Perdendo sempre com a inflação

por Luis Borges 9 de setembro de 2014   Pensata

Tenho abordado com razoável frequência neste blog alguns aspectos que permeiam a inflação brasileira nos últimos cinco anos. Pode até parecer que estou sendo recorrente ou obsessivo, mas sei o quanto é difícil conviver com os altos níveis inflacionários e com mirabolantes planos de estabilização para combatê-los. Nesse sentido, realço a minha preocupação com criativos arranjos que alargam a amplitude de conceitos e acabam por negar a essência neles contida. Esse é o caso clássico da meta de inflação definida em 4,5% ao ano, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional para ser atingida pelo Banco Central do Brasil.

Se conceitualmente meta é um objetivo, um alvo a ser atingido, com valores e prazos determinados, é que claro no caso da inflação só cabe ao governo atingir os 4,5% estabelecidos como meta. A criatividade começou quando a meta passou a ser chamada de centro da meta, que acrescido de 44,5% para mais, ganhou o nome de teto da meta e assim elasticamente seu valor chegou a 6,5%.

Quando o IBGE divulgou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-IPCA do mês de agosto, com o valor de 0,25%, a inflação dos últimos 12 meses acumulou alta de 6,51%, índice bem superior à meta de 4,5%.

O que vivemos na prática com o impacto desses números exige que prestemos mais atenção a eles e ao desenrolar da conjuntura e dos cenários que se desenham. A perda do poder aquisitivo se manifesta diariamente em nossos bolsos, como sentimos na padaria, no supermercado, no sacolão, no restaurante… E olha que a inflação é diferente para o idoso aposentado ou para quem está na ativa criando filhos. Também é imperioso saber que a negociação para a reposição de perdas salarias é anual e sua taxa de sucesso depende da mobilização política dos interessados. O que mesmo assim não garante o sucesso, apenas evidencia que as pessoas estão lutando por algo que perderam.

É notório também que o Governo Federal reduziu as tarifas de energia elétrica no ano passado mas ficou sem sustentabilidade diante da seca e agora cobra por ter lançado mão das caras usinas térmicas. Incrível como o planejamento e a gestão se fizeram ausentes.

Nesse momento também não dá para nos esquecermos que diversos preços administrados pelos governos federal, estaduais e municipais continuam sendo represados, para mitigar os índices inflacionários. Mas mas gasolina, óleo diesel, transportes coletivos, todos estão ávidos por um reequilíbrio de preços. Que isso vai sobrar para nós, não há dúvidas. Só resta saber quando, se nesse ou no próximo governo, com a atual ou a futura presidenta. Se a futura for a atual, será que trocar o ministro da Fazenda será uma mudança suficiente?

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Vale a leitura

por Luis Borges 8 de setembro de 2014   Vale a leitura

“Sem Dilma, vira tudo” – Neste artigo Marcelo Coelho narra com muita clareza o processo evolutivo para a tomada de decisão de voto. Usa como personagem uma eleitora de Barueri (SP) que escolhia seu candidato para presidente da república na eleição que se avizinha. Ela tem uma filha beneficiária do Bolsa Família e estava indecisa numa pesquisa feita pelo Instituto Datafolha no mês passado. Agora sua decisão já está tomada e, pelo visto, será acompanhada pelo marido.

Evasão – Uma reportagem da BBC Brasil, escrita por Ruth Costas, mostra que a quantidade de matrículas no início do curso não deveria ser o único indicador de desempenho do Pronatec. A evasão dos alunos é outro indicador que deveria ser bem observado e analisado, mesmo quando o Ministério da Educação afirma que a média geral dos cursos é de 12,8%, pois em escolas particulares existem registros que variam de 50% a 60% de abandono. As causas desse fenômeno também são discutidas no texto, que também registra expectativas de algumas medidas para combater o problema.

Navegar é preciso – O economista Amyr Klink, 59 anos, comemora em 18 de setembro os 30 anos de sua chegada a Camaçari, na Bahia, em seu barco que partira da África. Todo o caminho foi feito a remo. Deste depoimento à Folha pinçamos uma declaração sobre o aquecimento global. Vale a leitura da íntegra.

O aquecimento a gente percebe na Antártica. Percebemos o recuo de geleiras, o aumento do número de grandes gelos em alto mar – um sinal de que as geleiras estão despejando mais icebergs tabulares.” 

Abelhas – A redução do número de abelhas no mundo está se tornando cada vez mais preocupante e têm ganhado eco as denúncias e alertas sobre esse fato e seus impactos. Conheça mais sobre o caso aqui.

De acordo com relatório do Programa Ambiental da ONU (Organização das Nações Unidas), as abelhas são responsáveis pela polinização de mais de 70 das 100 espécies de vegetais que fornecem 90% dos alimentos responsáveis por alimentar os mais de 7 bilhões de seres humanos espalhados pelo globo. A diminuição da população desses insetos significa, de forma direta, a redução da produção alimentícia e, naturalmente, de acordo com a implacável lei da oferta e da procura, o aumento do preço dos produtos.

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Brincando no tromba-tromba

por Luis Borges 5 de setembro de 2014   Pensata

No final da manhã do sábado passado fiz um passeio por diversas ruas das regiões Leste, Centro e Sul de Belo Horizonte. Estava sentado no banco do carona, com o cinto de segurança devidamente afivelado, conforme determina o padrão de segurança. O que mais me chamou a atenção foi a enorme quantidade de pessoas, de idades variadas, simplesmente ignorando as regras do Código de Trânsito Brasileiro.

Uma situação bem típica foi a de veículos estacionados na via pública que, sem sinalização dos condutores, simplesmente partiam em disparada na pista, sem seta, sem verificação de espaço, nada.  Só restava, a quem vinha atrás, frear bruscamente e rezar para que os demais motoristas percebessem a manobra a tempo. Outros chegavam a encostar o para-choque no carro da frente, apesar do “mantenha distância”, enquanto outros buzinavam automaticamente tentando apressar o motorista que eles julgavam ser o causador de tudo.

Na terceira ocorrência semelhante, e diante dos quase acidentes, me lembrei dos carrinhos tromba-tromba ou bate-bate dos parques de diversões frequentados por nós e por nossos filhos. Se a lembrança ainda é lúdica e lá no ambiente fechado o choque era quase elástico em seu amortecimento, aqui no mundo real é bem diferente. Qualquer descuido pode levar ao engavetamento de veículos, enquanto as motocicletas percolam as vias como a água procurando brechas e os ônibus do transporte coletivo precisam cumprir a minguada escala de horários do sábado.

Outros fatos recorrentes foram as imprudências nas ultrapassagens, as irritantes fechadas e os “roda-duras” explícitos, típicos domingueiros de sábados. Enfim, foi muita gente circulando, dando a sensação que uma coisa é o tráfego de segunda a sexta e outra bem livre e diferente ocorre no fim de semana.

Encerrando o périplo pensei também na baixa presença de agentes de fiscalização do trânsito e nos transtornos causados às pessoas vítimas de acidentes, que vão desde o registro de um boletim de ocorrência na polícia, passando pelos oportunistas dessas ocasiões e pela expectativa de que a seguradora do veículo vai cumprir o que está combinado no contrato de letras miúdas, regiamente pago.

Pra quê tudo isso? Seria muita ansiedade sem gestão para chegar primeiro? Educação continua sendo a base de tudo, inclusive no trânsito de sábado, que depende também de nós e nossas atitudes.

Você se lembra da última vez em que dirigiu um carrinho desses? / Foto de Rodrigo Ghedin.

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 3 de setembro de 2014   Curtas e curtinhas

Mais prazo – A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional que apura denúncias de corrupção na Petrobras não conseguiu quórum para se reunir ontem. Apenas 8 dos seus 33 membros estavam presentes na hora marcada, sendo que regimentalmente o mínimo necessário é de 11 parlamentares. Como o término dos trabalhos está previsto para 07 de dezembro e a produtividade está muito baixa, já está definida a prorrogação dos seus trabalhos por mais 30 dias. Tal medida parece ser pouco relevante já que o foco da CPMI é o lero lero para passar o tempo e nada se concluir.

Esforço concentrado – A homenagem ao ex-deputado Eduardo Campos (PSB-PE) marcou o primeiro dia de um total de dois do esforço concentrado da Câmara dos Deputados para a votação de projetos preferencialmente não polêmicos. Para variar, a produtividade foi baixíssima, o que promete não ser diferente no dia de hoje. Aliás, isso não é nenhuma surpresa e o jeito será aguardar outubro, com ou sem chuvas no Planalto Central.

62 dias – Esse 03 de setembro marca  os 62 dias da queda do viaduto Batalha dos Guararapes na avenida Pedro I, na região de Venda Nova em Belo Horizonte. Duas pessoas mortas, vinte e cinco feridas, inúmeros moradores de edifícios próximos ao viaduto vivendo fora de suas residências, laudos, contra-laudos, ansiedade de alguns pela demolição rápida do que sobrou se somam às expectativas pela divulgação do laudo oficial da perícia feita pela Polícia Civil para determinar as causas do desabamento. O que se espera é que os atos tenham consequências, sem a terceirização ou quarteirização das responsabilidades.

Acidente – O ônibus da linha 82 do BRT/Move com 70 passageiros a bordo que se acidentou na manhã de ontem na avenida Alfredo Balena nos deixa uma pergunta inquietante. Qual é o real estado de saúde do motorista de 29 anos que conduzia o veículo, já que ele teria tido um apagão? O que se espera é transparência dos arrogantes dirigentes do sistema de transporte coletivo de passageiros por ônibus em Belo Horizonte.

 

Propaganda gratuita – Além dos tediosos e obrigatórios programas eleitorais gratuitos no rádio e na TV, com duração de 50 minutos, ainda somos massacrados pelas inserções de pequenos comerciais ao longo das programações. Geralmente são inúteis falas genéricas, veiculadas repetidas vezes e, é óbvio, financiadas pelo dinheiro do contribuinte, eleitor ou não.

Abstenção – O Brasil possui em torno de 141,6 milhões de eleitores registrados na Justiça Eleitoral. O número de mulheres supera o de homens em 6 milhões. Se projetarmos 17% de abstenção e 13% de votos nulos e brancos, poderemos ter algo em torno de 100 milhões de eleitores votando em 05 de outubro. Mas esse número poderá ser menor em função do comparecimento, que não é obrigatório, dos 10,4 milhões de eleitores com idade superior a 70 anos. A conferir.

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Vale a leitura

por Luis Borges 2 de setembro de 2014   Vale a leitura

MarinaNeste artigo, Rodrigo Vianna compara a adoção de Marina Silva por setores mais conservadores a episódios históricos – as eleições de Jânio e Collor.

Redes sociais – Elas combinam com o ambiente e com o horário de trabalho? A opinião de alguns especialistas está neste artigo publicado no Uol.

O uso dos celulares é que é o verdadeiro problema. Funcionários que estão o tempo inteiro olhando o celular despertam desconfiança nos gestores, que podem enxergar relação direta entre eventual falta de produtividade e o uso dos dispositivos móveis.

Minhocão – Herança do governo Maluf na cidade de São Paulo, o elevado pode até ajudar a desafogar o trânsito, mas afogou toda uma região em um desastre urbanístico. Hoje é fechado aos carros nos domingos, quando se transforma em árida área de lazer e caminhadas. O vereador Nabil Bonduki escreveu este texto para o Uol, recuperando a história do elevado e discutindo o futuro da estrutura.

Muitos querem sua transformação em parque, outros sonham com sua demolição e ainda existem os que defendem que tudo deve ficar como está.

Prisões – O acesso à saúde no sistema prisional foi tema de uma tese defendida na UFMG. Segundo a autora, os presos têm acesso deficitário à saúde. A estrutura física e humana no sistema prisional é deficiente e os protocolos de segurança sempre são priorizados em relação aos médicos. Leia as conclusões completas do estudo aqui.

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Faltando apenas 32 dias para as eleições presidenciais, é visível o desespero de alguns grupos políticos que são pouco afeitos a fazer abstrações na formulação de cenários. Existem candidaturas que demoraram até para perceber que estavam polarizando com o concorrente errado, mesmo diante de fatos e dados mostrados até nas pesquisas eleitorais.

O projeto de poder que está empoderado no Planalto Central começa a se desesperar, a ponto do ex-presidente Lula debitar para parte da imprensa as dificuldades que seu partido e a base aliada estão enfrentando. Apenas defender o controle da mídia nos serviços públicos de telecomunicações concedidos é muito pouco para quem se beneficiou dessa mesma mídia ao longo de sua trajetória no poder ou fora dele.

A sensação que fica é a de mordaça conforme falam Eduardo Gudim e Paulo César Pinheiro em sua música. Enquanto isso o índice Ibovespa da Bolsa de Valores de São Paulo se aproxima dos 62.000 pontos. Logo ele que andou de banda nos últimos 5 anos e que subiu quase 10.000 pontos até esse momento da campanha eleitoral. Será que a saída para a bolsa trará uma proposta de controle das expectativas do mercado?

Mordaça
Eduardo Gudim e Paulo César Pinheiro

Tudo o que mais nos uniu separou
Tudo que tudo exigiu renegou
Da mesma forma que quis recusou
O que torna essa luta impossível e passiva
O mesmo alento que nos conduziu debandou
Tudo que tudo assumiu desandou
Tudo que se construiu desabou
O que faz invencível a ação negativa

É provável que o tempo faça a ilusão recuar
Pois tudo é instável e irregular
E de repente o furor volta
O interior todo se revolta
E faz nossa força se agigantar

Mas só se a vida fluir sem se opor
Mas só se o tempo seguir sem se impor
Mas só se for seja lá como for
O importante é que a nossa emoção sobreviva
E a felicidade amordace essa dor secular
Pois tudo no fundo é tão singular
É resistir ao inexorável
O coração fica insuperável
E pode em vida imortalizar
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Sol, azaleias, grama

Sol, azaleias, grama

Estamos caminhando para as últimas semanas do inverno. As características clássicas da estação vieram mais acentuadas. Neste ano de seca brava, considerada a maior dos últimos 100 anos, o número de incêndios nas matas e parques é enorme e bem superior ao dos anos anteriores. O tempo seco às vezes, apresenta características de deserto com registros de umidade relativa do ar entre 12% e 20% na parte da tarde nas regiões Sudeste e Centro-Oeste por exemplo. A água prossegue cada vez mais escassa, mais distante. Precisamos de uma gestão mais estratégica de todos os setores envolvidos na questão. Urge a reeducação para a mudança de hábitos.

Orquídea florida, com penca de flores

Orquídea

Diante e desafios para as suas soluções ainda é possível se ver iniciativas que amenizam tamanha aridez. Se tudo começa com a gente e também depende do nosso querer, observe as fotografias deste post. Vasos e jardins mostrando exuberância em plena seca, gastando pouquíssima quantidade de água e contribuindo para a harmonia num ambiente eivado de seres vivos, racionais ou não. Para quem cuida, também não deixa de ser uma terapia e um lenitivo para a mente num momento em que insônia, depressão e melancolia podem surgir com muita facilidade.

Planta de nome peixinho florida

Peixinho florido

Você já pensou em ter vasos de plantas que geram flores para alegrar seu apartamento ou até mesmo seu local de trabalho? Que tal aproveitar o pequeno espaço de terra para fazer um jardim na frente de sua casa ou plantar frutas, salsa e cebolinha de folha no quintal? Isso seria pedir demais?

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