Vale a leitura

por Luis Borges 21 de maio de 2019   Vale a leitura

Você tem educação financeira?

Vai ficando cada vez mais evidente que só a aposentadoria pelo INSS não será suficiente para garantir às pessoas uma tranquilidade financeira no final do curso de vida. Ainda que esteja tudo mais difícil nesse momento da vida política, econômica e social brasileira, o que as pessoas que tem 30, 40 ou 50 anos de idade podem começar a fazer visando ter um futuro menos sofrido? Algumas possibilidades nesse sentido foram abordadas por Júlia Mendonça no artigo Somos analfabetos financeiros. Só 8% dos brasileiros poupam!, publicado no blog Descomplique.

As frases “quem poupa não aproveita a vida” ou “caixão não tem gaveta” resumem muito bem nossa relação com as finanças. Com certeza, falta grana para muitos, mas para outra parcela falta vontade de se educar financeiramente.

Cooperativismo financeiro

As cooperativas financeiras, também chamadas cooperativas de crédito, podem ser uma boa opção para quem quer fugir das imposições e da ganância dos bancos privados. Seu dinheiro pode render mais e melhor quando você participa de um negócio do qual é sócio proprietário sob a égide dos princípios cooperativistas aplicados ao associativismo entre as pessoas. É claro que a gestão do negócio será sempre fundamental para que se atinja o melhor resultado para os associados e que as sobras de cada ano sejam repartidas proporcionalmente às transações que cada um faz com a cooperativa. Para melhor conhecer e compreender as possibilidades de uma cooperativa financeira a sugestão é ler o artigo “As cooperativas de crédito são mesmo uma boa opção?”, de João Antônio Motta publicado em seu blog.

Cooperativas de crédito não têm clientes, mas cooperados. Não visam lucros, mas sobras, que podem ser repartidas entre os cooperados. Só por estes ingredientes já se vê o enorme poder de atração que têm (ou deveriam ter) as cooperativas de crédito. Aliás, o princípio que os cooperados e as cooperativas de crédito devem ter é que a especulação financeira não é (nem pode ser) seu objetivo, já que devem fornecer assistência aos seus membros. Porém, isso não implica que os administradores descuidem do retorno dos capitais emprestados e da solidez patrimonial da cooperativa.

Quem não atrapalha já ajuda no processo de luto

De repente você recebe a informação de que uma pessoa de seu círculo mais próximo ou de sua rede mais ampla acabou de falecer.  O que fazer para se posicionar em relação ao acontecido perante as pessoas mais próximas do finado? Ir ao velório caso a logística permita, enviar uma mensagem, fazer uma visita pessoal ou ir à missa de sétimo dia, por exemplo? Mais desafiante ainda é saber o que falar nessas ocasiões sem cair na vala comum dos chavões, que nada acrescentam e até retiram energia de quem está ouvindo a sua falação. É interessante a abordagem feita por Camila Appel no artigo Como ajudar uma pessoa em luto: comece não atrapalhando, publicada em seu blog Morte sem tabu.

Frases como: “Eu sei o que você está passando”, poderiam ser substituídas por algo como “eu imagino como está sendo difícil isso para você”.  Estimular o outro a sair, frequentar ambientes sociais, pode soar muito invasivo.  “O processo de luto é um processo de introspecção. Não atrapalhar é deixar o processo correr e estar disponível. ‘Estou por aqui para o que precisar’, ‘Você gostaria de conversar? ‘.’Você gostaria de tomar um café?’”.

  Comentários
 

Curtas e curtinhas

por Luis Borges 18 de maio de 2019   Curtas e curtinhas

Férias só de 30 dias por ano

Está em tramitação no Senado a PEC 58/2019 que propõe limitar a 30 dias a duração das férias anuais dos magistrados e membros do Ministério Público, período que é fixado em 60 dias. A PEC também proíbe a adoção da aposentadoria compulsória como sanção disciplinar para juízes e prevê a demissão deles e de integrantes do MP, por interesse público. A PEC foi apresentada com a assinatura de 30 senadores que, com os demais colegas do Senado, terão que gastar muita energia para enfrentar o vespeiro dos direitos adquiridos. Afinal de contas já são 40 anos de vigência das férias de 60 dias e o corporativismo sempre se faz presente.

Estatais federais e participações acionárias

Determinadas informações no Brasil são muito bem protegidas e difíceis de serem encontradas no escondidinho em que são guardadas, mesmo com a vigência da Lei de Acesso à Informação. Mas desanimar da procura jamais. Um levantamento feito pelo Portal UOL mostra que o Governo Federal possui 134 empresas estatais e é sócio de 111 empresas de capital aberto e fechado através do BNDES. Essas participações totalizam R$ 104,8 bilhões, dos quais R$ 100,3 bilhões são de 40 companhias com ações na Bolsa de Valores e R$ 4,5 bilhões das outras 71 empresas com controle fechado. O Ministério da Economia pretende vender essas participações e utilizar os recursos para financiar pequenas e médias empresas através do BNDES ao mesmo tempo em que espera que o banco devolva R$126 bilhões que tomou emprestado do Tesouro Nacional a partir de 2012.

Enquanto isso o que mais se fala é em frustração de arrecadação, contingenciamento do orçamento e crescimento econômico caminhando a passos largos para apenas 1% nesse ano. Ainda assim o BNDES sinaliza que devolverá R$48 bilhões ao Tesouro Nacional até o final de maio. A conferir.

Fechamento de agências e postos de atendimento

O Itaú Unibanco, o mais lucrativo dos bancos brasileiros, quer fechar quase 10% de suas 4.200 agências e postos de atendimento nos próximos 2 anos. Essa medida faz parte do reposicionamento estratégico da empresa para manter sua lucratividade e se adequar à migração de clientes para os bancos digitais, muito mais competitivos nos aspectos tarifários. Em março deste ano o Itaú Unibanco já possuía 195 agências digitais. Como será que ficará o mercado dos bancos ao final dos próximos 2 anos? Em que tipo de banco você terá uma conta corrente segura e a menor custo?

O encanto se quebrou

O Brasil iniciou o ano sob nova direção na Presidência da República com projeção de crescimento de 2,5% para a economia. Pouco mais de 5 meses depois essa projeção prossegue em queda livre a cada semana no Boletim Focus do Banco Central. Agora a autoridade monetária projeta crescimento de 1,45% enquanto os mais realistas já apontam para apenas 1% no final do ano. Como se vê, o encanto se quebrou já que nenhuma das premissas eufóricas do início do ano se realizou, a começar pelo mantra em que se transformou a Reforma da Previdência, que deveria rapidamente ser aprovada pelo Congresso. Nesse ritmo 2019 poderá ser apenas mais um ano perdido nesta década.

  Comentários
 

Era gripe

por Luis Borges 14 de maio de 2019   Pensata

Estamos fazendo a travessia de mais um outono e já passamos da metade da estação. Mais uma vez a grande sensação da temporada é a epidemia de dengue trazida pelo mosquito aedes aegypti para deixar muita gente fora de combate. Ainda que nem tudo acabe em dengue, ela acaba causando muitas preocupações. E, de repente, lá num dia nem tão belo assim e como se não tivesse vindo, do nada sua garganta começa a dar sinais de desconforto, principalmente com a sensação de que tudo está arranhando ao passar por lá. A auto-observação geralmente induz à conclusão de que se trata de um resfriado de pequena magnitude.

Enquanto os dias passam parece que vários sintomas aumentam, como a tosse, dor no corpo em geral, dor de cabeça e sobra apenas ficar amuado. De repente surge uma febrícula, que logo é combatida com o uso de um antitérmico em típica automedicação. A tosse fica ainda mais seca, o sono mais difícil, cheio de variações e o tempo que não pára logo registra que o processo todo já dura 7 dias. Acontece que você convive com diversas pessoas em casa, no trabalho, na igreja, na padaria ou no clube de lazer e aqueles que se interessam por você e se preocupam com a melhoria das suas condições funcionais. Invariavelmente essas pessoas querem saber se você já fez uma consulta médica, se seus sintomas são de dengue, pneumonia, faringite, sinusite ou gripe muito forte e uma pergunta que nunca falta é se você se vacinou contra a gripe.

Uma resposta muito citada tem sido que você tomou a decisão de se vacinar pela primeira vez, mas foi pego pela gripe na fase que ficou entre a decisão e ação de tomar a vacina. Muito comum também é surgir alguém afirmando que sua resistência está baixa e, por isso, você está sofrendo com tantos sintomas sem saber do que realmente se trata. Isso acaba sendo mais um tipo de achismo que, aliás, é bastante comum entre muitos de nós.

Lá pelo nono dia de desconforto e sofrimento você acaba conseguindo ir a um consultório médico tentando encontrar alguma resposta para as suas próprias preocupações e também para as de todos que lhe querem bem e fazem parte do seu cotidiano. Depois de feitos todos os procedimentos determinados pelo protocolo médico você ainda fica na expectativa do diagnóstico. “Sabe o que era?”, pergunta você às pessoas de seu convívio. E você responde logo – e aliviado – que era gripe mesmo e que ela vai prosseguir por mais alguns dias e será combatida com o uso de xarope, muito líquido, soro no nariz…

Ainda bem! Pior seria se fosse a dengue ou a pneumonia. Melhor seria mesmo era ter se vacinado, o que teria poupado o sofrimento e a preocupação de tanta gente, a começar por você mesmo. Vivendo e aprendendo permanentemente no curso de vida.

  Comentários
 

Os anjos existem?

por Convidado 12 de maio de 2019   Convidado

* por Sérgio Marchetti 

Eu nunca acreditei em anjos, tampouco que me protegem por todo o tempo. Mas cresci vendo e ouvindo tantas pessoas falarem do anjo da guarda que resolvi questionar o papel daquele benfeitor. Mas ressalto que em minha busca nunca desrespeitei a crença das pessoas.

Um dia, li o livro do Paulo Coelho, “O Diário de um Mago”, cujas páginas traduzem sua odisseia pelo caminho que leva a Santiago de Compostela. Gostei do livro e puder ver que o escritor fala de anjos e do seu anjo, especificamente. Porém, o que mais me chamou a atenção foi o fato do Paulo ser o escritor de mais sucesso no Brasil e de tantas pessoas dizerem que não gostam de seus livros. Ora, só mesmo tendo um anjo protetor para vender tanto livro para quem diz que não gosta. Confesso que comecei a acreditar em alguma coisa que nos proteja. O problema é que, no meu modelo mental, anjo é um menininho de asas, com cabelos louros e encaracolados que toma conta de marmanjos. Não! É inconcebível para minhas crenças.

O tempo passou… veio a poesia em minha existência e com ela, em Casimiro de Abreu, aprendi que “primavera e mocidade/ irmãs gêmeas, elas são/ vem o inverno/ vem a idade/ uma volta/a outra não”. E, então, no meu entardecer, num dos invernos da minha vida, comecei a compreender o que antes parecia indecifrável, e apurei minha visão para ver o que antes era invisível; tendo compreendido que “só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos” (Antoine de Saint-Exupéry). E aí, meus caros, pacientes e fieis leitores, falem a verdade: quanto mais nossos olhos vivem, mais nos levam a acreditar em coisas inacreditáveis.

Entendi, depois de um bom tempo, que a vida é circular e que, quando estamos completando a nossa trajetória, ficamos mais perto da criança que fomos e da qual nos distanciamos por um período. E criança vê coisas que só idosos veem. Olha aí a intercessão.

O escritor português José Saramago disse em um discurso, pouco antes de sua morte, que quando estamos próximos de fazer a nossa última viagem, nossa chama – igual à da vela que está para apagar -, cresce, fica forte e depois se finda. Creio que a luz a que Saramago se referiu venha dos anjos que guiam nosso caminho final.

Ainda não atingi esse estágio. Penso, em minha ilusão, que estou vivendo o crepúsculo e não a noite. Mas vá saber. O que percebi em meu entardecer é que enquanto pensar que anjos voam, eu nunca os verei. Eles não se personificam somente como crianças. E não são exclusivos de uma pessoa. Mas eles existem e nos aparecem em momentos difíceis, quando nos sentimos sós e abandonados. Descobri essa verdade assistindo um filme baseado em fato, na qual uma família lutava para salvar a vida de uma filha, uma menina que sofria de uma doença rara. Ela teve tantas pessoas para ajudá-la que a mãe concluiu que anjos estão mais perto do que imaginamos. Não saberia dizer o nome do filme, me esqueci. Mas entendi que cada pessoa que me estende a mão e me possibilita resolver um problema grande ou pequeno – esse é um anjo. Eles são discretos, compreensivos e aparecem quando você está perdido e sem saber o que fazer para solucionar um problema.

Sei que todos que me leem irão entender que anjos existem e que, em algum momento, todos nós, mesmo sendo imperfeitos, podemos ser o anjo que alguém tanto precisa.

Que assim seja!

* Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

  Comentários
 

Os fatos e dados colhidos de maneira adequada não deixam de existir mesmo quando são ignorados, negados ou justificados por uma desculpa esfarrapada. Mas se o que mais temos são problemas que exigem soluções, o Dia do Trabalhador nos permite reconhecer que a coisa está feia, sem contudo apontar  como despiorar, estancar ou melhorar.

A economia não deslancha após dois anos de recessão econômica e outros três de crescimento do PIB em torno de pífios 1%. Pensando bem, quem, em sã consciência, pode se considerar seguro no trabalho em que atua? Talvez possamos nos lembrar de quem escolheu ser um servidor público concursado, amparado pela estabilidade, mas preocupado em manter direitos adquiridos. É bom lembrar que boa parte de estados e municípios simplesmente quebrou e agora só lhes resta tentar renegociar dívidas, fazer reformas administrativas “enxugantes” na estrutura, parcelar o pagamento dos salários mensais dos servidores do poder executivo e do décimo-terceiro salário que, aliás, há muito tempo não são reajustados. Uma boa e excepcional lembrança, que até causa inveja a quem está de fora, vem dos servidores concursados e estáveis dos Poderes Judiciário e Legislativo. O Poder Judiciário teve aumento de 16,4% para os Ministros do Supremo Tribunal Federal, o que gerou um efeito cascata aplicado em toda a carreira da magistratura. Vem também a lembrança de outras possibilidades não estáveis para quem consegue ser contratado pelo recrutamento amplo do serviço público e também através de contratos de prestação de serviços terceirizados.

Outra lembrança importante – e preocupante – foi trazida pelo IBGE ao divulgar na véspera do feriado de primeiro de maio os resultados da Pnad Contínua do primeiro trimestre de 2019. Foi registrado um aumento na quantidade de pessoas desempregadas cujo índice chegou a 12,7% da população economicamente ativa, o que equivale a 13,4 milhões de pessoas. Os desalentados, aqueles que desistiram de procurar trabalho, chegaram a 4,8 milhões, o que resultou num crescimento de 3,9% em relação ao trimestre anterior. Nesses tempos de muito “achismo” é importante lembrar que a  metodologia da pesquisa da Pnad Contínua prevê uma visita a 211.344 casas em cerca de 3.500 municípios. O IBGE considera desempregado quem não tem trabalho e procurou uma ocupação nos 30 dias anteriores à semana em que os dados foram coletados.

Também fica difícil não se lembrar dos resultados trazidos pela reforma trabalhista após 18 meses de vigência. A premissa que justificou sua aprovação era de que traria um significativo aumento do número de vagas para combater o desemprego, já altíssimo em 2017.

Agora, uma nova proposta de reforma, a da Previdência Social, também sinaliza grandes efeitos como panaceia para a maioria dos males que afligem o país.

Entre as reflexões e pensamentos que o Dia do Trabalhador nos enseja é bom que nos coloquemos no lugar das pessoas que fazem parte das estatísticas do desemprego crescente nesse início de ano. Quanto pior, pior mesmo e os números não mentem. Só para ilustrar, basta conferir a quantidade de jovens na faixa de 16 a 24 anos procurando uma primeira oportunidade de trabalho que, quando surge no meio de tanta escassez, ainda traz exigências absurdas, como experiência mínima de um ano na função. O que pensar de alguém com 50 anos de idade, que acabou de ser demitido de uma prestadora de serviços terceirizados, que fica imaginando onde encontrar nova oportunidade de trabalho após o fim do seguro desemprego?

De toda maneira a gente vai tentando, levando, combatendo a depressão e se reposicionando sem negar a realidade, apesar de todos os pesares que nos cercam. É o que temos para hoje, infelizmente.

  Comentários
 

Ao longo dos últimos dois meses e mais especificamente nos últimos 15 dias foram quase que massacrantes as referências feitas em diversas mídias sobre o fim do prazo para a entrega da declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física em 30 de abril. Numa frequência um pouco menor também foram abordadas tecnicalidades como modelo de declaração, deduções, aplicações financeiras, fontes pagadoras de salários, rendimentos tributados exclusivamente na fonte, bens e direitos e, é claro, imposto a pagar ou a ser restituído. Os profissionais da contabilidade também foram bastante lembrados e acionados por muita gente querendo se posicionar melhor perante a Receita Federal e evitar cair na malha fina.

Todo ano tem sido a mesma coisa quanto ao alarido sobre a improrrogável data limite e as multas que penalizarão as pessoas físicas inadimplentes. Por que estou voltando ao assunto se acabo de falar em tom de reclamação sobre o incômodo cansaço gerado por tanta repetição da mesma coisa? Simplesmente porque as matérias quase não abordaram que a tabela do Imposto de Renda está congelada desde 2015, o que por si só já significa aumento de carga tributária para quem permaneceu no mercado de trabalho e ainda teve algum reajuste salarial repondo a inflação anual ou parte dela. Nesse sentido vale lembrar os dados divulgados pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco) mostrando que nos últimos 23 anos – 1996 a 2018 – a inflação acumulada medida pelo IPCA do IBGE foi de 309,74% enquanto a  tabela do Imposto de Renda foi corrigida em 109,63%. Segundo o Sindifisco seria necessário um reajuste de 95,46% para corrigir a defasagem da tabela registrada nesse período. Isso faria com que o limite de isenção do Imposto de Renda passasse dos atuais R$1.903,98 para R$3.689,93. Já a faixa de renda que hoje fica acima de R$4.664,68 e é taxada em 27,5% passaria a ser de R$9.169,34. É claro que também seriam reajustados pelo mesmo índice as despesas por dependente e anuidade escolar.

Também quase nada se discute sobre o fato de que salário não é renda e que, por isso mesmo, devido à sua própria natureza, não deveria ser taxado como se fosse renda. Isso ficaria para os ganhos decorrentes das aplicações do capital, taxação das heranças e das grandes fortunas e de maneira progressiva.

A julgar pelas ofertas de financiamento pelos bancos para antecipar a devolução do Imposto de Renda para quem conseguiu alguma restituição, fica parecendo que ninguém vai cair na malha fina da Receita Federal, que dá para pagar as altas taxas de juros cobradas e que existe um grande conformismo com o congelamento da tabela do imposto. Para aqueles que ainda insistem na reposição das perdas inflacionárias contidas na tabela o máximo que o Ministério da Economia fala é que o tema poderá ser discutido por ocasião da proposta de Reforma Tributária, pois hoje o país convive com o déficit das contas públicas.

Muda isso, muda aquilo, mas na prática é tudo a mesma coisa. A diferença entre o velho e o novo jeito de fazer as coisas esta só na embalagem e a gente vai ficando para trás.

  Comentários
 

Expectativas nem sempre atendidas

por Luis Borges 28 de abril de 2019   Pensata

De vez em quando é bom fazer uma análise crítica sobre nossas expectativas de consumo de bens e serviços bem como das percepções que tivemos após tudo ter acontecido. É importante observar desde o sonho e o planejamento do consumo, que nem sempre acontece, até a satisfação trazida pelo ato de consumir. Se a crise econômica persiste e se existem necessidades básicas inadiáveis, também existem consumos adiáveis já que, em geral, a estratégia das pessoas na atual conjuntura é a de sobrevivência. Para quem quer antecipar um consumo que não cabe no bolso no momento, mas é fustigado pela ansiedade, pode ser dado um jeito através de um financiamento a juros altíssimos e com risco de se tornar um futuro inadimplente do cadastro negativo, onde será chamado pela alcunha nada carinhosa de “negativado”.

Ainda assim e embalado pelo “consumo, logo existo” não dá para negar que são muitas e às vezes altas as expectativas do consumidor. O mínimo que ele espera é consumir um bem ou serviço com as características de qualidade especificadas verbalmente por ele ou padronizadas num determinado código oriundo do fornecedor. Espera também que o preço seja justo, adequado e que o atendimento dado pelo fornecedor leve em conta a sua condição de cliente. Aí é que entra a reflexão sobre a percepção que se tem comparada com a expectativa que se tinha. Assim fica mais fácil perceber as lacunas que ficaram em relação à expectativa inicial ou a lembrança das brigas travadas durante o processo de atendimento para conseguir receber o que realmente foi solicitado. Nesse caso ficam visíveis muitos pontos de conflito no contato do fornecedor com o consumidor, que deveria ser tratado como cliente. Pior ainda é pensar nos serviços públicos prestados diretamente pelos próprios órgãos ou por aqueles a quem foram concedidos, mas isso será tema de outra pensata…

Vale pensar no atendimento no caixa de um supermercado ou da padaria, na compra pela internet, na consulta médica ou na internação hospitalar, na pizza que família degustou numa pizzaria, no contato com a operadora de telefonia ou cartão de crédito e no meio de transporte escolhido para uma melhor mobilidade urbana e interurbana, por exemplo. Dá para lembrar que o pagamento à vista não tem nenhum desconto e é o mesmo que o valor a prazo, que o número do CPF, telefone e o endereço eletrônico são solicitados insistentemente ou que muitas vezes a entrega de um bem é marcada para ser feita entre 8h e 18h ou que simplesmente o prazo de entrega não é cumprido e o fornecedor sequer faz um contato para apresentar alguma justificativa ou renegociar o prazo.

A partir desses casos citados e de outros que você, caro leitor, deve estar se lembrando é possível avaliar qual é o tamanho da distância entre as nossas expectativas e as percepções que temos sobre o que realmente nos é entregue. Afinal de contas temos até um código de proteção e defesa do consumidor e, mesmo sendo cada vez mais conscientes desses direitos, continuará sendo preciso lutar para que eles sejam cumpridos.

  Comentários