Foram quatro facadas que tiraram a vida de um ciclista, médico cardiologista de 56 anos, que pedalava na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Isso aconteceu 10 dias atrás, mas o caso continua repercutindo intensamente. Diariamente são inúmeras ocorrências com uso de armas brancas pelo país.

Diante da pouca segurança e da grande sensação de insegurança, diversas proposições vieram à tona junto com a indignação que muitas pessoas e entidades estão manifestando. Destaco uma dessas proposições, um Projeto de Lei que tramita na Câmara dos Deputados desde 2004. Ele propõe a criminalização do porte de armas brancas em vias públicas e prevê detenção de três meses a um ano, além de multa, para quem descumprir o proposto. O autor do PL2967/2004, Lincoln Portela (PR-MG) justifica que a restrição ao porte de armas de fogo levou ao aumento da utilização de armas brancas. Enquanto os crimes vão se acumulando, a justiça prossegue lenta, o Poder Executivo falha no planejamento e gestão da segurança e o Poder Legislativo segue na sua inércia. Para o PL acima, são 11 anos sem análise de uma proposta de um parágrafo.

Os cidadãos é que devem ficar espertos para não serem surpreendidos por alguns portadores de faca, facão, canivete, punhal, espada, navalha, tesoura e assemelhados. É preciso estar de ouvidos atentos e olhos bem abertos nessa vida em que o risco só aumenta. E faz parte da gestão do risco pular igual pipoca e saltar de banda, principalmente quando se ouvir uma ou mais vozes gritando “olha a faca”, “olha o sangue” ou o pós-moderno “perdeu, perdeu”.

Qual seria a minha, a sua, a nossa reação se estivéssemos presentes numa cena como a que foi vítima o ciclista que pedalava sua bicicleta? O fato é que estamos cada vez mais expostos e tudo se aproxima mais e mais de nós todos. Para embalar essa reflexão, ainda que sem ação, que tal ouvir a musica De frente pro crime, de João Bosco e Aldir Blanc, na voz do próprio João Bosco, que é mineiro de Ponte Nova?

De frente pro crime
Fonte: Letras.mus.br

Tá lá o corpo
Estendido no chão
Em vez de rosto uma foto
De um gol
Em vez de reza
Uma praga de alguém
E um silêncio
Servindo de amém...

O bar mais perto
Depressa lotou
Malandro junto
Com trabalhador
Um homem subiu
Na mesa do bar
E fez discurso
Prá vereador...

Veio o camelô
Vender!
Anel, cordão
Perfume barato
Baiana
Prá fazer
Pastel
E um bom churrasco
De gato
Quatro horas da manhã
Baixou o santo
Na porta bandeira
E a moçada resolveu
Parar, e então...

Tá lá o corpo
Estendido no chão
Em vez de rosto uma foto
De um gol
Em vez de reza
Uma praga de alguém
E um silêncio
Servindo de amém...

Sem pressa foi cada um
Pro seu lado
Pensando numa mulher
Ou no time
Olhei o corpo no chão
E fechei
Minha janela
De frente pro crime...

Veio o camelô
Vender!
Anel, cordão
Perfume barato
Baiana
Prá fazer
Pastel
E um bom churrasco
De gato
Quatro horas da manhã
Baixou o santo
Na porta bandeira
E a moçada resolveu
Parar, e então...(2x)

Tá lá o corpo
Estendido no chão...
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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 26 de maio de 2015   Curtas e curtinhas

Dívidas

A Dívida Pública Federal é aquela contraída pelo Tesouro Nacional para financiar o déficit orçamentário do Governo Federal. Em abril deste ano ela ficou em torno de R$2,451 trilhões, dos quais a maioria esmagadora se refere a títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, negociados no mercado interno. Nos próximos 12 meses, 23,44% dessa dívida vão vencer, mas é claro que até o final do ano novos títulos serão emitidos, inclusive para pagar os que estarão vencendo. Se o Governo Federal está assim, dá para imaginar o aperto que estão passando as pessoas que aplicam, por exemplo, em cadernetas de poupança cujos saques chegaram a R$ 32 bilhões de janeiro até 15 de maio desse ano.

Atrás do Focus

O Ministério do Planejamento passou a atualizar mais rápida e realisticamente os indicadores econômicos com os quais trabalha. Na prática, está seguindo bem de perto as projeções do Boletim Focus do Banco Central. Na sexta 22/05, o ministro da pasta atualizou a previsão de inflação anual medida pelo IPCA para 8,26%, a retração da economia medida pelo PIB para 1,2% e o Dólar fechando o ano a R$3,22.

Ontem, 25/05, a pesquisa do Banco Central passou a projetar inflação anual pelo IPCA para 8,37%, a contração da economia medida pelo PIB aumentou para 1,24% e a cotação do Dólar foi mantida em R$3,20. Como se vê, o rabo continua balançando o cachorro.

Mobilidade urbana

Nos últimos 12 anos o Governo Federal orçou R$11,4 bilhões para serem investidos no Programa de Mobilidade Urbana e Trânsito. No entanto apenas 25% desse valor foi aplicado no período, o que equivale a algo em torno de R$2,9 bilhões. O orçamento deste ano prevê R$5,7 bilhões para o programa. No primeiro quadrimestre foram gastos apenas R$25,9 milhões, denotando que, mesmo após os cortes do orçamento, será muito difícil atingir a meta estabelecida, a menos que prevaleça a cultura de só implementar 25% do que foi orçado. Aliás, é o cenário mais provável.

Flexibilização curricular

Começou na semana passada na UFMG uma discussão entre pró-reitores, professores da ativa e aposentados, na qual surgiram propostas de reformulação da grade curricular e da carga horária passada em sala de aula nos cursos de graduação. Essas sugestões estão referenciadas em modelos de universidades europeias que fazem parte das listas de melhores do mundo. É claro que essa discussão ainda vai esquentar muito, principalmente no momento de definir o que está sobrando, o que está faltando e qual a dosagem de teoria e prática em função do mundo real, competitivo e acelerado, mas que não pode abrir mão da ciência e da tecnologia de maneira simplista. A conferir.

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Um claro escuro

por Luis Borges 25 de maio de 2015   Alguma poesia

observacao_e_analise_um_claro_escuro

Que olhar é esse?
Que atravessa a escuridão
sem ver a claridade,
ainda que bem longe
no fim do túnel?

Os limites não se mostram definidos
nos contornos da visão tubular,
determinados de maneira glaucomatosa,
que não mais enseja contar estrelas.
Mas trazem a nítida sensação
de que a lua cheia minguou.

A vida prossegue
em constante reinvenção.
E atenta à dor não doída
de trabalhar com o imaginário,
para formar a imagem
que os ouvidos só amplificam.

O inconsciente fala no claro escuro
da complexa arte de viver,
que nos desafia em caráter permanente
rumo à aprendizagem,
que faz triunfar a sabedoria
para a temperança do essencial.
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Autópsia 

Nossa vida se passa regida por uma legislação que nem sempre tem clareza suficiente ou aborda todos os aspectos envolvidos, além de também não ser plenamente conhecida por todos. A morte, que é parte da vida, é abordada pela legislação como sendo decorrência de causa natural ou causa externa. Se natural, bastará a emissão do atestado médico declarando o óbito e, se for externa, exigirá a realização de uma autópsia feita pelo Instituto de Medicina Legal. No texto do blog Morte sem tabu a autora explica os pormenores da lei. Vale a pena entender um pouco mais sobre o assunto, pois poderemos ser surpreendidos pela necessidade de enfrentar uma situação onde esse tipo de conhecimento poderá facilitar a solução de um problema.

Viciados em compras

O impulso caminha na contramão da estratégia e seu estrago costuma ser nada agradável. É o caso que afeta as pessoas que consomem sem planejamento, de maneira incontrolável e que demonstram inconsciência em  relação aos tempos bicudos que estamos vivendo. Muitos casos chegam a ser patológicos nas pessoas que buscam no consumo desmedido as soluções para seus problemas crônicos ou momentâneos. Como você avalia as suas atitudes perante o consumo? Alguma vez você já chegou ao fundo do poço? Leia a abordagem de Márcia Dessen, colunista da Folha de São Paulo, no artigo Viciados em compras.

Quando o ato de comprar passa a ser exagerado, incontrolável e irresistível, o sinal vermelho acende! Você pode ser vítima de um transtorno conhecido como oniomania, quando o consumo diante de um apelo, um evento negativo, resulta em prejuízos significativos no funcionamento social, familiar e financeiro.

Brasileiro simpático 

O sociólogo espanhol Manuel Castells, professor da Universidade da Califórnia, concedeu uma entrevista ao Jornal Folha de São Paulo. Entre suas falas, abordou o que chama de “mito do brasileiro simpático”. Segue um trecho:

Agora, a internet permite às pessoas comunicar-se diretamente sem passar por esses controles, e sem passar por qualquer censura. Ainda que se queira controlar a internet, não se pode.

Eu não creio que no Brasil, com a internet, exista mais agressividade no debate. O Brasil sempre foi agressivo. Nos tempos da ditadura, no final dos anos 60, anos 70, o debate não só era agressivo como se torturavam pessoas diariamente com impunidade.

A imagem mítica do brasileiro simpático existe só no samba. Na relação entre as pessoas, sempre foi violento. A sociedade brasileira não é simpática, é uma sociedade que se mata. Esse é o Brasil que vemos hoje na internet. Essa agressividade sempre existiu.

Na mesma entrevista, Castells fala sobre a crise de representação que vivemos hoje e sobre os movimentos sociais, como a Primavera Árabe e Occupy.

A política e o violino

A corrupção está em pauta no Brasil e no Chile. Nos dois países, as presidentes vieram de organizações políticas de esquerda, cumprem seu segundo mandato e enfrentam crises econômicas e políticas. Os programas que defenderam para se eleger e o que tem sido praticado em seus governos são temas abordados pela economista Mônica Baumgarten de Bolle neste artigo, que começa citando uma frase de Esperidião Amin – “o poder é como o violino. Toma-se com a esquerda e toca-se com a direita”.

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O MOVE, nome dado ao sistema de BRT de Belo Horizonte e região metropolitana, completou um ano de funcionamento há pouco tempo. E há estações que clamam por manutenção, como a que mostramos abaixo.

MOVE estação Aarão Reis

Estação na Rua Aarão Reis, no Centro de BH. / Foto: Sérgio Verteiro

Na última terça-feira, dia 19 de maio, uma delas estava assim – bastante deteriorada, com buracos no teto do abrigo.

MOVE aarão manutenção

Foto: Sérgio Verteiro

A falta de teto está acima dos bancos onde os passageiros esperam pelos ônibus. Em alguns horários do dia, falta proteção para o sol e também para a chuva.

Move  manutenção

Foto: Sérgio Verteiro

A situação se repete em outro ponto de ônibus na mesma rua Aarão Reis, no Centro e Belo Horizonte.

MOVE aarão manutenção

Foto: Sérgio Verteiro

É possível ler numa placa afixada na estação maior o texto “terminal provisório”. Mas a sensação é de que ele se tornou “provinitivo”, um provisório definitivo.

Duro lembrar que conforto, rapidez, integração, frequência e pontualidade são as principais premissas do Transporte Rápido por Ônibus, cujo sistema foi inicialmente chamado de BRT e, posteriormente, batizado com a marca MOVE, para explicitando o foco na mobilidade.

Pelo menos nessas estações, o conforto está em falta.

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Carmen* começou a semana de trabalho, na última segunda-feira, pedindo liberação do serviço durante a tarde. O motivo? Participar do velório e do sepultamento de um sobrinho, um jovem rapaz de 23 anos, que se enforcou no dia anterior.

A tia conta que o moço namorava uma “mocica” de 20 anos, com a qual brigava muito. Principalmente por ciúmes, que de vez em quando levavam ao término do namoro, que posteriormente acabava sendo retomado. Pouco mais de uma semana atrás o casal tinha terminado novamente, mas a moça disse que não tinha volta.

Inconformado, o rapaz continuou insistindo. Acabou levando uma grande surra de alguns amigos da moça, com o aviso de que não deveria mais procurá-la, senão a situação ficaria ainda pior. O rapaz prosseguiu triste e revoltado nos dias seguintes, até chegar ao último ato de sua vida.

Embora esse caso não tenha virado notícia de jornal, existem dados mostrando que o suicídio é a décima causa de mortes no mundo e vitima 1 milhão de pessoas por ano. Já as tentativas de suicídio chegam a 20 milhões no mesmo período. O assunto já foi abordado no blog, quando sugerimos a leitura do artigo Mitos sobre suicídio e como preveni-lo de autoria de Camila Appel.

Apesar do tema continuar merecendo mais difusão, discussão e conhecimento para a compreensão de suas causas ele foi abordado pelo compositor Haroldo Barbosa em sua musica Notícia de jornal, cuja letra você pode ler a seguir. Ouça na interpretação de Chico Buarque.

* Carmen é um nome fictício, para preservar a participante de uma história verídica.

Noticia de Jornal
Composição de Haroldo Barbosa
Fonte: Letras.mus.br

Tentou contra a existência
Num humilde barracão
Joana de tal, por causa de um tal João

Depois de medicada
Retirou-se pro seu lar
Aí a notícia carece de exatidão

O lar não mais existe
Ninguém volta ao que acabou
Joana é mais uma mulata triste que errou

Errou na dose
Errou no amor
Joana errou de João
Ninguém notou
Ninguém morou na dor que era o seu mal
A dor da gente não sai no jornal
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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 19 de maio de 2015   Sem categoria

Mais greves de professores

Enquanto se prolongam as greves dos professores das redes estaduais de São Paulo e Paraná, outra greve começa a tomar forma. É a dos professores das Instituições Federais de Ensino Superior filiados à Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), convocada a partir do dia 28. Entre as reivindicações estão a autonomia universitária, a reestruturação da carreira docente e o reajuste da tabela salarial. Essa é mais uma variável para complicar um pouco mais o Governo Federal no momento em que tenta aprovar o ajuste fiscal no Congresso. É bom lembrar que no dia marcado para o início da greve estarão faltando algo em torno de 35 dias para o final do semestre letivo. Vamos acompanhar para verificar como esse jogo será jogado diante da atual correlação de forças.

Petrobras

A Petrobras anunciou lucro líquido de R$5,3 bilhões no primeiro trimestre deste ano, total R$1,2 bilhões menor do que o de igual período do ano passado. Apesar da euforia inicial de alguns setores do mercado, o que está prevalecendo mesmo é a cautela diante do curto período analisado. Vale lembrar que o lucro sucedeu o prejuízo do trimestre anterior, que foi de R$26,6 bilhões. O que está em alta é a expectativa gerada pelo novo plano estratégico de negócios, que deverá ser divulgado no próximo mês. Especula-se que esse plano terá mais foco na melhoria da operação e gestão da manutenção, embora sejam preocupantes as despesas financeiras decorrentes do autoendividamento, hoje em torno de R$322 bilhões. De qualquer maneira, a empresa vem tendo seu aprendizado após as revelações da Operação Lava Jato, inclusive compondo seu Conselho de Administração sem a participação de Ministros do Poder Executivo Federal. Finalmente!

Crédito online

As empresas de crédito online já são uma realidade no Brasil e prometem facilidades para emprestar dinheiro sem exigir muitas garantias. Ainda que não assumam explicitamente, o fato é que elas têm seus mecanismos próprios para analisar o cadastro em função do CPF apresentado, e o máximo que pode acontecer é o crédito ser negado. Nesse caso, o constrangimento do solicitante também será online. Já para quem for aprovado, existe a exigência de conta corrente em algum dos grandes bancos brasileiros bem como a assinatura eletrônica do contrato. Entretanto uma grande atenção deve ser dada ao prazo do empréstimo e às taxas de juros cobradas, que costumam ser maiores que as dos bancos. Quem não tem foco na educação financeira torna-se presa fácil, principalmente nesses tempos de inflação e desemprego em alta.

Menos cerveja

A Associação Brasileira da Indústria da Cerveja informou que as empresas do setor produziram 923,1 milhões de litros da bebida em abril. O número mostra queda de 8,8% em relação à produção de março e de 12,6% em relação à de abril do ano passado, período que antecedia à Copa do Mundo. Mas, de qualquer maneira, os números não mentem e mostram produção menor em função do encolhimento da economia brasileira.

Rodovias federais

O Ministério dos Transportes estuda a possibilidade de devolver 14,5 mil km de rodovias federais aos estados por onde elas passam. A razão é o fim do convênio que transferiu a manutenção delas da responsabilidade dos estados para a União na década passada. Os trechos dessas estradas equivalem a 19% da malha rodoviária federal e alguns estão em estados com situação financeira ruim, como Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. Será que essas estradas acabarão indo para o pacote dos serviços públicos cujas concessões serão oferecidas à iniciativa privada em julho?

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