Vale a leitura

por Luis Borges 23 de novembro de 2014   Vale a leitura

Prioridade é uma ova! – Um dos fundamentos da Gestão Estruturada de Negócios nos ensina que devemos estabelecer prioridades ao alocar recursos financeiros em nossos orçamentos, já que eles são finitos. A priorização deve ser feita em função de critérios claramente definidos e o orçamento deve estar alinhado com o planejamento estratégico. Este artigo do jornalista Eduardo Costa mostra o quanto se perde quando a priorização é apenas uma retórica ilusionista dos governantes e o orçamento não é para valer na prática.

Qual é o tamanho da sua zona de conforto? – Existem pessoas que reclamam de tudo e de todos, a todo momento e por qualquer coisa, por mais insignificante que seja. Elas têm dificuldade de parar e olhar para trás, enxergar de onde vieram, onde estão hoje e onde poderiam ir. Desparametrizar, pensar em condições de contorno diferentes das atuais, para menos ou para mais, é sempre um bom desafio. Leia neste artigo a experiência de Fê Neute, do blog “Feliz com a Vida”, sempre instigante e questionadora diante do conformismo e da inércia.

De graça até injeção na testa? – Estamos na era do “consumo, logo existo”, da ostentação, da ânsia por levar vantagem em tudo. Vemos frequentemente a ausência da racionalidade no caminho do ter as coisas, sem fazer as contas para verificar quanto custa cada decisão impulsiva. Se o bem ou serviço é de graça, melhor ainda principalmente diante da incapacidade de perceber armadilhas. Conheça um bom exemplo dessa situação no artigo do professor Samy Dana, publicado no blog “Caro Dinheiro”. A experiência narrada se aplica a você?

A corrupção esta no setor privado – As tenebrosas transações envolvendo a Petrobras deixaram estarrecida até a Presidente da República. Os desdobramentos das investigações expõem o sistema  e suas várias variáveis em plena operação no país e ha muito tempo. Todos os públicos envolvidos tentam se defender, se justificar, se vitimizar e até a devolver dinheiro, como se isso bastasse para cessar ou suavizar penalidades. O ponto é que empresas privadas dominam e lideram um cartel que praticamente privatizou o estado. Políticos e funcionários públicos trabalham para corruptores por crenças e necessidades, mas o que é investido neles mostra que  os benefícios para os investidores são maiores que o custo, portanto, o retorno vale a pena. Entenda mais essa lógica nesse artigo de Vincent Bevins publicado na Folha de São Paulo.

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 21 de novembro de 2014   Curtas e curtinhas

Importados – O coeficiente geral de importação da indústria brasileira chegou a 21,9% no terceiro trimestre do ano, com o dólar sempre em ascensão no período que antecedeu as eleições de outubro. Segundo a Confederação Nacional da Indústria, o indicador está crescendo ininterruptamente desde junho de 2010, quando estava em 15,9%. Com o dólar nas alturas e o repasse aos preços, a inflação agradece, o poder aquisitivo decresce e a economia fenece.

AVC – O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a primeira causa de morte entre pessoas com mais de 60 anos de idade, a segunda para quem tem mais de 50 e a terceira para quem tem acima de 40. O entupimento de veias é a causa de 80% dos casos e a ruptura responde por 20%. As informações são do médico neurologista Gustavo Daher, que as apresentou durante entrevista ao repórter Eduardo Costa no programa Chamada Geral, na Rádio Itatiaia. Ainda segundo o médico, as principais causas do AVC estão ligadas à elevação da pressão arterial, do colesterol e da glicose. Outras causas importantes são o estresse, o tabagismo, o sedentarismo e a obesidade. Quando nada, isso nos faz pensar na gestão da saúde, com ou sem plano suplementar, e nas possibilidades e limitações das pessoas após sofrer um AVC.

Boca do caixa – Estados e municípios continuam sofrendo com o contingenciamento de recursos que deveriam ser repassados pelo Governo Federal. A escassez atinge em efeito cascata a toda a cadeia de fornecedores envolvida em negócios com esses órgãos públicos. Geralmente a promessa é de que tudo poderá voltar à normalidade a partir de janeiro de 2015. A conferir.

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 20 de novembro de 2014   Curtas e curtinhas

E as metas? – Abandono de metas. Foi isso que a Presidência da República fez ao enviar Projeto de Lei à Câmara dos Deputados se desobrigando de atingir o Superávit Primário de R$116 bilhões, previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias em vigor. Depois de passar o rolo compressor na Comissão de Orçamento, a base aliada deverá aprovar a criativa solução para as contas publicas em plenário na próxima semana. Haja alquimia e neologismos conceituais para tentar justificar o abandono de uma meta! Na prática, isso significa descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, que vigora no pais desde 1999 e é uma das âncoras do Plano Real.

Ônibus quebrado – Um grupo de devotos participou de uma romaria de Belo Horizonte até Aparecida do Norte, que começou na sexta-feira da semana passada. O comboio era formado por 5 ônibus. No entanto, um dos veículos, que tinha 50 lugares e não possuía cinto de segurança para passageiros, quebrou duas vezes durante o trajeto, o que gerou um atraso de 4 horas na viagem de ida. Como sempre, a falta de manutenção preventiva foi a causa fundamental. Apesar das reclamações e do cansaço dos passageiros, a empresa contratada tentou justificar o injustificável e conseguiu arrumar plenamente o ônibus para o retorno do grupo no domingo à tardinha. Mas como é duro ficar de madrugada numa rodovia à mercê de vários tipos de riscos e de necessidades específicas!

PIB da indústria – Dados da Confederação Nacional da Indústria mostram que o setor responde atualmente por 25% do PIB do Brasil. Na década de 90, a fatia era de 35%. Hoje, um dólar está em torno R$2,60. Em 14 de junho de 1996 valia R$1,00. Os industriais sempre reivindicaram juros baixos, taxa de câmbio favorável, linhas especiais de crédito, redução de IPI, melhoria da qualificação da mão de obra. O que não melhora é a gestão do negócio. Nem a sua produtividade. Ainda assim eles querem manter as margens de lucro de outras décadas.

Orçamento de 2015 – A proposta de orçamento da Prefeitura de Belo Horizonte para 2015 indica que a parte que caberá à Câmara Municipal é de R$229 milhões. A casa possui 41 vereadores e em torno de 600 servidores, entre ativos e inativos. Se olharmos o orçamento dos municípios mineiros veremos que o da Câmara é superior ao de mais de 800 municípios. Se por aqui não falta dinheiro, com certeza faltam muitos resultados positivos a serem alcançados, apesar de todos estarem regiamente pagos pelo dinheiro dos contribuintes. Aliás, que todos se preparem para os reajustes do IPTU, da taxa de lixo, do ITBI com valor atualizado dos imóveis, do ISSQN…

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Na definição mais simples que encontrei, sistema é um conjunto de partes interligadas. Assim, tudo o que esta vindo à tona na operação Lava Jato da Polícia Federal pode ser considerado como a ponta de um iceberg, de um sistema chamado Petrobras.

A República acaba de fazer 125 anos, embora ainda distante das melhores práticas inerentes às atitudes republicanas. Transparência continua muito difícil, mesmo com a Lei de Acesso à Informação. Se tenebrosas transações vão sendo reveladas nesse caso específico da Petrobras, onde o clube das empreiteiras é hegemônico no cartel dos fornecedores, imagine no restante do país.

O Brasil tem em sua estrutura organizada em prol dos serviços públicos, a União, vinte e seis estados e um Distrito Federal, 5.562 municípios, com igual número de assembleias legislativas estaduais e Câmaras Municipais. Também é bom lembrar que existem três poderes independentes, centenas de empresas estatais e milhares de servidores contratados via concurso público ou pelo recrutamento amplo.

Um bom exercício é estabelecermos uma ordem de grandeza, para termos uma dimensão da quantidade de pessoas jurídicas que fazem negócios com toda essa estrutura, como fornecedores ou clientes. Dá para pensar no volume de recursos financeiros envolvidos e na quantidade de pessoas intermediando os processos desses negócios? Claro que tudo regado por uma grande carga tributária.

Por isso esse é um bom momento pra nos lembrarmos da música “Brasil”,  de Agenor de Miranda Araujo Neto, o Cazuza, que viveu 32 anos nesta terra. Ele queria saber qual era o negócio do Brasil. O desafio continua e o momento é propício. Que venha a democracia participativa e que todos mostrem as suas caras.

Brasil
Letra retirada deste link

Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer

Não me ofereceram
Nem um cigarro
Fiquei na porta estacionando os carros
Não me elegeram
Chefe de nada
O meu cartão de crédito é uma navalha

Brasil
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim

Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer

Não me sortearam
A garota do Fantástico
Não me subornaram
Será que é o meu fim?
Ver TV a cores
Na taba de um índio
Programada pra só dizer "sim, sim"

Brasil
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim

Grande pátria desimportante
Em nenhum instante
Eu vou te trair
(Não vou te trair).
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Na semana passada, depois de muito tempo adormecida na casa, a regulamentação da PEC das Domésticas voltou a ser discutida no Senado da República. No último dia 11, a comissão do Senado rejeitou diversas emendas. O texto, agora, volta para apreciação na Câmara dos Deputados. Enquanto isso, 7,2 milhões de empregados domésticos continuam aguardando as regras para a operacionalização de vários direitos, entre os quais o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Pelo visto dificilmente essa matéria ficará resolvida ainda nesse ano. No entanto, o Brasil continuará sendo o maior mercado mundial na contratação desse tipo de trabalho, com ou sem carteira profissional assinada, mesmo já sendo uma exigência legal.

Diante desse quadro, passam pela minha cabeça narrativas das mais diversas situações envolvendo as relações de trabalho entre contratantes e contratadas. Nas últimas 4 décadas ouvi muitas reclamações e poucos elogios, principalmente da parte contratante. Já pelo lado das  contratadas é claro que vi também muitas pessoas profissionais e comprometidas, convivendo com outras cheias de soluções “criativas” e muito descompromisso com o que foi combinado.

No início dessa semana, fiquei sabendo de um caso muito interessante, para não dizer inusitado, envolvendo o trabalho doméstico. Na segunda feira por volta de 10:00 horas, fiz uma visita telefônica a um casal de amigos. Ambos já são aposentados pelo INSS, possuem previdência complementar, têm os filhos criados, convivem com idosos na família  e estão na faixa de 60 a 65 anos de idade. Quando o amigo atendeu à chamada, ouvi um alarido com sintomas de felicidade plenamente audível em sua residência. Ele me disse que estavam fazendo uma festa singela pelo retorno da empregada doméstica, após 30 dias de férias. Eu não quis atrapalhar a festa e educadamente me despedi do amigo propondo concluir a visita numa outra ocasião mais oportuna. Mas minha amiga retornou minha ligação ainda antes do almoço e me fez um depoimento explicando o contexto da festa. Ela foi clara e falou na lata.

“Não vou mais reclamar de minha empregada doméstica que trabalha comigo há 5 anos, mesmo que ela chegue tarde e saia cedo. Nesse período de suas férias não dei conta de fazer todo o serviço necessário e só consegui contratar uma diarista uma vez. Além disso, minha residência é grande, cuido de minha mãe e tenho outros diversos afazeres familiares, que exigem muito de mim. Ficou claro que estou gerando trabalho conforme a lei  e que preciso de alguém que atua nesse segmento em que a confiança é um requisito essencial”.

Diante disso reafirmei a minha crença de que “ruim com ela, pior sem ela”. E você, caro leitor como tem sido as suas experiências e conclusões nas relações de trabalho doméstico? Será que esse mercado tende a se estreitar?

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Vale a leitura

por Luis Borges 16 de novembro de 2014   Vale a leitura

Frete grátis – O impulso caminha na contramão da estratégia. Por não ter consciência desse fundamento, o consumidor compulsivo (ou impulsivo) gasta cada vez mais e sem necessidade. Ele vai à loucura quando vê alguma oferta de qualquer natureza que lhe passa a enganosa sensação de estar levando vantagens, e é claro, sem calculá-las. É o alerta deste interessante artigo de Samy Dana e Carolina Ruhman Sandler, publicado no blog “Caro dinheiro”.

Analfabetos científicos – A universalização do acesso ao ensino fundamental e médio está permanentemente na pauta da sociedade brasileira, lastreada na crença de que a educação é a base de tudo. A qualidade do ensino e as condições de trabalho para quem nele atua são sempre apontadas como problemáticas. Surge como resultante o analfabetismo funcional, na medida em que muitas pessoas, por exemplo, têm dificuldades para ler e entender o que leram. No mundo das ciências isso também não é diferente. O Índice de Letramento Científico (ILC) é o indicador que nos mostra isso, conforme consta neste artigo de Thais Paiva publicado em Carta Capital.

O que esperar da Previdência Social? – A longevidade dos brasileiros está aumentando e a Previdência Social dá sinais claros de que não dará conta de cumprir a sua missão. Como viver e sobreviver com uma aposentadoria que vai de R$ 724,00 mensais, recebida por 2/3 dos aposentados, até o teto de R$ 4.300,00, inatingível devido aos índices de atualização aplicados pelo INSS? Leia neste artigo de Sofia Fernandes os resultados de uma pesquisa mostrando que 46% das pessoas ouvidas não esperam contar com a Previdência Social.

Segregação nas redes sociais – Nesse momento as redes sociais estão em evidência no cotidiano das pessoas e recebendo questionamentos por diversos conteúdos que nelas transitam, bem como confrontos entre classes e segmentos. Uma oportunidade para melhor compreender e analisar esse fenômeno e seu processo está na tese de doutorado intitulada “Cultura informacional e distinção: a orkutização sob o olhar da Ciência da Informação”. Ela é de autoria de Ruleandson do Carmo Cruz e foi defendida no Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da UFMG em 30 de setembro, dia em que a morte do orkut foi oficializada.

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Renovar as alianças é preciso

por Luis Borges 14 de novembro de 2014   Pensata

Na semana passada me encontrei com Azarias Pedro, um antigo colega do início da minha carreira, que eu não via há muito tempo. Fizemos o clássico cumprimento, carregado de satisfação pelo reencontro. Depois dele, Azarias disparou a falar. Em resumo, seu casamento de 30 anos com Ana Telma acabou. Foi ela quem pediu a separação, irrevogável, alegando que não aguentaria mais esperar pelo dia em que a morte os separaria. Meu colega estava queixoso. Contou que hoje mora num pequeno barracão, nos fundos da casa do filho mais velho, vive do salário de professor aposentado pelo INSS.

Foram muitas informações em poucos minutos. Tentei respirar, perguntei pelas causas. Ele disse que era complicado, que fora engolido pela mesmice, pela escassez de diálogo, acentuada com a passagem do tempo. Tentei continuar a conversa, compartilhar algo sobre a minha trajetória, mas meu colega estava sem tempo e partiu.

Azarias me deixou pensando na história dele, no conjunto de causas que fizeram parte do processo que levou o casal àquele resultado. Me indagava quais poderiam ser as causas fundamentais, mesmo não tendo fatos e dados para alimentar minhas ilações.

Interior da Catedral da Boa Viagem, em Belo Horizonte / Foto: Marina Borges

Interior da Catedral da Boa Viagem, em Belo Horizonte / Foto: Marina Borges

Foi aí que me lembrei do sermão feito pelo padre durante a cerimônia religiosa do casamento de Thais e Thiago, em setembro, na Catedral da Boa Viagem, em Belo Horizonte. Essencialmente, o padre se referiu ao tema do Evangelho, que tratava da transformação da água em vinho nas Bodas de Caná. O padre aproveitou para reiterar que, atualmente, vivemos numa sociedade epidérmica onde a profundidade está fora de moda. Arrematou lembrando a importância das alianças entre as pessoas e a essencialidade da sua permanente renovação.

Se é bom aprendermos com os erros e acertos, de preferência dos outros, me pergunto e te pergunto, caro leitor: como estão as nossas alianças? Será que estamos praticando verdadeiramente o que significa uma aliança para fazer a união harmoniosa de seres e coisas diferentes entre si e que são muito valiosas para todos os envolvidos no processo?

Surge aqui uma oportunidade para a reflexão, que deve ser seguida pela ação, tendo como foco as alianças no amor, na família, nos negócios, no associativismo… sempre lembrando que não existe processo sem cooperação e sem participação.

Infelizmente, se as nossas conclusões nos informarem que estamos omissos e que nossas alianças estão perdendo o sabor, fica o desafio da mudança de atitude enquanto há tempo. Espero que, doravante, os gestos sejam maiores que as intenções, pois o isolamento é tão triste no palacete quanto no barracão.

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