Noite Feliz

por Luis Borges 24 de dezembro de 2014   Música na conjuntura

A noite de Natal traz em sua singularidade uma enorme gama de confraternizações, reflexões, meditações, intenções e também de lembranças vividas na mesma ocasião, só que em outros anos ou períodos.

Entrada lateral da Igreja de Nossa Sra. do Rosário, na rua Belo Horizonte, em Araxá (MG) / Foto: Marina Borges

Entrada lateral da Igreja de Nossa Sra. do Rosário, na rua Belo Horizonte, em Araxá (MG) / Foto: Marina Borges

Tenho ótimas lembranças em minha memória do período em que aprendi a gostar imensamente da música Noite Feliz. Dos meus 12 aos 16 anos, ou seja, de 1966 a 1970, eu sempre ouvia a canção sendo ensaiada pelo Coro da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Araxá. Depois, ouvia-a novamente, cantada lindamente no dia 24 de dezembro durante a Missa do Galo, que naquela época iniciava-se à meia noite.

Entrada da Igreja do Rosário, na Av. Senador Montandon

Igreja de Nossa Senhora do Rosário, na Av. Senador Montandon / Foto: Marina Borges

Nesse coro destacavam-se as vozes de tia Alexandra Guimarães, de sua filha Diva Bananal, de dona Jovina Oliveira e de sua filha, a professora Olívia Oliveira.

Segundo a Wikipédia, Stille Nacht é uma das canções mais populares da noite de Natal, conhecida em português como Noite Feliz. A letra é do padre Joseph Mohr e a melodia de Franz Gruber. A música estreou em 1818, durante a Missa do Galo na Paróquia de São Nicolau na cidade de Oberndorf, Áustria. Atualmente há versões em pelo menos 45 idiomas.

Vamos à música, pois ouvi-la sempre vale a pena.

Noite Feliz
Fonte: Vagalume

Noite feliz! Noite feliz!
Oh, Senhor, Deus do amor
Pobrezinho nasceu em Belém
Eis na Lapa Jesus nosso bem
Dorme em paz, oh, Jesus
Dorme em paz, oh, Jesus

Noite feliz! Noite feliz!
Oh, Jesus, Deus da luz
Quão afável é Teu coração
Que quiseste nascer nosso irmão
E a nós todos salvar
E a nós todos salvar

Noite feliz! Noite feliz!
Eis que no ar vem cantar
Aos pastores os Anjos do Céu
Anunciando a chegada de Deus
De Jesus Salvador
De Jesus Salvador
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Já são dez meses de operação do Sistema de Transporte Rápido por Ônibus de BH, o Move. Seu objetivo principal e óbvio é a melhoria da mobilidade para seus usuários. Os investimentos da Prefeitura de BH no sistema já passam de R$ 1 bilhão, sendo a maior parte financiada pela Caixa Econômica Federal.

Nesse período o sistema enfrentou diversos problemas. Eles vão desde a queda do Viaduto Batalha dos Guararapes até as pouco amigáveis estações, como as dos bairros São Gabriel e Pampulha. Aqui no Observação & Análise apontamos falhas em pelo menos duas ocasiões. Em agosto, falamos das portas das estações, que nunca fecham, e da ausência de ar condicionado numa viagem durante uma noite de sábado. No mesmo mês, mostramos o desnível entre o ônibus e a plataforma de embarque e desembarque.

É urgente uma avaliação da efetividade do sistema, feita em cima dos fatos e dos dados coletados. Cabe à BHTrans mostrar – de forma transparente e de fácil compreensão para todos os interessados – o que foi planejado, o que foi executado, os resultados positivos e negativos alcançados, o que está pendente e quais serão os próximos passos para a conclusão do processo.

Outro ponto importante é clarear o que será feito no local onde ficava o viaduto que caiu. Será feita uma trincheira? Também é preciso resolver definitivamente a acessibilidade e apresentar o plano geral de manutenção.

Nessa avaliação, espero que seja feita uma análise crítica da avenida Vilarinho, em Venda Nova, onde o BRT circula em faixa exclusiva. O estado de conservação dela é assustador se levarmos em conta o pouco tempo de uso, como mostram as fotografias deste post.

Faixa exclusiva do Move, esburacada, na Av. Vilarinho /

Faixa exclusiva do Move, esburacada, na Av. Vilarinho / Foto: Sérgio Verteiro

Consultei, informalmente, um engenheiro especialista em sistemas viários. Numa análise rápida, ele afirmou que a pista no local deveria ter sido feita em concreto, por ser exclusiva para os ônibus. O engenheiro avalia que o asfalto ali implantado é naturalmente mais flexível, o que facilita a penetração de líquidos pelas pequenas fissuras que os conduzem até a sub-base, tornando mais fácil a formação de “rodeiros” devido à passagem sistemática dos pneus no mesmo lugar da pista mais maleável. Na prática o caminho fica bem marcado, como no clássico “caminho da roça”.

Outro ponto da av. Vilarinho

Outro ponto da av. Vilarinho / Foto: Sérgio Verteiro

Espero que a avaliação do BRT seja feita logo, dando voz a todas as partes interessadas e impactadas por esse sistema de transporte, e os resultados divulgados. Quem sabe, assim, o Move poderá cumprir plenamente o seu propósito.

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Um sonho

por Convidado 22 de dezembro de 2014   Convidado

por Benício Rocha

O contraste da blusa alva sobre a calça preta só era menos lindo do que a harmonia composta do lado de cima pelos abundantes e levemente anelados cabelos negros, adornos de uma pele morena, boca grande, olhos verdes e sorriso leve, suave, quase enigmático.

E a moça subia a Rua da Bahia sem precisar conhecer a previsão da meteorologia, pois a chuva de olhares e os ventos fortes dos gracejos e sussurros eram intensos sobre ela. E faziam dançar seus cabelos.

Era possível ver relâmpagos nos olhares masculinos e femininos e ouvir trovões dos corações. E ela seguia soberana, régia, Regina…

Seu cérebro rápido, quase alheio ao mundo ao seu redor, pensava em como agir para conquistar aquele menino da faculdade cujos olhos eram tão ausentes dela. Por isso, então, sentia-se numa passarela ensaiando para o quando o visse.

Em seu querer de menina, em seu desejo de mulher, o universo masculino resumia-se a ele, único, separado. Perfume sedutor para ela, mulher. Doce veneno. Romeu.

Olhos que se buscam, vidas que se cruzam. O amor que renasce. Que nunca morre. Que sempre vence.

Uma vida a dois, Regina, Romeu…

Benício Rocha é caratinguense ausente e saudoso, mineiro da gema, amante da boa prosa, sócio da MGerais Seguros, aprendiz de servo do Senhor.

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Obras sem projetos – As revelações advindas do caso Petrobras mostram cada vez mais como práticas não recomendáveis estão disseminadas em diversos segmentos envolvidos na aquisição de bens e serviços pelo setor público nacional. Os fatos e dados trazem cada vez mais detalhes de como esse sistema funciona na República. Licitar uma obra sem sequer fazer o projeto básico de engenharia, mesmo sendo essencial também o projeto executivo, tem se tornado frequente. É o caso do complexo petroquímico da Petrobras no Rio de Janeiro conforme mostra esse artigo do jornalista Flávio Ferreira publicado na Folha de São Paulo.

Discos de vinil – As “bolotas” nunca deixaram de existir, mesmo que em mãos de colecionadores ou nas lojas especializadas e feiras. Agora também vão surgindo lançamentos, sempre com aquele som característico que só elas têm. Para quem pensava que o CD e seus derivados significariam a morte das bolotas ou bolachas de vinil, cuja matéria prima é derivada do petróleo, se enganou plenamente. Leia neste artigo de Paulo Terron, publicado no portal UOL, mais sobre os sentimentos e as sensações de quem considera que o vinil nunca morreu.

Previdência privada – As pessoas mais preocupadas em assegurar um futuro de vida sossegado buscam se garantir com proventos que vão além da aposentadoria pelo INSS ou do salário integral no serviço público. Além de uma aplicação financeira com liquidez imediata ou a renda de aluguel de imóveis, também tem sido muito comum o incentivo para se aplicar nos fundos de Previdência Privada, inclusive com a permissão para dedução de parte do investimento no imposto de renda da pessoa física. Acontece que as taxas de administração cobradas por esses fundos chegam a até 2% de seus rendimentos anuais. Somadas ao imposto de renda, essas taxas tornam a aplicação pouco rentável ao se descontar a inflação do período. É o que mostra este artigo do professor Samy Dana, da Fundação Getúlio Vargas. A leitura é mais do que válida, é obrigatória para quem quer otimizar os ganhos de seus investimentos em prol do futuro tão falado e às vezes ameaçador.

Corrupção, cultura e malefícios – Em todas as mídias estão estampadas as estarrecedoras informações mostrando como agem corruptos e corruptores. A exposição e a falação são tamanhas que às vezes a matéria “corrupção” chega a ser cansativa, mesmo trazendo muitas novidades. O teólogo Leonardo Boff publicou este interessante artigo em seu blog, no qual mostra a natureza da corrupção brasileira, sua inserção na nossa cultura, os malefícios que ela traz para a nação e propõe algumas medidas para combatê-la. Confira e complemente sua fundamentação para compreender o fenômeno e o processo que o gera.

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Os 149 anos de Araxá

por Luis Borges 18 de dezembro de 2014   A vida em fotografias

Fonte Dona Beja, em Araxá / Foto: Paola Pedrosa

Fonte Dona Beja, em Araxá / Foto: Paola Pedrosa

Esse 19 de dezembro marca os 149 anos da emancipação política de Araxá, minha cidade natal. Registro e celebro esse dia por considerar que é uma cidade eterna, como Roma, e também por ser a capital secreta do mundo, presença marcante em minha vida nas últimas seis décadas. Na sua história marcam presença os índios araxás, os quilombos, Dona Beija, o cassino, o Grande Hotel do Barreiro, as águas termais, os doces, a mineração e o turismo.

Praça da Av. Antônio Carlos, em Araxá. Ao fundo, é possível ver a Pensão Tormin. / Foto: Paola Pedrosa

Praça da Av. Antônio Carlos, em Araxá. Ao fundo, é possível ver a Pensão Tormin. / Foto: Paola Pedrosa

Hoje sua população é estimada pelo IBGE em 101.136 habitantes e prossegue construindo a sua trajetória com o jeito araxaense de por a mesa.

Registro nas fotografias postadas a seguir algumas imagens da cidade nesses tempos de pré-Natal colhidas pela fotógrafa Paola Pedrosa, um encanto de mocica araxaense, com 18 anos de idade.

Iluminação natalina no calçadão / Foto: Paola Pedrosa

Iluminação natalina no calçadão / Foto: Paola Pedrosa

Árvore de Natal em frente à Matriz de São Domingos / Foto: Paola Pedrosa

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Tia Terezinha foi encontrar Marialva

por Luis Borges 17 de dezembro de 2014   Pensata

Não viemos por teu pranto
Nem viemos pra chorar
Viemos ao teu encontro
E estamos no teu altar
Por seguir nosso caminho
Que é também teu caminhar

Trecho de “Na terra como no céu”, de Geraldo Vandré

Comecei a saber sobre tia Terezinha a partir de conversas com o seu sobrinho. Aquele que andava de patins e passava direto pelos quebra-molas das alamedas do bairro São Luiz, na região da Pampulha, em Belo Horizonte. Ele falava também de sua prima Ana Paula, única filha de sua tia, que era irmã e amiga de sua mãe Marialva, que já estava em outro plano naquele momento. Algum tempo depois, foi tia Terezinha que o conduziu ao altar na cerimônia religiosa de seu casamento.

Há menos de três meses tive uma feliz oportunidade de conversar com ela durante as comemorações do aniversário de nascimento de seu neto Dedé. Entre uma conversa e outra, ela também brincava com o aniversariante e com seu irmão Vini, enquanto seu genro Marcos liderava a churrasqueira. Percebi e confirmei naquele domingo muito do que eu já ficara sabendo.

Tia Terezinha demonstrava ser uma mulher de muita vitalidade, parecendo um foguete em ação, preocupada com a família e com muita disponibilidade para colaborar no que fosse necessário. Ela também mostrou o quanto estava bem informada sobre o que acontecia no Brasil e no mundo, ao mesmo tempo em que deixava clara a certeza de que seu time seria o campeão brasileiro de futebol. A tarde foi muito agradável e, ao nos despedirmos, ficou a combinação de um novo encontro antes do Natal.

Tia Terezinha / Foto: Thiago Costoli

Foto: Thiago Costoli

O encontro será no próximo domingo, 21/12, mas uma dor abdominal que já se manifestava da outra vez acabou apressando a partida de Tia Terezinha para o outro plano. No dia 04 de dezembro seu espírito deixou o corpo e com certeza foi encontrar Marialva. A dor de sua partida com apenas 69 anos de idade nos deixa de luto, tristes, mas motivados para que tudo vá se transformando em saudades enquanto caminhamos para o dia em que também faremos a travessia para o outro plano.

Sei que tia Terezinha nunca estará só, como sinalizou ao entrar para a UTI do hospital, e que continuaremos cultivando a roseira e as rosas de sua obra, cujo símbolo maior é a sua querida Ana Paula.

Tia Terezinha, se nosso convívio foi pequeno mas de qualidade, a admiração pelo seu modo de ser é maior que o mundo. Prosseguiremos e caminharemos com a sua família, “que é também teu caminhar”.

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 16 de dezembro de 2014   Curtas e curtinhas

Juízo Final – O Governador do Distrito Federal, que não conseguiu se reeleger, deve estar contando nos dedos os 15 dias que faltam para o término de seu mandato. Ele está colhendo os resultados de sua pífia gestão embalados pelos protestos de fornecedores e funcionários públicos como professores, enfermeiros, médicos, garis e motoristas, ao atrasar seu pagamentos em pleno mês de dezembro. Será que ele enfrentará outras consequências em função da ruindade do seu governo?

Pelo celular – Segundo dados da Anatel os usuários da telefonia celular móvel gastam, em média, R$104,00 por mês em suas contas. Enquanto nas classes A e B a média chega a R$ 115,00 nas classes C,D e E fica em torno de R$ 98,40. Pelo visto todo mundo esta podendo muito ou simplesmente priorizando seus gastos e dívidas para ficar bastante ligado.

Nascentes – O alarido causado pela surpresa que foi o sumiço da nascente do Rio São Francisco na Serra da Canastra foi maior do que a notícia de seu renascimento após o início do período chuvoso. Acontece que as chuvas ainda estão bem abaixo das médias históricas para o período e os institutos meteorológicos já falam apenas em rápidas chuvas de verão em Minas no final desse ano e início do próximo. Por qual razão as nascentes secaram e como fazer para recuperá-las, já que os períodos de seca também fazem parte do regime das águas? Por enquanto as discussões ganham algum fôlego, mas os efeitos da seca continuam firmes.

Dinheiro na mão – A Eletrobras comprou comprou combustíveis da Petrobras para gerar energia elétrica em suas usinas na região Norte. Elas trabalharam e ainda trabalham a plena carga, o que nunca foi enxergado pelo planejamento da empresa. Como faltou dinheiro em caixa, o jeito foi empurrar para a frente o pagamento à Petrobras. Esta por sua vez, cada vez mais precisando de fazer caixa para se manter de pé, foi ao mercado fazer dinheiro e obteve R$ 9 bilhões com o aval do Tesouro Nacional. Se a Eletrobras não pagar, o Tesouro garantirá. O que poucos se lembram é que o Tesouro somos nós, pagadores de impostos diretamente na fonte para a Receita Federal e através de bens e serviços demandados.

Submissão – A Presidência da República já avisou ao Congresso Nacional que não aceitará lei de renegociação das dívidas tributárias dos clubes de futebol se não houver contrapartida fiscal por parte deles. Como o Poder Legislativo Federal possui baixíssima produtividade e é majoritariamente dominado pela base aliada que dá sustentação ao executivo, já sabemos de antemão qual será o resultado.

Lixão – Uma Subcomissão Temporária de Resíduos Sólidos do Senado recomendou prorrogar o prazo para o fim dos lixões nas cidades brasileiras até 2016. O prazo atual, que expirou em agosto de 2014, está previsto na lei que estabeleceu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Apesar do Governo Federal ser contrario à medida, alegando interesse público, o fato é que muitos municípios não conseguiram acabar com os seus lixões. A comissão sugere, também, que se acabe com alguns mecanismos regulatórios que previam suspensão de recursos para os municípios que não cumprissem metas da PNRS. E quer mais incentivo à realização de convênios entre municípios e órgãos federais. Enquanto tudo isso tramita, o Congresso vai entrar de férias e o lixo continuará sendo mais um problema para o saneamento ambiental no Brasil. Assim fica até difícil de falar em sustentabilidade.

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