e amortização da dívida e que aproximadamente R$450 milhões tiveram que ser destinados à cobertura do déficit da previdência municipal com servidores aposentados e pensionistas.

Como se vê ainda estamos muito longe da excelência. É preciso, inclusive, aprender a ler um balanço contábil, a analisar com mais responsabilidade a conjuntura e projetar cenários com alguns graus de realismo. A mesma PBH, cujo balanço foi aqui usado como exemplo didático, projeta em seu orçamento de 2018 uma receita de R$12,5 bilhões perante os R$9,7 bilhões registrados em 2017, ou seja, um crescimento de 22,4% num ano em que se projeta um crescimento do PIB na faixa de 3% a 3,5%. Será que teremos a repetição de uma nova peça orçamentária de ficção só para cumprir a Lei, que exige que se faça um orçamento?

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 5 de março de 2018   Curtas e curtinhas

PIB de 2017 cresceu 1%

O IBGE divulgou na quinta, 1º de março, que o Produto Interno Bruto do Brasil encerrou o ano de 2017 com crescimento de 1%. É bom lembrar que os economistas ouvidos pelo Boletim Focus do Banco Central no inicio de janeiro de 2017 projetavam crescimento de 0,5%.

Se lembrarmos que a recessão econômica teve inicio no segundo semestre de 2014 e tecnicamente  findou no segundo trimestre de 2017 podemos verificar que as comparações são feitas com uma base fraca. É como se o PIB de 2014 estivesse a 100 metros de altura, teve duas quedas simples consecutivas de 3,5 metros em 2015 e 2016 que lhe deixaram numa altura de 93 metros. Agora em 2017 aconteceu uma subida de 1 metro e a altura passou a ser de 94 metros. Essencialmente não dá para ter euforia. E mesmo com um crescimento estimado de 3% a 3,5% para 2018 ainda estaremos distantes do que era a economia antes da recessão. Quem sabe estaremos recuperados lá para 2022?

O lucro dos bancos em 2017

Estamos em plena temporada de divulgação do lucro líquido dos bancos em 2017, ano em que a inflação brasileira ficou em 2,95% segundo o IPCA do IBGE. Entre os grandes bancos o destaque foi o Itaú, que lucrou R$24,87 bilhões, seguido pelo Bradesco, com R$19,024 bilhões, o Banco do Brasil, com R$11,1 bilhões, e o Santander com R$9,95 bilhões. A Caixa Econômica Federal ainda não divulgou seu resultado, que está estimado entre R$11,8 e R$12,1 bilhões. Na comparação com o ano de 2016 o crescimento do lucro desses cinco maiores bancos variou de 10,5% a 12%. Vale lembrar que esses cinco bancos respondem por aproximadamente 80% das operações do mercado financeiro. Ai de quem precisar de crédito com eles, pois lá os juros continuam nas alturas – empréstimos pessoais com juros médios de 122% ao ano – enquanto a Selic do Banco Central está em 6,75% ao ano.

O filão das tarifas bancárias

A cobrança de tarifas para a prestação de serviços bancários é um filão, uma mina de ouro, principalmente para os grandes bancos. Segundo o Banco Central em 2017 a receita com tarifas bancárias para os 5 maiores bancos – Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa e Santander – chegou a R$105 bilhões, o que significou um crescimento de 9,7% na comparação com 2016. Só o Banco do Brasil levou R$25 bilhões. Dá até para imaginar o quanto os clientes perdem ao não negociar tarifas com os gerentes de suas contas e também ao não conferir os lançamentos indevidos em seus extratos bancários. É por isso que muitas pessoas sequer percebem com o que estão gastando seu valioso dinheiro e ainda aumentam a sensação de que só precisam ganhar mais. O que ainda não sabem é que a gestão financeira também faz muita falta.

Imposto de renda 2018

A falação sobre a declaração anual do imposto de renda da pessoa física 2018/ano base 2017 já está a pleno vapor nos jornais, emissoras de rádio e TV desde a última semana de fevereiro. Será duro aguentar tanta repetição das mesmas informações e alertas até a primeira semana de maio com a divulgação dos números finais sobre a movimentação dos contribuintes. Mas o pior de tudo mesmo é que a tabela do imposto não foi corrigida mais uma vez e sua defasagem em relação à inflação já chega a 88,4% tendo como base o IPCA acumulado dos últimos 10 anos. Assim fica fácil entender porque a Receita Federal espera receber 28,8 milhões de declarações apesar de todos os males decorrentes da recessão econômica e a frágil retomada da economia em 2017.

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O Plano Cruzado entrou em vigor em 28 de fevereiro de 1986, quando os índices inflacionários caminhavam para as alturas. Naquele dia faltavam oito meses e meio para as eleições de 15 de novembro, quando seriam eleitos 23 governadores, 487 deputados federais e 49 senadores.

Hoje, em 2018, a baixíssima inflação anual ficou em 2,86% nos últimos 12 meses, segundo o IPCA/IBGE. O Presidente da República decretou intervenção federal na segurança pública no estado do Rio de Janeiro em 16 de fevereiro, dia em que faltava pouco mais de sete meses e meio para o primeiro turno das eleições para Presidente da República e governadores.

Passados 32 anos será que é possível encontrar semelhanças na conjuntura enfrentada por José Sarney, vice que assumiu o lugar de Tancredo Neves, e de Temer, vice que assumiu o lugar de Dilma?

A seguir um pouco do que foi e significou o Plano Cruzado, conforme publicação do portal Toda Matéria.

O “Plano de Estabilização Econômica (PEE)”, conhecido popularmente como “Plano Cruzado”, foi um plano econômico brasileiro criado durante o governo de José Sarney em 1986, pelo então ministro da Fazenda Dilson Funaro e os economistas João Sayad, Edmar Bacha, André Lara Resende e Pérsio Arida, com o objetivo de conter o processo de inflação galopante.

Assim, pela Lei nº 2.283, de 27 de fevereiro de 1986, institui-se o plano econômico, sob o slogan de “inflação zero”, que passa a vigorar em 28 de fevereiro de 1986 e durou até 16 de janeiro de 1989, quando foi substituído pelo Cruzado Novo.

Principais Causas e Características

A hiperinflação brasileira durante a década de 1980 permitiu lucros financeiros àqueles que lidavam com o processo especulativo, bem como àquelas empresas mais competitivas no mercado.

Por sua vez, a inflação possuía um caráter inercial, segundo o qual a própria inflação se alimentava de si num processo de retroalimentação, sendo a causa do próprio aumento. Por esse motivo, a “desindexação da economia” seria a única forma de eliminar a origem da especulação financeira causadora deste fenômeno.

Assim, foram adotadas as seguintes medidas:

  • Reforma monetária, com a transformação da moeda Cruzeiro em Cruzado, o qual valia 1000 vezes mais;
  • Congelamento dos preços em todo o varejo pelo prazo de um ano nos valores de 27 de fevereiro de 1986;
  • Congelamento e correção automática do salário quando os índices atingissem 20% de inflação;
  • Adiantamento de 33% do salário mínimo;
  • Congelamento da Taxa de Câmbio;
  • Criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND) para a implementação do Plano de Metas responsável pela área de infra-estrutura econômica e insumos básicos.

Contexto Histórico

Entre os anos de 1983 e 1985, a inflação registrava índices de 230% ao ano. Contudo, a previsão para 1986 era de até 400% ao ano. Apesar disso, a condição interna e externa do país eram relativamente boas, uma vez que havia superávit nas exportações e os preços do petróleo diminuíam no mercado internacional.

Enquanto isso, as contas públicas estavam equilibradas e sem as pressões inflacionárias dos déficits públicos, o que favorecia a implementação de uma reforma econômica mais radical.

Com efeito, se em fevereiro de 1986 a inflação chegou a 14,36%, no mês seguinte, após a implementação do PEE, já havia uma deflação de -0,11 %. Nos meses subsequentes, a inflação se manteve controlada.

Contudo, a política monetária de elevação da taxa de juros para desaquecer o consumo e incentivar a poupança não funcionou como deveria (na realidade, houve saques nas cadernetas de poupança, direcionados para o consumo de bens) e criou-se uma situação de desequilíbrio entre a oferta e a demanda, devido ao consumo em alta. Como o governo não era capaz de controlar seus gastos ou corrigir as falhas com medidas impopulares, o Plano Cruzado começou a demonstrar falhas.

Além disso, o congelamento dos preços impedia que produtores reajustassem seus preços, o que acabou diminuindo a rentabilidade dos produtos ou até inviabilizando a produção, especialmente de gêneros afetados por condições sazonais.

O resultado imediato desse fenômeno foi o desabastecimento de bens e as grandes filas nos supermercados. Apesar disso, o consumo continuava em alta. Por outro lado, o congelamento da taxa de câmbio fez o Brasil perder uma parcela significativa das reservas monetárias internacionais.

Por fim, após as eleições de 15 de novembro de 1986, o PEE fracassou definitivamente e a inflação retornaria com mais força do que no período que antecedeu ao Plano Cruzado.

Em 1987, devido à crise econômica desenfreada, o Brasil decreta a moratória da dívida externa. Mesmo assim, o Cruzado continuará como moeda nacional até janeiro de 1989, quando foi substituído pelo Cruzado Novo.

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Cemitério da Saudade, em Belo Horizonte. | Foto: Sérgio Verteiro

Quem foi ao Cemitério da Saudade, na zona leste de Belo Horizonte, ao longo deste mês de fevereiro deve ter ficado bastante assustado com o exuberante matagal que tomou conta do local. O acesso às quadras para os sepultamentos diários ou para visitar os túmulos exige que as pessoas “se virem”, cada uma a seu modo e risco, para chegar ao local desejado e também para se retirar dele.

As fotografias deste post foram feitas na necrópole na segunda-feira 19 de fevereiro e nos fazem pensar sobre a qualidade da gestão que a Prefeitura Municipal faz para manter e melhorar o local em suas diversas variáveis.

Túmulos em meio ao matagal no Cemitério da Saudade. | Foto: Sérgio Verteiro

Vale lembrar que o Cemitério da Saudade foi inaugurado em 1º de junho de 1942, quando Juscelino Kubistchek era o prefeito municipal. Sua área é de 188 mil metros quadrados e lá foram sepultadas aproximadamente 373 mil pessoas ao longo desses quase 76 anos, segundo informações do setor administrativo local.

Espero que a Prefeitura de Belo Horizonte coloque a manutenção do Cemitério entre as suas prioridades e que isso seja uma ação permanente.

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Depois do Carnaval

por Luis Borges 23 de fevereiro de 2018   Pensata

Já estamos mesmo depois do Carnaval, pois seus últimos movimentos se foram com o fim do desnecessário horário de verão. Ficou registrada a grande e crescente exuberância dessa festa popular, com o povo na rua esbanjando alegria, molejo, musicalidade e também deixando de maneira direta suas mensagens aos políticos partidários e aos poderes constituídos em todas as instâncias do Estado.

Mas, daqui pra a frente, que temas estarão em nossa pauta de anseios e preocupações para o horizonte próximo que, digamos, poderia ser imaginado para os futuros 365 dias? Dos temas bastante evidenciados antes do Carnaval, espero que o imoral auxílio moradia pago a uma super casta de servidores públicos – auxílio este isento de Imposto de Renda e contribuição previdenciária – seja finalmente julgado e derrubado pelo lento e caro Supremo Tribunal Federal. Dá até para imaginar a cara de constrangimento de suas Excelências caso a decisão lhes seja desfavorável e retificadora rumo ao cumprimento do Artigo 37 da Constituição Brasileira que afirma:

“a administração pública direta e indireta de qualquer dos poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”.

a reforma da Previdência Social, que ainda era urgente antes do Carnaval embora estivesse no telhado pronta para cair, entrou em coma profundo após a decretação da intervenção federal na segurança pública no estado do Rio de Janeiro. Essa intervenção tornou-se mais um suspiro na tentativa do impopular Presidente da República de se agarrar a alguma coisa para não passar o resto do ano contemplando o triunfo do seu próprio fracasso. Ele até deu sorte quando o governador Pezão afirmou que perdeu o controle da segurança pública no Rio de Janeiro. Como quem não controla não gerencia, a oportunidade foi abraçada. Agora só falta fazer o restante, que vai desde a já obtida aprovação pelo Congresso Nacional até a formulação da estratégia para ser operada pelo Exército, que gerencia pelo comando e não pela liderança. Também estarão na pauta os recursos financeiros, materiais e humanos necessários, o clamor por segurança em diversas capitais de estados do Nordeste e do Centro-Oeste, a transformação do atual Ministério da Justiça e da Segurança em duas unidades independentes e uma grande expectativa para os resultados, que poderão ser alcançados em determinado espaço de tempo.

A pauta também espera por alguma informação sobre a correção da tabela do Imposto de Renda retido na fonte, cuja defasagem em relação à inflação oficial se acentuou muito nos últimos 20 anos.

Enquanto nada se resolve com mais concretude podemos também manter na pauta as nossas preocupações cotidianas com a manutenção ou obtenção de um trabalho para a sobrevivência, a segurança de cada um associada à sensação de insegurança, o preço da gasolina, do óleo diesel, do etanol e do gás de cozinha, as eleições de outubro, o que está sendo abordado nas redes sociais, a intensidade das manifestações nas ruas…

A quaresma prossegue e a cada dia que passa a Páscoa se aproxima mais. Que passagem nos aguarda?

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Vale a leitura

por Luis Borges 19 de fevereiro de 2018   Vale a leitura

A solidão à espreita

De repente você percebe que está só, simplesmente só, e sem entender as causas que te levaram à solidão. Pode ser solidão na vida a dois, na militância político-partidária, no poder na empresa, na hierarquia de uma organização religiosa, na turma de amigos ou no convívio em um grupo familiar. Mas como se posicionar para romper com a solidão do momento e ir em frente diante das circunstâncias da vida, sem se vitimizar apenas? Mais informações e conhecimentos sobre o tema podem ajudar a melhor compreender o fenômeno e o processo que o gera. Nesse sentido vale a pena ler o artigo É impossível ser feliz sozinho? Conheça 7 fatos fundamentais sobre a solidão. 

“A era da internet expôs uma pressão social. A imposição de padrões até de felicidade se espalha na web e piora a sensação de solidão, diz Carlos Correia, voluntário do CVV (Centro de Valorização da Vida), procurado diariamente por pessoas desamparadas psicologicamente. “Nas datas comemorativas somos bombardeados por todos os lados de um padrão de felicidade ao qual muitas vezes não nos encaixamos”, conta em entrevista ao UOL. Isso leva ao isolamento e mina a autoestima.”

Morte e bitcoins

Com a inflação e a Selic em baixa, muitas pessoas têm a sensação de que suas aplicações financeiras, tradicionais e mais seguras, não estão rendendo quase nada após descontada a inflação do período. A fúria para ganhar mais pode impulsionar o aplicador a arriscar mais nas voláteis aplicações da bolsa de valores ou nas moedas virtuais, como o bitcoin. Essas aplicações, porém, não são para amadores e nem para os que têm apego ao seu rico dinheiro. No caso das moedas virtuais ainda existem vários dificultadores, como no caso da morte do aplicador que não compartilhou as suas senhas com ninguém. O tema é abordado por Camila Appel no artigo O que acontecerá com seus Bitcoins quando você morrer?.

“O Bitcoin é tido como uma moeda segura, porque cada portador recebe uma senha secreta (chamada de chave de acesso), para acessar suas moedas em uma carteira digital.

Não há uma forma de solicitar essa senha em caso de morte, já que não há uma autoridade central que possa rastreá-la. Essa segurança torna a moeda impossível de ser transmitida a um herdeiro, caso o dono da moeda não tenha passado a senha e a forma de usá-la, adiante”.

Bens e separação

Quando um casal resolve se unir deve pensar em todas as variáveis legais em que o ato implica. Uma delas é a partilha dos bens adquiridos antes e durante a união. Nesse sentido é importante conhecer o que diz a legislação brasileira para ajudar a amenizar gastos de energia desnecessários nos conflitos causados pelo desconhecimento das regras do jogo, mesmo diante de tantas comoções na plenitude do sofrimento. Leia abordagem feita por Carolina Prado e Letícia Rós no artigo Regime de bens: pensar no divórcio antes de casar é um mal necessário, publicado pelo portal UOL.

“Na comunhão parcial de bens, os bens adquiridos durante o casamento pertencem a ambos e serão divididos meio a meio em caso de separação. Também são partilhados os bens adquiridos por fato eventual (por exemplo, prêmio de loteria). A exceção feita é para os instrumentos de profissão (indispensáveis ao exercício do ofício – um instrumento musical de um músico por exemplo) livros e bens de uso pessoal, como roupas. Os bens que cada um tinha antes de se casar não entram na partilha, assim como herança ou doação recebida apenas por um dos cônjuges, antes ou depois do casamento. Dívidas também não são divididas”

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