Vale a leitura

por Luis Borges 28 de agosto de 2019   Vale a leitura

Quando o esquecimento começa aumentar

Até que ponto as pessoas são ou estão suficientemente atentas para captar e analisar os sinais emitidos pelo corpo humano? O aumento da longevidade traz consigo também o declínio das condições funcionais do corpo embora as pessoas sempre digam que tem a expectativa de viver muito, mas com qualidade de vida. Porém chega um momento em que você começa a se lembrar que se esqueceu de alguma coisa que acabou ficando para trás e prossegue até que mais à frente já nem se lembra que se esqueceu de algo. É bem oportuna a abordagem de Mychael V. Lourenço no artigo Quando o cérebro começa a falhar”publicado pelo portal Ciência hoje.

Uma pergunta frequente que muitos se fazem ao envelhecer é se estariam desenvolvendo DA e ainda não sabem. Por isso, vários grupos de pesquisa têm buscado sinais capazes de prever o Alzheimer muito antes que a doença se estabeleça. Mas não há motivo de preocupação se você é jovem ainda: o aparecimento da DA só é comum a partir dos 65 anos, e o esquecimento ocasional de algo pode ser apenas circunstancial. Porém, se os problemas de memória afetam a sua qualidade de vida, aí sim é o momento de se consultar com um neurologista.

Falar sem causar sono em que escuta

A capacidade de falar em público sobre diferentes temas a segmentos sociais diversos exige mais preparação para alcançar os resultados desejados nesse processo de comunicação. Mas o que fazer para entender as causas do fracasso diante de um público que rapidamente se desinteressou de sua mensagem? É o que aborda Reinaldo Polito em seu artigo “Quando você fala, dá sono nas pessoas? Veja quais os principais defeitos” publicado pelo portal UOL.

Há algum tempo ministrei alguns cursos para turmas formadas por procuradores. Entre suas atribuições, está a necessidade de fazer sustentações orais diante de desembargadores. Antes do início do treinamento, ocorreu episódio bastante curioso. Um dos participantes me revelou a seguinte preocupação: “Professor Polito, ando meio desestimulado e até desanimado com o resultado de minhas apresentações. As causas que defendo são vencedoras, e a minha linha de argumentação é consistente, mas os desembargadores não estão nem aí para o que eu falo. Ficam entretidos com a caneta, girando-a entre os dedos, pegam no telefone. E, pior, à medida que falo vão ficando sonolentos, sonolentos”. Só que, enquanto esse aluno me explicava, eu também fui ficando sonolento, sonolento.

Só setembro ou o ano todo amarelo?

Já estamos nos aproximando de mais um setembro amarelo, mês em que se busca chamar a atenção das pessoas para o suicídio e as ações para a sua prevenção. Entretanto ao longo de todo o ano continua crescendo a ocorrência de suicídios, sendo que poucos casos chegam a ser divulgados pela imprensa e a maioria fica restritos ao micromundo de quem cometeu suicídio. Agora como se vê esse problema social continua a desafiar a sociedade, que fica assustada e perplexa diante de sua ocorrência, mas não vai muito, além disso, na perspectiva de combater as causas que o geram. Um pouco de luz sobre o tema está no artigo “Por que não podemos simplificar o suicídio? Fatores importantes sobre isso” de autoria de Luiz Sperry e publicado em seu blog.

Em geral o suicídio é creditado como uma consequência mais grave de alguém com depressão. Isso não é exatamente incorreto, mas é apenas uma das possibilidades de apresentação do fenômeno. Apesar da forte correlação entre suicídio e doença mental, (principalmente transtornos de personalidade, transtornos do humor e abuso de substâncias), cerca de 10% dos suicidas não apresentam nenhum antecedente psiquiátrico.

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Todo dia tem novos idosos

por Luis Borges 25 de agosto de 2019   Pensata

Em fevereiro de 1962 comecei minha trajetória de estudante no curso primário do grupo escolar Pio XII na capital secreta do mundo, a cidade eterna de Araxá (Minas Gerais). Eu tinha sete anos de idade e a minha mãe 28. Na parede da memória, como diz o cantor e compositor Belchior em sua música “Como nossos pais”, está registrada uma fala de minha mãe sobre uma visita feita por ela a seu tio, que era considerado um velho de 56 anos de idade. Naquela época, dados do IBGE registraram que a expectativa de vida das pessoas era 52,5 anos e o censo de 1960 mostrava uma população de 76,57 milhões de habitantes no país.

Agora em 2019, 57 anos depois, tenho encontrado ou conversado com pessoas que estão completando 60 anos de idade ao longo dos meses deste ano. As manifestações de alegria e agradecimentos por tudo que já foi vivido e também preocupações com o ciclo idoso da vida, que é finita, sempre tem permeado as conversas. Vale lembrar que a lei brasileira nº10.741 de 01/10/2003 criou o Estatuto do Idoso, definindo que esta condição passa a existir quando a pessoa completa 60 anos de idade. Também segundo o IBGE a expectativa média de vida hoje está em 76,5 anos, sendo que as mulheres chegam aos 80 anos e os homens aos 73. Já a população brasileira está estimada em 210,3 milhões de habitantes dos quais em torno de 30 milhões tem acima de 60 anos de idade, número que deverá dobrar ao final das próximas três décadas.

Existem estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) do Ministério da Economia sugerindo que a idade limite para que a pessoa seja considerada idosa passe para 65 anos devido aos níveis de longevidade alcançados atualmente. Podemos considerar que mais dias, menos dias essa mudança ocorrerá fundamentada em argumentos semelhantes aos utilizados para justificar a necessidade da Reforma da Previdência Social.

Sem querer fazer nenhum alarme, mas sendo bastante realista e pragmático, reitero que quem já chegou à condição de idoso legal precisa repensar e se reposicionar estrategicamente em função de várias variáveis que poderão impactar desfavoravelmente o seu curso de vida até o dia em que o espírito deixar o corpo. Às vezes nessa idade já se pode sentir arrepios e calafrios ao se pensar sobre onde, como e com quem morar, com que nível de saúde (condições funcionais), com quais condições financeiras, com que grau de dependência de filhos – se existirem- e do Estado liberal, com que níveis de autonomia e independência… O futuro chega a todo instante e nos desafia permanentemente com suas ameaças e oportunidades que desafiam nossas fraquezas e forças. Só chorar e se vitimizar enquanto os governantes se sucedem no poder acaba sendo muito pouco e quanto pior para os idosos, pior mesmo.

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O que nos resta é ir levando

por Luis Borges 19 de agosto de 2019   Pensata

As manifestações políticas que sacudiram as ruas do país em 2013 já completaram 6 anos. Naquele ano a inflação anual ficou em 5,91%, a economia cresceu 1,7% ante 3% no ano anterior e o índice de desemprego ficou em 5,3% segundo o IBGE.

De lá para cá a economia passou por uma forte recessão econômica, que durou 2 anos e meio e está chegando agora ao final de 2019 no terceiro ano de estagnação. Neste momento as projeções indicam que a inflação anual ficará em torno de 3,7%, o crescimento da economia deve ser de pífios 0,8% e o índice de desempregados deverá ficar em torno de 12% – 12,8 milhões de pessoas.

Podemos observar no plano macro da economia, retratado pela amostra desses três indicadores, que as coisas pioraram. Sugiro que olhemos também o nível micro da economia ao longo desse mesmo período para que possamos perceber qual foi o impacto de tudo isso no cotidiano das pessoas, nas organizações em que trabalham ou trabalharam. Para facilitar esta avaliação podemos também observar uma amostra de 3 indicadores. Em primeiro lugar é importante saber se a organização para a qual você trabalhava em 2013 se manteve no mercado até o momento ou se encolheu e depois quebrou. O segundo indicador é verificar as condições em que o trabalho foi e está sendo feito, qual o seu nível de resiliência para enfrentar as pressões diárias vindas de chefes comandantes (e não líderes) e como ficou a sua remuneração anual perante todas as alegadas dificuldades enfrentadas pelo seu empregador no mercado. Uma terceira variável pode ser contar nos dedos da mão quantas vezes você teve vontade de ter seu próprio negócio após ouvir “pataquaras” ou falações autoritárias de chefes comandantes no melhor estilo de “manda quem pode e obedece quem tem juízo”.

Mas se é nas dificuldades que a gente se prova o que nos resta é não nos sentirmos vencidos para melhor prosseguir em busca de melhores condições vida e trabalho numa conjuntura que exige estratégias de sobrevivência, mesmo diante de tantas incertezas.

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Doces recordações

por Convidado 15 de agosto de 2019   Convidado

* por Sérgio Marchetti

“Eu me lembro com saudade o tempo que passou/ o tempo passa tão depressa/, mas em mim deixou/ jovens tardes de domingo/ tantas alegrias, velhos tempos/ belos dias.”

Podem dizer que sou um saudosista e que a vida acontece no presente. Eu bem sei disso e até incentivo as pessoas a pensarem assim. Mas uma grande paixão do passado é difícil de esquecer. A vida, meus caros e persistentes leitores, é feita de momentos que se tornam lembranças e que nos indicam que vivemos dias felizes. Os dias ruins que fiquem enterrados definitivamente no passado. Deixemo-los por lá. Porém, desconsiderar as alegrias ou desluzir momentos iluminados e rejeitar os retratos da juventude e tudo que ela representou é sintoma iminente de depressão, trauma ou amor mal resolvido. Não! Não estou falando de uma namorada. Tampouco irei narrar paixões que só têm importância para quem as vive. Nada disso! Simplesmente estou recordando minha infância poética e, por coincidência, vivida na rua Alvarenga Peixoto (poeta e inconfidente), conhecida carinhosamente como rua do Anjo – em minha judiada e inesquecível Barbacena. Foi lá, numa rua calma de paralelepípedos que aprendi a jogar futebol, a brincar de pique e a gostar de poesia.

“…Ai que saudade dessas terras/ entre as serras/doce terra onde eu nasci…”

Eu morava próximo à estação ferroviária e, embora o barulho do minério de ferro deslizando sobre trilhos trouxesse desconforto auditivo, aquela poluição sonora se tornou parte de nossas vidas. Eu adorava acordar de madrugada e olhar pela janela o imponente Vera Cruz  – trem de luxo – todo prateado, estacionado logo abaixo de minha casa. Eu o denominava de príncipe dos trens.  Digam se não merece nosso sentimento de saudade? Não temos mais um transporte como aquele. Andamos para trás e com rapidez. Agora, esquecendo do trem, a estação se tornou um símbolo da minha infância e também das lembranças de Barbacena. Ainda hoje, sempre que estou lá, não me furto ao prazer de ficar apreciando a vista da cidade e a imponente estação ferroviária. E, caso pudesse, iria fazer dela um espaço de cultura, museu, artesanato e de outros eventos que pudessem aproveitar toda sua extensão. Contudo, antes daria a ela uma pintura à altura de sua beleza. Algo como a igreja de São José em Belo Horizonte. Ali, naquela praça, poderia ser o encontro de carros antigos, festival de vinhos e tantos etcs.

Convido meus conterrâneos a observarem o quanto de beleza se esconde naquele maltratado prédio.  Em Belo Horizonte, a estação ferroviária é símbolo da cidade. E, cá entre nós, sem querer puxar a sardinha para nossa lata, a de Barbacena é mais bonita e imponente.

Como disse, sou saudosista, talvez ufanista e, com o passar do tempo, adoro ainda mais minha terra, e fico muito sentido quando vejo que as belas e antigas casas são derrubadas para se levantarem sobre seus escombros, caixotes de concreto que sepultam, sob seus alicerces, histórias como a de Guimarães Rosa e Honório Armond.

Barbacena tem grandeza, faz parte da história dos primeiros governantes do Brasil. Nela, nasceram famílias tradicionais da política brasileira: Andradas e Bias. Também registra Emeric Marcier, o pintor romeno que escolheu nossa terra por causa da beleza do céu. “O crepúsculo mais belo que já vi”, dizia. E, além de Rosa, um outro escritor, o francês Georges Bernanos, que também viveu por lá. Mas há registros na arquitetura, como o Viaduto Pontilhão Dom Pedro II, com seus três lindos arcos – outro símbolo que merece cuidados.

Enfim, muito mais do que ser lembrada como “holocausto brasileiro e “terra de doidos”, pode ser conhecida como a cidade das rosas, das serras, da fazenda da Borda do Campo, e destacar sua contribuição para a educação com a Escola Preparatória de Cadetes do Ar, a antiga Escola Agrotécnica, que hoje, se não me falha a memória, é Instituto Federal de Ensino Tecnológico. E ainda, obviamente, as faculdades e colégios tradicionais e renomados.

E o clima? Aquele frio maravilhoso que me fazia fugir do banho da manhã e esperar o sol sair para não congelar? Era aconchegante ficar abraçado com alguém para minimizar os efeitos do frio. Atualmente, não faz mais aquele frio. O mundo aqueceu e as pessoas esfriaram.

De fato, são muitas lembranças de um tempo que não volta mais. Por isso, entendo com tamanha empatia o poeta Casimiro de Abreu:

“Oh! Que saudades que tenho/ da aurora da minha vida,/ da minha infância querida/ que os anos não trazem mais”.

* Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

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A observação e análise do cotidiano de indivíduos e famílias deveria ser um exercício feito com mais frequência para ajudar na melhoria contínua das tarefas e atividades que fazem parte de seus processos de vida. Entretanto a realidade nos mostra que a maior parte das pessoas ainda está bem longe de fazer isso se tornar algo inerente ao avanço do curso de suas vidas.

Estou falando sobre isso a propósito de uma situação que vivi na tarde de quinta-feira da semana passada após sair de uma clínica dentária na Rua dos Goitacazes, no Centro da cidade de Belo Horizonte. Logo em frente ao edifício entrei num táxi, cumprimentando o motorista e solicitando a ele que me levasse até o bairro de Santa Tereza. Após retribuir o boa tarde o motorista disse que também era do bairro, onde mora desde que nasceu, há 43 anos, e que é taxista há 20.

Rapidamente o veículo chegou à Avenida Afonso Pena, onde o trânsito estava bem lento. O que começou a deixar o motorista irritadiço e ansioso para entender a causa daquela situação. Foi aí que resolvi perguntar a ele como é o seu cotidiano nesse tipo de trabalho ao longo da semana. Entre um pequeno avanço e outro pela pista ele começou dizendo que acorda por volta das 6h, toma um banho “esperto” e após o café da manhã deixa a esposa no trabalho e a filhinha numa escola municipal de educação infantil. Por volta das 7h30 começa a busca pelos clientes de seu negócio. Se não surgir ninguém pelo caminho ou pelo sistema central da cooperativa da qual faz parte ele segue diretamente para o ponto fixo da Praça Sete ou da Rua dos Goitacazes, onde passa a puxar fila até aparecer um cliente. Ele disse também que por longos anos trabalhou de segunda a sábado e que nos últimos tempos trabalha de segunda a sexta, até as 21h. Excepcionalmente atende alguns clientes fidelizados aos sábados, em situações bastante específicas. Seu almoço é sempre em casa, pois mora bem próximo do centro da cidade, e sempre que possível busca a esposa no trabalho para juntos buscarem a filhinha na escola.

O motorista também disse que enfrenta todos os tipos de problemas no trânsito e que se preocupa muito com sua própria segurança e de seus clientes. No futebol, é torcedor do Galo e disse que de vez em quando vai aos jogos no estádio Independência. Ele faz parte da turma que acredita.

Quando o táxi estava entrando no bairro rumo ao destino final o motorista disse que a cada três dias frequenta um bar próximo à sua casa para “bambear os nervos” após a extenuante jornada de trabalho e que faz isso há muitos anos. Lá já é enturmado e as conversas são acompanhadas por quatro guias – doses – de cachaça, seis garrafas de 600 ml de cerveja Brahma – ele é brahmeiro – e diversos tipos de tira gosto. Nessas ocasiões sai do bar quando ele fecha por volta das 23h30 e rapidamente chega em casa “bem arrumado”.

E assim terminou a corrida do táxi. Despedi-me do motorista pensando sobre o meu cotidiano e nas possibilidades de melhoria que sempre existem, mas que precisam ser enxergadas para facilitar os reposicionamentos necessários.

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Pausa

por Luis Borges 18 de julho de 2019   Sem categoria

O Observação & Análise entra em pausa a partir de hoje. Voltamos às atividades no dia 11 de agosto.

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Você se lembra de quantas vezes visitou ou foi visitado por pessoas amigas do início do ano para cá? Digamos que isso tenha acontecido três ou quatro vezes por iniciativa de um lado ou de outro. Além disso, essas pessoas podem ter diferentes espectros políticos e ideológicos, bem como viver em bolhas distintas, mas tem a capacidade de polir as amizades para renová-las sempre e com o devido cuidado inerente a quem sabe falar e ouvir. Aliás, para muitas pessoas isso pode até parecer uma utopia nesses tempos que estamos atravessando.
 
Estou dizendo tudo isso por causa de um caso que me contaram. Ocorreu com um professor de matemática, 48 anos, que leciona no Ensino Médio da rede privada de Belo Horizonte. Foi no início de julho, no apartamento dele. Fazia um ano que o professor tinha se encontrado pessoalmente com o amigo no inverno passado e estava recebendo uma visita de retribuição. Assim que o amigo – também de 48 anos – chegou, no início da noite, houve uma efusiva troca de abraços pontuada pela lembrança de que o tempo passou muito rápido após o último encontro. 
 
Logo de cara o professor percebeu que o amigo, médico cardiologista, portava na mão direita seu telefone celular. Logo que começaram a conversar o anfitrião ficou pensando quanto tempo levaria para que o amigo passasse da posse para o uso efetivo do aparelho. Para a sua “não surpresa” passaram-se exatos 15 minutos da euforia inicial pelo reencontro e o visitante começou a olhar com maior frequência para a tela do seu dispositivo tecnológico, inclusive ficando atento aos sinais sonoros emitidos. Logo logo o professor e o amigo estavam plenamente divididos entre a conversa e a novidade do último minuto trazida pelo celular. Ficou visível a alta conectividade do cardiologista com seu aparelho e a sua crescente dificuldade para se conectar na conversa com o amigo. O hiato causado pela dispersão era cada vez mais cansativo para o professor, que dedicou seu tempo ao encontro e simplesmente ficou longe de seu próprio telefone celular que foi desligado. O fato é que o encontro ficou prejudicado pela presença de uma inteligência artificial que estava roubando a cena. 
 
Diante da realidade ensejada pelo comportamento do amigo em sua relação com o celular o professor propôs uma pausa para que pudessem tomar um café e que o telefone ficasse desligado, simples assim. Passaram-se exatos 50 minutos de boa conversa quando o professor começou a perceber uma certa inquietação por parte do amigo, que só foi aumentando à medida em que a noite avançava. Não demorou muito e depois de 5 minutos o visitante solicitou ao anfitrião sua compreensão, pois precisava religar seu telefone celular em função principalmente de seus compromissos profissionais. Só restou ao professor acatar a solicitação e conversar mais um pouco com o amigo, sempre que possível, sem deixar de atender aos chamados prioritários do celular. A conversa durou mais uma meia hora e tudo caminhou para o fim do encontro em função de tanta coisa envolvida em pouco espaço de tempo. Nova tentativa de visita ficou marcada para daqui a algum tempo, mas pelo que vai se vendo haverá pouco ou nada para se insistir em ficar com esse tipo de preocupação diante de tanta impaciência e necessidade.
 
Você acha que ainda é possível tentar ficar sem ouvir o celular ou é melhor render-se e adaptar-se diante da atual realidade cada vez mais dominada pela conectividade obrigatória? Pelo visto, é o que é possível nessa mudança de era…
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