Caminhando para o fim do ano

por Luis Borges 30 de setembro de 2019   Pensata

Você já deve ter ouvido diversas vezes em tom de exclamação que “o tempo não para” ou “o ano está voando, passando rápido demais”. O mínimo que se pode esperar é que as pessoas consigam fazer uma melhor gestão de seu próprio tempo, que conheçam o básico de um método de gestão e o coloquem em prática no dia-a-dia. De repente quem planejou o próprio ano em curso pode e deve encontrar um tempo na agenda para avaliar o que foi planejado, o que foi executado, quais os resultados alcançados, as pendências existentes e os próximos passos com os devidos reposicionamentos. Afinal de contas já estamos na primavera, cujas características se manifestaram bem antes do fim do inverno que bateu recorde de altas temperaturas, baixa umidade relativa do ar e queimadas de diversas dimensões.

O que ainda resta ou é possível fazer nesses últimos três meses do ano em que  teremos pela frente a festa da padroeira nacional, o dia dos nossos finados, a lembrança da Proclamação da República – nem tão republicana assim, a festa de Natal e a virada do ano. Nesse sentido vale a pena focar no planejamento e execução de ações relativas ao indivíduo, à família, ao trabalho profissional e à inserção na sociedade. É obvio que são muitas as variáveis e as dimensões envolvidas em função das especificidades e contextos vividos, de modo que cada caso é um caso.

Entretanto, de qualquer maneira, se muitas são as necessidades diante de recursos nem tão abundantes assim, inclusive financeiros, torna-se essencial estabelecer as prioridades a serem atendidas em função das restrições existentes. Pelo visto surgirão muitas coisas que serão transferidas para o planejamento de 2020, que também precisa começar a ser pensado. Partindo pelo lado individual e familiar, a título de exemplo, seria importante relembrar o que é preciso fazer ainda esse ano no que tange às condições de saúde em relação a indicadores acompanhados por médicos, dentistas, nutrólogos, fisioterapeutas…

Outro exemplo a ser usado para ilustrar o que estou propondo é verificar o que ainda pode ser feito nesse ano em relação à meta hipotética, digamos, de visitar 10 amigos ou famílias amigas até a virada do ano, mas sem deixar tudo para o último dia. De repente fico imaginando que uma provável avaliação do resultado dessa meta pode ter mostrado que até agora só três foram visitados. É claro que não valem o bom dia, boa tarde e boa noite do WhatsaApp.

Caminhando para o último exemplo ilustrativo sugiro uma análise do orçamento familiar anual para verificar a distância que existe até o momento entre o que foi orçado e o que foi gasto, para enxergar o que realmente está acontecendo. Será possível terminar o ano sem aumentar o endividamento ou simplesmente quebrado?

Essa é uma possibilidade que temos para testar a nossa capacidade de intervir nos processos do dia-a-dia de nossas vidas, nos implicando neles como parte essencial de seu desenrolar. Tudo começa com a gente e depende também de nós. Tomemos os cuidados necessários para agir, pois o tempo não vai parar.

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O filho só pensa na França

por Luis Borges 23 de setembro de 2019   Pensata

A senhora Nirmatele Barros trabalha como vendedora numa loja especializada em roupas e calçados para crianças no bairro Funcionáriosm em Belo Horizonte. Ela é separada do marido há 13 anos, mas dessa relação resultaram três filhos que hoje estão com 19,17 e 15 anos de idade, sendo um rapaz e duas mocinhas respectivamente. A configuração gerada pela separação do casal resultou na permanência dos filhos com a mãe, no pagamento mensal de pensão básica por parte do pai para ajudar no sustento dos filhos e na cessão, pela avó paterna, de um apartamento para moradia dos netos com a mãe por tempo indeterminado. A descrição básica do imóvel mostra que ele possui três quartos, uma vaga de garagem – o que nem todos os apartamentos do local possuem – e fica no terceiro andar de um edifício de 12 apartamentos, sendo quatro por andar.

A vida prosseguiu o seu curso marcada pelos desafios cotidianos para a mãe, que optou por viver e lutar obsessivamente em prol dos filhos e contando com a ajuda sempre decisiva da avó naqueles momentos em que tudo parece sem saída para os problemas mais difíceis. Por sua vez, o ex-marido encontrou outro relacionamento do qual vieram mais três filhos, mas cumpre religiosamente o acordo feito na época da separação.

Agora os filhos de Nirmatele prosseguem suas trajetórias cheias de sonhos de melhorar continuamente a qualidade de vida com todas as pressões trazidas pelos diversos tipos de consumo numa conjuntura pouco favorável aos jovens, que vão se colocando à disposição do mercado na busca de oportunidades.

Sem conseguir trabalhar a frustração por não ter obtido a pontuação necessária para ingressar no curso de Engenharia Mecânica de uma Universidade Federal no último Enem, o filho primogênito decidiu passar um tempo com a namorada na França para conhecer outra cultura e aprender um pouco da língua francesa. Esse projeto virou uma grande obsessão e gerou expectativas bem maiores que a realidade. A mãe não conseguiu mostrar ao filho os limites para a realização de sua vontade e, ao mesmo tempo, ele se manteve irredutível em seu intento, alegando que se não fosse assim melhor seria encurtar o tempo de sua passagem pela Terra nessa encarnação.

A mãe entrou em pânico e começou a buscar uma solução para o novo problema. Procurou o ex-marido, que após muito discurso sobre a sua atual condição financeira concordou em pagar a semestralidade de um curso intensivo de francês só para o filho. Também procurada, como sempre acontece nas horas mais problemáticas, a avó deu a passagem aérea de ida e volta e o dinheiro para a emissão do passaporte do neto. Sobrou para a mãe a tarefa de conseguir dinheiro para bancar as despesas do filho com moradia, alimentação, transporte… lá em Paris contando com o fato de que a parte da nora será toda custeada pela família dela. Diante da necessidade urgente de fazer dinheiro, Nirmatele, que já é isenta da taxa condomínio de R$300,00 por ser síndica do prédio onde reside, tentou alugar sua vaga de garagem para um casal vizinho por R$2.400,oo por um ano, pagos na data de assinatura do contrato. A proposta “deu ruim” na negociação e o casal acabou alugando outra vaga por R$150,00 pagos mensalmente no último dia do mês. Ao mesmo tempo a mãe do rapaz tentou vender seu automóvel usado, mas sem sucesso. Chegada a hora da partida o jeito foi fazer um empréstimo numa cooperativa financeira enquanto prosseguem as tentativas de vender o velho automóvel.

Finalmente o filho partiu antes da chegada da primavera no Brasil dizendo que só no próximo ano voltará a pensar no Enem e no curso de Engenharia Mecânica enquanto a mãe ficou em prantos amparada pelas duas filhas e a sogra.

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Seu município também pode quebrar

por Luis Borges 16 de setembro de 2019   Pensata

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou no dia 28 de agosto os dados contendo as suas mais importantes estimativas sobre os números que fotografam a população brasileira na data base de 1 de julho de 2019. Foi mostrado que o país tem uma população de 210,1 milhões de habitantes vivendo em 5.570 municípios que formam os 27 estados constituintes da União Federal. O município mais populoso é São Paulo, capital que conta com 12,2 milhões de habitantes distribuídos numa área de 1.521 km². O de menor população é Serra da Saudade, com 781 habitantes distribuídos em 335,7 km² na região do Alto Paranaíba em Minas Gerais.

Uma preocupação permanente dos municípios de todos os portes está na capacidade de se sustentarem diante de tantas atribuições que cada um tem, muitas das quais transferidas pela União ou estados sem necessariamente estarem acompanhadas dos recursos financeiros. Em suma, existe uma grande centralização da arrecadação de tributos nos planos federal e estaduais, que destinam aos municípios percentuais sempre questionados por eles devido à sua pequena magnitude. Também é bem lembrado que as pessoas moram nos municípios e muito mais na área urbana do que na rural.

Na atual conjuntura, o país prossegue em sua polarização político-partidária sem conseguir soluções para a crise econômica marcada pela aguda recessão de julho/2014 a dezembro/2016, pela pífia recuperação de 2017 a 2019 e pelas perspectivas nada animadoras até o final de 2022. Enquanto isso, o social grita.

A reforma trabalhista não combateu o desemprego, mas precarizou o trabalho. A reforma da previdência social se arrasta no processo de ser quase que carimbada pelo Senado. A reforma tributária pula que nem sapo para trazer de volta a CPMF enquanto o desmatamento das florestas e as queimadas agravam as condições vividas pelos municípios. A arrecadação de tributos em queda e os gastos sempre crescentes só acentuam o desequilíbrio das contas públicas dos municípios, dos estados e da União Federal. Tudo piora ainda mais diante do pouco apreço que se tem pelos modelos de gestão que podem ser utilizados na solução de problemas. Se a quebradeira de estados como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Paraná, por exemplo, tem sido bastante divulgada, agora também está chegando a vez de muitos municípios começarem a mostrar seus níveis de quebradeira no exato momento em que todos preparam seus orçamentos para o ano de 2020. Será que o município em que residimos está bem das pernas e isso está demonstrado no Portal da Transparência das contas públicas? Ou será que seremos surpreendidos, como aconteceu com os 5.497 habitantes da cidade de Bento Fernandes, no Rio Grande do Norte, que dista 97 Km de Natal, onde o prefeito decretou calamidade financeira e suspendeu maioria dos pagamentos devidos pela prefeitura?

Apesar de todos os discursos sobre direitos adquiridos, do liberalismo econômico dos liberais sinceros – se é que existem – e da pressa dos que sonham em encurtar os caminhos da democracia real em nome de soluções mais rápidas para os crônicos problemas não resolvidos, o fato é que as coisas estão bastante difíceis para os municípios que, volto a repetir, são o local em que as pessoas moram.

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*por Sérgio Marchetti

Não é nenhuma novidade ouvir que a doença dos próximos anos é a depressão. É o mal deste século, como revelam os estudos da Organização Mundial de Saúde. Artistas famosos, de quem você nunca esperava ter notícias de terem sido vitimados pelo transtorno do pânico, são os mais afetados. E nos bate aquela interrogação: fama, dinheiro, conforto, beleza, e ainda são tristes? Mas a doença não é um privilégio das celebridades. O transtorno tem atingido uma parte significativa da sociedade. No caso de pessoas famosas ocorre por estarem na mídia e terem um grau de visibilidade expressiva, privacidade invadida, além de serem alvo de toda espécie de notícias.

Outro fator é que as pessoas ainda não se deram conta de que não vivem para elas. A sociedade contemporânea representa papéis no teatro da vida, no qual todos querem ser protagonistas e, por ser impossível que todos sejam atores principais, vem a decepção, a autocobrança, a frustração e, sem perceberem, acabam por ser meros figurantes de suas próprias vidas.

Sabe-se que as causas geradoras da doença que será a vilã do campo da saúde estão relacionadas a um conjunto de fatores hereditários e psicossociais. Porém, ninguém me convence de que a doença psicológica não seja causada justamente pela forma como as pessoas tiveram suas vidas escancaradas na mídia. A tudo isso, ainda se soma a evolução tecnológica, que talvez seja a causa maior de propagação desse mal que aflige a sociedade mundial. Pois, hoje, sabemos de tudo que acontece no mundo. E vale a máxima popular: o que os olhos não veem, o coração não sente.

Ser bem sucedido, magro, bonito, estudar idiomas, ter um automóvel do ano, fazer parte de vários grupos — sejam eles virtuais ou presenciais, frequentar academia, fazer terapia, viajar, ser “escravo” de filhos, fazer yoga, postar textos e vídeos, e ter um coach são “apenas” alguns elementos do repertório que compõe o “Kit da pessoa classe A”.

Bem, vocês notaram que não mencionei “trabalho” no repertório de atividades, mas num mundo com tanta exigência, fica evidente de que um dia de apenas 24 horas é pouco para realizar tudo isso, e ainda trabalhar.

“Como beber dessa bebida amarga / Tragar a dor, engolir a labuta…”

Como vimos, ser chique não é fácil, principalmente num Brasil de mais de doze milhões de desempregados e de tanto trabalho informal. E aí, os jornais, principalmente os televisivos, apresentam sua altíssima dose de cooperação para que a esperança de dias melhores seja sepultada no seio de cada cidadão – que já perdeu o senso de cidadania há tempos. E isso, sem contar que a imparcialidade, lamentavelmente, não é mais uma prerrogativa de todas as emissoras.

A sociedade padece de um mal que é o de obter o poder a qualquer custo. E o objetivo, obrigatoriamente, deve ser alcançado. E, se não for por amor, que seja pela dor. Os fins justificam os meios.

Mas, imaginem, caros leitores, que diante de tanta exigência para se manter na ilusória corrida em busca de “status”, a realidade, assim como o barco de Creonte, nos conduz a um destino oposto ao vislumbrado por uma sociedade, que se afogou no desvario de uma onda que trouxe uma falsa conotação de felicidade.

A depressão não assombra apenas as pessoas que vivem a busca compulsiva de um lugar ao pódio. Neste cenário, um percentual expressivo da população não tem satisfeitas as necessidades básicas como: saúde, educação, segurança e emprego. Aliás, não preciso dizer mais do que já disse o menino Gonzaguinha: “o homem se humilha se castram seu sonho/ Seu sonho é sua vida e vida é o trabalho/ E sem o seu trabalho, o homem não tem honra / E sem a sua honra, se morre, se mata / Não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz”.

É! Não dá pra ser feliz…

* Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

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As cobranças desnorteantes

por Luis Borges 11 de setembro de 2019   Pensata

“Cada dia com sua agonia” é uma frase bastante repetida em alguns estados do Nordeste brasileiro como Sergipe, Alagoas e Pernambuco. Tudo fica mais difícil quando a mesma agonia surge repetidas vezes ao longo de um período de tempo. É o caso da agonia causada pela cobrança de uma dívida financeira, por exemplo. Como amola! Ela pode começar numa segunda-feira pela manhã, prosseguir à tarde e se estender pelos dias subsequentes sem dar trégua na ânsia de alguém que busca alcançar um resultado sob intensa pressão. Essa agonia que tanto incomoda pela forma, conteúdo e momento vivido tira o sossego de quem começa a receber por diversos meios de comunicação – WhatsApp, e-mail, mensagens de texto… – insistentes cobranças pelo atraso no pagamento da prestação de uma dívida que acabou de vencer.

Ilustra bem a situação o caso vivido desde a segunda-feira passada pela senhora Miroca Silva, viúva, 57 anos de idade, empregada doméstica que trabalha há oito anos numa casa de família situada na zona sul de Belo Horizonte, onde recebe um salário mínimo e meio por mês numa jornada de 44 horas semanais. Ela tem três filhos na faixa etária de 30 a 35 anos, todos casados e com um filho cada. Aconteceu que a persistente crise econômica de seis anos para cá, que não dá sinais de recuperação, pegou em cheio o seu filho do meio, que ficou desempregado no início de 2017. Após seis meses de uma procura insana por nova oportunidade de trabalho e queimando o mínimo possível do saldo recebido do fundo de garantia pela demissão sem justa causa, surgiu um novo alento quando foi enxergada a possibilidade de comprar um automóvel popular seminovo, tipo Ford Ka básico, para trabalhar no transporte de passageiros por aplicativos.

Devido ao desemprego coube à mãe “tirar”(ou seja, comprar) o automóvel, financiado em seu nome, mediante uma entrada de R$9.000,00 e o pagamento de 48 parcelas mensais fixas de R$930,00. Tudo caminhava a duras penas em longas jornadas diárias de trabalho e com os diversos riscos inerentes à atividade até o automóvel sofrer um “atropelamento” na traseira advindo de um caminhão baú, que causou sua perda total. Até conseguir receber o seguro feito pela empresa proprietária do caminhão por danos causados a terceiros, o tempo foi passando e o motorista entrou no lucro cessante devido à paralisação de sua atividade e ausência de seguro do seu veículo.

O atraso no pagamento das parcelas mensais foi inevitável e a cobrança insistente, agressiva e desrespeitosa por parte da financeira começou no dia seguinte ao vencimento. A mãe do rapaz foi acessada em seu próprio celular, em ligação direta, e pelo WhatsApp, além de diversos outros contatos pelo telefone fixo da casa onde trabalha. Por diversas vezes ela tentou explicar que apenas fez a dívida em seu nome para ajudar o filho desempregado e que ele estava com o pagamento atrasado devido a um violento acidente sofrido pelo automóvel. A situação prosseguiu na mesma toada ao longo da semana, com ameaças de recolhimento do automóvel independente de tudo o que já havia sido pago e também com lembranças de que a parcela atrasada deveria ser paga o quanto antes com juros e multa pelo período em atraso.

E assim os dias prosseguem na mesma agonia para a mãe e o filho, que agora evitam ser aproximar de qualquer meio de comunicação que lembre as cobranças e o mal estar que elas geram enquanto cresce a sensação expressa pelo dito popular “o que não tem remédio, remediado está”, mas as perspectivas são muito sombrias.

Vale lembrar que segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e o SPC Brasil cerca de 63% das famílias possuem dívidas em atraso e cada vez mais crescentes nos últimos anos. Entre as diversas causas desse fenômeno estão os altíssimos níveis de desemprego, a perda de poder aquisitivo de diversas categorias e também a falta de educação financeira das pessoas em geral.

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 9 de setembro de 2019   Curtas e curtinhas

Tentativa de volta da CPMF

A proposta de reforma tributária que o Ministério da Economia enviará ao Congresso Nacional tentará trazer de volta a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira – CPMF – que tinha alíquota de 0,38% cobrada dos dois lados de qualquer transação. Ela vigorou de 1997, no governo de FHC, até 2007, no governo de Lula. Agora ela está recebendo nova embalagem no Governo Bolsonaro com a denominação de Contribuição Social sobre Transações e Pagamentos – CSTP- cuja alíquota permanente iniciará entre 0,20% e 0,22% e após sua aprovação subirá gradualmente até chegar a 0,50% para quem paga e quem recebe. Um pagamento de R$4.000,00 geraria R$40,00 para a Receita Federal, por exemplo. O Presidente da Câmara dos Deputados já afirmou que esse tipo de proposta não passará enquanto o Ministro da Economia afirma que esse tributo permitirá desonerar as contribuições previdenciárias relativas à folha de pagamentos salariais de seus empregados das empresas.

Como existem outras propostas para se fazer a reforma tributária o jeito para quem tem paciência é acompanhar os próximos passos das discussões e negociações em meio aos balões de ensaio e às idas e vindas do Governo Federal.

A fusão do PSDB, DEM e PSD

Faltando 37 meses para as eleições previstas para outubro de 2022, quando serão eleitos o Presidente da República, governadores de estados e parlamentares federais e estaduais, os partidos políticos estão traçando suas estratégias rumo ao poder. A fusão entre o PSDB (32 Deputados Federais e 8 Senadores), DEM (36 Deputados Federais e 7 Senadores) e PSD (28 Deputados Federais e 5 Senadores) está em evolutiva negociação diante da necessidade que todos têm para continuar sobrevivendo. Se a fusão fosse hoje o novo partido teria 96 Deputados Federais – 18,7% do plenário – e 20 Senadores – 24,6% do plenário. O maior desafio será definir um programa partidário que consiga unificar seus participantes, hoje abrigados em 3 programas diferentes. Mas se prevalecer o pragmatismo muitos saberão ceder os anéis para não perder os dedos.

FUNDEB 

O Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) é temporário e se encerrará em dezembro de 2020. O que virá depois é objeto de diversos projetos de lei que tramitam na Câmara Federal e no Senado. O que é comum a todas as propostas é que o Fundeb será permanente como uma política de estado. Quanto ao percentual de recursos financeiros da União Federal destinados aos estados e municípios as propostas variam dos atuais 10% até 41% num horizonte de 11 anos. Ainda haverá muita discussão até o fim do ano que vem em meio ao liberalismo econômico.

Processos na Justiça do trabalho em queda

O relatório “Justiça em Números” divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça mostra que o número de novos processos na Justiça do Trabalho caiu 20% em 2018, movimento que pode estar associado à reforma trabalhista. No ano passado foram abertos 3,5 milhões de processos na Justiça do Trabalho enquanto no ano de 2016 e 2017 foram abertos 4,3 milhões de processos em cada um. Também pudera. Quem reclamar na Justiça do Trabalho e perder a causa será obrigado a pagar todos os gastos da ação conforme determinou a Reforma Trabalhista em 2017.

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Partindo da premissa de que a gestão pela liderança, e não pelo comando, é o que todos precisam, mas nem todos sabem que precisam, reitero a minha crença na necessidade da educação continuada nessa área do conhecimento. Esse tema precisa ser aprendido, praticado e melhorado continuamente. É importante lembrar e relembrar sempre que é dos fundamentos científicos da gestão que vem os conceitos que sustentam e suportam os sistemas presentes em nossas vidas.

Aqui no ponto que estou abordando sobre a solução de problemas crônicos ou não é importante relembrar alguns conceitos da forma mais simples possível. Nesse sentido sistema é um conjunto de partes interligadas oriundas de diversos processos que são definidos como um conjunto de causas que provocam um ou mais efeitos. Quando esses processos não levam a um resultado esperado nos deparamos com um problema, ou seja, com um resultado indesejável de um processo. Mas como resolver um problema? A primeira condição é admitir que o problema existe e isso já é metade da solução. Esse é o maior desafio para os seres humanos, inclusive para muitos deles que até conhecem ou conheceram um modelo de gestão, mas não o colocam em prática. Imagine o que resulta da ação de quem não conhece um modelo de gestão e age tal qual um déspota não esclarecido. Num caso ou no outro é comum perceber pessoas que ignoram o problema, depois o negam ou simplesmente dão desculpas e buscam culpados pela sua existência. Tudo isso também é permeado pelo achismo na base do eu acho isso, eu acho aquilo, na contramão do método científico. O caminho mais curto é questionar os fatos e dados e errar continuamente na tomada de decisões no impulso encorajado pelo achismo. Tudo se complica ainda mais quando se busca sustentar uma afirmação nascida do achismo com atitudes abrasivas, provocativas e desprovidas de inteligência estratégica. Isso vale para os setores público e privado e também em nossa vida pessoal ou familiar, cada qual com suas respectivas dimensões e especificidades.

Dois exemplos simples e recentes nos mostram e ilustram o que estou dizendo. As reivindicações dos caminhoneiros em maio de 2018 foram inicialmente ignoradas pelo Governo Federal da época, que só acordou quando o país estava paralisado. Agora o desmatamento e as queimadas subsequentes na floresta Amazônica, cujas ocorrências estão registradas em séries históricas de dados, foram alvo de negações e contestações de membros do Governo Federal na atual estação do inverno. Negar as evidências advindas dos fatos e dados e posteriormente buscar culpados pelos acontecimentos fizeram parte do processo até a admissão da existência do problema diante da repercussão internacional que o desmatamento e as chamas geraram. Como se vê não podemos abrir mão de métodos para a análise e solução de problemas e nem revogar a lei da gravidade num achismo monocrático. Não podemos nos esquecer de que não existe substituto para o conhecimento.

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