Usar o telefone celular ao volante, estacionar em local proibido ou avançar o sinal vermelho foram as infrações mais cometidas pelos motoristas de BH em 2014. A informação foi divulgada pelo Batalhão de Trânsito da PM durante entrevista à rádio Itatiaia, na semana passada.
Uma primeira observação sobre as causas evidencia a pressa, considerada inerente aos nossos tempos. A gestão da ansiedade continua sendo um grande desafio perante as crescentes exigências de sucesso pessoal e profissional na competição pela sobrevivência.
As vias públicas são praticamente as mesmas, mas a quantidade de veículos automotores praticamente triplicou nos últimos dez anos. O setor automotivo corresponde a 20% dos negócios da indústria. O veículo próprio cristaliza a individualidade, o culto ao carro de cada um. O transporte coletivo por ônibus, cuja qualidade, preço e atendimento ainda deixam a desejar, bem como outros frágeis modais, tipo metrô, acabam sempre reforçando a busca por soluções individuais.
A escassez do tempo e a sua má gestão só acentuam a sua falta, enquanto poucos tentam compreender as suas causas. Diante dessa situação lembrei-me da música Sinal fechado, composta por Paulinho da Viola em 1969, e que foi gravada por Chico Buarque – em seu vinil do mesmo nome – no auge da censura dos tempos da Ditadura Militar. Aliás, é desse período o cognome “Julinho da Adelaide”, que Chico usou para driblar com criatividade a turma da censura do Departamento de Policia Federal.
Sinal Fechado Paulinho da Viola Fonte: Letras.mus.br Olá, como vai? Eu vou indo e você, tudo bem? Tudo bem eu vou indo correndo Pegar meu lugar no futuro, e você? Tudo bem, eu vou indo em busca De um sono tranquilo, quem sabe... Quanto tempo... pois é... Quanto tempo... Me perdoe a pressa É a alma dos nossos negócios Oh! Não tem de quê Eu também só ando a cem Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí Pra semana, prometo talvez nos vejamos Quem sabe? Quanto tempo... pois é... (pois é... quanto tempo...) Tanta coisa que eu tinha a dizer Mas eu sumi na poeira das ruas Eu também tenho algo a dizer Mas me foge a lembrança Por favor, telefone, eu preciso Beber alguma coisa, rapidamente Pra semana O sinal ... Eu procuro você Vai abrir... Por favor, não esqueça, Adeus...