Os olhos falam pelo coração

por Convidado 23 de março de 2015   Convidado

por Benício Rocha

É certo que as pessoas não trazem placa de identificação na testa, mas seus olhos falam muito. Há intensidade de brilho para denunciar felicidade. Há um jeito opaco na tristeza.

Uma aliança de noivado dada num contexto de surpresa fez uma amiga explodir em brilho e cores e seus olhos falavam comigo claramente

O amor nunca esteve

Tão na moda!

Com tanta gente

Independente,

Ninguém é indiferente

A essa onda invisível

Que basta passar perto

Pra encher o corpo de arrepios…

E com jeito cúmplice, mas comedido, eu concordava, alertando para a necessidade de viver o amor com todos os seus riscos, sabendo que ele não pode acabar. Talvez mudar de forma, mas nunca, nunca acabar.

Lembrei a eles o ritmo da vida moderna e a necessidade de cultivar o amor no dia a dia, com a paciência de um monge, ou ele poderia não florescer em sua intensidade maior, e ouvi:

Apesar de não ter

Tempo pra nada

Paro o mundo

Mato ou morro,

Por meu namorado!

Tá certo, mas a vida terá que sofrer atalhos para que esse brilho seja constante e renovado pelos anos vindouros. Renúncias, perdões, construções, reconstruções, restaurações, carícias, atenção, beijos, abraços. Não dá pra esticar mágoa, remorso, dores de cabeça. Mas com inteligência, determinação e amor, constrói-se um amor que vai muito além desse brilho, e que desconhece a palavra retrocesso. Esse chega ao Criador. Vocês estão dispostos, olhos?

Para isso, giro o mundo

Faço meu caminho,

Encurto distâncias,

Dou e ganho carinhos,

Agarro esse amor!

Não tive dúvida. Aqueles olhos falavam pelo coração, que estava mudo de tanto amor…

Benício Rocha é caratinguense ausente e saudoso, mineiro da gema, amante da boa prosa, sócio da MGerais Seguros, aprendiz de servo do Senhor.

  Comentários
 

Pessoas amolativas

por Luis Borges 22 de março de 2015   Pensata

Está cada vez mais difícil conviver e aguentar pessoas que se acham proprietárias da verdade e agem assim o tempo todo. O pior é que elas estão por toda parte, em todos os tipos de organizações humanas. Começam nas famílias, nas escolas, nas empresas. E se alastram por sindicatos, partidos políticos, Poder Legislativo, Executivo, Judiciário, Ministério Público, ONGs e outras instituições que você poderá se lembrar.

Tudo fica mais “osso duro de roer” porque essas pessoas só sabem falar, mas nunca conseguem ouvir. Elas se sentem tão donas da verdade que quando alguém consegue interromper as falações, elas mudam de assunto ou saem de perto de quem as contesta. Outro problema é a altura da voz e o tom bravo que adotam, muitas vezes para intimidar e acentuar a prevalência do que elas querem impor. Democracia participativa para elas tem mão única – só elas falam, sempre.

Outro aspecto importante é que essas pessoas tornam tudo mais difícil, pois acreditam piamente no que falam. A nós cabe tolerar tudo isso, em função do convívio geopolítico que nós mesmos nos impomos.

Apesar de cada caso exigir uma estratégia, não é incomum ver essas pessoas não aguentarem contrapontos. Elas se posicionam como frágeis vítimas e chegam a ir às lágrimas. No fundo, se não houver um determinado nível de enfrentamento, essas pessoas continuarão a nos chatear, a nos importunar e nos incomodar insistentemente, durante muito tempo.

Se por acaso você se considerar uma pessoa amolativa, fineza não vestir a carapuça. Isso é, no máximo, uma mera coincidência e não necessariamente uma intenção do autor. Quando nada já valerá uma reflexão sem dor, inclusive com o benefício da dúvida.

Gostaria de ouvir sua experiência sobre esse assunto. Em quais ambientes você encontra as pessoas amolativas com maior frequência? Como você lida com elas? Deixe seu relato nos comentários.

  2 Comentários
 

O recado das ruas – As manifestações nas ruas, as feitas em casa e as das redes sociais estão trazendo diversas mensagens para aqueles que estão no poder, ao o qual chegaram pelas vias da democracia representativa. A insatisfação é grande e as reivindicações são muitas. Mas o que é necessário fazer, o que é possível e o que é impensável nesse momento? Neste artigo o filósofo Hélio Schwartsman manifesta seu receio em relação ao impeachment da presidente, apesar dos gritos de muitos grupos e pessoas.

Eu próprio estaria apoiando o “impeachment” ou implorando pela renúncia da mandatária, caso ela tivesse insistido em trilhar a rota que nos levou ao desastre econômico. Entretanto, como já apontei aqui, Dilma tem uma virtude: ela vai até a beira do abismo, mas não salta. A presidente viu o estrago nas contas públicas e optou pelo ajuste fiscal, tendo recrutado um técnico competente para efetuá-lo. Agora é preciso dar tempo para as medidas recessivas realizarem sua mágica. Teremos pelo menos um par de anos difíceis.

Dólar em alta – A desvalorização do real em relação ao dólar veio para ficar e deve ser uma solução para a crise econômica. Essa é a percepção do economista Bráulio Borges, da LCA Consultores, em artigo publicado pela Folha de São Paulo esta semana. Segundo o economista, a cotação da moeda norte americana cresceu em torno de 35% quando comparamos seus níveis de hoje com os de janeiro de 2014. Nesse mesmo período a valorização do Euro em relação ao mesmo Real ficou em torno de 5%. O cenário econômico aponta para um aumento das exportações e uma redução no incentivo ao consumo interno que demonstra sinais de esgotamento.

Diversos modos da corrupção – A Operação Lava Jato da Polícia Federal completou 1 ano de investigações sobre a corrupção na Petrobrás. A ponta do iceberg que está sendo mostrada revela que essa tecnologia permeia pessoas e organizações humanas no mundo público e privado. Ela está tão arraigada na nossa cultura que se faz presente em diversas atitudes do nosso micromundo cotidiano. Esse é o aspecto abordado pelo jornalista Eduardo Costa neste artigo, no qual afirma que a crise é de caráter e a corrupção está no DNA.

esqueçamos as fraquezas humanas para lembrar que um país novo a gente cria ao economizar água, energia elétrica, não pegar um “jabá” por fora, não furtar TV a cabo, não explorar a empregada doméstica, não sonegar impostos, não majorar preços indecentemente, não dar dinheiro ao vereador para construir onde não pode, não parar na fila dupla, não arranjar emprego para a nora e os genros no fórum, não pedir mais auxilio moradia, livro, mudança e outros que só aumentam salários já incompatíveis com a fome de muitos.

Suco detox – O que para comer e o que para beber, senhor e senhora? O discurso e a catequese para instigar as pessoas que estão em busca de uma alimentação saudável e equilibrada permeiam o cotidiano de muita gente. O mercado usa as mais diversas mídias para apresentar soluções aos que querem manter a saúde para ter longevidade com qualidade. Agora está em evidência o suco detox que, segundo artigo da Folha de São Paulo, não serve nem para desintoxicar nem para substituir a comida. Como tudo é relativo e cada caso é um caso, tire suas conclusões lendo o artigo. 

  Comentários
 

Curtas e curtinhas

por Luis Borges 20 de março de 2015   Curtas e curtinhas

Aumento de impostos – O Ministro do Planejamento e Gestão disse, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, que desde 2002 não houve aumento de impostos e contribuições. No afã de defender a aprovação do ajuste fiscal sem modificações no Congresso ele se esqueceu da volta da Cide (Contribuição Sobre a Intervenção no Domínio Econômico) cobrada nos combustíveis, do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e da correção da tabela do Imposto de Renda nos últimos anos por índices abaixo da inflação oficial, pra ficar em três exemplos. Mesmo com o crescimento da economia chegando a zero, a arrecadação federal segue em torno de 15% do PIB, que mesmo muito significativa não consegue acompanhar o exponencial aumento de gastos.

Demissões – A Sabesp, empresa de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, demitiu 335 empregados desde 1 de fevereiro deste ano. Agora o Tribunal Regional do Trabalho determinou a suspensão das demissões que ainda não foram homologadas pelo sindicato dos trabalhadores, que chegam a 100. Existe uma divergência entre as partes sobre a cláusula do acordo coletivo do trabalho em vigor, que permite a demissão de até 2% dos empregados no período de maio de 2014 a abril de 2015. Segundo o Tribunal e os trabalhadores, o número máximo de demitidos poderia ser de 297, aí incluídos os aposentados. Já a Sabesp alega que os aposentados não fazem parte desse número e, por isso, chegou a 335 demissões. Escassez de água, perda do posto de trabalho e redução no faturamento da empresa em função da queda do consumo são fortes ingredientes na conjuntura e nos cenários que se desenham.

Dólar e Euro – Em 31 de janeiro de 2014 o dólar comercial estava cotado a R$2,42. Em 17 de março de 2015 fechou a R$3,23. A variação em torno de 33,5% mostra a recuperação da moeda e sinaliza mais possibilidades para as exportações brasileiras em detrimento do grande foco no consumo interno, que vigorou até a virada do ano. Se olharmos para a cotação do Euro, a segunda moeda mais forte no planeta, nessas mesmas datas veremos uma variação em torno de 6%, pois ela passou de R$ 3,27 no inicio do ano passado para R$ 3,46 anteontem.

Minha casa, minha vida – O Ministério das Cidades anunciou meta de construir 3,2 milhões de unidades até 2018 na terceira etapa do programa “Minha casa, minha vida”. Se a meta for atingida o programa chegará 6,7 milhões de imóveis que atenderão 25 milhões de pessoas. Enquanto isso, a cidade está cheia de placas de “vende-se” e “aluga-se” em imóveis.

Compra direta – O Governo Federal quer economizar R$132 milhões em 2015 com a compra de passagens aéreas diretamente das empresas do setor. A experiência feita no final do ano passado apresentou redução de custo de 30% em relação ao valor que seria gasto com agências de viagens licitadas. Nada existe em caráter permanente a não ser a mudança, como disse Heráclito no ano 501 a.c.

  Comentários
 

O primeiro

por Luis Borges 18 de março de 2015   A história registrou

Há um ano a história registrou a primeira postagem do Observação & Análise. Era um sonho tornando-se realidade após igual tempo de planejamento e delineamento do experimento.

Os leitores que nos acompanharam ao longo dessa trajetória devem estar percebendo que a melhoria contínua existe e merece ser buscada. Esse espaço prossegue fiel à sua crença de não ser proprietário da verdade, mas sim de expor percepções, reflexões e formulações diante das questões que se colocam no dia-a-dia de pessoas e sociedades, em permanente transformação. E peço uma licença poética a Milton Nascimento e Fernando Brant para reafirmar que “se muito vale o já feito, mais vale o que será”.

Deixo aqui agradecimentos aos leitores que tanto nos honram e nos difundem, bem como aos patrocinadores, ambos muito contribuindo para a sustentabilidade desse blog.

Como não poderia deixar de ser, também registro um agradecimento especial a Sérgio Verteiro e Marina Borges, que fazem as coisas acontecer no dia-a-dia, aos colaboradores convidados e ao conselho consultivo formado por Cristina Borges, Gustavo Borges e Igor Costoli.

Para relembrar o primeiro dos nossos 220 posts, clique aqui. 

  Comentários
 

Se à mulher de César não basta ser honesta, é preciso parecer honesta, o que esperar da democracia representativa que precisa evoluir para o modelo participativo? O mínimo que espero na conjuntura em que estamos vivendo é que prevaleça a verdade com absoluta transparência em função dos fatos e dados reais. Isso tudo sem ter a ingenuidade de acreditar que seja possível existir um equilíbrio entre a razão e a emoção.

Também não posso concordar com a negação das evidências objetivas que permeiam de vários modos a insatisfação das pessoas e da sociedade. Não dá para afirmar seguidamente que o poder aquisitivo está assegurado e que a inflação está sob controle. Por maior que seja a manipulação e a contabilidade criativa, fica difícil tentar impor que 8% de inflação anualizada é a mesma coisa que os 4,5% da meta nunca atingida pelo Banco Central nos últimos 4 anos. E assim seguem diversos outros exemplos em nome do ajuste fiscal, tais como a não correção plena da tabela do Imposto de Renda, o confisco de direitos sociais, o aumento do desemprego, o aumento de impostos e a recessão econômica.

Se a nova classe média começa a perceber que pode estar fazendo o caminho de volta às origens é sinal de que as coisas realmente já começam a exigir um novo reposicionamento estratégico. Consumir menos também significará existir menos, ainda que se tenha um alto Índice de Viração Própria (IVP). Em sendo assim cantar a música Pode guardar as panelas do grande compositor e cantor Paulinho da Viola é um bom sinal de alerta nesses tempos cada vez mais bicudos.

Pode guardar as panelas
Paulinho da Viola

Você sabe que a maré
Não está moleza não
E quem não fica dormindo de touca
Já sabe da situação
Eu sei que dói no coração
Falar do jeito que falei
Dizer que o pior aconteceu
Pode guardar as panelas
Que hoje o dinheiro não deu 

Dei pinote adoidado
Pedindo emprestado e ninguém emprestou
Fui no seu Malaquias
Querendo fiado mas ele negou
Meu ordenado apertado, coitado, engraçado
Desapareceu
Fui apelar pro cavalo, joguei na cabeça
Mas ele não deu

Você sabe que a maré
Não está moleza não
E quem não fica dormindo de touca
Já sabe da situação
Eu sei que dói no coração
Falar do jeito que falei
Dizer que o pior aconteceu
Pode guardar as panelas
Que hoje o dinheiro não deu

Para encher a nossa panela, comadre
Eu não sei como vai ser
Já corri ora todo lado
Fiz aquilo que deu pra fazer
Esperar por um milagre
Pra ver se resolve essa situação
Minha fé já balançou
Eu não quero sofrer outra decepção
  Comentários
 

Água na fervura, por favor – Ações advindas de decisões impulsivas caminham na contramão da estratégia. Por outro lado, quem não tem estratégia está condenado à morte no curto, médio ou longo prazo. A situação vivida pela República Federativa do Brasil no presente momento caracteriza-se pela crise política e econômica. Persiste uma polarização entre as coligações partidárias que disputaram o segundo turno das eleições presidenciais em outubro/14. Os perdedores demonstram não ter se conformado com a derrota por uma margem relativamente pequena e parece que ainda continuam disputando as eleições. Os vencedores têm dificuldades para se entender dentro da própria base aliada, tanto na gestão para enfrentar e solucionar os grandes problemas quanto para aprovar medidas no Congresso Nacional. Tudo isso em meio às revelações das tenebrosas transações do mundo da corrupção. A temperatura aumenta e o tiroteio se intensifica. Em artigo publicado na Folha de S. Paulo, Rogério Gentile pede água na fervura para se tentar soluções para o conflito instalado.

Esqueceremos Fukushima? – A Segunda Guerra Mundial terminou após a detonação das bombas atômicas que arrasaram as cidades de Hiroshima e Nagasaki no Japão. Apesar do estigma criado em torno da energia nuclear, cresceu a sua utilização para fins pacíficos como, por exemplo, a geração de energia elétrica. Mas as questões ligadas à segurança das instalações nucleares sempre foram motivo de preocupação permanente. Ao se completar 4 anos do terremoto e tsunami que atingiram a usina nuclear de Fukushima, o jornalista Chico Whitaker faz um pungente relato da situação vigente em 11 de março de 2015.

Sabendo-se que milhares de pessoas tiveram que abandonar para sempre suas casas, em oito localidades em torno da usina, e vivem até hoje em alojamentos provisórios por conta da ajuda que o governo está obrigado a lhes dar, entende-se porque entre os antigos moradores de somente uma dessas localidades, Tomioka, a 10 km da usina, tenham ocorrido quase 200 suicídios, número 10 vezes superior ao número dos que nela morreram com o tsunami…

Por que bebemos até morrer? – No último dia 9 o Brasil se despediu da cantora e folclorista Inezita Barroso, de 90 anos de idade, que imortalizou com sua voz a música Marvada Pinga. Ela cantava:

“Com a marvada pinga. É que eu me atrapaio. Eu entro na venda e já dou meu taio. Pego no copo e dali nun saio. Ali memo eu bebo. Ali memo eu caio. Só pra carregar é que eu dô trabaio. Oi lá.”

Pouco tempo antes, nos chocamos com o caso do estudante do 4º ano de Engenharia Elétrica da Unesp de Bauru, SP, que morreu aos 23 anos de idade após participar de uma festa e beber muito. Outros três foram internados em decorrência de coma alcoólico.

Por que se bebe tanto? Por que os estudantes universitários também bebem muito? Quais são as consequências desse tipo de atitude? São perguntas que a autora do blog Abecedário tenta responder neste texto. Um estudo feito nos EUA com 17,5 mil estudantes de 140 campi traça paralelos entre o hábito de beber exageradamente por farra e a possibilidade de adotar hábitos autodestrutivos ou se envolver em problemas.

  Comentários