Por Luis Borges 

Partindo da premissa de que o período chuvoso nas regiões Sul e Sudeste do Brasil vai de outubro a março, fico pensando nas características da época e preocupações trazidas pelo momento para quem está em Belo Horizonte e sua região Metropolitana.

A preocupação começa quando a Defesa Civil do município faz seus alertas sobre as probabilidades dos volumes de chuvas, velocidade dos ventos, trovoadas e raios para as 24 horas seguintes ou mais. Os eventos climáticos extremos são cada vez mais frequentes e intensos em pouco espaço de tempo.

Durante as chuvas agora no verão, caindo bravamente no final da tarde e emendando com o início da noite, um exemplo de alta intensidade pode ser o da chuva que caiu no início da noite de terça, 23/01, quando choveu entre 51 a 91 mm nas diversas regiões da cidade. Isso significou 25% da quantidade prevista no mês, segundo a série histórica.

Imaginemos a situação das pessoas durante esses temporais. Elas poderiam estar em casa, no local de trabalho, no ponto de ônibus ou dentro dele, no metrô, dirigindo um automóvel, moto ou bicicleta…

E se a via pública estivesse alagada, cheia de lama e lixo invadindo casas e terrenos, semáforos apagados, com árvores caídas na pista, fios e cabos de energia elétrica rompidos?

Enquanto isso, automóveis e motos boiando nas águas, trovões, raios intensos e ventos de até 85 quilômetros por hora. Quanto tempo vai durar a falta de energia elétrica? E de água potável? De repente ruas ou rodovias interditadas, acidentes de trânsito e os cachorros sofrendo com o barulho dos trovões. Que cenário!

Se for possível, lembre-se de mais ocorrências como o desabamento de um muro, uma casa ou do risco geológico que pode fazer a terra deslizar. Depois que a chuva passa fica a busca de forças para começar de novo diante de tantas perdas e danos, que podem ser materiais e humanas.

Aqui é importante observar como os 3 poderes – Legislativo, Executivo e Judiciário – se manifestam para justificar o ocorrido. Como as pessoas moram nos municípios, de cara a cobrança recai sobre os prefeitos, secretários e vereadores para lamentar, falar em calamidade pública ou justificar porque o que deveria ter sido feito e não foi feito, geralmente, entra ano sai ano.

Conforme a magnitude do caos, autoridades dos governos estaduais ou da União Federal até sobrevoam as regiões no melhor estilo do Brasil Visto de Cima.

Vale a pena lembrar as declarações de dois recentes prefeitos de Belo Horizonte tentando justificar os estragos causados por uma intensa e forte chuva. Um disse que chuvas naquele volume só ocorrem a cada 100 anos, que acabou sendo exatamente naquele dia. Outro disse que o ocorrido na terça, 23/01, é o novo padrão para as chuvas em Belo Horizonte e que as árvores não se sustentam diante da nova velocidade dos ventos. Só faltou ele lembrar a todos nós que lâmpadas se queimam e que estrelas mudam de lugar.

Como se vê, ainda estamos longe da excelência, mas vamos convivendo com o que temos e vivendo no risco, mas sabendo que viver é muito perigoso e que em outubro teremos eleições para prefeitos e vereadores. Quantos dos atuais serão reeleitos por nós mesmos?

Mas as preocupações antes, durante e depois das fortes chuvas persistem e são contínuas. É o que temos para hoje, sabedores que água é vida.
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Boa viagem, cidadão

por Convidado 7 de dezembro de 2023   Convidado

por Sérgio Marchetti*

No momento em que escrevo esta pensata, pode estar acontecendo, aqui perto, algum acidente ou, supostamente, mais de um. Nesta semana, na rodovia Fernão Dias, na Serra do Igarapé, mais um caminhão causou a morte de seis pessoas. Dizer que foi um caminhão é pura força de expressão. Porque na realidade o causador é o motorista. Vejam, atentos leitores, que no local da tragédia há uma obra com parada obrigatória, sinalização e inclusive com boneco inflável, mas, ainda assim, nada foi suficiente para conter um caminhão de minério, desgovernado, com pneus carecas e, entre outras prováveis irregularidades, com defeito no tacógrafo.

Não é uma cena bonita de ser ver: quatro pessoas da mesma família massacradas numa rodovia, além de dois passageiros de outro veículo. Entre os mortos, uma adolescente de 14 anos. Mas, independentemente da idade, todos são seres humanos que ainda tinham muito o que fazer. Provavelmente alimentavam sonhos, se preparavam para um Natal em família e, possivelmente, nutriam aquela esperança — que nos é peculiar — de dispor de um ano melhor. Mas não terão. Tampouco seus parentes mais próximos poderão comemorar a vida na passagem de ano, pois a lembrança dos ausentes, ironicamente, será a maior presença.

Minha tristeza e indignação nascem de minha experiência nas estradas. Viajei muito a trabalho e a passeio, e ainda viajo bastante. Na estrada para Barbacena, itinerário que percorro com frequência, o risco de ser atropelado por um caminhão de minério é iminente. Não sei quantas vezes tive o para-brisa quebrado. Alguns motoristas colaboram. Trafegam com responsabilidade e cumprem as leis determinadas, entretanto, outros condutores fazem loucuras nas estradas. E loucura ou infração não é privilégio somente de quem dirige um caminhão. Ultimamente, ultrapassar pela direita e até pelo acostamento tem sido uma alternativa frequente de pessoas mal-educadas, irresponsáveis, grossas e que se acham espertas por furarem filas, quando deveriam ter vergonha de demonstrar sua deselegância e imprudência. E quase tudo isso acontece no trecho entre a Belo Horizonte e Conselheiro Lafaiete. Coincidentemente, as insanidades ocorrem na extensão daqueles 99 km em que os morros foram subtraídos e transformados em cargas de minério. E a passagem por Congonhas? Uma afronta ao viajante — que nunca foi respeitado como cidadão. Um absurdo pagar pedágio e enfrentar o congestionamento e as paradas na estrada, pelo fato de ter duas pontes jurássicas que afunilam a passagem dos veículos. Sim, leitores, costumamos percorrer em 30 a 40 minutos o que seria realizado em apenas cinco.

Não vou falar das emendas e irregularidades do asfalto. Mas omitir os buracos, mesmo depois de cair neles, é impossível. Ah! Como ia me esquecendo… tem muitos radares para “ajudar” aos motoristas. Claro que alguns costumam ficar escondidos; são móveis, mas sempre com a boníssima intenção de salvar vidas. Tem gente que acha que é apenas para arrecadar. Mas julgo ser uma maldade pensar assim de um país cujas autoridades só pensam no bem-estar de seu povo.

 

*Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br

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Viver é perigoso, dizia Guimarães Rosa, mas de onde vem o perigo? Inegavelmente pode vir de todos os lados ou partes, até mesmo ficar no quase, na base da sorte. Enfim, tudo pode acontecer, inclusive nada, é só pensar no caso do time do América Futebol Clube, no atual Campeonato Brasileiro da série A.

Pensemos no caso de Vaninha, uma amiga de longa data, desde a infância universitária, que mora num edifício do bairro Anchieta, na Zona Sul de Belo Horizonte. O seu apartamento fica no quarto andar e faz vizinhança com o da atual síndica. Ao todo são doze apartamentos, sendo dois por andar – no primeiro estão os que possuem áreas privativas e no sexto ficam as coberturas.

Diante do grande calor reinante no fim do inverno e no avançar da primavera, os moradores do edifício decidiram, em assembleia geral com a presença de oito dos doze proprietários, que quem quiser pode instalar equipamentos de ar condicionado em seus respectivos imóveis conforme determinadas condições técnicas especificadas.

Vaninha foi uma das moradoras que não compareceu à reunião por não estar se sentindo bem, o corpo com alguns sintomas esquisitos, uma vontade de não fazer nada e uma febre se iniciando. A síndica também não é nada simpática, o que já seria motivo para aumentar o desânimo.

No dia seguinte, Vaninha estava se sentindo tão péssima com o mal estar que narrou a situação para seu filho mais velho, já que o marido estava viajando a trabalho. Ele ficou muito preocupado e tomou as providências para que sua mãe fizesse um teste rápido visando verificar se era a Covid-19 numa de suas variáveis.

Para a surpresa deles o resultado deu positivo.

Já eram altas horas quando o marido voltou de sua viagem. No dia seguinte, usando máscara, ele foi até a porta do apartamento da síndica para se informar sobre as decisões relativas à instalação de sistema de ar condicionado conforme as condições gerais para a realização de intervenções no edifício.

Conversa vai, conversa vem, a síndica quis saber por que ele estava usando máscara. Foi aí que ela ficou sabendo sobre o que aconteceu com sua esposa e lembrou que no final de semana anterior ela e o marido se encontraram com Vaninha no saguão do edifício e subiram juntos no elevador. Então, a síndica informou que ela e o marido estiveram de molho por causa da Covid-19 que os alcançou pela terceira vez. Lembrou também que nunca se vacinaram para se proteger devido ao medo de surgir algo pior em função dos efeitos colaterais advindos da vacina. Só aí entendeu porque Vaninha não pôde comparecer à assembleia do edifício e pediu ao marido que levasse a ela os seus sinceros pedidos de desculpas pelos transtornos causados. Porém, continuou sem usar máscaras e a andar pelo edifício cumprindo a função de síndica.

Vaninha cumpriu cuidadosamente as prescrições médicas e registrou a observação de seu infectologista, de que graças às vacinas tomadas a atual cepa da Covid-19 não veio com todo o ímpeto.

Enquanto isso, o perigo continuou morando ao lado e nos demais ambientes comuns do edifício com os desrespeitos de sempre perante a vida dos outros. Realmente “viver é perigoso”.

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Curtas e Curtinhas

por Luis Borges 28 de agosto de 2023   Curtas e curtinhas

Mais vagas para cursos de medicina

A Secretaria de Educação Superior – Sesu, do Ministério da Educação – MEC, enviou ofício circular às universidades federais pedindo que elas avaliem com urgência a ampliação do número de vagas ofertadas e a abertura de novos cursos de medicina.

A medida foi criticada pela Associação Brasileira das Mantenedoras das Faculdades – Abrafi, uma das principais entidades de representação do ensino superior privado.

A avaliação é de que o Governo Federal vai inviabilizar a abertura de novas vagas em instituições pagas.

É o capitalismo sem riscos, buscando garantir uma reserva de mercado ao se sentir ameaçado diante da possibilidade do aumento de vagas no ensino público gratuito.

Aguardemos o desfecho do caso.

Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO 2024 

O Poder Legislativo da União Federal, Estados e Municípios precisa aprovar até 31 de agosto de cada ano a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO enviada pelo Poder Executivo com os parâmetros para a elaboração do orçamento do ano seguinte.

Em Araxá, por exemplo, a Câmara Municipal fez uma reunião extraordinária no dia 21 de agosto e aprovou a LDO (Projeto de Lei 46/2023), que prevê uma arrecadação de R$ 792 milhões para o Município em 2024. Vale lembrar que em 2023 a arrecadação esperada é de R$ 720 milhões.

Pelo visto, está difícil de se alcançar essa meta, mas é preciso conhecer as causas fundamentais desta dificuldade.

Agora é aguardar o projeto da Lei Orçamentária Anual de 2024, a ser enviado pelo Poder Executivo.

Os imóveis do patrimônio da União Federal

O Governo Federal e o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Administração – Consad estão lançando a Rede Nacional de Patrimônio Público na expectativa de melhorar a gestão dos imóveis que pertencem a União, Estados e Municípios.

Fala-se, atualmente, que a União possui mais de 700 mil imóveis, dos quais 10 mil estão desocupados, sem manutenção adequada e correndo risco permanente de invasão.

Segundo dados do Tribunal de Contas da União – TCU, os gastos anuais com aluguéis no âmbito da estrutura dos órgãos da administração Federal são de R$ 1,6 bilhão e mais R$ 180 milhões são despendidos com o pagamento de taxas de condomínio.

Ainda segundo o TCU, o valor total dos bens imóveis em poder da União é de R$ 1,36 trilhão e chama atenção a depreciação desses bens, que está em R$ 18 bilhões por ano.

O equilíbrio das contas públicas é um desafio permanente

O Arcabouço Fiscal foi aprovado pelo Congresso Nacional para substituir o teto de gastos. Agora, a discussão da Reforma Tributária prossegue no Senado, mas o grande desafio para os gestores públicos continua sendo a gestão do que se arrecada e do que se gasta. Nesse momento, não dá para aumentar a já alta carga tributária e a economia ainda está longe de um crescimento pujante diante das necessidades do país.

Olhando para a arrecadação de Estados e Municípios, é possível verificar que nem tudo são flores. Cerca de 51% dos municípios mineiros afirmaram que estão com a arrecadação de janeiro a julho desse ano menor que o projetado no oçamento. O Estado de Minas Gerais arrecadou no mesmo período R$ 63,964 bilhões ante R$ 68,090 bilhões em igual período do ano passado em valores nominais. Já o município de Araxá, por exemplo, recebeu pela transferência de sua participação no ICMS, IPI e IPVA R$ 142,564 milhões nos 7 meses desse ano ante R$ 173,853 milhões em igual período do ano passado.

Aguardemos para ver como os gestores públicos farão para fechar o ano. Qual será a diferença entre o orçado e o realizado?

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De vez em quando é bom dar uma parada no tempo presente, que caminha indelével, e buscar na parede da memória algo marcante de um determinado momento.

Foi assim que passei o dia 5 de agosto, com a lembrança viva do mesmo dia, há 50 anos, portanto em 1973, quando cheguei num domingo a Belo Horizonte para morar, estudar, trabalhar, viver.

Eu estava com 18 anos e já tinha vivido 16 anos em Araxá – querida terra natal – e dois anos em Uberaba.

Após enfrentar as perdas irreversíveis decorrentes de um erro médico que me levaram a um glaucoma cortisônico em ambos os olhos, o ponto de inflexão resultou na decisão de prosseguir a vida em Belo Horizonte, de comum acordo com meus pais e apoio deles em todas as dimensões, inclusive a financeira.

Agora que estou a relembrar a chegada a BH, a memória registra mais um dos anos de Chumbo da Ditadura Militar com todos os seus horrores – prisões arbitrárias, torturas, mortes, desaparecimentos de pessoas… A imprensa estava sob censura prévia, bem como os bens culturais produzidos. O milagre econômico brasileiro estava no ápice naquele ano com o Produto Interno Bruto – PIB crescendo 14% e a inflação a 15,6% ao ano.

Meu ponto aqui é lembrar que cada época tem a sua sonoridade musical, e por isso mesmo vou citar 4 músicas, que fizeram muito sucesso em 1973, em meio a tantas outras, que ouvi muito e ainda ouço até hoje, mesmo após 50 anos do surgimento delas. A primeira é Comportamento Geral, música de Luiz Gonzaga Júnior, o Gonzaguinha, dizendo que “Você deve notar que não tem mais tutu /E dizer que não está preocupado / Você deve lutar pela xepa da feira / E dizer que está recompensado/ Você deve estampar sempre um ar de alegria / E dizer: tudo tem melhorado / Você deve rezar pelo bem do patrão / E esquecer que está desempregado / Você merece, você merece / Tudo vai bem, tudo legal / Cerveja, samba, e amanhã, Seu Zé / Se acabarem teu carnaval?… Você deve aprender a baixar a cabeça / E dizer sempre muito obrigado / São palavras que ainda te deixam dizer / Por ser homem bem disciplinado”.

 

Também é sempre marcante a música Ouro de Tolo de Raul Seixas, considerada de estilo inovador no panorama da música popular brasileira – MPB. Raulzito instigava as mentes cantando ” É você olhar no espelho / Se sentir um grandessíssimo idiota / Saber que é humano, ridículo, limitado / Que só usa 10% de sua cabeça animal / E você ainda acredita / Que é um doutor, padre ou policial / Que está contribuindo com sua parte / Para o nosso belo quadro social / Eu é que não me sento / No trono de um apartamento / Com a boca escancarada, cheia de dentes / Esperando a morte chegar / Porque longe das cercas embandeiradas / Que separam quintais / No cume calmo do meu olho que vê / Assenta a sombra sonora dum disco voador”.

 

Duas músicas do grupo Secos e Molhados, cantadas por Ney Matogrosso, completam minha lista. Uma é Sangue latino, música de Joao Ricardo e Paulo Roberto dizendo que “Jurei mentiras e sigo sozinho / Assumo os pecados / Os ventos do norte não movem moinhos… Rompi tratados, traí os ritos / Quebrei a lança, lancei no espaço / Um grito, um desabafo / E o que me importa é não estar vencido / Minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos / Meu sangue latino / Minh’alma cativa”.

 

A outra é Rosa de Hiroshima de Gerson Conrad e Vinícius de Moraes entoando que “Pensem nas crianças mudas, telepáticas / Pensem nas meninas cegas, inexatas / Pensem nas mulheres, rotas alteradas / Pensem nas feridas como rosas cálidas / Mas, oh, não se esqueçam da rosa, da rosa / Da rosa de Hiroshima, a rosa hereditária / A rosa radioativa, estúpida e inválida / A rosa com cirrose, a anti-rosa atômica / Sem cor, sem perfume, sem rosa, sem nada” e assim vou mantendo um pequeníssimo registro na parede da memória musical que já tem 50 anos (1973 – 2023…) em Belo Horizonte.

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Lutar por uma moradia digna, dela cuidar e buscar a melhoria contínua do “nosso cantinho” faz parte, ou deveria fazer, de nossos sonhos, propósitos, objetivos e metas. Atingir uma meta estabelecida de maneira fundamentada, sem delírios, é sempre um grande desafio, porém possível de ser alcançada.

Nesse sentido, vejamos o caso de um casal de operadores do mercado financeiro que vive junto há 15 anos. Ao longo desse período eles residiram num apartamento com área de 100 m² no último andar de um edifício de três andares (4 unidades por andar) num bairro da zona sul de Belo Horizonte. O detalhe é que o acesso aos apartamentos só é feito por escadas e nem todos eles têm direito a uma vaga de garagem, inclusive o deles.

Após 5 anos morando no local, o casal começou a sentir o desafio de subir e descer escadas todos os dias, quase sempre carregando alguma coisa, além de uma bolsa ou um dispositivo tecnológico. Eles já estavam na metade da faixa dos 50 anos de idade e já pensando sobre como fazer diante do avanço dos anos num futuro cada dia mais próximo.

Então estabeleceram a meta e as medidas de um plano de ação para viabilizar um apartamento com elevadores de acesso e tendo duas vagas de garagem num horizonte de 10 anos.

A meta foi atingida no final do ano passado, numa operação que envolveu a venda do imóvel em que moravam e que deveria ser entregue ao comprador no fim de março deste ano.

Como o apartamento adquirido foi construído há mais tempo, tornou-se necessário fazer uma reforma abrangendo uma nova configuração do espaço existente, mudança dos pisos, alterações no sistema hidráulico-sanitário, instalação de ar condicionado nas salas, quartos e escritório, bem como uma pintura geral, troca na pedraria da cozinha e banheiros, além de substituição da fiação elétrica.

O planejamento feito previa a contratação de um profissional da arquitetura para fazer um projeto com as modificações desejadas e outro da engenharia civil para a implementação. Coube a ele contratar a mão de obra necessária e comprar os materiais e insumos utilizados.

A partir daí começaram os problemas de cada dia. O profissional de arquitetura não entregou o projeto no prazo estabelecido e sempre tinha uma justificativa para o atraso, inclusive falta de tempo devido à carga horária na empresa em que é empregado. Na prática, o projeto era apenas um “bico” para ele, ainda mais que recebeu adiantadamente parte dos honorários ao fazer um contrato verbal com os seus clientes.

O jeito foi começar a obra no início de fevereiro com a previsão de conclusão no fim de abril, ou seja, em três meses.

Na linha do “cada dia com sua agonia” aconteceu um pouco de tudo, a começar pela mão de obra, geralmente precisando de mais capacitação técnica e desistindo do trabalho diante de qualquer pequeno conflito ou contrariedade. Problemas também com a assiduidade e pontualidade das pessoas, desperdício de materiais e insumos por incapacidade técnica ou meros descuidos, pouco zelo com a limpeza de ferramentas, utensílios e do próprio local de trabalho…

Resumindo a história, a obra atrasou em dois meses, com o custo ficando 40% acima do previsto, o projetista entregou o projeto com um atraso de um mês e erro na medição do espaço para a máquina de lavar roupa, pois não considerou a altura dos pés do equipamento.

A perfuração de uma tubulação de água num dos banheiros causou vazamento no andar de baixo durante todo um final de semana, o que obviamente, gerou conflitos com os moradores atingidos.

Exaustos, desgastados e morando a dois meses num apart hotel e com os móveis e utensílios guardados num depósito, o casal decidiu paralisar a obra deixando para fazer depois uma série de acabamentos, inclusive a instalação de armários.

Finalmente eles conseguiram se mudar no último fim de semana de junho para usufruir da meta atingida, ou seja, morar num edifício com 2 elevadores e 2 vagas de garagem. Mas já tiveram que corrigir alguns defeitos nesse quase um mês e meio morando no “novo cantinho”.

Você já passou por algo semelhante ao reformar sua moradia?
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A Organização das Nações Unidas (ONU) criou em 2006 o dia mundial de conscientização sobre a violência praticada contra os idosos. Ao mesmo tempo estabeleceu o Junho Violeta ou Roxo para chamar a atenção sobre o problema ao longo dos 30 dias corridos.

Entretanto, o mês de junho se encerrou e agora já caminhamos para o final de julho, mas devemos nos lembrar que o problema persiste e exige atitudes das pessoas e dos governantes a partir de políticas públicas respeitosas. Estas políticas devem ser de Estado e não de governos temporários – com mandatos de quatro anos. Isso ganha mais relevância e foco nas prioridades para a solução de problemas num país de alta desigualdade social com extrema concentração de renda.

Sem ter a pretensão de esgotar o assunto aqui, nem de apresentar soluções para tantas situações indesejáveis que acontecem no cotidiano, o que quero é lembrar alguns aspectos que considero importantes para ajudar na nossa melhor compreensão do problema.

É fundamental saber que a lei estabelece que são consideradas idosas as pessoas com a idade a partir de 60 anos e vários são os direitos definidos no Estatuto da Pessoa Idosa através da Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003.

Inegavelmente, é chocante o grau da violência física, mental, emocional, financeira… praticada contra os idosos. Os fatos narrados mostram que a maior incidência está dentro de casa – e olha que a subnotificação é uma realidade que nos faz pensar em algo maior. Podemos também pensar em idosos que moram sozinhos, com familiares, em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), em abrigos, nas ruas e nos hospitais em que muitos foram abandonados.

É importante também lembrar que 22 milhões de pessoas aposentadas pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INSS) recebem um salário mínimo de R$ 1.320,00 mensais, e a maioria absoluta desse contingente é de idosos. Como a renda é curta, surge a necessidade de procurar – e cada vez menos encontrar – um trabalho em busca de um complemento para a sobrevivência. Fica visível a violência sutil trazida pelo idadismo ou etarismo – mais ismos – que discrimina pessoas acima dos 60 anos em relação a oportunidades no mercado de trabalho.

Quem ainda está a caminho dos 60 anos de idade deve se conscientizar dessa realidade que o aguarda, principalmente diante da inércia natural de tanta gente.

Outro aspecto importante aparece nos dados do recenseamento de 2022 do IBGE. A população brasileira se reduziu em relação às últimas estimativas, a taxa de natalidade caiu para 1,65 filhos por mulher e a população idosa foi a que mais cresceu atingindo o número de 34 milhões. Por outro lado, as projeções indicam que em 2050 teremos 68 milhões de idosos, ou seja, o dobro da atual.

Como podemos ver pelos dados disponíveis, mais cedo do que se pensa irá surgir uma nova proposta para a Reforma da Previdência Social do setor privado – mais uma violência – devido ao aumento do número de idosos e ao baixo crescimento populacional.

Ah! No setor público é diferente, e sempre se dá um jeito, com ou sem reforma administrativa e tributária. Mais uma violência que precisa ser lembrada é a dos planos de saúde, que promovem um aumento real nas mensalidades quando a pessoa completa 59 anos. E ainda existem aqueles que chamam a fase idosa da vida de “melhor idade” e simplesmente se esquecem de mostrar as restrições advindas da perda de autonomia, independência, condições funcionais, amigos…

E você, caro leitor, o que pensa sobre os aspectos aqui abordados?

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Curtas e Curtinhas

por Luis Borges 18 de julho de 2023   Curtas e curtinhas

Reitor da universidade Federal de Santa Catarina foi inocentado

Em 14 de setembro de 2017, o então reitor da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC , professor Luiz Carlos Cancellier e mais seis colegas professores foram presos pela Policia Federal na operação Ouvidos Moucos, sob a acusação de desvio de recursos públicos no projeto Universidade Aberta do Brasil.

O reitor foi solto no dia seguinte com a proibição de frequentar a universidade e cometeu suicídio 18 dias após a sua prisão.

Agora, quase 6 anos depois do corrido, o Tribunal de Contas da União – TCU comunicou à reitoria da UFSC, no dia 6 de julho, que o processo contra o reitor foi arquivado e que não foram encontrados indícios das irregularidades apontadas, ou seja, as denúncias não foram comprovadas.

O denuncismo e o apontar o dedo estão em evidência nesses tempos em que a civilidade faz muita falta à sociedade.

A energia solar em franco crescimento

A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica – Absolar informou que a energia solar já representa 14,7% de toda a matriz energética brasileira atingindo a marca de 32GW (gigawatts) em potência instalada em junho. Ela só fica atrás da quantidade de energia gerada pelas usinas hidrelétricas.

A capacidade de produção decorre de fontes que vem desde as grandes usinas até painéis em telhados, fachadas e pequenos terrenos.

Os dados da Absolar já fazem parte do balanço do Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS.

Os investimentos no setor não param de crescer e chegaram a R$ 155 bilhões acumulados a partir de 2012. O Brasil está percebendo cada vez mais a importância dessa fonte de energia limpa e competitiva no mercado.

Anatel aumenta exigências para liberar TV Box

A Agência Nacional de Telecomunicações – Anatel, que regula e fiscaliza o setor, criou mais exigências técnicas para a homologação de aparelhos de TV Box no Brasil. Nem todo aparelho do tipo é irregular, mas, sem esse processo, a venda dos dispositivos é ilegal no país.

A decisão é mais um passo na batalha travada pela Anatel a partir de fevereiro deste ano contra os aparelhos não homologados que permitem piratear sinal de TV paga e de streaming, conhecidos como “gatonet”.

Aguardemos os próximos passos.

Vem aí os incentivos para compra de eletrodomésticos

O Governo Federal já lançou e encerrou o programa de descontos para a compra do carro popular na faixa de R$ 60.000,00 a R$ 120.000,00. Foi bom para girar os estoques das montadoras, que estavam com os pátios cheios e os empregados em férias coletivas.

Outro programa lançado e que está em vigor é o Desenrola, destinado a quem quer limpar o nome através da negociação com os credores, estimulada por excelentes descontos. Também já vigora o novo Minha Casa , Minha Vida com taxas de juros menores, subsídios governamentais para as faixas de menor renda e aumento dos valores dos imóveis a serem financiados.

Agora a ideia é lançar um novo programa para incentivar o consumo de eletrodomésticos da linha branca, como geladeiras e máquinas de lavar roupas, bem como os televisores cada vez mais atualizados tecnologicamente. É importante lembrar que o endividamento das famílias tem crescido a cada mês, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo – CNC, e que mais de 80% das dívidas feitas são parceladas e rodadas no crédito rotativo dos cartões, que cobram taxas de juros superiores a 400% ao ano no presente momento. É necessário fazer muita conta para verificar o que cabe no orçamento presente e futuro antes de se fazer compras só no impulso.

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Curtas e Curtinhas

por Luis Borges 31 de maio de 2023   Curtas e curtinhas

Bulas de medicamentos só no QR Code?

A bula é um impresso que acompanha um medicamento e contém informações sobre a sua composição, utilidade, posologias e as suas contraindicações, segundo o dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. Agora a indústria farmacêutica quer propor à Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa a substituição da bula impressa pela leitura no QR Code. A justificativa está na sustentabilidade ambiental e na economia de papel e demais insumos gastos na impressão, além de proporcionar a ampliação da quantidade de informações à disposição do consumidor.

Se a proposta for aprovada, será que aumentará o número de leitores de bulas de medicamentos? Aumentará a quantidade de vendas de dispositivos tecnológicos – celular para dar acesso a bula digital?

A conferir.

É popular um carro com preço de R$ 60.000,00?

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços – MDIC anunciou no dia da indústria (26 de maio) algumas medidas para reduzir os preços dos automóveis que estão na faixa de R$ 69.000,00 a R$ 120.000,00. A redução variará de 10,79% a 1,5% com incidência no Imposto sobre produtos industrializados – IPI, Programa de integração social – PIS e a Contribuição para o financiamento da seguridade social – Cofins. Assim, o carro popular mais barato, que terá o maior desconto, custará em torno de R$ 60.000.

Será esse preço compatível com os baixos salários recebidos pela maioria da população economicamente ativa? Qual será a taxa de juros para a compra financiada? Onde o Governo Federal vai encontrar recursos financeiros para compensar a redução dos tributos prometidos?

Pelo visto até agora, tudo vai ser bom para a indústria automobilística, que precisa desovar os estoques de suas unidades e não terão nenhum compromisso com o aumento de contratação de mão de obra ou substituição de combustíveis fosseis. Também vale lembrar que esse programa é temporário e poderá vigorar de 1 a 2 anos. Até meados de junho deverão ser divulgadas todas as regras nesse programa do novo carro popular.

As dívidas dos pequenos negócios

A segunda pesquisa Pulso dos Pequenos Negócios, feita por uma parceria do Sebrae com o IBGE, na última semana de janeiro mostrou que seis em cada dez microempresários afirmam que empenham mais de 30% das receitas com despesas financeiras. Já os pequenos e médios empresários informaram que operam com 30% de seu caixa comprometido para pagar dívidas ou juros por causa de prestações atrasadas.

Nesse cenário, muitos proprietários de pequenos negócios estão fugindo de empréstimos bancários, conforme disseram 73% dos entrevistados na pesquisa. Mas os bancos também estão deixando de emprestar dinheiro por causa da inadimplência. O levantamento mostrou que apenas quatro em cada dez pequenos empresários conseguiram aprovação para novos empréstimos solicitados.

Como sabemos, a maioria das empresas brasileiras são de micro, pequeno e médio portes e também são as que mais geram trabalho. É claro que elas precisam de planejamento, orçamento e gestão permanente em seus negócios para se manter nesse mercado cada vez mais desafiador.

É a dor e a delícia para quem quer ter o próprio negócio!

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Aplicando o senso da utilização

por Luis Borges 25 de abril de 2023   Pensata

No Brasil da década de 90, do século passado, estava em evidência no mundo dos negócios a implantação e implementação da Gestão pela Qualidade Total-GQT, ou seja, para todos os evolvidos nos processos.

Uma pergunta que sempre surgia era sobre como começar. Em muitos casos, tudo acontecia a partir do Programa 5S, com os sensos de utilização, arrumação (ordenação), limpeza, saúde e autodisciplina.

O primeiro senso, o da utilização, nos ensina a selecionar os bens que são usados com mais frequência e que, portanto, devem estar mais próximos. Por outro lado, os bens que não são mais usados e ficam ocupando espaço podem ser doados para quem esteja precisando ou simplesmente descartados num local apropriado. É uma forma de combater o desperdício e remover a energia parada no ambiente.

Isso que é proposto para o mundo dos negócios pode também ser aplicado no cotidiano de nossas residências. Afinal de contas, tudo começa com a gente.

Vou contar aqui um caso que envolve a prática do senso da utilização, inclusive para contrapor a acumulação crescente de bens e a necessidade de se encarar o desapego daquilo que não é mais útil. Muita gente guarda bens em casa na expectativa de que poderá precisar deles um dia, que geralmente quase nunca chega.

Uma advogada de 50 anos, casada, sem filhos, decidiu se mudar do apartamento em que mora há 15 anos. Aproveitou a ocasião para colocar em prática o senso da utilização e abriu mão de alguns móveis e artigos de decoração que não se adequariam no novo apartamento.

No caso das luminárias da sala conjugada com a copa, o interesse espontâneo da então vizinha de apartamento, esteticista, síndica do prédio, 45 anos, casada, duas filhas, facilitou a destinação dos bens.

Quase que imediatamente a síndica providenciou a desmontagem das luminárias e, agradecida, enfatizou que chegaram em boa hora.

A advogada mudou-se do prédio no sábado da mesma semana em que doou as luminárias. Mas logo na manhã da segunda-feira seguinte ela recebeu um telefonema da já ex-vizinha perguntando pela nota fiscal emitida quando da compra das luminárias. A advogada quis entender o porquê. A resposta foi imediata e justificadora. Disse que, mesmo tendo gostado muito das luminárias, resolveu vendê-las para sua irmã e queria ter uma base para estabelecer o preço de venda e as condições de pagamento. Aproveitou também para reclamar da falta de um pequeno componente numa das luminárias, o que poderia desvaloriza-la um pouco.

A advogada lamentou não ter condições de atender a ex-vizinha e despediu-se dela cordialmente, como é da sua natureza. Porém seguiu pensando na Lei de Murici, que preconiza que “cada um cuida de si”. E assim a humanidade prossegue em sua caminhada

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