O BRT Move foi uma das obras de mobilidade urbana para a Copa. Mas parece que, depois do evento, a cansativa expressão “legado da Copa” vai sendo esquecida, apesar de tão usada para justificar os altos investimentos e intervenções na cidade. Muito já foi feito, mas ainda existe muito o que se fazer, inclusive a favor dos usuários do sistema.

Espaço entre a saída do ônibus e a plataforma da Estação São Gabriel

Foto: Sérgio Verteiro

Um bom exemplo está ligado à segurança. Na fotografia acima é possível ver o desnível e o espaço entre o piso da estação São Gabriel e o ônibus.

ônibus do brt na plataforma, com passageiros amontoados nas portas de entrada e saída

Chegada do ônibus do BRT à plataforma
Foto: Sérgio Verteiro

Repare a chegada do veículo à estação. As pessoas literalmente se amontoam nas portas. É impossível distinguir quem entra de quem sai. O potencial de acidentes por causa do desnível é grande, principalmente com o empurra-empurra. Ainda mais quando se sabe que gestão, fiscalização e auditorias são expressões muito frágeis para quem é responsável pelo empreendimento.

Não custa lembrar que já são 47 dias da queda do viaduto Guararapes na avenida Pedro I, em BH, e a investigação ainda está em curso. Já se passaram 42 dias do Brasil 1 x 7 Alemanha, último jogo da Copa no Mineirão. O BRT Move está em uso há mais tempo que isso, e ainda há muitas melhorias a serem feitas.

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E se vier a morte súbita?

por Luis Borges 17 de agosto de 2014   Pensata

De repente, não mais que de repente, algo que existia deixou de existir nesse plano da vida. O modo da ocorrência pode ser a queda de um avião, uma batida frontal entre veículos, balas perdidas em ambientes diversos ou mesmo o temido infarto agudo do miocárdio, dentre outras diversas possibilidades. O fato é que, diante das tragédias, muitas pessoas tentam observar e analisar o fenômeno ocorrido e o processo que o gerou. Muitas se perguntam “e se fosse comigo?” ou “e se fosse minha mãe?” ou outra pessoa próxima?

Na manhã seguinte ao acidente aéreo que matou o candidato à Presidência da República Eduardo Campos, além de sua equipe e dos tripulantes da aeronave, conversei com um amigo. Ele falou de seu sofrimento. Vieram instantaneamente à sua mente os acontecimentos que levaram à perda de seu irmão, há seis anos, na queda de uma aeronave de pequeno porte no estado do Mato Grosso. Ele também reiterou seu profundo pesar pelas perdas humanas, e realçou que o acontecido trouxe um ponto de inflexão no andamento do atual processo eleitoral brasileiro. Como o amigo completou recentemente os seus 60 anos de idade, aos quais chegarei brevemente, comecei a falar sobre outras questões que passaram pela minha cabeça. Se a vida é um risco, como fazer efetivamente a gestão dele, para prolongá-la mantendo um nível de qualidade aceitável?

O amigo pontuou que, diante da fragilidade humana e estando longe de sermos a fortaleza que imaginamos ser, o melhor seria buscar a serenidade, o equilíbrio, a harmonia, sempre conservando a energia. Aí eu perguntei como fazer isso, sem perder a ternura e a dignidade. Como sempre, e na correria contra o tempo, não concluímos a conversa. Mas ainda deu tempo de dizer ao amigo que eu gostaria de ter o merecimento de deixar esse plano como se fosse um passarinho voando e que, de repente, parasse de voar. Como se o espírito deixasse o corpo e continuasse seu caminho, para se eternizar ou renascer.

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Já estamos na segunda metade do inverno, a estação dos ipês. Tenho a sensação de que a admiração de muitas pessoas pelos ipês enfraqueceu se comparada com igual período da mesma estação no ano passado. Será que estou muito estatístico, como a turma da econometria? Se sim, vou ser mais direto e lhe perguntar quantos ipês floridos você já percebeu, viu ou registrou na memória do seu dispositivo eletrônico? Prevalecem os tons de roxo ou já são visíveis os brancos e amarelos? Mirai, mirai olhai, olhai as vias da cidade e as estradas que nos ligam a outros municípios e estados. Urge a gestão do tempo para que tenhamos tempo de olhar os ipês que nos rodeiam. Tudo começa com a gente a partir do nosso querer. Só lamentar é muito pouco.

Ipê rosa florido atrás de muro de terreno

O muro até tenta, mas não esconde a beleza do ipê rosa.
Foto: Sérgio Verteiro

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Vale a leitura

por Luis Borges 12 de agosto de 2014   Vale a leitura

Poder de consumo – 36% dos consumidores brasileiras endividados não pagam as parcelas em atraso deliberadamente, para manter seu poder de consumo. Assim, podem continuar gastando com supérfluos. O colunista da Folha Samy Dana comenta esse dado estarrecedor aqui. 

Boletim de ocorrênciaLeonardo Sakamoto sugere, em post irônico, alguns boletins de ocorrência que podem ser registrados como forma de protesto. O que motivou a brincadeira foi a ameaça de moradores do bairro de Santa Cecília, em São Paulo, de registrar um B.O. na delegacia contra a instalação de uma ciclovia.

EvaporaçãoNos meses de agosto e setembro, com tempo muito seco e amplitude térmica, a evaporação nos reservatórios aumenta. Segundo a matéria publicada no Jornal do Tempo, a situação deve começar a se reverter em outubro.

Nós cuidamos das nossas crianças? – Essa foi a reflexão proposta por Rosely Sayão numa coluna da semana passada. Foram vários casos que mobilizaram a opinião pública. O menino que brincava com um tigre e perdeu o braço. A mãe que jogou um bebê na parede depois que ele mexeu num celular sem permissão. A professora que prendeu crianças às cadeiras de uma creche. Qual o papel da sociedade nisso, além de julgar?

Cuidamos da criança mais ou menos como cuidamos de um carro: quando ele quebra, levamos à oficina mecânica. Vivemos tão intensamente nossa própria vida, que as crianças não podem nos dar trabalho algum. Queremos apenas desfrutar das crianças, não nos ocuparmos com elas!  

Achamos melhor pensar que os pais dessas crianças, e apenas eles, são responsáveis e/ou culpados por tudo o que acontece com elas, não é? Criança apresenta algum problema na escola? Melhor chamar os pais. Criança entra em uma situação perigosa, de risco? Melhor avisar os pais.

Todas as crianças são responsabilidade de cada um de nós. Elas são o nosso futuro. E serão o futuro, mas antes precisam sobreviver a nós. 

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Fiquei sabendo de um caso de mau atendimento no comércio varejista de Belo Horizonte que me causou arrepios. O cliente comprou um sofá numa loja de um shopping especializado em decoração residencial. O vendedor, quando finalmente veio atendê-lo, falou sobre as características do bem, inclusive que era a última unidade, mostrou o atrativo preço para a compra a dinheiro e também as condições a prazo. Ofereceu também os serviços de impermeabilização, a ser feita por um terceiro, e marcou prazo de três dias para fazer a entrega.

Compra feita, pagamento efetuado, passaram-se os três dias e nada do sofá ser entregue. Depois de 5 dias o cliente reclamou do atraso na entrega. Foi informado não mais pelo vendedor, mas pelo setor de expedição da loja, que o prazo padrão para entrega era de dez dias. O vendedor lavou as mãos rispidamente e fugiu da cena, demonstrando que nada mais era com ele.

Finalmente, dez dias depois da compra o sofá foi entregue. Os entregadores, rápidos e rasteiros, colocaram o móvel na casa e saíram. Deixaram como rastro a embalagem plástica do sofá, largada no passeio da rua, que foi recolhida pelo cliente. Logo depois, o comprador notou uma mancha em um dos assentos e prontamente ligou na loja para reclamar. O gerente, sem se preocupar em ir ao local para ver o móvel ou procurar os entregadores, disse prontamente que o estofado nunca teve mancha e que os funcionários não jogam embalagens nas ruas. Apesar da evidência dos fatos e dados, ficou mais uma vez o dito pelo não dito e o cliente tratado como se fosse usuário de um serviço obrigatório, ou seja, é daquele jeito e pronto. Para completar, o sofá foi entregue sem a nota fiscal. O gerente disse que ela seria emitida por meio eletrônico, o que não foi feito até hoje,

O caso narrado acima mostra que gestão é o que todos precisam, mas nem todos sabem que precisam. Nesse caso, o mínimo que a gestão exige é a observação e a análise da reclamação, para verificar se ela procede ou não. Se procedente, o empresário varejista deveria atuar nas causas do problema para solucioná-lo. Se improcedente, bastaria conversar com o cliente e provar a ele, por meio de evidências objetivas, que tudo estava dentro da normalidade.  Mas nada disso foi feito. O cliente ficou com o sofá manchado e sem nota fiscal.

Esse caso também me remeteu às manchetes recentes dos jornais. O que mais se vê é o empresário do comércio lamentando que as vendas caíram, que a Copa atrapalhou, que a carga tributária é excessiva, que os juros estão altos, que o poder aquisitivo da população está caindo ou que falta mão-de-obra especializada, para ficar apenas em algumas lágrimas. Mas quando vamos para a lida das micro e pequenas empresas, vemos que o empresário se preocupa com os fatores macro e se esquece do que está dentro da empresa, como a excelência no atendimento ao cliente. 

Analisando o dia-a-dia, fica mais fácil perceber o quanto é preciso “despiorar” a gestão dos negócios para só depois atingir um padrão básico para o processo de trabalho. Praticado esse padrão durante um tempo determinado, aí sim, será possível a busca por melhorias. A gestão estruturada nos ensina que devemos satisfazer as necessidades e expectativas das pessoas que estão no papel de clientes. Elas sempre buscam, nos bens e serviços que necessitam ou desejam, a qualidade intrínseca, o preço justo e o excelente atendimento. 

Casos como esse são frequentes nos diversos segmentos do varejo e cada um de nós deve ter alguns para contar. Você já passou por isso alguma vez? Quando isso aconteceu, “deletou” a loja da sua lista ou voltou a comprar por lá? Aguardo seus comentários. 

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 11 de agosto de 2014   Curtas e curtinhas

Criação de novos municípios – O Senado aprovou projeto de lei, oriundo da Câmara dos Deputados, que define critérios para a criação de novos municípios no país. Entre eles está a assinatura de 20% dos eleitores registrados no município solicitando à Assembléia Legislativa do Estado a emancipação da região ou distrito e a demonstração da viabilidade do empreendimento. Agora é aguardar a sanção do projeto pela Presidência da República, já que ele é o resultado de um acordo entre o Legislativo Federal e o Executivo, que vetou integralmente a tentativa anterior. Enquanto isso, é bom lembrar que o Brasil possui 5.561 municípios. Em 1.382 há até 5.000 pessoas. Outros 1.308 têm população de 5.001 a 10.000 habitantes. Por fim, 1.384 têm entre 10.001 e 20.000 habitantes. Portanto, 73,2% dos municípios brasileiros são habitados por até 20 mil pessoas. Imagine o custo para manter as máquinas administrativas desses municípios, com prefeitos, vice-prefeitos, secretários municipais, vereadores e servidores públicos municipais concursados ou contratados por recrutamento amplo.

SAC da Caixa Econômica Federal – Após tentar inúmeras vezes acessar serviços da Caixa pelo telefone 3004-1105 entre os dias 01 e 07 de agosto e receber invariavelmente a informação de que “estamos sem conexão com o computador central”, um cliente resolveu reclamar no SAC pelo telefone 0800-7260101. A ligação caiu três vezes, sendo duas no inicio e uma no meio da fala. Só na quarta vez é que foi possível concluí-la, inclusive com o recebimento do numero do protocolo. A atendente prometeu enviar a reclamação à Caixa, pois o serviço é terceirizado, mas antecipou que não existia problema técnico e sim de sobrecarga no sistema. Uma coisa é a explicação e justificativa da Caixa e outra bem diferente é a gestão para a solução do problema.

Debates eleitorais – Ainda bem que faltam pouco mais de 50 dias para as eleições de 05 de outubro, cuja presença do eleitor deveria ser facultativa. Um direito e não um dever. Os candidatos à Presidência da República e aos governos estaduais já estão apresentando nos debates pelas mídias muitos discursos sobre o que fazer, e praticamente nada sobre como fazer. Um bom exemplo de “o que” é a promessa de corrigir a tabela do Imposto de Renda. Falta detalhar o “como”. Por exemplo, como seria a reposição da defasagem de mais de 60% em relação aos índices da inflação dos 20 anos do Plano Real?  De onde viriam os recursos finitos e em detrimento de que outras destinações? Quanto tempo seria necessário para concluir o processo?

Minas em chamas – Todo ano é a mesma coisa nessa época. Incêndios, criminosos ou não. Pouca educação de parte da população. Uso da técnica das queimadas para limpar a terra a ser plantada. Deficiência no quadro de bombeiros e brigadistas, insuficiência de aeronaves… O fato é que Minas continua em chamas, hábito dessa estação de tempo seco, baixa umidade relativa do ar, ventos e frio de intensidades variadas conforme a região do estado. Assim arderam em chamas boa parte do parque do Rola Moça, do parque Nacional da Serra da Canastra ou de matas de Brumadinho. A meteorologia projeta o início das chuvas para outubro. E a gente vai levando.

Metrô estragado – Uma composição do metrô de Belo Horizonte apresentou defeito na manhã de quarta, 06/08, por volta das 07:45 horas na estação Minas Shopping. Como sempre, todos os usuários tiveram que deixar o trem e aguardar uma nova composição. A situação ficou caótica, pois cada usuário se virou como pode para conseguir reembarcar. Uma trabalhadora doméstica afirmou que só conseguiu embarcar na quarta tentativa, depois de praticamente se jogar dentro do trem. Mais uma vez ela chegou atrasada ao trabalho e teve que justificar a sua demora, cuja frequência só tem aumentado nos últimos tempos. O duro é ainda ter que ouvir numa emissora de rádio, em pleno período eleitoral, uma propaganda da prefeitura de Belo Horizonte dizendo que o metrô vai ser ampliado.

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 8 de agosto de 2014   Curtas e curtinhas

30 mais 30 – O prazo inicial de trinta dias venceu, mas não ficou pronto o laudo sobre as causas da queda do viaduto Batalha dos Guararapes, na avenida Pedro I em Belo Horizonte. Um prazo igual foi pedido para o fim das investigações e emissão do laudo da Policia Civil, o que também vai se consolidando na cultura do ganhar tempo. Enquanto isso laudos, contra-laudos e relatórios vão sendo divulgados pelos diversos públicos envolvidos no caso.

Seis meses – Imagine como estará a vida dos moradores dos dois edifícios que tornaram-se vizinhos de janela do viaduto da avenida Pedro I daqui a seis meses. Que fatos e dados relevantes poderíamos citar sobre o calvário de moradores dos bairros Buritis, Cruzeiro e Caiçara, cujos prédios residenciais tiveram problemas nas estruturas ou simplesmente caíram de 2012 para cá? Até agora o que mais prevalece é o sofrimento das pessoas e famílias a comprovar que “se a glória é coletiva, a desgraça é individual”, já que o poder público tem seu ritmo próprio.

Saneamento rural – A Confederação Nacional da Agricultura ouviu alguns candidatos ao cargo de Presidente da República. De generalidades em generalidades, falaram em créditos, exportações, armazenamento, logística… mas não se lembraram do saneamento rural, apesar do decantado discurso da sustentabilidade ambiental.

Meta e jeitinho brasileiro – Não custa relembrar. Os fundamentos da gestão estruturada nos ensinam que meta é um objetivo com valor e prazo a serem cumpridos. Assim sendo, o Conselho Monetário Nacional estabeleceu que a meta de inflação anual no país é de 4,5%, medida pelo IPCA/IBGE. Mas o jeitinho brasileiro criou o teto e o piso da meta, com variação de dois pontos para cima ou para baixo. Na prática, e diante da incapacidade de atingir o centro da meta, o Banco Central persegue há mais de um ano um novo objetivo, não ultrapassar os 6,5% a cada doze meses.

Imposto de renda – Essa meta de 4,5% só tem servido para corrigir a tabela do Imposto de Renda, o que, na prática, aumenta a carga tributária e reduz o poder aquisitivo pela diferença permanente entre o projetado e o que acontece na realidade.

Veículos abandonados – Entrou em vigor na cidade de Araxá-MG, a 380 km de Belo Horizonte, a Lei que autoriza a Prefeitura Municipal a recolher os veículos automotores abandonados por mais de 15 dias em vias públicas. Montes Claros, Contagem e Varginha também já tem leis semelhantes. Bem que a prefeitura de Belo Horizonte poderia fazer o mesmo, pois os veículos abandonados em vias públicas aumentam a cada dia em todas as regiões da cidade.  Dizer que faltam recursos não vale, pois metade do IPVA vai para os municípios e ainda existe o faturamento com as multas de trânsito.

Dinheiro ou cartão – O Senado, casa revisora de leis, aprovou projeto que permite a diferenciação de preços nas compras feitas com pagamento em dinheiro ou em cartão. Só que não conseguiu explicitar se o pagamento pelo cartão de débito é considerado como dinheiro. Agora, o projeto de lei segue para apreciação e votação na Câmara dos Deputados, casa que elabora as leis. Acaso seria esse o poder legislativo bicameral invertido?

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