Procura-se gente que quer trabalhar

por Luis Borges 20 de setembro de 2014   Pensata

Tenho ouvido constantes reclamações de pessoas que não conseguem encontrar prestadores de serviços. A situação atinge prestadores residenciais, como bombeiros, eletricistas, jardineiros, arrumadeiras e também candidatos a funcionários de micro, pequenas e médias empresas, de diferentes segmentos de negócios. Às vezes tenho a sensação de que muita gente quer o maior bem-estar possível dispendendo o menor esforço. Muitos estão sempre atentos aos seus direitos, mas esquecem-se dos deveres e focam-se no “consumo, logo existo”.

Na semana passada conversei com um empresário de Araxá, lugar alto de onde primeiro se avista o Sol, conforme a língua indígena. O empresário é do setor de alimentos, no qual atua há 40 anos. Hoje seu negócio gera trabalho para 17 pessoas, com as respectivas carteiras de trabalho assinadas, e tem faturamento anual próximo de 2 milhões de reais. Apresento a seguir a reclamação dele, em tom de desabafo mas profundamente realista, apesar de muitas autoridades nos darem a sensação de que tudo vai bem e de que Alice está no país das maravilhas.

Não tenho visto nenhuma entidade como FIEMG, FIESP, Federações do Comércio, CDLs e outras discutirem as dificuldades das pequenas e médias empresas para conseguirem contratar empregados por esse Brasil afora. Políticos, nem pensar, ainda mais nesse período eleitoral!

No meu caso específico, que deveria ser menos difícil por não exigir experiência anterior nem especialização, enfrento um grande drama. E olha que aqui as pessoas recebem um treinamento no trabalho, bem básico, como um “arroz com feijão”, tanto na produção como na comercialização.

Poucos querem trabalhar, assumir compromissos, cumprir escalas de horário em sábados, domingos e feriados, sempre dentro da lei.  Esta geração “nem nem”, nem trabalha e nem estuda, na minha modesta opinião, tem sido a grande dificuldade das nossas pequenas e médias empresas quando começam a pensar em investir para crescer. Isso porque o que temos já está muito difícil de gerenciar e levar à frente, e ainda corremos o risco de ficar sozinhos, sem gente.

Quando se consegue contratar alguém, são poucas as pessoas que permanecem por mais de uma semana ou um mês. Existem algumas outras que, quando se passam os benditos seis meses de permanência, que já garantem o direito ao seguro desemprego, resolvem “catimbar”. Elas já sabem de antemão que uma demissão sem justa causa lhes dará o direito de receber aviso prévio indenizado, férias proporcionais, décimo terceiro salário proporcional e que ainda poderão retirar o fundo de garantia por tempo de serviço acrescido da multa. Na prática, trabalha-se durante sete meses para se receber o equivalente a doze.

Está tudo muito ao contrário, principalmente quando vejo alguns de nossos  representantes no Congresso Nacional falarem na redução da jornada de trabalho. Haja coração!

Em síntese, são poucos os que conhecem esse grande problema na economia do país, a não ser nós mesmos, que o sofremos na pele. Às vezes dá vontade de jogar a toalha, mas ainda sou otimista e espero que uma hora as coisas ainda virarão para melhor, com as reformas política, tributária, penal, sindical e outras.

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 17 de setembro de 2014   Curtas e curtinhas

Queda livre – O Boletim Focus do Banco Central do Brasil registrou a 16ª semana consecutiva de queda nas projeções do PIB de para 2014. Agora os economistas ouvidos projetam crescimento de apenas 0,33%. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) também reviu sua projeção, que chegou a 0,3%. Em maio, estava em 1,4%. Como se vê, BC e OCDE convergem para o mesmo índice de crescimento do rabo do cavalo.

Miseráveis e pobres – O Ministério do Desenvolvimento Social diverge do Tribunal de Contas da União sobre a renda que define se alguém é miserável ou pobre. O MDS sustenta que miserável é quem tem renda mensal de até R$ 77,00 e pobre é quem está na faixa de R$ 77,00 a R$154,00 mensais, conforme critérios da Organização das Nações Unidas. Já para o TCU, os valores da ONU estão desatualizados. Por isso, o Tribunal trabalha com a renda do miserável indo até R$ 100,00 e a do pobre de R$ 100,00 a R$ 200,00. Enquanto as partes discutem os critérios e trocam farpas é bom lembrar que “país rico é país sem pobreza”.

Inadimplência – Segundo a Serasa, proprietária do maior banco de dados de crédito do país, 3,5 milhões de empresas estavam com dívidas em atraso no mês de julho. Desse total, 91% são empresas de pequeno e médio porte, que empregam 52% das pessoas com carteira de trabalho assinada. Se existe recessão econômica, técnica ou não, o fato é que esse tema está cada vez mais ausente do debate eleitoral e tudo vai ficando na mesmice de sempre.

Depois da implosão – Os 155 metros de extensão da alça norte do viaduto Batalha dos Guararapes na avenida Pedro I em Belo Horizonte foram implodidos. Segundo o jornal Hoje em Dia, a Prefeitura de Belo Horizonte ainda não sabe se vai reconstruir a estrutura ou se desistirá da intervenção na avenida, enquanto os moradores dos prédios vizinhos são contra outra construção. Mas como assim, se planejar é pensar antes e decisões devem ser tomadas em tempo hábil? Será que o viaduto deixou de ser necessário para a implementação do BRT/MOVE? Se assim for, por que se investiu tantos recursos financeiros naquela estrutura do sistema viário em nome da mobilidade?

Drummond – Você consegue imaginar qual seria a reação em versos do poeta Carlos Drummond de Andrade ao receber a notícia do racionamento de água em sua Itabira? O corte acontecerá diariamente de 13h às 20h. Lembre-se que do minério de ferro surgiu o célebre “Itabira é apenas um retrato na parede, mas como dói”. Vale lembrar também que Itabira fica a 111 km de Belo Horizonte e sua população, em 2014, é de 116.745 habitantes, segundo o IBGE.

Luciana – A taxação das fortunas acima de R$ 50 milhões, o controle da mídia  e a demarcação de terras indígenas são algumas das propostas de Luciana Genro, candidata do PSOL à presidência da República. Será que essa discussão vai prosperar diante do 1% de intenção de votos que as pesquisas eleitorais lhe atribuem?

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Vale a leitura

por Luis Borges 15 de setembro de 2014   Vale a leitura

Saúde dos idosos – A ida ao médico e a outros profissionais da saúde com determinada frequência no transcorrer da vida é um desafio para muita gente, que não prioriza a gestão da sua própria saúde. Imagine como essa situação se agrava com o avançar da idade em função desse tipo de resistência! Por outro lado, quem tem o hábito de procurar um profissional de saúde com frequência pode ter sua situação agravada pelo excesso de consultas, quantidade de exames de apoio aos diagnósticos, medicamentos e dietas entre outros. Segundo o médico geriatra e cardiologista Marcio Borges, “todo idoso necessita de um médico que seja o gerente de sua saúde, que o conheça muito bem e possa ser seu médico pessoal”. Veja na íntegra a abordagem de Yannik D´Elboux sobre algumas posturas equilibradas para quem tem a missão de levar um idoso a uma consulta médico.

Direto ao ponto – Veja aqui o posicionamento de um jovem de 18 anos, técnico de nível médio, aluno de curso de graduação em Gestão Empresarial e morador da Zona Leste da cidade São Paulo. Ele foi direto: “O que importa é qualidade de vida e não ideologia”.

Habilidade – O espanhol Emilio Botín, presidente do Grupo Santander, morreu no último dia 9. Estava com 79 anos e foi vítima de um ataque cardíaco. Neste artigo, o jornalista Clóvis Rossi enfatiza que Botín era um banqueiro de sangue e de vocação, mas era também, talvez acima de tudo, um mestre acabado na arte de ficar bem com os governantes, fosse qual fosse a ideologia deles. Um bom exemplo disso foi o seu encontro com o ex-presidente Lula no processo eleitoral de 2002, quando o presenteou com uma gravata vermelha. Boa leitura!

Suicídio – O dia 10 de setembro foi dedicado mundialmente à prevenção e ao combate ao suicídio e suas causas. O tema ainda é um grande tabu, mas merece ser bem mais abordado e aprofundado.  Conhecer o perfil de quem tenta dar fim à própria vida pode ser o ponto de partida para a redução das tentativas de suicídio, como sugere a pesquisadora Janaína Passos de Paula, autora da dissertação “Perfil das tentativas de suicídio por intoxicações exógenas em Minas Gerais”, defendida na Faculdade de Medicina da UFMG. 

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Na Av. Silviano Brandão, bairro Sagrada Família. / Foto: Sérgio Verteiro

Na Av. Silviano Brandão, bairro Sagrada Família. / Foto: Sérgio Verteiro

Essa última semana do inverno deixará indelevelmente registrada em nossas memórias a exuberância dos ipês amarelos, roxos, rosas e brancos presentes na cena urbana em Belo Horizonte. Mesmo em plena seca prolongada, baixa umidade relativa do ar, incêndios em profusão, eles aparecem como se fossem flores astrais a nos acalentar e a enfeitar o caminho para a chegada da primavera no próximo dia 22 às 23:29 horas.

Na rua Mármore, em Santa Tereza. / Foto: Sérgio Verteiro

Na rua Mármore, em Santa Tereza. / Foto: Sérgio Verteiro

E olha que a nova estação trará consigo a eleição para a Presidência da República e o horário de verão, que vigorará a partir de 19 de outubro, conforme determina a lei. Veja os ipês deste post e continue a percebê-los em suas andanças pela cidade.

Bairro Nova Gameleira, Rua Gastão Bráulio dos Santos / Foto: Sérgio Verteiro

Bairro Nova Gameleira, Rua Gastão Bráulio dos Santos / Foto: Sérgio Verteiro

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Na segunda metade dos anos 70, o telefone fixo era um bem de difícil acesso para a maior parte da população brasileira. Uma linha residencial custava o equivalente a R$ 6.000,00 de hoje, investimento alto para a época. As empresas de telecomunicações lançaram, no período, diversos planos de expansão. A linha podia ser paga em até 36 meses, mas sem garantia de que haveria antecipação do prazo de entrega do bem para o assinante. Na prática, isso si,gnificava  o financiamento de parte do investimento necessário a esse tipo de infraestrutura, ao qual ainda se somaria à assinatura mensal que vigora até hoje. Em Belo Horizonte ficaram famosos os planos de expansão BH1 a BH5 da Telemig, empresa que virou Telemar na privatização e atualmente é a Oi. Existia também um exuberante mercado para o aluguel de telefones, por meio de empresas e de pessoas físicas.

Foi nesse contexto que floresceram os telefones públicos, em sua maioria instalados e protegidos dentro de uma estrutura semelhante a uma grande orelha, popularmente chamada de “orelhão”. Na época, os créditos eram contados por meio de fichas telefônicas. Apesar de sua extrema utilidade para a população, os vândalos sempre tentavam depredá-los. A manutenção dos aparelhos públicos era feita na unidade da Telemig no bairro São Gabriel, em Belo Horizonte, onde hoje funciona um dos campi da PUC Minas.

Também naquela época a linha caia, havia muitas reclamações relativas às contas mensais, o telefone ficava mudo e a assistência técnica tinha a mesma lerdeza.

O período de escassez se foi há 40 anos. Hoje são cerca de 41 milhões de telefones fixos instalados no país, enquanto a quantidade de telefones celulares, pré ou pós pagos, se aproxima dos 300 milhões.

Esse número de telefones móveis aliado à baixa utilização dos telefones públicos levaram a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a determinar a desativação de 461,3 mil orelhões.

A decisão, segundo a agência, foi baseada em fatos e dados, prezados na gestão de qualquer negócio. Dos 763 mil telefones públicos do país, 81% realizam até quatro chamadas por dia. O total de aparelhos é usado apenas 4 minutos por dia, uma média de 120 minutos por mês. As operadoras de telefonia fixa reclamam que os gastos com a manutenção dos orelhões são  2,5 vezes maior que o valor recebido pela prestação do serviço. Isso quando não há vandalismo, como mostramos nesse post.

Em breve, o orelhão estará apenas no Museu da Telefonia. Heráclito tinha razão ao dizer no ano 501 a.c que “nada existe em caráter permanente a não ser a mudança”. E eu complemento, dizendo que só nos resta o permanente reposicionamento diante da inexorabilidade do avanço tecnológico.

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1836 – Rebeldes farroupilhas proclamaram a República Rio-Grandense. O objetivo era mostrar ao Império a insatisfação da oligarquia gaúcha com os altos impostos cobrados à época.

1968 – Lançamento da primeira edição da revista Veja, publicada pela editora Abril. Criada por Roberto Civita e Mino Carta, a primeira edição tinha capa vermelha, foice e martelo e anunciava “O grande duelo do mundo comunista”.

Capa da primeira Veja. /Fonte: Wikipedia

1973 – Morreu o presidente eleito do Chile, o médico socialista Salvador Allende, durante bombardeamento do Palácio de La Moneda, no que foi o início do golpe militar que levou ao poder o ditador General Augusto Pinochet

1990 – Sancionada, no Brasil, a lei 8708/1990, o Código de Direito do Consumidor.

2001 – Aconteceu o ataque terrorista às Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova Iorque, e ao Pentágono, em Washington, nos Estados Unidos. Foram cerca de 3 mil mortos nos dois ataques.

2005 – Israel declarou, unilateralmente, seu desligamento militar nas operações na Faixa de Gaza durante o governo do primeiro-ministro Ariel Sharon.

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A 26 dias das eleições para Presidente da República, governadores de estados, senadores, deputados federais e estaduais, percebe-se claramente que o tema saneamento básico continua relegado e até evitado nos programas dos candidatos.

Embora existam planos nacionais e municipais para o tema, além de uma Lei Federal contendo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a desejada universalização ainda está longe, em cidades de todos os portes.

Ranking do Saneamento 2014, feito pela ONG Instituto Trata Brasil, mostra que, no ritmo em que as coisas estão caminhando, será muito difícil atingir as metas para os serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos, drenagem urbana, coleta, reciclagem de materiais e tratamento do lixo nos próximos 20 anos.

Continua sendo essencial o comprometimento com saneamento básico e mais essencial ainda a capacidade de gestão dos empreendimentos diante das limitações impostas pela Lei de Licitações, pelos marcos regulatórios entre outros. A saúde e o meio ambiente aguardam dias melhores.

Córrego poluído

Córrego poluído. / Foto: Sérgio Verteiro

Nas fotografias que ilustram este texto vemos a região da Estação Vila Oeste do metrô de Belo Horizonte. O local é próximo à Avenida Amazonas, bairro Nova Gameleira. Da Praça Sete até ali são apenas 9km. Lixo, esgoto, falta de saneamento estão a céu aberto, para quem passa ver.

Foto: Sérgio Verteiro

Foto: Sérgio Verteiro

“Se muito vale o já feito, mais vale o que será”, como dizem Milton Nascimento e Fernando Brant na música “O que foi feito devera (De Vera)”.

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