Tributo ao Grupo Escolar Pio XII

por Luis Borges 18 de dezembro de 2015   Pensata

As celebrações dos 150 anos de emancipação política de Araxá reforçam em mim a honra e a glória de ter nascido na cidade, que considero eterna e capital secreta do mundo. Esse sentimento é sempre explicitado nos mais diversos ambientes pelos quais transito, tanto em atividades pessoais quanto profissionais. Contribuo sempre para que cada vez mais e mais pessoas saibam que Araxá significa “lugar alto de onde primeiro se avista o Sol” e que vale a pena conhecer, frequentar ou nela residir.

Sinto que as emoções do momento nos embalam e nos dão forças para continuar construindo e crescendo de maneira realista e esperançosa, apesar de todos os problemas, do país e da cidade, que precisam ser superados.

Considero que não existe substituto para o conhecimento e é dele que sempre virão soluções para as incertezas que nos desafiam. Por isso, aproveito a importante data de 19 de dezembro de 2015 para prestar um tributo ao Grupo Escolar Pio XII.

Fachada atual do Grupo Escolar Pio XII, em Araxá | Foto: Firmo Magela

Fachada atual da Escola Estadual Pio XII, em Araxá | Foto: Firmo Magela

Foi em uma inesquecível segunda-feira, 5 de fevereiro de 1962, que comecei ali meus estudos no primeiro ano do curso primário aos 7 anos de idade. Lembro-me como se fosse hoje de minha chegada junto com meu pai à sede do grupo, na Rua Dom José Gaspar, quase em frente à Fábrica de Doce de Leite Estância e ao lado do Mercadinho do Belchior.

Em setembro de 1965, ano do centenário de Araxá, o grupo foi transferido para sua sede própria, feita de latão, na Rua Calimério Guimarães, onde plantei a minha primeira árvore no pátio que ficava bem próximo à divisa com a rua.

Finalmente, em agosto de 1981, o grupo mudou-se para a sua atual sede, à Avenida Joaquim Porfírio Botelho, 240, no Bairro Santo Antônio, onde o conforto térmico é bem melhor. Seu nome atual é Escola Estatual Pio XII. Hoje estudam ali 375 alunos, dos quais 75 em tempo integral.

Escola Estadual Pio XII. | Foto: Firmo Magela

Escola Estadual Pio XII. | Foto: acervo da Escola

Reconheço e homenageio agradecido as professoras que me proporcionaram toda a base no então curso primário, alicerce firme para os demais caminhos que percorri e ainda percorro no mundo do conhecimento. Quero dar um destaque especial à professora Áurea Leda de Carvalho e Silva, diretora desde a fundação da escola, em maio de 1960, até 1988, quando se aposentou. Seguem-na as também sempre lembradas professoras Hercília da Conceição Cardoso, Magda Helena de Ávila, Irene Ferreira de Assis, Cleide Benencase, Laís França de Castro e Marta Mascarenhas Torres. Também permanecem em minha memória os dedicados serviços prestados pelas auxiliares Rita de Paula, Manoela e Ana, com as deliciosas sopas da merenda escolar.

Hoje meu querido Grupo Escolar Pio XII prossegue firme na sua missão de ensinar e dar a base do conhecimento para que seus alunos cresçam com sustentabilidade no mundo do saber. Homenageio a atual equipe através da diretora Vicentina Aparecida Ribeiro Borges e da secretária Maria Aparecida Dutra Vaz.

Encerro o tributo mostrando fotografias de Dona Áurea, primeira diretora, e de Vicentina Borges, a atual diretora.

D. Áurea Leda e Vicentina Borges. | Fotos do acervo da Escola, gentilmente cedidas ao blog.

D. Áurea Leda e Vicentina Borges. | Fotos do acervo da Escola, gentilmente cedidas ao blog.

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 14 de dezembro de 2015   Curtas e curtinhas

Dívida

A Divida Ativa da União é o conjunto de débitos de pessoas jurídicas e físicas com órgãos públicos federais, tais como Receita Federal e INSS, não pagos espontaneamente na data de vencimento. O total dessa dívida a receber chegou a 1,5 trilhão de reais até outubro de 2015, segundo levantamento do Contas Abertas. A meta do Governo Federal é receber 234 bilhões de reais nos próximos 3 anos.

Só as 500 maiores pessoas jurídicas inscritas na Dívida Ativa da União devem, juntas, 392,3 bilhões de reais. A maior devedora é a Vale, com R$41,9 bilhões. A empresa questiona na justiça a cobrança de R$32,8 bilhões e refinanciou o pagamento de R$8,27 bilhões. A segunda maior devedora é a Carital Brasil Ltda, antiga Parmalat, com R$24,9 bilhões e a terceira é a Petrobras, com R$15,6 bilhões totalmente inscritos em programas de parcelamento de débitos.

Já o déficit fiscal de 2015, no valor de R$119,9 bilhões, foi aprovado pelo Congresso Nacional aumentando o contraste com a desoneração fiscal em torno de R$450 bilhões feita pelo Governo Federal nos últimos 5 anos. Também faz parte do contraste a grande incapacidade de se cobrar a dívida ativa das pessoas jurídicas e a enorme ferocidade para se cobrar as dividas de valores mais baixos das pessoas físicas.

Democracia

Uma pesquisa do IBOPE Inteligência em parceria com a Worldwide Independent Network of Market Research (WIN) mostrou que 73% dos brasileiros consideram a democracia o melhor sistema de governo, mesmo podendo ter problemas. Já 22% dos entrevistados não concordam com essa afirmação e 5% não responderam.

A mesma pesquisa foi feita em mais 61 países e mostrou que 76% dos entrevistados também consideram a democracia como a melhor forma de governo, enquanto 20% discordaram e 4 % não opinaram.

O maior índice de aprovação da democracia foi registrado na Suécia com 93% de aceitação. A vizinha Argentina tem 91%. O menor índice foi registrado no Japão (46%).

Turismo

Espelho d'água no Parque Ecológico da Pampulha, em BH | Foto: Marina Borges

Espelho d’água no Parque Ecológico da Pampulha, em BH | Foto: Marina Borges

O “Índice Nacional de Competitividade no Turismo” é um levantamento feito pelo Ministério do Turismo, Sebrae e Fundação Getúlio Vargas. Em 2015, avaliou 65 cidades brasileiras em trezes itens, como infraestrutura, equipamentos turísticos, aspectos culturais, políticas públicas e promoção do destino. Numa escala que varia de 0 a 100 pontos a cidade de São Paulo ficou em primeiro lugar com 83,2 pontos. Aliás a cidade também foi a campeã em 2014 e melhorou ligeiramente sua pontuação, que era de 82,5. Em seguida, em 2015, vieram Rio de Janeiro (81,1), Porto Alegre (81), Curitiba (80,4) e Belo Horizonte (79,2).

Os números mostram que continuam existindo espaços para a melhoria contínua e para a inovação nos processos do turismo interno.

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Vale a leitura

por Luis Borges 13 de dezembro de 2015   Vale a leitura

Viver sem carro

O desenvolvimento econômico brasileiro se deu fortemente focado na indústria automobilística e no rodoviarismo. O impacto em nossa cultura nos últimos 60 anos foi inevitável e é inegável. Quem não tem um carro sonha em ter um e quem já tem o cultiva como parte da família. As condições de crédito e o aumento do poder aquisitivo em períodos recentes só fizeram aumentar a frota de novos veículos a circular pelas nossas vias públicas. Ainda que o mercado tenha decaído do ano passado para cá e os combustíveis tenham aumentado de preço, o carro está sempre em evidência.

No artigo “Por que escolhi viver sem carro (e só ganhei com isso)” o jornalista e blogueiro Rafael Sette Câmara conta sua experiência de abandonar o veículo e privilegiar o transporte público. Como você se sentiria ficando um dia, uma semana, um mês ou um ano sem carro? Ou você nem chega a cogitar essa hipótese?

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Transporte público por ônibus em Belo Horizonte. / Foto: Sérgio Verteiro

Poupança x inflação

Poupar sempre um pouco do que se ganha é um dos fundamentos da educação financeira. O meio escolhido para guardar esse dinheiro ainda é, para muitos, a caderneta de poupança. As razões são culturais e conhecidas: liquidez, facilidade, modalidade garantida pelo governo. Neste texto o economista Samy Dana relembra que a poupança nem sempre é o melhor investimento, principalmente em épocas de inflação muito alta.

Escolher um novo destino para suas economias pode não ser tão prático como transferir dinheiro para uma conta poupança mensalmente. É algo que requer pesquisa e empenho para conhecer um novo instrumento financeiro. O resultado deste esforço, se reflete no seu bolso. Para buscarmos caminhos mais assertivos na vida, é preciso determinação e disposição para a mudança. No futuro, sua rentabilidade agradecerá.

1992 / 2015

O que aproxima e o que diferencia os processos de impeachment de Fernando Collor e de Dilma Rousseff? O jornalista Clóvis Rossi, que cobriu o assunto em 1992, apresenta suas recordações e suas análises neste depoimento publicado na Folha. 

 

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Problemas crônicos de Santa Tereza

por Luis Borges 9 de dezembro de 2015   Pensata

Um dos mais antigos e tradicionais bairros de Belo Horizonte, Santa Tereza tem cerca de 16 mil habitantes, segundo o IBGE.

Feira na Praça Duque de Caxias em dezembro de 2014. / Foto: Marina Borges

Feira na Praça Duque de Caxias em dezembro de 2014. / Foto: Marina Borges

Como todo bairro da cidade, também enfrenta problemas. Alguns se tornaram problemas crônicos, já que não foram combatidos assim que surgiram.

Acredito que identificar um problema é metade da sua solução. Por isso, sistematicamente mostramos situações vividas no bairro e na cidade aqui no Observação e Análise. Chegado dezembro, mês de balanços, temos uma boa oportunidade para relembrar situações existentes no bairro. Os problemas elencados aqui não têm ordem de prioridade para ser resolvidos, e foram levantados por mim e também por diversos moradores com quem convivo.

Trânsito

Rua Mármore, via de entrada no bairro. Logo no início, no cruzamento com a Rua Gabro, já temos um gargalo, principalmente nos horários de pico – são muitos veículos querendo entrar no bairro, sair do bairro, pegar outras ruas. Em dia de jogo no Estádio Independência fica quase impossível passar ali, à pé ou de carro. O pedestre que quiser atravessar com segurança, independente da idade, vai precisar de muita paciência. Falta ali uma solução que priorize a segurança de todos, pedestres, ciclistas, motoristas. Seria o caso de usar o padrão que a BHTrans vem aplicando no Centro da cidade?

O tráfego no bairro parece cada vez mais intenso do ponto de vista de quem mora nele. A falta de educação no trânsito, aliada à ausência de fiscalização, contribui para complicar ainda mais as coisas. Um caso foi mostrado neste post, quando uma pessoa desrespeitou as regras de estacionamento perto de esquinas e atrapalhou a vida de todos que circulavam no local. Vale dizer que esse comportamento, infelizmente, não é um caso isolado.

Outro problema comum é a circulação de veículos em velocidade superior à permitida nas ruas do bairro. Também estamos vendo cones reservando vagas para lavação de carro e para estacionamento em frente a estabelecimentos comerciais, o que não é permitido.

Por fim, é preciso lembrar os grandes eventos culturais, como Carnaval de Rua e shows na Praça Duque de Caxias. Os moradores sofrem com veículos parados em portas de garagens e também com os mal-educados que ignoram os banheiros químicos.

Sujeira e abandono

Há pontos no bairro que são conhecidos como locais de sujeira e abandono. É o caso do “cemitério” de veículos nas ruas Tenente Durval e Tenente Vitorino, que já foi mostrado aqui no início deste ano. Como se vê na foto abaixo, da Rua Tenente Durval, há veículos que continuam por lá. Segundo moradores, alguns há mais de 3 anos.

Foto: Sérgio Verteiro

Foto: Sérgio Verteiro

Na Rua Nefelina há um lixão, sempre recebendo todo tipo de contribuição e gerando insegurança para moradores e visitantes.

Foto: Sérgio Verteiro

Foto: Sérgio Verteiro

Barulho excessivo

Também é preciso lembrar de algumas composições ferroviárias, mais longas e barulhentas, rasgam a madrugada dos moradores que estão mais próximos da linha do trem. Vale mencionar também que algumas caixas de som, em volume muito alto, ficam ligadas até altas horas, com som que se propaga ao longe, principalmente de quinta a sábado.

O que fazer?

Se identificar o problema é metade da solução, a segunda metade depende de ação. Resolver estes e outros problemas crônicos do bairro depende da ação e cooperação de todos os envolvidos, para que os problemas possam desaparecer em um determinado horizonte de tempo.

Sabedor de que essas situações não são exclusivas de Santa Tereza – pelo contrário, estão presentes em muitos outros bairros da cidade – reafirmo a minha certeza de que só nos resta encarar e lutar pela sua solução. Mesmo sabendo que os esforços serão desiguais, mas que poderão ser combinados conforme o pique e a vontade de cada um. O que não dá é para negar, ignorar ou dar desculpas diante da realidade em que estamos inseridos e vivemos.

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E agora, José?

por Convidado 7 de dezembro de 2015   Convidado

por Sérgio Marchetti*

Caríssimos leitores,

Venho por estas mal traçadas linhas contar a minha história. Não vou tomar o tempo de vocês, pois não tenho muito para falar. Meu nome é José, mas sou conhecido como Zé do Bento. Isso mesmo, Zé do Bento Rodrigues. Nascido e criado num distrito de Mariana. Ninguém me conhecia. Eu não tinha fama e nunca havia aparecido na televisão. Hoje sou famoso. Vejam a ironia do destino. Por causa da lama, criei fama e já estou até fazendo rima. Digo a vocês que “Eu já fui muito feliz, vivendo no meu lugar. Eu tinha um cavalo bom e gostava de campear… Morreu minha Vaca Estrela, se acabou meu Boi Fubá. Perdi tudo quanto eu tinha, nunca mais pude aboiar”... (P.A.)

Minha casa era humilde. Uma casinha branca com varanda e vista para a serra, um quintal e uma janela para ver o sol nascer. Eu queria ter na vida, simplesmente, um lugar de mato verde pra plantar e pra colher (P.). E tive. Mas um dia, como num filme de terror, parecendo o vulcão de Pompeia, um rio, com a força do mar bravio, invadiu o nosso mundinho e cobriu de lama a nossa história. Nós não temos mais memória. Não perdemos “apenas” o gado, nossas casas, familiares e amigos. Perdemos nossa referência, nos perdemos de nós mesmos e, literalmente, tiraram nosso chão. Agora, caminhamos “contra o vento, sem lenço e sem documento”. (C.V.) Éramos religiosos, festeiros e muito alegres. Recebíamos os visitantes que queriam encontrar a paz, a simplicidade e o silêncio. Jipeiros, ciclistas, motociclistas e caminhantes preenchiam nossa rotina com uma prosa agradável.

Em nossa inocência, por estarmos longe das grandes cidades, pensávamos que éramos imunes à lama de desonestidade que cobre o Brasil. Porém, havia outra lama, que não continha metáforas nem escondia a sujeira de um Brasil em decomposição. Mas, em vez disso, uma enchente que viria carregada de rejeitos de minério para soterrar a nossa história.

Imagem de satélite mostrando a área atingida pela lama em Mariana. / Foto:  Globalgeo Geotecnologias, retirada do portal G1

Imagem de satélite mostrando a área atingida pela lama em Mariana. / Foto: Globalgeo Geotecnologias, retirada do portal G1

Mesmo ferido de morte pelas perdas, mesmo com a alma em frangalhos e o coração estraçalhado penso que nossa única opção é a de refazer alguma parte de nossas vidas, já que outras estão definitivamente sepultadas. Não gosto de falar de culpados. Encontrá-los é uma forma de distrair a atenção de quem está emocionalmente revoltado e aspirando por justiça. Mas não resolve o problema. As autoridades devem procurar as causas – por trás delas, fatalmente, se houver, estarão os verdadeiros culpados.

Sei que aos olhos da ganância nós não possuíamos nada. Mas quando o nada é tudo que temos, aprendemos a amar e preservar o pouco que a vida nos permitiu conquistar. Perdemos tudo sim  – não caçoem nem nos impeçam de dizer esta frase – porque está doendo em nós.

Saibam, leitores que tiveram a paciência de ler meu relato, que acredito que o ambiente molde as pessoas e que, de tanto lidarem com o minério, algumas delas ficaram duras, frias e com alma de ferro. Há mais de quarenta anos muitos brasileiros vêm lutando para que preservemos as montanhas e deixemos nossas serras e sertões existirem. Mas a ganância cega é maior do que a preservação da própria vida. E o sertão virou mar… de lama.

Vocês, leitores, me perguntam: e agora, José? “Você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? E agora, José? Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José?” (C.D.A.)

Que as perdas imputadas aos moradores e ao meio ambiente de todos os municípios atingidos possam ser reparadas no menor espaço de tempo possível.

* Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

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Sempre alerta

por Luis Borges 3 de dezembro de 2015   Pensata

São demais os perigos dessa vida. Muitas vezes eles se tornam invisíveis, mesmo estando muito próximos de nós. É preciso estar sempre alerta. O risco é permanente e deveria ser atenuado pela sua gestão. No entanto, muitas das ações que deveriam ser feitas são deixadas de lado, tanto por nós quanto pelos outros, que deveriam agir no processo de fazer as coisas acontecerem.

Se nem a sorte nem o “quase” ajudarem, o resultado da omissão e da negligência pode resultar em tragédias. Cito três casos para ilustrar.

1) O incêndio da boate Kiss, em Santa Maria (Rio Grande do Sul), deixou 242 mortos e 680 feridos em 27 de janeiro de 2013.

Faltou, por exemplo, um sistema de segurança consistente e efetivo. Além disso, muitas das partes envolvidas – entidades públicas e privadas – não cumpriram suas atribuições legais e obrigatórias.

2) O desabamento do viaduto Batalha dos Guararapes, na região de Venda Nova (Belo Horizonte), em plena Copa do Mundo de Futebol, no dia 3 de julho de 2014.

Foram duas pessoas mortas, 23 feridas, moradores retirados de suas residências em 2 conjuntos habitacionais bem próximos. Houve também diversos culpados tentando “tirar o corpo fora” diante dos erros e nada de ressarcimento dos prejuízos, inclusive financeiros.

Quase um ano e meio depois a movimentação de veículos e pessoas no local tendem a demonstrar que o viaduto nem era necessário. O caso continua tramitando nas esferas administrativas e judiciais, a atribuição de culpa e o pagamento pelos danos ainda engatinham.

Viaduto Batalha dos Guararapes. / Foto: Lucas Prates/Hoje em Dia/Arquivo

Viaduto Batalha dos Guararapes. / Foto: Lucas Prates/Hoje em Dia/Arquivo

3) A ruptura de barragem de rejeitos da Samarco Mineração em Mariana (MG) em 5 de novembro último, que deixou 13 pessoas mortas e 8 desaparecidas.

A lama que desceu da barragem de terra varreu a vida ao longo da calha do Rio Doce até o Oceano Atlântico. Como já se sabe até o plano de contingenciamento para enfrentar situações desse tipo existia apenas no papel e não pôde ser aplicado, porque ninguém o conhecia. Quem deveria fiscalizar todo o sistema minerário local também não o fez.

Prevenir é melhor que remediar

Estou citando tudo isso para convidá-lo a pensar sobre outros casos de perigo, alguns com mais chances de se tornar reais do que outros, que nos rondam apenas em Belo Horizonte e região metropolitana. Prevenir sempre será melhor que remediar. Mas esse ato exige ação e combate à omissão e ao descaso.

Pensei rapidamente sobre o assunto e me lembrei de alguns casos:

Adutora – Imaginemos uma adutora de ferro fundido, com diâmetro de 500mm, transportando água em alta pressão. Essa água é buscada cada vez mais longe. A adutora percorre longos caminhos e, por onde ela passa, nenhuma outra atividade pode acontecer. Não se pode, por exemplo, construir um condomínio habitacional sobre essa adutora. Os tubos, no entanto, nem sempre estão aparentes, podem ser subterrâneos.

Havendo uma ocupação indevida de trechos ao longo do caminho da adutora, se pessoas circulam pelas proximidades, o que pode acontecer se a adutora se romper? Nem sei se haverá tempo para correr ou para ser levado pela água…

Gasoduto – Existe um gasoduto subterrâneo no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, passa bem na região do viaduto São Francisco, por exemplo. Mas quem se lembra dele? E se houver um descuido qualquer e, em decorrência dele, um grande vazamento?

Outros riscos – O que pensar da ruptura de uma linha de transmissão de energia elétrica em alta tensão, da queda de um elevador de um edifício ou obra, de uma enchente com alagamento em conhecidas vias da cidade cortadas por córregos canalizados? Riscos existem, devem ser avaliados e, quando for possível, controlados. Se não der pra prevenir, devemos ter planos que orientem a ação para o caso de o pior acontecerIsso vale para os casos citados nesse texto, em grande parte de responsabilidade do poder público e de entidades privadas. Mas também vale para os riscos presentes em nossas casas.

A memória é curta e tudo cai rapidamente no esquecimento. Por isso, é importante nos lembrarmos dos versos de Geraldo Vandré.

Quem sabe faz a hora não espera acontecer.

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A falação quase que permanente em torno da crise política, econômica, social e ética às vezes nos leva à exaustão. O “trem” está feio. A falta de líderes com a capacidade e a vontade de construir uma saída honrosa para este momento da nação faz com que a gente se sinta sem representação. E nos perguntamos – até onde vai isso tudo? O poder a qualquer custo é o que parece mais interessar a quem o disputa.

Ainda assim, precisamos espairecer. Buscar um pouco de oxigênio e juntar forças para prosseguir lutando, na esperança de que, de alguma forma, dias melhores virão num determinado horizonte de tempo.

Flamboyant na Rua Aquiles Lobo, bairro Floresta (BH) / Foto: Sérgio Verteiro

Flamboyant na Rua Aquiles Lobo, bairro Floresta (BH) / Foto: Sérgio Verteiro

Xô crise! Xô pessimismo! Xô depressão! Precisamos olhar, descobrir e perceber que ainda existem, sim, muitas coisas belas ao nosso redor.

Flamboyant na Av. Raja Gabaglia, BH. / Foto: Gisele Magela

Flamboyant na Av. Raja Gabaglia, BH. / Foto: Gisele Magela

Um bom exemplo está nas flores dos flamboyants, surgidas nesta primavera, que já caminha para o fim. Nas fotos deste post é possível ver árvores que vivem em diversos pontos da cidade.

Dentro do Cemitério da Paz na Av. Carlos Luz, em BH. / Foto: Sérgio Verteiro

Dentro do Cemitério da Paz na Av. Carlos Luz, em BH. / Foto: Sérgio Verteiro

Ainda dá tempo de descobrir algo semelhante bem próximo de você. Basta procurar e querer enxergar.

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