Curtas e curtinhas

por Luis Borges 5 de maio de 2015   Curtas e curtinhas

Tarifaço nas loterias – A Caixa Econômica Federal continua mexendo em seus produtos para melhor contribuir no ajuste fiscal que o Governo Federal está tentando viabilizar. Agora chegou a vez das loterias, que passarão por um tarifaço a partir de 18 de maio, com aumentos variando de 33% a 100%, sendo que apenas duas modalidades não terão seus preços alterados. Segundo a Caixa o objetivo é tornar os prêmios mais atrativos e aumentar o valor dos repasses para as finalidades sociais. Se a projeção da inflação anualizada está em torno de 8,26%, onde os apostadores arrumarão poder aquisitivo para fazer tantas apostas com os novos preços subindo 40% em média? Será necessário ter mais sorte ainda.

Planejamento estratégico – A Petrobras anunciou que, dentro de 30 a 40 dias, apresentará o seu planejamento estratégico de negócios atualizado. Já está passando da hora, pois o plano em vigor foi feito no início do ano passado, quando o dólar estava cotado a R$ 1,90. Hoje a moeda norte-americana está em torno de R$ 3,10 após ter chegado a R$ 3,30. Definitivamente a fase não é boa e só aparecem problemas e problemas. Como se vê a gestão estruturada do negócio faz muita falta inclusive nos momentos que exigem um rápido reposicionamento estratégico. De qualquer maneira, antes tarde do que muito tarde.

Minério de ferro de Minas – A Vale anunciou prejuízo de R$9,5 bilhões no primeiro trimestre do ano na comparação com igual período do ano passado. Agora a meta é reduzir U$2,00 no custo da produção por tonelada até o final do ano para que a empresa continue competitiva, com preços de venda abaixo de U$50,00 a tonelada no mercado internacional. Pelo visto deve sobrar para jazidas localizadas em Minas Gerais, que possuem menor teor de ferro e custos mais altos de produção quando comparadas a outras unidades da empresa. Estima-se que poderão deixar de ser produzidas 30 milhões de toneladas de minério de ferro no estado. Mais dificuldades para o Minas, estado diagnosticado como quebrado.

Responsabilidade Fiscal – A Lei de Responsabilidade Fiscal completou 15 anos no dia 04 de maio e seu efetivo cumprimento continua sendo um desafio para o setor público. A transparência nos números, com acesso amigável, gestão fiscal, controle social e consequências advindas do não cumprimento da Lei são aspectos sempre presentes na discussão das boas práticas. Não foi à toa que no final do ano passado a Presidência da República deu um jeito de alterar a Lei de Diretrizes Orçamentárias, cujas metas não seriam atingidas. O Congresso Nacional aprovou o fim do superávit fiscal na base do rolo compressor e a presidente escapou de ser questionada pelo descumprimento da Lei. Como se viu e como se vê, ainda há muito o que se fazer para aprimorar as boas práticas nessa área.

Seguro desemprego – O Ministério do Trabalho desembolsou R$10,7 bilhões no primeiro trimestre desse ano com o seguro desemprego. O valor é R$600 milhões superior aos R$10,1 bilhões gastos no mesmo período do ano passado. Enquanto isso, o desemprego atingiu 6,2% em março conforme o índice do IBGE e o desembolso com o seguro desemprego cresceu 6% na comparação com março do ano passado. Com tudo isso, o seguro desemprego continua na mira da Medida Provisória que arrocha as condições para a sua concessão. Ela é parte de mais uma tentativa do Governo Federal com o intuito de arrumar recursos para o ajuste fiscal das contas públicas.

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Exatamente um ano atrás eu te perguntava – como está o cumprimento das suas metas?

Apesar de sempre nos sentirmos obrigados a olhar para frente e às vezes nos surpreendermos olhando para os lados, de vez em quando é importante também olharmos para trás. Dessa olhada, poderemos perceber se existem diferenças entre o que fazíamos naquele momento e o que atingimos no dia de hoje.

Será que avançamos positivamente ao implementar o plano de ação para o atingimento de nossas metas? Ou, por outro lado, não as atingimos por falta de foco, persistência, condições e muita ação para chegar lá? Uma análise crítica do nosso desempenho se faz necessária para que possamos verificar se estamos caminhando no sentido da melhoria, do atingimento das metas, ou se ficamos apenas fazendo discurso, sem mudar de atitude.

metas cumprimento data

Abaixo estão republicados trechos do texto do ano passado. Se preferir, clique aqui para ler tudo. Depois de reler, quais são suas conclusões? Você caminhou em direção às suas metas? Você está melhor ou pior que no mesmo dia do ano passado? Ainda existe muita distância entre a intenção e o gesto? Quais são as causas que estão em você?

A promessa de ano novo é um objetivo, um alvo a ser atingido. Quando ganha um valor e um prazo, torna-se uma meta. Atingir essa meta é um desafio bem grande, mas possível de ser vencido. É por isso que toda meta precisa ser acompanhada de um plano de ação, detalhando as alternativas estratégicas necessárias para colocar o gerenciamento em movimento, rumo ao resultado esperando.

A linha da meta nos mostra, graficamente, o quanto se avançou em um determinado espaço de tempo na direção do resultado, em função das etapas do processo que deveriam estar cumpridas.

É pensando nisso e analisando diante do dinamismo da gestão estruturada, que sempre nos exige posicionamentos e reposicionamentos, que sugiro uma reflexão sobre os resultados que você já alcançou até hoje, dia 4 de maio, passados mais de 120 dias do ano.

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Vale a leitura

por Luis Borges 1 de maio de 2015   Vale a leitura

O poder do sim – Confiar desconfiando ou, se for mineiro, desconfiar sempre e aos poucos verificar se é possível dar algum crédito. A gestão do risco acaba sendo feita de alguma forma e a confiança é maior ou menor entre as pessoas nas diversas culturas dos continentes terrestres. Muitas vezes a primeira reação num contato entre pessoas pode ser um não à queima roupa, mas a falta de um sim pode também significar a perda de oportunidades. A ousadia pode fazer a diferença e trazer resultados expressivos. Leia o relato da experiência vivida pela jornalista Lívia Aguiar num acampamento beduíno da Jordânia, país do Médio Oriente. O artigo Como conheci uma família de beduínos por acaso – O Poder do Sim, foi publicado no blog Eusouatoa – dicas para o viajante independente, mantido pela jornalista.

Voltei para a casa da minha família beduína, dormir mais uma noite e, na manhã seguinte, parti cedo de volta para Amã. Com o coração mais leve e a certeza de que o que havia vivido não cabe em nenhum guia de viagens. E tudo isso porque eu disse SIM à uma desconhecida num ônibus. A vida só acontece quando a gente corre algum risco, não é mesmo?

Lívia Aguiar, na Jordânia. / Fonte: blog Eusouatoa

Lívia Aguiar na Jordânia. / Fonte: blog Eusouatoa

O teste do 1º de Maio – O dia do trabalhador transcorrerá neste ano numa conjuntura marcada pela crise política e econômica, crescimento do desemprego, tentativa de ampliação da terceirização do trabalho e reivindicações pela manutenção de direitos trabalhistas e previdenciários ameaçados pelo ajuste fiscal. A docilidade demonstrada pelas centrais sindicais nos anos anteriores não poderá se manter, já que as ameaças de perdas para os trabalhadores são muito concretas. O aumento da fervura é analisado neste artigo do jornalista Ricardo Melo, publicado pela Folha de São Paulo. No texto, ele destaca que “os petistas têm ensaiado uma reação pela sobrevivência da legenda. Será didático observar como o partido resolverá a equação de, numa faixa defender direitos trabalhistas históricos e, na outra, um programa de arrocho econômico. O muro já tem dono faz tempo”.

O país mais feliz do mundo – Podemos dizer, numa equação, que felicidade é igual a expectativa menos a realidade (felicidade = expectativa- realidade). Outros também poderão dizer que a felicidade não existe ou que ela é feita pelo somatório de pequenos momentos unitários. Já a terceira edição do Relatório Mundial de Felicidade 2015, que pesquisou 160 países, utilizou uma série de indicadores que vão do Produto Interno Bruto à percepção da corrupção para concluir que a Suíça é o país mais feliz do mundo, seguida pela Islândia e Dinamarca. Os Estados Unidos ficaram em 15º lugar e o Brasil em 16º lugar, o primeiro da América do Sul. Enquanto isso, o Congo ficou na lanterna, na 160º posição, como o menos feliz. Confira a síntese da pesquisa publicada pelo portal DW.

Idoniedade ou Idoneidade – O domínio da língua portuguesa  não é uma virtude presente na vida de muitos de nós. O reino das palavras acaba constantemente sendo sacudido por agressões à língua da pátria que quer ser educadora. Um dos ofícios mais carbonizados do momento é o dos políticos profissionais organizados em partidos. Diante das tenebrosas transações que sacodem o país ao vir à tona e do clamor que exige ficha limpa, muitos deles se arvoram em se dizer pessoas de idoniedade. O professor Pasquale Cipro Neto aproveitou a oportunidade e escreveu, em artigo para a Folha de São Paulo, o fundamento que explica a existência da palavra idoneidade ao mesmo tempo em que mostra porque é incorreto escrever a inexistente idoniedade. Confira aqui.

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Já não aguentava mais tanta falação sobre o Imposto de Renda e o prazo final para a entrega da declaração de 2015. Ainda bem que o dia 30 de abril chegou. Em quase toda roda de conversa alguém surgia com a pergunta clássica, mas que sempre cutuca e pressiona – “você já fez sua declaração?”. Daí, emendava-se a discussão: já enviou? Vai pagar? Vai ter restituição?

Sei que tudo isso já faz parte da nossa cultura, inclusive a aceitação de que salário é renda e, por isso, vale o tributo que lhe é imputado. Também não podemos nos esquecer que essa carga tem aumentado ano a ano em termos reais, devido à não correção plena da tabela do Imposto de Renda pelos índices inflacionários. A defasagem nos últimos 20 anos já chega a quase 70%.

Muitos de nós devem ser do tempo em que a data limite da declaração era adiada várias vezes e muitos contavam com essa possibilidade para dar um jeitinho até a última hora possível.

Mas se me sinto aliviado porque o prazo acabou. Sei que o assunto ainda permanecerá mais alguns dias na mídia, com os tradicionais balanços dando conta de que tantos milhões de pessoas entregaram a declaração do Imposto de Renda 2015 no prazo. Também serão passadas as informações de que, a partir de 04 de maio, a Receita Federal reabrirá o sistema para o recebimento das declarações dos que perderam o prazo, só que acrescidas de multas, juros e correções, sempre nos termos da Lei.

Outra possibilidade que também será muito citada é a de retificação da declaração, ou seja,  ainda será possível modificar informações, tanto acrescentando quanto retirando. Também prosseguirão falações sobre erros de preenchimento, despesas inventadas, rendimentos omitidos ou falta de lastro para bens e direitos. O medo de cair na malha fina também ficará, pairando como uma espada sobre a cabeça das pessoas. E, finalmente, virá um destaque para a prioridade que idosos e portadores de doenças classificadas como graves terão na fila das restituições.

Lembrando de tudo isso sou obrigado a concluir que apenas um prazo acabou mas que todo dia continuará com a sua agonia, inclusive com a obrigação de guardar os documentos deste Imposto de Renda 2015, relativos ao ano-base 2014, durante 5 anos.

Não dá para esquecer, também, da próxima data. Amanhã, 1 de maio, é dia do trabalhador, que faz a travessia da crise econômica com estratégia de sobrevivência enquanto sua macia central sindical sorteia brindes e atenua a luta política na sociedade de massas.

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No último dia 15 a Presidência da República enviou ao Congresso Nacional o Projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2016. Umas das premissas da proposta é a de que a inflação de 2015 será de 8,2%, e a de 2016 está projetada em 5,63%. Daí a projeção do salário mínimo de R$854,00 em 2016 e algo em torno de R$900,00 em 2017.

Esse introito é para nos ajudar a refletir sobre o significado real do não atingimento de uma meta. No caso da inflação anual, a meta perseguida pelo Banco Central do Brasil é de 4,5%. Com a LDO, o poder executivo está assumindo mais uma vez que ela não será atingida, e que ficará 82% acima do que foi proposto. Aliás, desde agosto de 2010 a meta anualizada de 4,5% não é atingida.

Para quem trabalha com um sistema de gestão estruturado para implementar seu negócio é assustador verificar, ao longo de tanto tempo, uma meta não ser atingida e ficar cada vez mais distante do valor proposto. Os atos devem ter consequências e isso deveria ser levado em consideração a partir das observações e análises que fundamentam a definição de um objetivo. Se conceitualmente meta é um objetivo que possui valor e prazo para ser alcançado, por que o Governo Federal está errando tanto? Quais são as causas que estão levando a esse efeito indesejável seguidamente?

A primeira causa pode nos mostrar que a meta tem sido apenas desejo e que o plano de ação para atingi-la está muito aquém daquilo que deveria ser feito estrategicamente.

Uma segunda causa pode ser uma análise superficial dos fatores determinantes para a definição dos objetivos, a começar pela necessidade política de manter a inflação baixa para aparecer “bem na fita” perante a população. O resultado é que a meta torna-se simplesmente maluca, inatingível desde o início e desmotivadora. O oposto disso é a meta desafiadora, aquela que mobiliza todos os envolvidos no processo para que seja atingida, ainda que muito difícil, mas não impossível.

Uma terceira causa está ligada à presença ou ausência da liderança do gestor da meta e das demais pessoas que participam do gerenciamento, também pela liderança, nas partes desdobradas que se desdobram. Também é premissa que todos devem saber se posicionar e se reposicionar no dinamismo que o tempo do processo exige.

Uma quarta causa está na dificuldade de se ter uma visão sistêmica, na perda de foco, na pouca constância de propósitos e na indisciplina durante a utilização do método gerencial.

No exemplo citado fica claro que melhor seria assumir a realidade dos fatos e dados. Insistir em 4,5%, inatingíveis nas atuais condições, só serve para usar o índice na correção da tabela do Imposto de Renda.

Em função de todas as variáveis que envolvem o caso, melhor seria assumir uma inflação de 8% para o ano em curso, outra de 6% para o ano que vem e, finalmente, reafirmar o desafio de atingir os 4,5% em 2017. Mas, para isso, um plano de ação contendo as alternativas estratégicas necessárias e suficientes deve ser parte integrante da meta. Tudo isso sem contabilidade criativa, sem pedalada fiscal e sem revogação da Lei de Diretrizes Orçamentárias para ajustar as responsabilidades fiscais.

Isso vale para nós também, tanto na pessoa física quanto na família. Não há espaço para meta maluca, só para metas desafiadoras.

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 28 de abril de 2015   Curtas e curtinhas

Crescente I – O Projeto de Lei 7921/14, do Ministério Público da União, foi aprovado dia 22/04 pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. Serão criados 203 cargos, sendo 26 de confiança, 57 comissionados e 120 efetivos no Conselho Nacional do Ministério Público. Agora a proposta será analisada em caráter conclusivo pela Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania. Os recursos para fazer frente aos gastos já estão garantidos no orçamento anual. E assim a União Federal prossegue no seu discurso e tentativa de aprovar o ajuste fiscal enquanto os gastos seguem aumentando na outra ponta. E a gente só vai ficando para trás com a obrigação de bancar tudo com impostos e tarifaços e abrindo mão de serviços públicos de qualidade.

Crescente II – Já a Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados aprovou, também no dia 22/04, o Projeto de Lei 8307/14, que cria 1.827 cargos para Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, na cidade de São Paulo. Os cargos serão destinados a 204 técnicos judiciários, 407 analistas judiciários, 572 funções comissionadas nível 5 e 644 funções comissionadas nível 4. A proposta sera analisada em outras três Comissões Temáticas e a justificativa para a continuidade de sua aprovação é o gigantesco volume de processos analisados anualmente pelo TRT paulista. São 1,3 milhão de processos, que significam 22% do total analisado no país. Como o orçamento já prevê os gastos e os deputados seguem na sua árdua missão de legislar, só nos resta a expectativa de que a gestão vai melhorar e a tecnologia da informação dará mais celeridade à tramitação desses lentos processos. E haja gente para trabalhar nesse ofício de julgar causas e direitos trabalhistas.

Juros nas alturas – A educação financeira continua fazendo falta aos tomadores de crédito rotativo no cartão e no cheque especial. Em março de 2014, os juros do cartão de crédito rotativo eram de 313,17% ao ano e no mesmo mês de 2015 chegaram a 345,8%. Já para o cheque especial na mesma comparação, a taxa passou de 214,2% para 220,4% ao ano. Como se vê, a transferência de renda para o setor financeiro é brutal e seus lucros também são brutais. Os cinco bancos mais lucrativos em 2014 lucraram R$ 20, 15, 11, 07 e 06 bilhões respectivamente. E ainda temos que pagar tarifas bancárias!

Greve longa – A greve dos professores do ensino oficial do Estado de São Paulo já se aproxima dos 50 dias de duração sem o mínimo sinal para o atendimento à reivindicação de 75,33% de reajuste salarial. A julgar pela determinação dos professores essa luta ainda vai longe pois a greve é pra valer.

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Primeiro a empresa deixou vazar na rádio corredor que seus principais clientes estavam atrasando os pagamentos, porque também não estavam recebendo em dia. Rapidamente cresceu o discurso pela necessária e obrigatória redução de custos, a começar pelo cafezinho, passando por água, energia elétrica e redimensionamento da estrutura organizacional. Depois veio a lista das pessoas que seriam cortadas para garantir a continuidade do negócio em bases menores na nova conjuntura econômica. Daí para a demissão fria, rápida e em massa, acaba sendo apenas mais um ligeiro passo, com o discurso de que os direitos sociais serão assegurados e viabilizados dentro das possibilidades. O que acabo de descrever não está longe da realidade de muita gente que perdeu o trabalho ao longo desses meses de declínio econômico e muita disputa política e partidária.

Uma característica bastante frequente em diversos segmentos da economia que estão demitindo é o desrespeito à condição e à dignidade humana, mesmo presentes na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Uma prática cujo padrão tem ganhado adeptos recomenda que, num ato de traição, o empregado seja retirado do seu local de trabalho mediante algum pretexto, que lhe é passado de maneira bastante incisiva. A sentença pode ser comunicada numa sala específica. Isso para não falar em práticas mais ousadas, quando se conduz os empregados para um cadafalso em espaço fora da empresa e até mesmo na sua própria calçada. O fato é que o empregado sequer tem o direito de retornar ao seu antigo posto para pegar os seus pertences.

Nesse momento fico pensando naqueles que têm a função de fazer a gestão de pessoas ou dos recursos humanos ou qualquer outra denominação que se queira dar. Muitos até se envergonham de seus papéis e se justificam perante os ex-colegas dizendo que são “os ossos do ofício”. Outros simplesmente executam o que precisa ser executado, de novo em nome da sobrevivência, da mesma forma que o cirurgião faz a cirurgia ou o torturador tortura o seu torturado. Fica clara a falta do preparo de muitos para enfrentar situações como essas. Falta gestão estruturada e sobra discurso dizendo que as pessoas são essenciais ao processo de trabalho, mesmo sem nunca saber que perfil foi buscado ou como seu desempenho era avaliado. Isso vale inclusive para o chefe ou gestor imediato do empregado em seu setor de trabalho, que nessas horas terceiriza tudo para “o pessoal do RH”.

Com tanto desrespeito, imagine o clima que reinará no local de trabalho entre os empregados não demitidos! Eles também poderão querer entender por que ficaram, se houve algum critério ou se poderão fazer parte da próxima lista. Nos tempos do modismo da reengenharia, que queria cortar custos de todas as maneiras, também vivia-se algo semelhante em termos de clima organizacional.

Para quem saiu fica a mágoa pela forma desrespeitosa como tudo foi feito, a vontade expressa de reclamar os direitos sociais na Justiça do Trabalho e falar mal da empresa pelos quatro cantos do mundo, no cara a cara e nas redes sociais.

Espero, caro leitor, que você ainda não tenha enfrentado uma situação como essa, mas nenhum de nós está livre de viver o risco de ser tão desrespeitado ou mesmo de se ver obrigado a desrespeitar alguém dessa forma, mesmo não concordando. Ainda estamos longe da excelência, apesar da crença nas pessoas.

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