Vale a leitura

por Luis Borges 14 de julho de 2014   Vale a leitura

Reviravolta – Não é só a Seleção Brasileira que deve passar por reavaliação e mudanças. Jânio de Freitas avalia em sua coluna a imprensa brasileira. Pecar pela falta pode levar a grandes problemas. 

Antes e depois de iniciada a Copa, o nível médio da franqueza foi muito baixo nos comentários sobre a seleção, em contraste com a crítica, em âmbito privado, de muitos dos mesmos autores profissionais. Ou pelo que transparecia nas entrevistas de seu trabalho público. Os amistosos com timecos, inclusive já às vésperas da Copa, com Sérvia e Panamá, prenunciaram o que viria depois. A contenção das análises naquele antes também se mostrou no depois. Já a escolha de Felipão contrariara a amplíssima preferência por outro treinador, talvez Tite, sem que isso se mostrasse com firmeza na imprensa esportiva. Os fatos mostraram que a preferência era justificada, e fez falta.

Nacionalismo – O professor Jean Marcel Carvalho França também analisa a atuação da mídia durante a Copa, chegando à conclusão de que há muita gente mal preparada fazendo trabalhos jornalísticos.

não soluciona mas consola saber que parte considerável do nacionalismo pueril e socialmente danoso que vem sendo sistematicamente alimentado por parcelas da mídia televisiva nestes tempos de confronto de seleções não é, digamos, inteiramente ideológico, como pensam os amantes das teorias conspiratórias que povoam este conturbado país, parte dele –uma parte significativa– é de certo modo genuíno: vem de gente mal preparada que, com as melhores intenções, julgam se dirigir a outros igualmente limitados. 

Astronomia e visão da humanidadeMarcelo Gleiser parte de uma explicação sobre o iluminismo para chegar à astronomia moderna e explicar as razões para sermos únicos, por isso, importantes.

Israel e Palestina – Sem entrar na questão de quem tem ou não razão, Clóvis Rossi ressalta o papel do ódio mútuo no fracasso das negociações de paz entre as duas partes. E destaca que, do lado israelense, já surgem vozes que se deram conta disso.

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Alemanha 7 x 1 Brasil nas semifinais da Copa. Uma catarse tomou conta do país. Alguns até esperavam uma derrota brasileira, mas nunca pelo dilatado placar, com 5 gols sofridos em menos de trinta minutos de jogo. Se as excessivas lágrimas dos jogadores já denunciavam que algo não ia bem, ficou claro também que o técnico Felipão, que nunca deveria ter voltado, não tinha estratégias e nem sabia se reposicionar. Como sabemos, quem não tem estratégia está condenado à morte. Depois de tal resultado, ainda assistimos a um Holanda 3 x 0 Brasil, que nem gerou tanta comoção.

Neste momento é importante aprender com os erros de todos e buscar um aprendizado que nos ajude a ser mais competitivos nos próximos eventos. Ficou ainda mais claro que só o jeitinho brasileiro e o passado glorioso não são suficientes para garantir a vitória. Na medida em que as emoções passarem será mais fácil identificar as causas vitais desse resultado. Sugiro deixar o tempo passar ao som de “Luzes da Ribalta”, na voz de Maria Bethânia.

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O laudo sai em 30 dias

por Luis Borges 9 de julho de 2014   Pensata

Depois de cada acidente, crime ou tragédia surgem as perguntas que buscam identificar os culpados e as causas do ocorrido. Classicamente, as autoridades envolvidas nas investigações falam da necessidade de se fazer uma perícia técnica pelos especialistas no tema e invariavelmente  terminam suas falas dizendo que o laudo pericial ficará pronto em 30 dias. Nesse período muita coisa acontece. A comoção pública é atenuada, a desinformação continua, notadamente nos órgãos especializados em não informar, mesmo em plena vigência da lei de acesso à informação numa sociedade que discursa ser republicana.

Mesmo que os 30 dias passem rapidamente, se não ficarmos alertas para cobrar o cumprimento dos prazos previstos em lei muito se pode protelar, principalmente nos casos em que há indícios nítidos de omissões.

O recente desabamento do viaduto da Avenida Pedro I em Belo Horizonte, nos traz boas recordações nesse sentido. De cara alguém perguntou pelo laudo do viaduto da rua Montese, que apresentou sérios problemas em fevereiro deste ano, que inclusive levaram à interdição do local. Não é que 4 meses após o ocorrido finalmente apareceu um laudo que deveria ter ficado pronto em 30 dias? Como alguém consegue gerenciar empreendimento desse porte, propagandeado em nome da mobilidade urbana e com apelos em cima de Copa do Mundo, se a variável tempo é deixada de lado e ninguém se sente responsável?

Outro interessante caso de laudo que seria divulgado em 30 dias é o do incêndio que atingiu 16 caminhões coletores de lixo no bairro Jardim Vitória, no dia 15 de dezembro de 2013. Umas das especulações da época foi de incêndio criminoso, já que existiam dificuldades no relacionamento entre a empreiteira prestadora dos serviços e a Superintendência de Limpeza Urbana da PBH. Quase 7 meses depois não consegui encontrar em nenhum lugar o tal laudo nem justificativas para tamanha demora.

Hoje já existe um clamor pela simplificação racionalizante de muitos procedimentos que envolvem o setor público e seus agentes. Mas, sinceramente, se houvesse o cumprimento dos prazos já determinados e um compromisso com a informação de qualidade para o público que tem o direito de tê-la, já seria um grande passo. É bom lembrar que hoje faltam 23 para os 30 dias prometidos para a divulgação do laudo do desabamento do viaduto da Av. Pedro I.

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O lugar conhecido apenas como um bairro de Belo Horizonte, hoje, era sinônimo de tragédia em 1971. Gameleira. O Pavilhão de Exposições desabou, 69 morreram, 50 ficaram feridos. O artigo na Wikipedia dá uma ideia do que foi.

Tragédia da Gameleira
Em 4 de fevereiro de 1971, morreram 692 operários e 50 ficaram feridos no desabamento do Pavilhão de Exposições da Gameleira, tido como o maior acidente da construção civil brasileira. Israel Pinheiro era o governador de Minas Gerais à época da tragédia. Centenas de operários trabalhavam em ritmo acelerado para concluir a obra, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, com cálculos do engenheiro Joaquim Cardozo – dupla responsável pelo conjunto arquitetônico da Pampulha e pelo Conjunto JK, em Belo Horizonte, bem por diversos projetos de Brasília – e executada pela Sergen – Serviços Gerais de Engenharia S.A. 3
Pinheiro tinha pressa, segundo testemunho de sobreviventes e jornalistas, pois pretendia entregar a obra antes do término de seu mandato, em 15 de março daquele ano. Ignorando a opinião de operários, que alertaram os engenheiros sobre fissuras e estalos nos alicerces, foi dada ordem para a retirada das vigas de sustentação. A estrutura desabou. Além das vítimas contabilizadas, há ainda a suspeita de que muitos outros operários ficaram soterrados e seus corpos nunca foram encontrados[carece de fontes].
O regime militar, então no auge, tentou minimizar o desabamento. O governo estadual e a Sergen se eximiram da responsabilidade pela tragédia, que causou grande comoção popular. Israel Pinheiro havia estado no local da obra no dia anterior. Apesar de ter criado um órgão especialmente para fiscalizar a construção, o Estado não cumpriu o seu papel. O pedido de indenização para vítimas e familiares só foi ajuizado em 1984, e até hoje corre na Justiça.

Dois anos depois, em 73, o cantor e compositor Juca Chaves usou da ironia na música Demolição, que continua bastante atual. A autora do vídeo abaixo, inclusive, escolheu diversas situações em que a música se encaixaria.

Letra – Demolição (Juca Chaves)

Cai cai, cai cai
outra construção civil
realmente ninguém segura
a arquitetura do Brasil.

No fim da semana passada, caiu praticamente intacto o Viaduto Guararapes, na Av. Pedro I, em Belo Horizonte. Depois de um imbróglio na justiça, a Prefeitura começou a demolição da estrutura, preservando uma pequena área para a realização de perícias onde aconteceu o afundamento do solo.

Mais duro que lidar com as perdas foi ter que ouvir o prefeito de Belo Horizonte dizer que acidentes acontecem, ao mesmo tempo em que mais uma vez se esquecia de que gestão é o que todos precisam, a começar pela prefeitura da capital mineira. Os fatos não deixam de existir mesmo quando se tenta negá-los, ignorá-los ou não assumi-los.

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Começou com uma forte gripe, acompanhada por febre. A visita ao hospital se tornou insistência e incerteza, em busca de uma internação. Um engenheiro e sua família estão vivendo a experiência desde a semana passada.

A consulta foi num grande hospital de Belo Horizonte, credenciado pelo plano de saúde complementar do engenheiro, que contratou uma modalidade de ampla cobertura. Ele enfrentou as dificuldades de praxe. Custou para conseguir um horário de atendimento, aguardou pacientemente o já clássico atraso do médico, que sempre tem suas razões.

Recebido pelo doutor, teve que fazer alguns exames de diagnóstico por imagem no próprio hospital, para que o profissional desse o veredito. Apesar do contrato amplo e das mensalidades em dia, a família gastou a pouca energia restante para conseguir liberar os exames junto à operadora.

Já perto das 21h, o médico informou que se tratava de uma pneumonia simples. Deveria ser tratada imediatamente, durante uma internação hospitalar. Depois dos outros percalços, abriu-se uma caixa de pandora. Sem apartamentos disponíveis para internação e sem ninguém para interceder, o paciente foi internado no pronto-atendimento, juntando-se a outros dez colegas em busca de alívio para suas dores. O hospital acenou, sem garantias, com a possibilidade de surgir alguma vaga no dia seguinte para internação em apartamento, modalidade coberta pelo plano.

Medicado, o engenheiro dormiu. Uma anti-ergonômica cadeira acomodava a vigília de sua esposa, que ficou do lado de fora, naquele ambiente pouco funcional.

No meio da tarde do dia seguinte, por volta das 16h, um apartamento foi liberado e prontamente ocupado por ele que, por sua vez, liberou uma vaga no pronto-atendimento. Vencida a batalha pela acomodação, o paciente foi informado do conclave. Os médicos se reuniriam à noite para, na manhã seguinte, apresentar diagnóstico mais conclusivo. Mais uma noite mal dormida pela frente.

O tratamento está em curso, ainda deve durar algumas semanas. A situação que vemos com mais frequência na mídia e nas histórias de “amigos de amigos” se torna lição quando próxima. A família adotou uma estratégia de sobrevivência. Mesmo assim, é impossível relevar a arrogância, o autoritarismo e a postura de proprietários da verdade manifestada por muitas das pessoas que fizeram parte desse processo de atendimento. Será que o plano de saúde não avalia a qualidade de seus fornecedores? O plano se dá por satisfeito apenas pelo simples fato de ter seus cliente atendidos, no tempo do fornecedor? Não dá para ajudar a esconder o que é ruim e só faturar o que é notícia boa.

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Vale a leitura

por Luis Borges 7 de julho de 2014   Vale a leitura

Vai chover? – O tema universal de conversas de elevador depende de complexos modelos matemáticos e programas de computador. Entenda como é feita a previsão do tempo lendo este artigo. 

Os movimentos do ar e as interações entre oceano, atmosfera e continente são descritos através de equações. Essas equações possuem muitos parâmetros e só podem ser resolvidas por supercomputadores, nos quais meteorologistas e programadores constroem um intrincado conjunto de rotinas e programas, que formam os modelos meteorológicos.

Lixo – Os materiais que não queremos em nossas casas e consideramos como rejeitos são descartados imediatamente, muitas vezes pela janela do carro. Em outras vezes, estão até embalados corretamente, mas são colocados na rua fora do dia da coleta. O comportamento é cultural, como demonstra o autor deste texto. No mês que vem deveriam acabar os lixões no Brasil, meta que não deve ser cumprida no país que é o quinto maior produtor de lixo do planeta, segundo a ONU. Os japoneses, que surpreenderam ao limpar os estádios, são exemplo também na forma de lidar com o lixo doméstico, como mostra o artigo.

Encolhimento – De 720 para 540g, de 40 para 30m. Nos 20 anos do plano Real, diversos produtos tomaram caminho contrário do valor de compra da moeda e diminuíram, como mostra esta matéria da Folha. As razões principais são a mudança no perfil das famílias e a possibilidade de acomodar a inflação sem alterar muito os preços dos produtos.

Pouco esforço para muito resultado – Duas ações simples têm impacto positivo considerável na sua vida financeira. É o que Eduardo Amuri detalha neste texto.

Acompanhando a vida financeira de algumas pessoas, acabo levantando muitas propostas de melhoria, muitos pontos que poderiam ser alterados.

Apesar das possibilidades numerosas, conversando com amigos e ex-clientes e analisando alguns casos de sucesso, caí no Pareto de novo: algumas pequenas mudanças na nossa vida financeira são muito mais poderosas que outras. São elas que impulsionam melhorias significativas de verdade.

Automatizar seus depósitos na poupança e sacar o valor destinado aos seus gastos semanais são as mudanças que geram mais resultados, de acordo com o autor, e impulsionam as que virão depois.

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 3 de julho de 2014   Curtas e curtinhas

Rejeição – Imagine que você seja o diretor de gestão da marca do seu negócio, cargo que ainda é conhecido como diretor de marketing. Qual seria seu nível de pânico e choro ao perceber que, numa pesquisa, o seu principal bem apresenta rejeição de 40%?

IPI reduzido e os municípios – Mais uma vez os municípios brasileiros não foram consultados. E mais uma vez o  Governo Federal abriu mão da parte deles para manter as taxas atuais, reduzidas, do IPI de móveis e automóveis. O que restará ser feito pelos prefeitos que ousaram contar em seus orçamentos para os seis meses finais do ano com a alíquota de 7% do IPI e seus respectivos repasses?

Superávit e Déficit – A meta de superávit primário da economia brasileira, usada para ajudar a pagar as dívidas públicas, vem sendo empurrada para percentuais cada vez menores do PIB. Essa gestão tem sido feita de maneira tão descompromissada que, em maio, o país conseguiu chegar ao déficit primário explícito. Como o governo não consegue cortar custos, o jeito é tentar a via mais fácil, a do aumento dos impostos. Já tem economista, ex-diretor do Banco Central, propondo a volta da CPMF. Obviamente que em nova maquiagem, embalada pela contabilidade criativa.

A Caixa arranca – A Caixa Econômica Federal passou a cobrar a taxa de R$ 20,30 mensais a título de manutenção da conta corrente das pessoas jurídicas. A gestão não conseguiu esconder sua ruindade no combate aos custos. Claro que isso apenas se soma aos valores já cobrados na cesta de tarifas já praticada pelo banco social do Governo Federal. País rico é país sem pobreza.

El Niño – Será que está claro no planejamento estratégico do Operador Nacional do Sistema Elétrico que as águas do Oceano Pacífico estão sujeitas a um maior aquecimento devido ao fenômeno El Niño? Senão daqui a algum tempo vai aparecer autoridade falando em aumento de chuvas no Sul e de seca no Norte e Nordeste para justificar a geração de energia através das usinas térmicas. Aí só faltará ao gestor dizer ao país que R$ 80 a R$100 bilhões serão acrescentados às tarifas para cobrir aquilo que o planejamento não conseguiu enxergar a tempo. A história se repetirá como farsa, tragédia ou comédia?

Fim do lixão – A Política Nacional de Resíduos Sólidos tinha como meta o fim dos lixões a céu aberto no país em 03 de agosto de 2014. Como já se sabe, ela não será atingida. Mais uma vez será hora de se analisar as causas desse fracasso. Será que a meta foi muito maluca, inatingível a priori?

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