Tenho insistido com alguma frequência na importância do ato de olhar também para trás nos caminhos percorridos e, claro, sem mágoas, remorsos e arrependimentos, mas buscando aprender com os acertos e erros dos processos vividos, dos resultados alcançados, para melhor prosseguir frente aos desafios permanentes que se colocam. Nesse sentido voltam à minha lembrança acontecimentos do ano de 1969 que estão completando 50 anos neste 2019. Só para ilustrar posso citar a chegada do homem à Lua, o milésimo gol de Pelé, o surgimento da internet nos Estados Unidos com o nome de “Arpanet”e interligando laboratórios de pesquisas, o primeiro ano de vigência do Ato Institucional número 5, o AI-5, que ainda hoje tem seus saudosistas. Do ponto de vista pessoal posso citar a emblemática conclusão do curso ginasial no Colégio Dom Bosco de Araxá (MG) em 9 de dezembro, logo após ter completado 15 anos de idade.

Vale lembrar também que o Brasil tinha em torno de 93,5 milhões de habitantes segundo o IBGE, Araxá tinha em torno de 35,6 mil habitantes, a inflação anual foi de 19,31% e o crescimento anual da economia ficou em 9,74% e deu início ao período do milagre econômico brasileiro que se encerrou em 1973, mas os anos foram de chumbo.

O meu sonho – e também o de meus pais – era buscar uma vida melhor a partir da educação, que culminasse com a graduação em cursos de nível superior com maior demanda pelo mercado de trabalho. O propósito era prosseguir os estudos no então curso científico do segundo grau, hoje ensino médio, visando à melhor preparação para inicialmente disputar competitivamente as vagas nas universidades e faculdades isoladas públicas. Também fazia parte cursar o 3ºano focado na preparação para o disputadíssimo vestibular. Obviamente que os 57 colegas que se formaram comigo também tinham sonhos semelhantes em seus horizontes. Passado todo esse tempo, agora já cinquentenário, e apesar de quase nenhum contato direto com a esmagadora maioria deles, tenho hoje informações coletadas em diversas fontes dando conta que 16 desses ginasianos se formaram em cursos de Engenharia, 5 em Odontologia, 4 em Direito, 3 em Medicina e 1 em Educação Física. Também é sabido que 3 alunos da turma A e 2 alunos da turma B já estão em outro plano espiritual.

No meu caso específico e no de meus dois irmãos a estratégia era a aprovação no vestibular de universidades públicas federais com ensino público gratuito e assistência social com alimentação no bandejão, livros disponíveis nas bibliotecas ou para aquisição em condições especiais nas cooperativas, além de assistência médica e odontológica.

Tudo o que fiz me ajudou a chegar ao dia de hoje sempre com o inestimável e fundamental apoio a partir da família e também do meu querer, com muito foco, esforço, determinação e resiliência.

E você, caro leitor, como foi a sua passagem pelo ensino fundamental? Depois dela você seguiu estudando?

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A recém promulgada reforma da Previdência Social fará com que as aposentadorias exijam mais tempo de contribuição e tenham valores menores que aqueles atualmente em vigor. Quem quiser cobrir esse buraco terá que aumentar sua poupança individual, tarefa ainda possível com certas restrições para o que sobrou da antiga classe média e praticamente impossível para as camadas de baixa renda que buscam permanentemente a sobrevivência.

Para quem estiver em condições apropriadas, diversas são as possibilidades de aplicações financeiras que poderão ajudar a formar um futuro colchão para suavizar gastos na fase idosa da vida, que tem probabilidade de ser cada vez mais duradoura. Nesse sentido chama a atenção de muita gente que já tem um imóvel para moradia própria a possibilidade de adquirir outro para ser alugado na modalidade residencial ou mesmo comercial.

O imóvel é considerado um bem de raiz, que valoriza aos saltos segundo os especialistas do setor. Entretanto é preciso olhá-lo no espectro de um determinado espaço de tempo para a maturação do investimento, com a devida paciência diante da ansiedade por resultados muito rápidos.

Imaginemos a quantas anda a situação de quem optou por essa modalidade na cidade de Belo Horizonte, tem seu imóvel alugado por meio de uma imobiliária e conta com o dinheiro do aluguel na primeira quinzena do mês. Segundo pesquisa informal feita com três imobiliárias de porte médio – até 500 imóveis – cerca de 80% dos inquilinos estão pagando pontualmente, 15% atrasando até 30 dias e os restantes 5% passam dos 30 dias de atraso e podem até chegar ao despejo.

Geralmente os proprietários recebem o valor dos aluguéis dois dias após as imobiliárias receberem de seus inquilinos. Segundo essas mesmas fontes atualmente demora pelo menos 60 dias, em média, para se alugar um imóvel residencial e em torno de seis meses para o caso de salas e lojas.

Outro fato importante é que a maioria dos inquilinos estão pedindo para não haver reajuste do valor dos aluguéis desses imóveis nessa conjuntura de alto desemprego e perda de poder aquisitivo, ainda que a taxa básica de juros esteja baixa e a inflação oficial também. Isto não significa que a economia esteja necessariamente bem, pois é visível e demorada a retomada do crescimento econômico. Também é importante lembrar que, sobre o valor do aluguel ,incide imposto de renda de 15%, taxa de administração da imobiliária de 10% e taxa variável de fundo de reserva para o caso de condomínios residenciais e comerciais. Além disso, as manutenções estruturais cabem aos proprietários, bem como os tributos e taxas condominiais quando estão desocupados.

Mas como dizem os especialistas, o imóvel é um bem de raiz e cada um é livre para fazer a sua própria escolha em relação ao destino que dará ao dinheiro poupado, de preferência munido de muitas informações para ancorar sua decisão. Afinal de contas os fatos não deixam de existir só porque são ignorados.

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Onde você vai passar o Natal?

por Luis Borges 20 de novembro de 2019   Pensata

Faltando pouco mais de um mês para o dia do Natal são muitas as pessoas que estão me perguntando onde vou passar a data. Pelo que observo essa pergunta faz parte do cotidiano da maior parte das pessoas que estão por aí circulando no meio familiar, entre amigos ou local de trabalho para ficar apenas em alguns casos.

É fato que planejar é pensar antes mas também é fato que o planejar exige ação. Está mais do que na hora de definir onde passar o Natal, com quem e como tudo acontecerá, inclusive o custo. Ainda mais com a tradição brasileira de que o Natal deve ser passado em família, para que a chegada do Ano Novo possa ser em algum lugar por aí afora atrás da aurora que chegará indelevelmente.

No meu caso já está decidido em família que ficaremos em casa, sem nada muito diferente do que já é o nosso modo de ser e viver numa ocasião como essa.

Caso você também, caro leitor, já tenha definido o local e com quem passará o Natal, que tal pensar um pouco sobre o quanto estas festas tem atendido ou não às suas necessidades e expectativas a cada ano que passa?

Haja agradecimentos, alegrias, fogos, chuvas, promessas, reflexões, intenções de mudanças, pedidos… Tudo fica mais desafiante em função da polarização vivida por boa parte da sociedade, com atitudes muitas vezes desrespeitosas e pouco civilizadas. Atitudes bastante incompatíveis com a espiritualidade e a religiosidade invocadas também por muitos nessa época.

Não nos esqueçamos de que tudo começa com a gente e que cada um de nós, em sua individualidade, tem a capacidade e a possibilidade de conviver com os semelhantes, a começar pelos que estão mais próximos.

Então se for assim e se “o melhor da festa é esperar por ela”, o jeito é viver bem as fases dos preparativos, sabedores dos desafios trazidos pela polarização e pela persistente queda do poder aquisitivo no país.

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Praticando a empatia

por Convidado 15 de novembro de 2019   Convidado

*por Sérgio Marchetti

Outro dia, num dos trabalhos de orientação individual que realizo há 20 anos, um participante (ou coachee), num determinado momento em que falávamos de carreira e trabalho, me perguntou por qual razão as pessoas são tão falsas. Observei que a pergunta vinha carregada de uma tristeza significativa. Talvez uma decepção com as atitudes dos seres humanos. E continuou, se dizendo magoado com os ex-colegas que o abandonaram quando foi demitido do alto cargo que ocupava.

Eu lhe disse que estava sendo muito inocente. Que é a reação mais frequente de nossos colegas. Por essa razão é que se chamam colegas e não amigos. Também lhe confidenciei que enquanto fui diretor de uma instituição, pessoas me bajulavam, traziam presentes, pediam-me favores e que desapareceram junto ao meu pedido de demissão. Incomum seria o contrário. Mas a vida, gradativamente, nos mostra novas verdades e, pior, a descoberta da existência de muitas pessoas interesseiras, oportunistas, traiçoeiras e ingratas. E que, assim sendo, se torna inevitável a desilusão.

Meu “orientado” – já meio desorientado – me diz que a culpa é das escolas porque incentivam as crianças a competirem. Acrescenta que a falta de sensibilidade e de conhecimento, sem maldade, faz com que alguns professores e professoras gerem antagonismos, rivalidades e complexos, quando dizem que uma criança é mais bonita ou mais inteligente do que as outras.

Não só na escola, mas também em casa – lembrei a ele – pais e mães utilizam da comparação ou do elogio a um filho como um exemplo a ser seguido pelos demais irmãos. Aí começam a nascer a raiva, o desprezo, a inveja e o ódio. Crescemos mais um pouco e, com a evolução da estatura, crescem também as divergências cujas raízes foram plantadas na infância.

Meu cliente pediu-me licença para naquela sessão apenas desabafar. Aceitei e acatei seu pedido, pois era a melhor forma de ajudá-lo naquele momento.

Ele reclamou do abandono, inclusive da família. Era nítida sua dor e tristeza. Poderia cantar “Meu Mundo caiu” da Maysa. Sim, seu corpo expressava a queda. Estava sem chão. Fora acostumado a uma rotina de tantos anos e, agora, num minuto, tudo havia acabado. Aí, neste momento, encarei minha missão e me lembrei da frase apregoada por santa Tereza de Calcutá que diz para que não deixemos alguém que venha à nossa presença sair sem estar melhor do que quando chegou. E prossegui, ouvindo seu desabafo e o tranquilizando, quando o seu pranto insistia em ser protagonista daquele drama.

Depois de algum tempo, perguntei-lhe se poderia pôr uma música. E com o seu consentimento escolhi “Vou-me embora” de Paulo Diniz.

Por que aquela música? Pelo fato de não ser tão conhecida, o que desperta maior atenção e pela mensagem, obviamente. Ei-la:

“Vou me embora, vou me embora, vou buscar a sorte/. Caminhos que me levam, não têm sul nem norte. / Mas meu andar é firme e meu anseio é forte. /Ou eu encanto a vida ou desencanto a morte. / Vou me embora, vou me embora. Nada aqui me resta, /senão a dor contida, um adeus sem festa…”

Ouvimos a canção até o final. Então concluí: é preciso saber perder, saber deixar no passado o que é do passado, porque não podemos mudar a velha história, mas escrever uma nova com final feliz. Deixe que os maus cuidem dos maus. Não vamos mudar o mundo. O mau e o bom, o mal e o bem sempre existirão, infelizmente. Fazem parte da mesma moeda, embora estejam em lados opostos.

Você tem seu valor, tem algo de bom para oferecer ao mundo. Comece a buscar o que deseja. Ponha no papel, defina datas, metas, objetivos. Saiba que, embora a vida seja a arte do encontro, a procura é muito mais importante do que o verdadeiro encontro, pois é na busca que aprendemos a melhores e mais importantes lições.

Como escreveu Fernando Sabino:

“De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro”.

* Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

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Reforma é uma das palavras mais usadas em nosso cotidiano há um bom tempo e geralmente vem acompanhada de expectativas de melhorias que muitas vezes são maiores do que a realidade permite, apesar de serem embaladas como a panaceia para todos os males. Foi assim que tivemos a reforma trabalhista, vendida como capaz de gerar milhares de novos empregos que ainda não surgiram, e a reforma da previdência social para combater os privilégios, mas sem os militares. Agora chegaram ao Congresso Nacional mais propostas de reformas por emendas constitucionais. Teremos muita discussão e falação para durar no mínimo até o final do próximo ano eleitoral de 2020. Também, é nisso que dá ter eleições de 2 em 2 anos, que uma reforma eleitoral – mais uma reforma – poderia mudar para ser de 4 em 4 anos para todos os cargos eletivos, por exemplo.

A justificativa básica para todas as reformas é que a União, estados e municípios estão quebrados e que é preciso reequilibrar as contas públicas. Mas por que houve essa quebradeira que faz a insolvência bater às portas das instâncias dos entes federados? A observação e análise dos fatos e dados dos últimos 40 anos nos mostra, em diversos cortes e recortes, o fenômeno que levou à quebradeira e todo o processo que o gerou. Como a economia estagnada não permite um crescimento da arrecadação pública suficiente para cobrir as despesas sempre crescentes e como não há condições políticas para se aumentar mais a já enorme carga tributária de maneira explícita só restou cortar na carne e até mesmo no osso através das reformas. Não é difícil saber para quem mais pesará o pagamento do pato das reformas no melhor estilo do liberalismo.

Meu ponto aqui é propor e fazer uma reflexão sobre a qualidade dos gastos públicos diante de tantas necessidades prioritárias e recursos escassos. As premissas que norteiam os gastos públicos poderiam ser definidas a partir das práticas anteriores que não deveriam ser mais aceitáveis em função dos desperdícios gerados, inclusive com privilégios e mordomias. Ainda que seja muito presente a cultura do “farinha pouca, meu pirão primeiro” existem centenas de destinações do dinheiro público que precisam ser cada vez mais questionadas. Independente do que for definido pelas reformas em discussão e outras que virão torna-se insustentável bancar algumas centenas de gastos. A título de ilustração posso citar o fundo eleitoral e o fundo partidário, que consomem por ano algo em torno de R$4 bilhões, diversos tipos de subsídios fiscais que não apresentam resultados em suas contrapartidas, alto índice de gasto com transporte de executivos e parlamentares, a começar pelos jatinhos da FAB, férias de 60 dias anuais para servidores do judiciário, auxilio moradia para deputados federais e estaduais, 14.400 obras paralisadas em todo o país em 2018 segundo o TCU que já consumiram R$70 bilhões e ainda precisam de R$40 bilhões para serem concluídas… Um pequeno esforço de memória ou de pesquisa no Portal da Transparência da União, estados e municípios ainda deixarão mais clareza sobre a qualidade de determinados gastos públicos.

Não adianta falar em direito adquirido se não existe sustentabilidade financeira que o garanta. E como a gestão faz falta!

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 6 de novembro de 2019   Curtas e curtinhas

O nióbio de Araxá e a Lei Kandir

O senador Vital do Rêgo (MDB/AL) é o relator da PEC 42/2019 revogadora da Lei Kandir, que isenta de pagamento do ICMS as exportações do agronegócio e da mineração. Em seu parecer ele propõe que o agronegócio deve permanecer isento do imposto, mas que a mineração volte a pagá-lo como era antes da Lei.

Digamos que o estado de Minas Gerais, após também adequar a legislação mineira à nova lei, estabeleça uma alíquota de 10% para a exportação do nióbio pela CBMM em Araxá. O estado recebe através da Codemig pela sua participação no negócio 25% do lucro anual. Em 2018 a CBMM teve um faturamento de R$7,42 bilhões e lucro líquido de R$2,8 bilhões, dos quais R$700 milhões ficaram com o estado após a dedução do Imposto de Renda e da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido). Se o ICMS fosse cobrado sobre esse faturamento do ano passado, o Estado receberia R$740 milhões. É claro que esse valor faria o lucro líquido cair para R$2,1 bilhões mas, ainda assim, o estado ficaria com R$525 milhões. Somados os dois valores caberia ao estado R$1,265 bilhões ao invés dos R$700 milhões recebidos.

A discussão do novo marco legal do saneamento

A Câmara dos Deputados está tentando, pela terceira vez neste ano, aprovar um novo marco legal para o setor de saneamento. O foco é a privatização da atividade em nome da busca de recursos para novos investimentos. Numa entrevista à Folha de São Paulo o Professor Léo Heller, Relator Especial da ONU para os Direitos Humanos à Água e ao Esgotamento Sanitário, afirmou que:

“a atração de recursos privados como algo extremamente necessário para resolver a crise fiscal soa falaciosa, uma vez que a experiência internacional aponta a limitação de recursos destinados ao aumento dos serviços por parte da iniciativa privada. Em muitos países, o que realmente se registrou foi a busca por recursos nos bancos públicos, ou o uso de recursos arrecadados da tarifa, com a cobrança de um excedente para investimentos”.

O déficit real da previdência em 2018

O Tribunal de Contas da União fez um levantamento intitulado Panorama do Sistema de Previdência Social do Brasil relativo ao ano de 2018. Ele mostra que o governo federal gastou 19 vezes mais para subsidiar o rombo da “aposentadoria” de um militar do que a de um funcionário privado do RGPS – Regime Geral de Previdência Social. Os dados mostram que, em media, foram gastos R$6,45 por aposentado civil do setor privado, R$69,53 com servidores federais civis e R$121,68 com os militares.

Por outro lado a reforma da Previdência a ser promulgada pelo Congresso Nacional tem a expectativa de economizar R$64 bilhões por ano com as mudanças das regras de aposentadoria para o setor privado e de R$16 bilhões com os servidores públicos federais civis. Para os servidores militares ainda está em discussão o Projeto de Lei que reestrutura as carreiras e reforma os parâmetros para a aposentadoria – passagem para a reserva. A expectativa é que se economize R$1 bilhão por ano.

O RGPS abrange 30,28 milhões de aposentados, os servidores federais civis 740,99 mil e os servidores militares 360,38 mil.

É o que temos para hoje depois de tanta falação sobre as desigualdades que seriam corrigidas pela reforma da previdência social.

A reforma administrativa federal em evidência

Enquanto se projeta um pífio crescimento econômico de 0,9% para esse ano, o IBGE mostra que 12,5 milhões de pessoas estão desempregadas e que outros 4,7 milhões estão desalentados, desistiram de procurar trabalho no período pesquisado. O Ministro da Economia afirma que agora sua prioridade é a reforma administrativa do governo federal. Porém o presidente da Câmara dos Deputados diz que sua prioridade é a reforma tributária. Mas qual será o conteúdo básico dessa reforma administrativa? Novos servidores concursados serão contratados pela CLT? As férias anuais serão de 30 dias para todos, inclusive para os magistrados? Como ficará a estabilidade dos servidores? Quem consultar o orçamento do governo federal para 2020 verificará que os gastos com os servidores públicos federais ativos foi estimado em R$336,6 bilhões, que é o segundo maior gasto e perde apenas para os regimes de previdência social.

O salário médio mensal dos servidores civis e militares ativos é de R$12,5 mil enquanto a elite do funcionalismo – composta pelos 5% melhor remunerados – consome 12% do gasto e tem salário médio de R$26 mil. Pelo visto a discussão vai esquentar bastante até se chegar a algum consenso. Será?

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O baile prossegue

por Luis Borges 3 de novembro de 2019   Pensata

Completei 65 anos de idade no dia 24 de outubro, na primavera, com o calor de verão e escassez de chuvas ajudando a desenhar cenários de racionamento de água para o abastecimento domiciliar em Belo Horizonte e Região Metropolitana. Se essa é uma idade emblemática em nossa cultura, o fato é que um novo ano já começou a ser trilhado num caminhar que exige adequação para usufruir da energia existente. Se um tanto bastante representativo do curso de vida já foi cursado, fica a expectativa sobre o que ainda vem por aí diante da certeza definitiva da finitude que essa passagem pela Terra tem.

Essa data do meu aniversário de nascimento me proporcionou receber manifestações de carinho e apreço de muitas pessoas que fazem parte de meu viver e conviver em diferentes dosagens e maneiras. Nas conversas que fui tendo uma pergunta que surgiu com boa frequência foi sobre a hora em que nasci. Respondi a todos que segundo minha mãe Lazinha Borges foi às 4 horas da manhã na Santa Casa de Misericórdia de Araxá, a capital secreta do mundo. Apesar da aleatoriedade da hora de se nascer pelo parto normal eu insisto em dizer que cheguei cedo, antes da alvorada, para aprender que o critério é o trabalho e conforme meu pai Gaspar Borges, “primeiro a obrigação, depois a devoção”. Quem me conhece sabe como essa crença faz parte do meu viver.

Outra abordagem e talvez a mais frequente foi sobre a perspectiva para a continuidade da vida em função das várias variáveis a nos impactar de diversas maneiras e variados graus de risco. Isso estimulou boas conversas à luz de determinadas condições de contorno, sem muitas fantasias, mas com um certo realismo esperançoso no imenso campo das probabilidades. Essencialmente eu disse que espero ter a capacidade de gerenciar para manter o que foi possível construir na trajetória percorrida até o momento, sempre focado e ancorado na família que tenho. Obviamente que, se houver espaços para a melhoria contínua, mesmo que lentamente, ou até mesmo para alguma inovação, tudo poderá ser avaliado de maneira gerenciada seguindo premissas e diretrizes estratégicas que priorizam a manutenção do que se tem e consciente dos riscos inerentes à complexa arte de viver. Também realcei que agradeço por tudo o que foi possível fazer antes de chorar pelo que não deu, mantida a crença no estado de bem-estar social com a paciência, persistência e resiliência que nos testa e desafia a todo instante. Foi aí que alguém perguntou sobre a saúde para prosseguir no baile da vida. Afirmei que minha expectativa é ter condições funcionais adequadas compatíveis com os limites já impostos pela teoria das restrições sem cair na obsessão terapêutica pela cura e muito menos na busca pela plástica juventude eterna.

Então agora é continuar caminhando na esperança de chegar bem ao meu próximo aniversário de nascimento que a cada instante já vai ficando mais próximo. É muita confiança!

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