A loucura nossa de cada dia

por Convidado 9 de maio de 2016   Convidado

* por Sérgio Marchetti

Dia desses um amigo me disse que preferiria ser louco a ter de assistir a todo esse circo do governo brasileiro.  Ao ouvi-lo meu pensamento criou asas, voou de volta ao ano de 1509 e pousou nas páginas de um livro escrito por Erasmo de Rotterdam. O título é “O Elogio da Loucura”. Nele, de forma satírica e sombria, o autor demonstra que a loucura é boa companheira.  Pois o que seria da paixão se não houvesse a loucura dos apaixonados? O que seria do circo, se não fosse a loucura dos palhaços? O que seria dos eleitos, se não fosse a loucura dos eleitores?

Erasmo de Rotterdam criou a “Deusa da Loucura” que é quem, segundo ele, dá prazer ao mundo.

“Tudo o que fazem os homens está cheio de loucura. São loucos tratando com loucos. Por conseguinte, se houver uma única cabeça que pretenda opor obstáculo à torrente da multidão, só lhe posso dar um conselho: que, a exemplo de Timão [filósofo], se retire para um deserto, a fim de aí gozar à vontade dos frutos de sua sabedoria”.

Daquela época para cá, a loucura pode ter deixado de ser deusa, mas está entre nós com uma intensidade ainda maior. Talvez, nestes tempos nebulosos que estamos vivendo, ser louco possa ser realmente uma solução.

Mas não foi só por isso que me lembrei de Erasmo. Foi também porque ele dedicou seu livro ao amigo Thomas Morus.

“Foi pelo fato de ter pensado, no início, em teu próprio sobrenome Morus, tão próximo ao da Loucura (Moria), quanto realmente longe dela estás e, certamente, é seu maior adversário, segundo o conceito que em geral dela se tem.” [carta a Thomas Morus]

Como vimos, Erasmo se lembrou de Morus fazendo alusão à loucura. Somente por intermédio dela (loucura) poderia haver a salvação de um povo oprimido e dominado pela religião que os explorava. Ocorreu-me também que precisamos de uma boa dose de loucura para fugir da opressão e dos abusos cometidos pelos governantes.  Então, em vez de Morus, pensei em Moro – Sérgio Moro – um louco provido de muita sanidade que ilumina uma vereda com uma luz ainda fraca, mas que pode nos indicar um caminho de esperança com menos sombras e mais luzes.

E já que estamos falando da loucura nossa de cada dia, caros leitores, vamos mudar de Moro para moria, e lembrar que os discursos de nossa governante (ou seria governanta?) são a prova viva de que a loucura é aceita e aplaudida. Lembremo-nos da saudação à mandioca, da tecnologia de estocar vento e de festejar o dia da criança e do animal, entre tantas pérolas que fariam Erasmo se corar de vergonha. Porém, uma das mais loucas verborreias de nossa governanta, digo presidenta, foi a da descoberta do “homo e mulheres sapiens” que provavelmente nos guiam nesta galáxia. “Por que da galáxia? Porque a galáxia é o Rio de Janeiro. A Via Láctea é fichinha perto da galáxia de que o nosso querido Eduardo Paes tem a honra de ser prefeito”.

“Loucura! Loucura!”, gritaria um apresentador global. Mas não para por aí. Um ex, ou atual, ou futuro presidente, em momento de humilde grandiloquência, já demonstrando sintomas quixotescos, e digno de estada em alguma hospedagem de Barbacena, acabou por crucificar Tiradentes.

Caros companheiros deste espaço textual, não sei por qual razão acabo de me lembrar de um outro Sérgio… o Porto. Talvez não o conheçam, mas foi ele quem compôs o “Samba do Crioulo Doido”.

* Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

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Um Projeto de Lei (PL) do vereador Wellington Magalhães (PTN), presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, propondo o fechamento dos supermercados da cidade aos domingos foi aprovado pela maioria dos edis em primeiro turno em 18 de abril. A votação final em segundo turno foi marcada para o dia seguinte, demonstrando uma grande pressa para resolver a questão e contrastando com a vagareza que acomete a análise e votação de outros inúmeros projetos.

Diante da repercussão negativa que o PL causou em algumas das partes interessadas, o Presidente da Câmara retirou-o da pauta e anunciou a realização de uma audiência pública para ouvir as opiniões de todos os interessados. De repente a aprovação que estava sendo feita “a toque de caixa” ganhou um atraso e deu espaço a um lampejo com áreas de democracia participativa, claro que a contragosto de muitos e como saída honrosa para outros diante da pressão de quem é contra a medida.

O Sindicato dos Empregados do Comércio de Belo Horizonte e Região Metropolitana (SEC) é favorável ao fechamento dos supermercados aos domingos para que os trabalhadores possam ter descanso nesse dia. Já a Associação Mineira dos Supermercados (AMIS) é contra, argumentando que 80% dos supermercados abrem aos domingos, sendo que esse dia fica entre o segundo e o terceiro de maior movimento na semana. A AMIS ainda sinaliza com a possibilidade de demissões de empregados caso a medida seja aprovada.

Enquanto isso muitos clientes se dizem assustados com a proposta por só terem o domingo para fazerem as suas compras. Também existem aqueles que concordam com a medida e perguntam por qual razão o fechamento aos domingos não se estende a outros segmentos do comércio.

Vamos aguardar e participar dessa discussão para ver no que vai dar a votação final dos representantes do povo, muitos dos quais almejam a reeleição no pleito de outubro próximo.

Enquanto nos lembramos dos candidatos em quem votamos nas eleições anteriores e do nível de resultados alcançados durante o mandato dos eleitos, que tal ouvir o Samba dos trabalhadores na voz de Martinho da Vila, interpretando letra de Darcy da Mangueira?

Samba do Trabalhador
Fonte: Letras.mus.br 

Na segunda-feira eu não vou trabalhar
É, é, é a
Na terça-feira não vou pra poder descansar
É, é, é a
Na quarta preciso me recuperar
É, é, é a
Na quinta eu acordo meio-dia, não dá
É, é, é a
Na sexta viajo pra veranear
É, é, é a
No sábado vou pra mangueira sambar
É, é, é a
Domingo é descanso e eu não vou mesmo lá
É, é, é a
Mas todo fim de mês chego devagar
É, é, é a
Porque é pagamento eu não posso faltar
É, é, é a

E quando chega o fim do ano
Vou minhas férias buscar
E quero o décimo-terceiro
Pro natal incrementar
Na segunda-feira não vou trabalhar
É, é, é a
É, é, é a

Eu não sei por quê tenho que trabalhar
Se tem gente ganhando de papo pro ar
Eu não vou, eu não vou
Eu não vou trabalhar
Eu só vou, eu só vou
Se o salário aumentar
É, é, é a
É, é, é a

A minha formação não é de marajá
Minha mãe me ensinou foi colher e plantar
Eu não vou, eu não vou
Eu não vou trabalhar
Eu só vou, eu só vou
Se o salário aumentar
É, é, é a
É, é, é a

Tô cansado...
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Olhar, mirar, observar e analisar podem muito nos ajudar a perceber detalhes que a correria doida do cotidiano nem sempre permite registrar. Embora não tenha números posso dizer que tem aumentado a frequência com que recebo informações dando conta da existência de prédios, casas ou lotes abandonados e de obra públicas inacabadas.

Torres Gêmeas | Foto: Sérgio Verteiro

Torres Gêmeas | Foto: Sérgio Verteiro

Nesses locais, acaba sendo inevitável o acúmulo de lixo, água empoçada em alguns tipos de recipientes, crescimento do mato, todos potencializando condições para a proliferação do mosquito transmissor de doenças como a dengue, antiga “quebra ossos”, a Zika e o Chikungunya.

Terreno onde seria construída a Nova Rodoviária de BH | Foto: Sérgio Verteiro

Terreno onde seria construída a Nova Rodoviária de BH | Foto: Sérgio Verteiro

Mesmo se abstrairmos do desperdício dos escassos recursos públicos ou privados, das condições da segurança de pessoas que moram ou passam nas proximidades e do visual desconfortável, não dá para ignorar essa realidade incômoda. Só para ilustrar a situação, estão apresentadas neste post as fotografias das inacabadas “Torres Gêmeas” do bairro de Santa Tereza, que ficam na divisa com o bairro de Santa Efigênia nas proximidades da ponte do Perrela, e o matagal no terreno onde estão previstas as obras da futura Estação Rodoviária de Belo Horizonte, no bairro São Gabriel.

Você percebe situações semelhantes no bairro em que mora ou nos trajetos que faz pela cidade? Compartilhe nos comentários.

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A expressão “pedalada fiscal” continua em grande evidência no embate que se trava pelo poder político no Brasil. Segundo a Wikipédia, “pedalada fiscal”:

é um termo que se refere a operações orçamentárias realizadas pelo Tesouro Nacional não previstas na legislação, que consistem em atrasar o repasse de verba a bancos públicos e privados com a intenção de aliviar a situação fiscal do governo em um determinado mês ou ano, apresentando melhores indicadores econômicos ao mercado financeiro e aos especialistas em contas públicas.

Isto ocorre porque, apesar de o gasto social ter efetivamente ocorrido, ele ainda não saiu das contas do Governo Federal, quando o mesmo divulga seu balanço anual. Assim, este artifício pode ser usado para aumentar o superávit primário (economia feita para pagar os juros da divida pública) ou impedir um déficit primário maior (quando as despesas são maiores que as receitas).

Ainda segundo a mesma fonte:

Orçamento é a parte de um plano financeiro estratégico que compreende a previsão de receitas e despesas futuras para a administração de determinado exercício (período de tempo). Aplica-se tanto ao setor governamental quanto ao privado, pessoa jurídica ou física.

Para quem trabalha com a gestão estruturada dos negócios de um governo, uma empresa, uma família ou um indivíduo, por exemplo, o planejamento orçamentário deve ser feito a partir de algumas premissas que estarão presentes no período em que ele ocorrerá. Entre elas podemos citar, a título de exemplo, o crescimento da economia, o nível de emprego, o índice de inflação, as variações do câmbio, o aumento da carga tributária, as prioridades para os investimentos públicos ou potenciais reformas que surgirão na política, na Previdência Social, nas leis trabalhistas ou na representação sindical. Quanto mais informações e conhecimento mais chances se terá de surgir algo mais realista e factível num horizonte de curto prazo (um ano). É claro que o orçamento não pode ser uma mera peça de ficção e deve ser gerenciado com disciplina, foco e responsabilidade. Ele é algo para valer e não pode ser modificado sem justificativas muito relevantes.

Diante de tudo o que estamos passando nesse momento fico imaginando especificamente como anda o orçamento das famílias e dos indivíduos em função dos fatos e dados que vão sendo divulgados cotidianamente. Será que a prática das pedaladas já se incorporou à cultura das pessoas, principalmente diante da necessidade da sobrevivência e gastos acima do que se ganha?

A julgar pelos dados divulgados pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas a situação que já não era boa só tem piorado. Segundo esses órgãos, no mês de março de 2016 a quantidade de brasileiros com dívidas em atraso chegou a 58,7 milhões de pessoas. Estima-se que 4,2 milhões dos novos devedores passaram a fazer parte da lista de janeiro de 2015 até março de 2016.

Verifica-se que é grande o desafio para que também as famílias e indivíduos alcancem um maior equilíbrio entre o que se ganha, o que se gasta ou até mesmo o que se poupa diante da pouca educação financeira, do consumo compulsivo, da perda do poder aquisitivo em função da inflação, juros altos e da recessão econômica. Aliás, ela já fez 10,4 milhões de desempregados conforme a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE relativa ao trimestre dezembro/15, janeiro e fevereiro/16.

Como se vê a reinvenção dos modos de vida torna-se cada vez mais uma necessidade. Um bom começo poderia ser pelo conhecimento efetivo e detalhado de todas as receitas e despesas mensais devidamente registradas numa simples planilha em meio físico ou eletrônico se este for o seu caso. Mas de repente isso se aplica apenas aos outros e não a você.

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Em quem acreditar?

por Luis Borges 27 de abril de 2016   Música na conjuntura

Mais uma vez o Brasil teve a oportunidade de conhecer a sua própria cara. Foi a partir das declarações de voto dos deputados federais na sessão da Câmara no domingo, 17 de abril, que decidiu pela aceitação do impedimento da Presidente da República. Eles foram eleitos para representar o povo segundo os parâmetros da democracia representativa. É o que temos para hoje. Agora o processo prossegue sua tramitação no Senado Federal, composto por 81 parlamentares que representam os 26 estados e o Distrito Federal. Eles também foram eleitos pelo povo e demonstram ser mais do mesmo dentro da democracia representativa.

A sensação que fica é a de que a maioria absoluta deles continua longe dos problemas do Brasil real e vivem num mundo em que cada um procura garantir o que é melhor para suas famílias e suas capitanias hereditárias. As difusas, mas intensas mensagens passadas nas manifestações populares de 2013, sem a presença dos partidos políticos, ainda não foram percebidas. Operações da Polícia Federal, como a Lava Jato, a Acrônimo e a Zelotes, são uma pequena amostra do apodrecimento do sistema político brasileiro.

O que fazer e como fazer sem lideranças que tenham credibilidade e com os anseios de quem almeja uma democracia participativa? Em quem acreditar e como manter a esperança ativa, realista e com alguns graus de utopia em prol de uma sociedade mais civilizada pelo diálogo e com menor desigualdade? Para buscar inspiração para responder essa pergunta nos faz bem ouvir Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, o Gonzaguinha (1945-1991), em sua música Acredito na rapaziada. Afinal de contas quem canta traz um motivo.

Acredito Na Rapaziada
Fonte: Letras.mus.br

Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão
Eu vou à luta com essa juventude
Que não corre da raia a troco de nada
Eu vou no bloco dessa mocidade
Que não tá na saudade e constrói
A manhã desejada

Aquele que sabe que é negro
o coro da gente
E segura a batida da vida o ano inteiro
Aquele que sabe o sufoco de um jogo tão duro
E apesar dos pesares ainda se orgulha de ser brasileiro
Aquele que sai da batalha
Entra no botequim, pede uma cerva gelada
E agita na mesa logo uma batucada
Aquele que manda o pagode
E sacode a poeira suada da luta e faz a brincadeira
Pois o resto é besteira
E nós estamos pelaí...

Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão
Eu vou á luta com essa juventude
Que não corre da raia a troco de nada
Eu vou no bloco dessa mocidade
Que não tá na saudade e constrói
A manhã desejada

Aquele que sabe que é negro
o coro da gente
E segura a batida da vida o ano inteiro
Aquele que sabe o sufoco de um jogo tão duro
E apesar dos pesares ainda se orgulha de ser brasileiro
Aquele que sai da batalha
Entra no botequim, pede uma cerva gelada
E agita na mesa logo uma batucada
Aquele que manda o pagode
E sacode a poeira suada da luta e faz a brincadeira
Pois o resto é besteira
E nós estamos pelaí...

Eu acredito é na rapaziada
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Vale a leitura

por Luis Borges 26 de abril de 2016   Vale a leitura

Deficiências que limitam e impactam vidas

No curso da vida podem surgir doenças que geram limites físicos e restrições às pessoas e suas famílias. Uma situação mais desafiante ainda acontece quando já se nasce com um problema genético, que nem sempre é percebido ou diagnosticado rapidamente. Como é a vida dos pais que precisam lidar com os problemas de seus filhos, advindos de síndromes muitas vezes pouco conhecidas e divulgadas? É o que aborda o artigo ‘É como ganhar na loteria ao contrário’: pais compartilham experiência de ter filhos diagnosticados com doenças raras, escrito por Rafael Barifouse e publicado pela BBC Brasil.

O diagnóstico é, de fato, um momento impactante, capaz de despertar tristeza, medo, revolta ou uma mistura de todos estes sentimentos. Mas pode gerar um inesperado alívio em quem se pergunta: “O que há de errado com meu filho?.

Esse momento também costuma trazer consigo a perspectiva de uma dura rotina, marcada por internações, exames, tratamentos, cirurgias e mais exames, e de variadas doses de abnegação para amenizar os impactos dessa condição sobre a criança.

Ao mesmo tempo, descortina-se um novo cotidiano em que pequenas conquistas tornam-se grandes vitórias, de momentos corriqueiramente especiais, da descoberta de uma força interior e de uma nova forma de enxergar o mundo. Um processo que pode, inclusive, dar um novo significado à vida.

Insegurança no contrato de trabalho

O aprofundamento da atual recessão econômica acentua a instabilidade e a insegurança dos contratos de trabalho. A carga está mais pesada no setor privado mas também atinge o setor público, que demite terceirizados, começa a atrasar salários e a redimensionar o seu quadro, com redução daqueles contratados através do recrutamento amplo. Mesmo em momentos difíceis é necessário analisar criticamente o planejamento da carreira profissional que trouxe cada um até os dias de hoje e verificar se existe a necessidade e a vontade de um reposicionamento diante da insegurança e turbulência reinantes. Esse é o propósito do artigo Você acha que está seguro porque tem emprego com carteira? Melhor repensar, de Daniela do Lago, que foi publicado no portal UOL.

Essa é a sua oportunidade de acordar e tomar as rédeas de sua carreira. Não acho, nem prego, que o empreendedorismo seja o ideal para todo mundo. Cada um precisa encontrar o seu próprio caminho profissional. O objetivo deste artigo é alertar para a realidade do trabalho.

Todos os dias encontro muitos profissionais que estão pautando suas escolhas em expectativas irreais e, por isso, não alcançam sucesso em suas carreiras. Vejo pessoas reclamando de suas empresas, não tendo nenhum momento de alegria e, por isso, precisam de um alerta, desse despertar.

Crianças, intolerância e ódio

As posturas dos adultos que não conseguem conviver com pessoas que possuem opiniões diferentes das suas também se reproduzem entre as crianças. Afinal de contas, elas miram-se nos exemplos que têm dentro de suas próprias casas. Como ajudá-las a se posicionar para melhor conviver com as diferenças e ter uma postura mais fundamentada e tolerante para conviver numa sociedade civilizada? Nesse sentido é muito interessante a entrevista concedida à BBC Brasil pela psicanalista, doutora em psicologia e educação Ilana Katz, publicada sob o título ‘Politização’ da infância? Acirramento chega ao playground e causa preocupação.

BBC Brasil – Como o clima de acirramento político está afetando as crianças?
Ilana Katz – As crianças são muito porosas e elas certamente estão sendo afetadas por esse clima de ódio. É algo muito impressionante, e perigoso. Minha percepção é a de que estamos ensinando nossas crianças a odiar e a ver o diferente como inimigo. Essa é a cara do nosso tempo.

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 25 de abril de 2016   Curtas e curtinhas

Preços variados – Uma família composta por 4 pessoas viajou de Belo horizonte para Araxá no último final de semana. O automóvel usado foi abastecido três vezes no trajeto de ida e volta. No início da viagem o abastecimento foi feito em Belo Horizonte, num posto que fica no início da Via Expressa Leste-Oeste, onde a gasolina comum tinha o preço de R$3,433 por litro. O segundo abastecimento aconteceu em Araxá a R$3,989 por litro, enquanto o terceiro abastecimento se deu na volta, num posto da BR-262 no município de Florestal, com o litro a R$3,599. Como se vê não dá para desconhecer a variação de preços na fase de orçamento do planejamento de uma viagem. E para isso a autodisciplina é fundamental.

Evasão escolar – Um importante indicador usado na gestão do desempenho das escolas é a evasão de alunos de um determinado curso ao longo de sua duração. Dados da agência oficial Eurostat mostram que, em 2014, a Espanha teve o maior índice de evasão escolar da União Europeia entre jovens, quando atingiu a marca de 21,9%. Em seguida vieram Malta, com 20,3%, Romênia (18,1%) e Portugal (17,4%). Lá como cá o problema é desafiante e prossegue aguardando uma solução consistente.

Reposição de perdas salariais – O DIEESE divulgou o balanço das negociações dos reajustes salariais em 2015, apurado por meio do SAS (Sistema de Acompanhamento de Salários). O levantamento analisou os índices de 708 unidades de negociação da indústria, comércio e serviços em quase todo o território nacional. A análise dos dados mostrou que 52% dos reajustes salariais apresentaram ganhos, ficando acima da inflação medida pelo INPC. Já 30% dos salários tiveram reajustes no exato valor do índice e 18% tiveram perdas, ao serem reajustados por um valor abaixo do índice. O aumento real médio no ano foi de 0,23%. O estudo revela também que uma das principais características das negociações salariais de 2015 foi o aumento do percentual de reajustes salariais feitos com base na variação do INPC ou abaixo dela. Desde 2004 não se observava reajustes tão desfavoráveis aos trabalhadores. Naquele ano, 19% das negociações foram feitas com percentual de reajuste abaixo do INPC, 26% igual ao índice e 55% acima dele. A variação real média em 2004 foi de 0,61% acima da variação do INPC. Como se vê os tempos ficaram mais bicudos e a economia brasileira ficou 3,8% menor no ano passado quando comparada com 2014.

Folgão dos Deputados Federais – Após a vitória do “sim” na sessão da Câmara dos Deputados que deu continuidade ao processo de impeachment da Presidente da República, os deputados federais ouviram do Presidente da casa uma informação relevante. Em função do esforço concentrado da semana e que já se prolongava até quase meia-noite daquele dia, decidiu-se que não haveria sessões deliberativas na segunda, terça e quarta-feira da semana passada. Como na quinta-feira foi feriado e os deputados federais já não trabalham mesmo às sextas e segundas-feiras, dá para concluir que aqueles que retornarem ao trabalho amanhã, terça-feira, terão usufruído de um folgão de 8 dias. Observando e analisando o calendário deste ano e decorridos quase 4 meses dá para lembrar que os parlamentares voltaram das férias em 2 de fevereiro. Logo em seguida tiveram o recesso do período de Carnaval, que se iniciou em 5 de fevereiro, e depois o recesso da Semana Santa, a partir de 18 de março. Produtividade, banco de horas, atingimento de metas… são só para nós que pagamos a remuneração deles através dos impostos, taxas e contribuições entregues aos cofres públicos.

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