Literatura em tempos cinzentos

por Convidado 6 de abril de 2015   Convidado

por Sérgio Marchetti

Quando eu era criança adorava ouvir histórias e cheirar livros novos. Naqueles primeiros anos de escola, quando ainda era verde e cheio de esperanças, pensava que somente os velhos morriam. Minha alma viajava pelo céu azul do infinito, enquanto ouvia a narrativa mágica que, na voz da professora, brotava das páginas do livro As Mais Belas Histórias. Foi assim que iniciei minha vida de leitor.

Minha escola ficava ao lado da Igreja da Matriz de Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena, onde os sinos dobravam e tocavam nossos corações. Eu perguntava por quem os sinos batiam? – “Eles dobram para anunciar a morte dos velhinhos.” – dizia minha professora.

Daquele dia para cá, recebi A visita cruel do tempo (título do Livro de Jennifer Egan), e o tempo passou assustadoramente rápido. Descobri novas verdades, inclusive que sou um simples mortal com menos dias para viver.

Mas voltemos aos livros. Durante minha peregrinação em busca de luz, encontrei e gostei de incontáveis obras nacionais e internacionais. Cito apenas algumas: Grande sertão: Veredas – Guimarães Rosa; Cem Anos de Solidão – Gabriel Garcia Marques; A Insustentável Leveza do Ser – Milan Kundera;  Por Quem os Sinos Dobram? – Ernest Hemingway. Títulos e conteúdos maravilhosos. Percebi, depois de ler o livro de Hemingway, que ele havia feito a mesma pergunta que eu: “Por quem os sinos dobram?”. A resposta não importa muito. Aliás, constato que não obstante as pessoas buscarem tantas respostas, as perguntas são muito mais importantes. Muitas vezes a busca é mais importante do que o encontro. Penso assim, mas não sei se estou certo. O que sei é que viajo com os autores na garupa de suas interrogações em busca da essência da vida.

Foto: Marina Borges

Foto: Marina Borges

O livro é um amigo fiel que me revela segredos e descobertas. Mas nem todos gostam da companhia de nosso irmão de papel. Livro é igual gente. Alguns são chatos mesmo. Outros são pornográficos, detalhistas, intelectuais… tem de todo tipo. Mas a função primeira do livro é a de transmitir conhecimento. Escrever é, por princípio, um ato de doação, legado que se deixa para outras gerações. Porém, toda regra tem exceção. E a permissividade travestida de movimento evolutivo trouxe compêndios contendo escritos de toda sorte. Proliferam nesses ambientes escuros, textos estranhos e vulgares, perversões que, por virem trajadas de literatura e revestidas em tons de cinza, agradam a leitores (e leitoras) que, na sociedade contemporânea, confundem liberdade com vulgaridade. O que é chulo é sem graça e sem classe. Acredito em literatura que gere reflexões e contribua para o crescimento humano e social.  O Brasil é um país onde o hábito da leitura é pouco incentivado. Os comerciais do governo preferem falar de suas “obras e ações sociais”.  Mas nem tudo está perdido, além do horizonte existe um arco-íris com mais de cinquenta tons coloridos. Lá, só para ilustrar, O Pequeno Príncipe continua sendo um dos livros de melhor vendagem. Que ótima notícia, caríssimos leitores. Ainda tenho a esperança de ver salvas muitas  pessoas antes que se desumanizem. Muitas delas, por defesa e descrença sobre o amor, pregam um ceticismo que ridiculariza paixões e vivem a razão como se não existisse a emoção. “Ledo autoengano” que os faz duvidarem do abstrato, do invisível. Agir somente com o cérebro reptiliano não é evoluir. É regredir. É voltar a ser macaco.

Por fim, aconselho aos hedonistas de plantão – cópias grosseiras de Aristipo – perdidos na escuridão dos tons de cinza – que prestem muita atenção às suas convicções, pois, ao contrário do que pensam, são as coisas abstratas como o amor, a paixão e a generosidade que concretizam as nossas existências.  E saibam que

…O essencial é invisível aos olhos. Os homens têm esquecido dessa verdade…”

Antoine de Saint-Exupéry

Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui Licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br .

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Paixão e fé

por Luis Borges 3 de abril de 2015   Música na conjuntura

Os católicos relembram na Semana Santa a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus. A também chamada Semana Maior se inicia no Domingo de Ramos e termina com a ressurreição no Domingo de Páscoa.

Em pleno outono de 2015 no hemisfério Sul, que reflexões podemos fazer e que significados encontrar nesse momento da vida que estamos vivendo?

Que ilações fazer após a leitura do texto de Lucas, capítulo 19, versículos de 35-48?

36 E, indo ele, estendiam no caminho as suas vestes.
37 E, quando já chegava perto da descida do Monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos, regozijando-se, começou a dar louvores a Deus em alta voz, por todas as maravilhas que tinham visto,
38 Dizendo: Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; paz no céu, e glória nas alturas.
39 E disseram-lhe de entre a multidão alguns dos fariseus: Mestre, repreende os teus discípulos.
40 E, respondendo ele, disse-lhes: Digo-vos que, se estes se calarem, as próprias pedras clamarão.
41 E, quando ia chegando, vendo a cidade, chorou sobre ela,
42 Dizendo: Ah! se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos.
43 Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te estreitarão de todos os lados;
44 E te derrubarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois que não conheceste o tempo da tua visitação.
45 E, entrando no templo, começou a expulsar todos os que nele vendiam e compravam,
46 Dizendo-lhes: Está escrito: A minha casa é casa de oração; mas vós fizestes dela covil de salteadores.
47 E todos os dias ensinava no templo; mas os principais dos sacerdotes, e os escribas, e os principais do povo procuravam matá-lo.
48 E não achavam meio de o fazer, porque todo o povo pendia para ele, escutando-o.

O que sentir ouvindo ou cantando junto com Milton Nascimento a canção Paixão e fé, escrita por Fernando Brant e Tavinho Moura?

Ainda existe uma oportunidade para aprender e crescer, fazendo as necessárias mudanças de atitudes ensejadas pelo clarear das percepções.

Emoções eu também estou vivendo e buscando caminhos para melhor prosseguir.

Paixão e fé

Já bate o sino, bate na catedral
E o som penetra todos os portais
A igreja está chamando seus fiéis
Para rezar por seu Senhor
Para cantar a ressureição

E sai o povo pelas ruas a cobrir
De areia e flores as pedras do chão
Nas varandas vejo as moças e os lençóis
Enquanto passa a procissão
Louvando as coisas da fé

Velejar, velejei
No mar do Senhor
Lá eu vi a fé e a paixão
Lá eu vi a agonia da barca dos homens

Já bate o sino, bate no coração
E o povo põe de lado a sua dor
Pelas ruas capistranas de toda cor
Esquece a sua paixão
Para viver a do Senhor
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Pecado capital

por Luis Borges 1 de abril de 2015   Música na conjuntura

O combate à corrupção, corruptos e corruptores continua na pauta brasileira enquanto as medidas propostas  para o enfrentamento do problema tramitam no Congresso Nacional com a velocidade que lhe é peculiar. A Operação Lava Jato da Polícia Federal é, sem dúvida, a mais midiática e emblemática. Ela está mostrando a tecnologia sistemicamente usada por pessoas em organizações públicas e privadas. Até o momento já se enxerga perdas de R$10 bilhões que só tendem a aumentar com o avanço das investigações.

Agora a Polícia Federal trouxe para a mídia a sua mais nova operação, a Zelotes, que investiga o Conselho de Administração de Recursos Fiscais (CARF) da Receita Federal, sempre tão zelosa em sua função de arrecadar impostos. Estima-se fraude em torno de R$19 bilhões, dos quais R$5,7 bilhões já são considerados como comprovados. E de bilhão em bilhão de reais, dólares e euros vão pululando as diversas transações que percolam, além da União, os estados, municípios, empresas estatais, empreiteiras de todos os portes e demais tipos de fornecedores. O sistema é assim e funciona assim no grande teatro de operações, onde tudo se passa como normal e dentro da previsibilidade do padrão.

Quem pensa que honestidade é obrigação deve estar se perguntando por que tanta gula na aplicação da Lei de Murici, aquela que diz que “cada um cuida de si”. Mas como catitu fora da manada é papá de onça todo mundo vai se enturmando nos “clubes” do sistema. Podemos também perceber que a gula se associa umbilicalmente com outros pecados capitais, como a avareza, a luxúria e a soberba. Dá até para achar um lugar para a inveja, que também está sempre presente por toda a parte. Ainda assim, tem sido muito discutida uma frase bem popular com a afirmação de que “dinheiro não traz felicidade”. O que você acha desse dito?

A música de hoje é Pecado Capital, do grande cantor e compositor Paulinho da Viola, nos trazendo a oportunidade de cantar, refletir e agir.

Pecado capital
Paulinho da Viola
Fonte: Site oficial

Dinheiro na mão é vendaval
É vendaval
Na vida de um sonhador
De um sonhador
Quanta gente aí se engana
E cai da cama 
Com toda a ilusão que sonhou
E a grandeza se desfaz
Quando a solidão é mais
Alguém já falou

Mas é preciso viver
E viver não é brincadeira não
Quando o jeito é se virar
Cada um trata de si
Irmão desconhece irmão
E aí dinheiro na mão é vendaval
Dinheiro na mão é solução
E solidão
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Bolsonaro de Tróia

por Convidado 31 de março de 2015   Convidado

por Igor Costoli

Nunca me preocupei muito com Jair Bolsonaro porque, para mim, sempre esteve muito clara sua semelhança com a Mulher Melancia. Não se engane, o deputado e a subcelebridade têm muito em comum.

Para começar a fazer sentido, falemos de Andressa Soares, que se apresenta como dançarina, cantora e modelo. Despontou em 2008 na esteira do funk “Dança do Créu” (felizes os que não sabem do que estou falando), ano em que estampou pelo menos três capas da Playboy. O nome artístico Melancia tem relação com suas medidas avantajadas (à época, 121 cm de quadril).

Andressa Soares. / Foto: Extraída do Facebook oficial

Andressa Soares. / Foto: Extraída do Facebook oficial.

Agora, leitor, acompanhe este raciocínio. Você certamente já abriu o jornal ou acessou portais de notícia e encontrou notícias irrelevantes sobre gente que mal sabe quem é. Mais do que isso, você provavelmente já se perguntou: que fazem essas pessoas? Por que são famosas?

Esse é o ponto interessante – a subcelebridade é uma pessoa famosa que vive do fato de ser famosa. Isso mesmo. Sua notoriedade não é uma consequência, é um fim em si mesmo.

Andressa Soares é modelo, canta e dança uma música que não interessa a você, nem à maioria das pessoas. Aliás, muitas das notícias sobre ela são deboches. Coisas banais como ir à academia e fazer compras, e manchetes risíveis como “Depois de Mulher Maçã, Melancia é a nova fã de ‘Esteve Jobs’”. Contudo, o personagem Mulher Melancia faz rodar uma engrenagem que vive do clique dado no link da matéria.

Não importa se as pessoas acessaram porque são fãs ou para ridicularizar Andressa. O ponto é que o clique do leitor interessa tanto a ela quanto ao portal. Não importa que milhões sejam indiferentes ou detestem o trabalho da Mulher Melancia. O ponto é que essa rejeição expõe Andressa, atraindo convites comerciais e ajudando a encontrar as pessoas que pagam pelos seus shows.

A alma do negócio

“Falem mal, mas falem de mim” é um mantra que sustenta essa mídia de forma direta, e que amplia público e valoriza cachês da Mulher Melancia indiretamente. Se funciona? De agosto de 2011 para cá, apenas o Ego (um dos maiores sites nacionais de celebridades) registra 302 conteúdos diferentes citando Mulher Melancia. Parece que todos saem ganhando, exceto a qualidade de conteúdo.

O que nos leva de volta a Bolsonaro. Sem recorrer à pesquisa na internet, creio ser improvável alguém dizer um projeto de sua autoria ou mesmo reconhecê-lo pela relevância de sua atuação legislativa.

Contudo, ele é bom em confusões e no uso inadequado da imunidade parlamentar. O princípio, criado para proteger deputados de perseguição por suas convicções políticas, é frequentemente usado pelo ex-militar para ofender outros deputados e defender ideias que já foram legalmente abandonadas em quase todas as democracias evoluídas.

Apesar de se apresentar como um representante dos militares, o capitão da reserva não conta com a simpatia do alto escalão do Exército. Foi preso nos anos 80 por liderar reivindicações por melhores salários, e terminou aposentado às pressas enquanto era investigado por ter elaborado um plano para explodir quartéis em protesto. Como deputado, quase perdeu seu mandato por discursar na Câmara pedindo o fuzilamento do então presidente Fernando Henrique Cardoso.

Isso faz dele ainda mais eficiente que a Mulher Melancia na estratégia de atenção negativa. Matérias com suas polêmicas atraem cliques de pessoas horrorizadas com a postura do deputado, e são compartilhadas na casa das dezenas de milhares com declarações de repúdio.

O ponto é que suas ideias encontram eco com ajuda dessa divulgação. Se a Mulher Melancia precisa dos cliques para receber convites para shows, Bolsonaro precisa dos cliques para receber eleitores. Ambos são semelhantes porque são notórios apenas pela própria notoriedade.

A música que Andressa Soares faz não tem alcance nacional, nem tende a representar algo para a história do país. Do mesmo modo, as conexões de Bolsonaro com o primeiro escalão político são fracas. Sua popularidade não vale o risco da rejeição que atrai. O motivo pelo qual não é punido por suas declarações provavelmente é o mesmo porque muitas pessoas sequer sabem que ele já apresentou na Câmara um pedido de impeachment da presidente Dilma: porque ele não é levado a sério.

Jair Bolsonaro / Foto: Retirada do Facebook oficial

Jair Bolsonaro / Foto: Retirada do Facebook oficial

Cavalo de Tróia

E assim eu segui, por muito tempo, sem dar atenção ao que o deputado diz ou faz, também para não aumentar sua força acidentalmente. Minha opinião mudou com a divulgação da lista de Janot.

O “destaque” no rol de investigados na Operação Lava Jato é o Partido Progressista. Descendente direto da Arena, que dava sustentação política ao governo militar no país após 1964, o PP encabeça mais da metade da lista. Na delação premiada, o doleiro Alberto Youssef chegou a dizer que havia uma “tabela de preços” de propina e que os membros do partido brigavam por ela.

Mas a grande curiosidade foi levantada pelo portal Vice: dos 18 deputados federais do PP investigados na Lava Jato, apenas Eduardo da Fonte se elegeu sozinho, ou seja, com os próprios votos. Os outros 17 integrantes se beneficiaram de votos excedentes da legenda, que tem seu maior expoente em … Jair Bolsonaro.

Deputado federal mais votado no Rio, Bolsonaro recebeu 464 mil votos, quatro vezes mais que o necessário para garantir uma vaga. O sistema político atual faz com que os votos sejam contados também de forma coletiva, o tal coeficiente eleitoral, distribuindo votos excedentes dentro das coligações. É por isso que todo partido abraça sem qualquer vergonha os chamados “candidatos bizarros”, pelo seu potencial imprevisível para atrair multidões.

Por isso, pela primeira vez percebi a postura de Bolsonaro não apenas como uma estratégia de sobrevivência pessoal. Bolsonaro é uma peça fundamental para que 17 investigados por corrupção na Petrobras tenham hoje uma cadeira na Câmara e foro privilegiado.

Estamos falando de políticos com cada vez menos eleitores a quem deveriam prestar contas diretamente, a quem deveriam respeitar. Será que a população está sendo bem representada quando os vitoriosos são candidatos sem maioria simples de votos?

Pois assim eles seguem, conquistando mandatos em Brasília e em todo o país na carona de homens como Tiririca e Bolsonaro. Dois candidatos que, enfim, passo a considerar problemáticos: porque possuem a capacidade de eleger não sabemos quem.

Igor Costoli é jornalista e radialista de formação e atleticano de coração. É produtor e apresentador do Programa Invasões Bárbaras, na Rádio UFMG Educativa.

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Vale a leitura

por Luis Borges 30 de março de 2015   Vale a leitura

Fator previdenciário – O ajuste fiscal que o Governo Federal anunciou no final do ano passado mexe e piora algumas disposições do regime geral da Previdência Social. O mês de abril já está chegando e o Congresso Nacional ainda não votou a matéria que é considerada inaceitável pelas centrais sindicais e por associações de aposentados. Enquanto isso, o Fator Previdenciário saiu do foco em função das prioridades do momento. Isso não impede que ele seja melhor conhecido do ponto de vista técnico para que as pessoas compreendam o seu mecanismo de funcionamento. É o que mostra o professor Samy Dana da Fundação Getúlio Vargas no artigo esclarecedor “Qual a melhor forma e momento de se aposentar?” publicado pelo jornal Folha de São Paulo. Ressalvo que, ao final do texto, o valor do teto máximo das aposentadorias pagas pelo INSS se refere ao ano de 2014. Em 2015, ele foi estipulado e R$4.663,75.

Choque de realidade – Na medida em que as pessoas participam mais ativamente da vida do país, aumentam as cobranças por serviços públicos de qualidade, organização, acesso à informação e transparência. Como será que essas pessoas praticam individualmente e na família o que cobram daqueles que exercem funções públicas? A situação financeira de uma família em dificuldades assusta muitos de seus membros quando a amarga realidade vem à tona num momento de crise. Muitos apenas exclamam o clássico “eu não sabia” como fez o então Presidente da República diante da divulgação da existência do mensalão. Se vier uma morte súbita do gestor ou da gestora da família, como será a continuidade dos negócios, o inventário de bens se tudo mais se parece com uma caixa preta? Esses e outros aspectos correlatos são abordados pela colunista Márcia Dessen no artigo “Choque de realidade”.

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Rodrigo surpreendeu a mulher, Roberta, quando disse que precisa conversar sobre um assunto que manteve em segredo durante meses. Não se tratava de confessar que teve um caso fora do casamento nem que estava apaixonado por outra mulher.

Comunicou a existência de dívidas, assumidas em bancos para bancar o alto padrão de vida que sempre tiveram.

Ele contraiu dívidas contando com a entrada de comissões e bônus generosos, tradicionalmente distribuídos pela empresa em que trabalha. A crise afetou o resultado dos negócios, e a entrada do dinheiro não veio e talvez não venha.

Como se proteger de golpes na internet – A todo instante as pessoas ligadas pela internet podem se ver diante de mensagens de fraudadores, que usam as mais diferentes formas para atingir seu intento. Geralmente fazem solicitações que devem ser atendidas rapidamente, sempre acompanhadas de alguma ameaça que gera pânico momentâneo. É o suficiente para que as pessoas impulsivas e que resolvem tudo aceleradamente, mas sem análise crítica, caiam imediatamente no golpe. Esse artigo publicado pela BBC Brasil dá orientações para não cair nas armadilhas mais corriqueiras da internet. É uma questão de segurança que, portanto merece a nossa atenção e prioridade.

Chefes sem talento – Você já deve ter trabalhado com um chefe que nunca soube liderar e gerenciar pessoas. É o clássico caso de quem nem sempre tem o perfil adequado. Muitas vezes chega à função pelo “puxa-saquismo” e não pelo mérito técnico e simplesmente comanda, escala e determina o que o seu bando ou grupo deve fazer. Formar uma equipe nunca será possível, devido à sua falta de liderança e inteligência emocional para trabalhar com uma visão sistêmica em busca de um melhor resultado. Neste artigo – A vida é muito curta para ter chefes sem talento – está a visão da jornalista Mariliz Pereira Jorge.

Mas eu era certamente mais capaz do que o tal chefe. A maioria das pessoas com quem eu trabalhava nessa empresa, com quem dividia o café ruim e a insatisfação eram mais capazes do que ele.

Me diz, como essas pessoas viram chefes? Como alguém no topo dessa hierarquia não consegue ver que eles são incapazes de gerir uma equipe, que têm competência mediana e zero inteligência emocional, que infernizam seus subordinados por incapacidade de organização, que não conseguem tomar uma decisão sem voltar atrás por insegurança, que não inspiram e não estimulam quem está sob seu chicotinho?

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Depois de um processo de cerca de 20 anos, o bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, teve seu patrimônio arquitetônico, urbanístico e ambiental tombados pela Prefeitura de BH. A nova fase será um momento decisivo, de implementação do que era sonho agora dentro do marco legal.

Foto: Sérgio Verteiro

Foto: Sérgio Verteiro

No aspecto urbanístico, algo que já chamava a atenção de quem transita pelo bairro é a crescente quantidade de veículos automotores abandonados em suas vias públicas. Alguns estão no local há mais de um ano. Nem seria preciso lembrar os riscos trazidos por essa situação tanto do ponto de vista da segurança e da integridade física das pessoas quanto também pelos aspectos da saúde em tempos de alguma chuva, dengue, lixo acumulado ou mesmo ambiente para o manejo de substâncias ilícitas.

O Observação & Análise falou desse assunto no ano passado. Vale registrar que o veículo mostrado naquele post foi retirado do local pela Secretaria de Administração Regional Municipal Leste em meados de junho do mesmo ano.

Em Minas Gerais, cidades como Araxá, Contagem, Montes Claros e Varginha possuem leis que tratam da remoção de veículos abandonados em vias públicas. Belo Horizonte teve uma lei do tipo, que está suspensa, pois o atual prefeito do município recorreu ao Supremo Tribunal Federal, que determinou a sua inconstitucionalidade nos termos propostos. Já a lei estadual que determina ao Detran a atribuição de recolher os veículos continua adormecida há quase 43 anos.

Foto: Sérgio Verteiro

Foto: Sérgio Verteiro

Nas fotografias deste post você vê a situação de alguns veículos que estão incorporados à paisagem das ruas Tenente Durval e Tenente Vitorino, nas vizinhanças do quartel da Polícia Militar. O caminhão já está quase fazendo aniversário, marcando o segundo ano de presença imóvel no ambiente agora tombado. Como se vê o desafio é muito maior do que podemos imaginar.

Foto: Sérgio Verteiro

Foto: Sérgio Verteiro

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Um médio empresário de 61 anos tem desabafado com as pessoas de seu convívio mais direto. Ele não aguenta mais receber tantas cobranças por causa do atraso no pagamento da parcela de uma dívida. O banco de uma montadora de veículos é o seu carrasco. A instituição tem sido implacável, por meio de seus terceirizados, na cobrança via telefone fixo, celular e nas mensagens de texto SMS.

O assédio começa a partir do 11º dia de atraso e vem com os diversos sotaques, de diferentes pontos do país. Os telefonemas começam às 7h e se sucedem até por volta das 21h. Ao final desse período, a contabilização mostra 20 chamadas recebidas em cada modalidade telefônica e duas mensagens. Essa abordagem incisiva só acaba dois dias depois do sistema do banco acusar o recebimento da parcela em atraso.

O cliente insiste em mostrar que o atual financiamento é o terceiro que faz pela instituição e que nunca deixou de pagar nada. Ele se aborrece de ver que tem se atrasado mas que seu histórico de bom pagador não está sendo considerado. Pena que ele se esquece que está falando isso para uma central de cobranças, que não foi feita para ouvir seus argumentos e sim para cobrar repetidamente e, se possível, vencer pelo texto padrão ameaçador e pelo cansaço.

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Alguém poderia perguntar por que o médio empresário tem se atrasado. A causa é muito simples – o atraso ou o não pagamento de serviços prestados a órgãos públicos estaduais e da União, notadamente nos últimos 12 meses.

Sabedor de que o sapo pula é por necessidade e não por boniteza, ele resolveu fazer uma análise crítica do foco do seu negócio e do perfil de seus clientes. Seu susto foi muito grande ao perceber que 90% desses clientes estão na mesma cesta ou em cestas bastante semelhantes. Só então se convenceu do quanto foi omisso e negligente na gestão do seu próprio negócio e do risco que está correndo no momento em que seus clientes estão ganhando tempo e adiando o pagamento a seus fornecedores.

É claro que podem dizer que falta orçamento aprovado pelo Poder Legislativo, que falta caixa devido a atrasos no repasse de recursos advindos de outros órgãos ou que tudo será pago num momento próximo. Mas o fato é que o empresário está queimando reservas e financiando seus clientes enquanto eles ganham o tempo que precisam.

Esse é o nosso capitalismo sem riscos, que quando soluça acaba quebrando muitos ovos daqueles que colocam praticamente todos na mesma cesta.

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