De vez em quando também é bom olhar para trás, ainda que seja apenas como uma referência histórica, mas que pode nos ajudar no presente a traçar os rumos para o futuro. Por isso considero importante levantar alguns aspectos relevantes, sem esgotar o assunto, que marcaram a conjuntura do período em que foi proclamada a república no Brasil, cujo marco a história registrou em 15 de novembro de 1889, portanto há 127 anos.
Um aspecto que incomodava bastante na época era a dívida externa brasileira, que cresceu muito devido aos empréstimos externos feitos pelo Império para financiar a Guerra do Paraguai, que durou de 1864 a 1870.
Os negros também engrossaram as fileiras do Exército durante a Guerra do Paraguai, mas ficaram decepcionados com a não abolição da escravatura após o término dos confrontos.
Já os fazendeiros da elite agrária ficaram descontentes com a perda dos escravos que trabalhavam nas fazendas de plantações de café, por exemplo. É que a escravatura foi abolida pouco antes, com a Lei Áurea de 1888, que não previu nenhuma indenização para os donos de escravos.
Os militares estavam insatisfeitos com a censura prévia às suas manifestações, que só poderiam acontecer caso autorizadas pelo Imperador e pelo Ministro da Guerra, que era um civil. Também os salários dos militares causava descontentamento, por serem bem abaixo dos altos salários dos servidores civis do Império.
O Imperador Dom Pedro II já estava adoentado e, apesar do autoritarismo, ainda tinha a simpatia de boa parte da população. O que ninguém contava era com a continuidade do Império após a morte do imperador.
A classe média apoiava o movimento republicano e seus membros, como os funcionários públicos, comerciantes, artistas, jornalistas, estudantes e profissionais liberais, reivindicavam o fim do Império.
Segundo alguns historiadores, os republicanos se dividiram em dois grupos mais importantes. Um grupo era formado pelos evolucionistas, que acreditavam ser a Proclamação da República algo inevitável e até pacífico. O outro grupo, o dos revolucionistas, acreditava que só a luta armada garantiria efetivamente a proclamação e manutenção da República.
A Monarquia durou 67 anos, mas chegou ao fim em 15 de novembro de 1889 com a Proclamação da República, cujo movimento inspirador se baseou no modelo dos Estados Unidos. Assim foi elaborada a constituição de 1890 que entrou em vigor em fevereiro de 1891 sendo o país denominado de Estados Unidos do Brasil.
O Marechal Deodoro da Fonseca mostrou-se extremamente autoritário e, muito pressionado, renunciou ao cargo em novembro de 1891 quando foi substituído pelo vice-Marechal Floriano Peixoto, que também manteve-se extremamente autoritário na continuidade do mandato.
Como se vê o ciclo da história não tem necessariamente a velocidade que gostaríamos que as mudanças tivessem rumo à sonhada sociedade ideal. Enquanto isso nunca acaba de ser construído o jeito é ir navegando na sociedade real, sem jamais desanimar.