Vale a leitura

por Luis Borges 18 de maio de 2015   Vale a leitura

A vida é como a dengue – Um amigo foi diagnosticado com dengue e chegou a apresentar 53 mil plaquetas segundo o laudo de um dos exames de sangue, quando o esperado é algo entre 150 e 400 mil plaquetas. No período de 12 dias em que “ficou de molho” para se recuperar, ele acabou fazendo, também, uma análise crítica do seu ritmo e estilo de vida. Outro que refletiu sobre o assunto foi Renato Essenfelder, no texto A vida é como a dengue.

Não era dengue, era a vida. Aquela doença que me andava deprimindo, exaurindo, que na quinta-feira às sete horas da noite engolfou meu corpo na cama como um oceano de algodão – era a vida

Eu acredito – A corrupção está nas mídias e o caso da Petrobras na Operação Lava Jato da Polícia Federal tornou-se emblemático. Agora aconteceu uma cerimônia para marcar a devolução de R$157 milhões à empresa, que foram recuperados das contas de um ex-gerente. Parece pouco diante dos R$6 bilhões assumidos como perdidos para a corrupção, mas já é um sinal de alguma consequência para esse tipo de crime. É o que comenta o jornalista Eduardo Costa no artigo Eu acredito, publicado em seu blog. Ele parafraseia Ariano Suassuna dizendo que “todo pessimista é um chato, todo otimista é um bobo; eu sou é um realista esperançoso”.

Valores democráticos – Estamos vivendo um momento em que os valores democráticos, tão citados nos discursos de muita gente, não aparecem nas práticas dessa mesma gente. Os pontos de vista geralmente têm sido arduamente defendidos e as posições têm se polarizado quase que na base do 8 ou 80, como se não houvesse outras possibilidades, inclusive mais equilibradas. Frequentemente surgem na imprensa casos envolvendo situações, em escolas particulares ou públicas, quando pais têm questionado diretores e professores sobre textos ou campanhas presentes em seus projetos pedagógicos. Em muitas situações os alunos têm colocado firmemente em prática o que lhes tem sido proposto, o que tem motivado até reações assustadas dos pais e certos recuos das escolas diante dos questionamentos. É o que aborda a educadora Rosely Sayão no seu artigo Valores democráticos, publicado pela Folha de São Paulo. Segue um trecho:

“Precisamos ensinar na escola os valores democráticos. Não é difícil transmitir às crianças os cuidados que devemos ter para a manutenção da democracia. O futuro irá reconhecer nosso empenho nesse sentido”.

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Atendimento que desencanta

por Luis Borges 15 de maio de 2015   Pensata

Comecei a usar um telefone celular 20 anos atrás, não sem uma resistência inicial. Foi inevitável começar pelo hoje saudoso “tijolão”, cuja bateria logo se descarregava. Os anos passaram, os aparelhos telefônicos receberam sucessivas inovações multifuncionais e o setor de telecomunicações foi privatizado. O que nunca mudou, e sinto que só piora, é o atendimento aos usuários que, na maioria das vezes, não são tratados como clientes das operadoras.

O saudoso "tijorola". / Foto do site "O Antiquário"

O saudoso “tijorola”. / Foto do site “O Antiquário”

É claro que o cliente tem a expectativa de receber um serviço de qualidade, com preço justo e atendimento adequado. Justamente por discordar dos preços abusivos cobrados pela operadora à qual estou vinculado nessas duas décadas, é que fiz uma mudança de plano de prestação de serviços para reduzir o gasto à metade. Aí começou o meu calvário, que é semelhante ao sofrido pela maioria dos usuários, como pude constatar ao longo de oito dias consecutivos.

Meu relato é apenas para registrar mais uma ocorrência de serviços não prestados, enorme perda de tempo e permanente exercício da paciência para não desistir de lutar pela solução do problema. O objetivo era só ter a linha telefônica fazendo e recebendo ligações conforme as condições negociadas, já que o faturamento mensal começou a valer desde o primeiro minuto apesar da indisponibilidade.

Nesses oito dias pude perceber mais uma vez como a empresa é mal operada no seu dia-a-dia, como os padrões padecem de consistência e, principalmente, como os terceirizados operadores são mal treinados, se é que eu posso imaginar que eles realmente estão sendo treinados. Mais de 80 horas foram quase totalmente perdidas, tanto no atendimento telefônico feito a partir de uma base instalada em Teresina, capital do Piauí, como em duas idas a uma loja de multi-problemas na região central de Belo Horizonte.

Num determinado dia, um atendente disse que minha linha estava livre. Mas ao fazer um teste com um técnico de suporte, o sistema simplesmente caiu. Fiz nova ligação e surgiu outro atendente dizendo que havia um bloqueio na minha linha. Enquanto eu tentava conversar, o operador pedia “um instante por favor” e, de repente, nesse vai e vem sem nada resolver, entrou aquela dolorosa gravação mandando discar 1 se a solicitação foi atendida e dar uma nota de 0 a 10 ao serviço do atendente. E assim foram se sucedendo os casos, que não são diferentes dos que provavelmente você já enfrentou em algum momento em que se viu obrigado a usar os serviços de sua operadora de telefonia.

Ao final dos oito dias eu já estava me adaptando à vida de não-usuário do celular, mas confesso que estava sentindo alguma falta dele. Essa falta era atenuada pela expectativa de que, diante da baixa previsibilidade operacional da empresa operadora, a qualquer momento tudo poderia voltar a funcionar.

Por fim, depois de inúmeros protocolos de atendimento e diversas explicações para o problema, o atendente da loja física resolveu o problema, constatado como “uma falha na migração de planos”.

atendimento protocolo celular

Um dos muitos protocolos de atendimento que recebi 

Apesar do Código de Defesa do Consumidor e da capacidade de alguns para lutar pelos seus direitos, fica nítida a nossa incapacidade de boicotar ou abrir mão de bens e serviços desrespeitosos no cumprimento do que foi combinado. A condição de usuário fica nítida, também, por sermos obrigados a usar o que está aí e ponto final.

A Agencia Nacional de Telecomunicações até registra as nossas reclamações, mas até o seu numero 1331 apresenta, por vezes, uma mensagem dizendo que “no momento todos os operadores estão ocupados” e pede que se retorne a ligação mais tarde. Além disso, pra reclamar na Anatel só ligando em dias úteis, das 8h às 20h. Só que os problemas não obedecem esse horário.

Esse texto foi inspirado por dias sem celular, dias de telefone “pai de santo” e dias de telefone que só fazia chamadas. Agora meu serviço já voltou ao normal.

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 13 de maio de 2015   Curtas e curtinhas

Demissão no trabalho

Um texto bastante temido – e que muita gente não gostaria de ouvir – tem sido pronunciado em muitas organizações humanas, com o seguinte padrão: “Estamos fazendo uma reestruturação na empresa e a sua posição foi extinta. Precisaremos de outra estrutura funcional que vai absorver suas atividades. Agradecemos sua participação.”

As coisas que acontecem com os outros também podem acontecer com a gente e os fatos e dados não deixam de existir, mesmo quando são ignorados. O dado mais recente do Caged, do Ministério do Trabalho, mostra que o número de desempregados chegou a quase 8 milhões de pessoas no primeiro trimestre deste ano.

carteira de trabalho demissão

Carga tributária

Nos tempos da Inconfidência Mineira a carga tributária que causava a revolta na Colônia era de 20% da produção, o chamado 5º do ouro. Segundo cálculos do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), a carga de impostos a ser paga pelos brasileiros em 2015 será de 36,22% do PIB, isso se todas as medidas do ajuste fiscal em tramitação forem aprovadas. Serão 47,5 bilhões de reais a mais que no ano passado. E, é claro, as três esferas do poder executivo sabem repassar os índices de inflação para o seu quinhão. Mas salários, tabela do Imposto de Renda, auxílio doença, aposentadoria do INSS acima do mínimo, para todos a correção é diferente.

Linha da meta

A Lei de Diretrizes Orçamentárias estabelece que a economia que a União, estados e municípios têm que fazer para pagar juros de suas dívidas deve ser de 66,2 bilhões de reais, ou seja, 1,2% do PIB. No primeiro trimestre esse valor acumulado foi de 19 bilhões de reais. Os fatos e dados mostram que, para chegar a esse número, muito contribuíram, dentre outros, os atrasos de pagamentos para as empresas construtoras do Programa Minha Casa Minha Vida, a redução pela metade de novos financiamentos para o Fies, o adiamento por duas vezes do início das aulas de novas turmas do Pronatec e os atrasos nos repasses aos fundos estaduais previstos constitucionalmente. Nessa toada vamos ver como e até quando o Governo Federal vai alongar os seus repasses financeiros e também qual será sua estratégia se o ajuste fiscal não for plenamente aprovado pelo Congresso Nacional.

Aluga-se

Numa pesquisa informal com 5 imobiliárias das zonas Centro, Sul e Leste de Belo Horizonte, nota-se aumento no tempo gasto para se alugar um imóvel residencial ou comercial. Existem casos em que um apartamento de 2 ou 3 quartos, mesmo na zona Sul, tem demorado de 4 a 6 meses até a assinatura do contrato de locação. E isso tem ocorrido mesmo com a redução de preços.

Já para salas comerciais no Centro da cidade, que às vezes demoram até mais tempo que apartamentos ou casas para serem locadas, tem sido comum a oferta de descontos que variam de 20% a 50% no valor do aluguel durante os primeiros seis meses de vigência do contrato. É obvio que essas imobiliárias tem notado boa vontade de muitos proprietários de imóveis para negociar seus aluguéis, que são aqueles que dependem dessa renda para o seu equilíbrio financeiro mensal. Imagine num caso desses o que é ficar 6 meses sem o dinheiro do aluguel e ainda pagar condomínio, fundo de reserva, IPTU e seguro do imóvel! Só mesmo com um alto ajuste fiscal.

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A Câmara dos Deputados e o Senado da República prosseguem em suas atividades de formular e revisar leis com a velocidade que lhes é peculiar. Os 513 deputados e os 81 senadores também “dão o seu melhor” nas comissões temáticas, onde são definidos os textos que irão para a fila de votação no plenário. Como a definição da pauta é política, tudo pode acontecer. Além das Medidas Provisórias, enviadas pelo Poder Executivo, muitas proposições de certo número de parlamentares ou mesmo intenções de propostas circulam pelas duas casas legislativas. A seguir estão alguns temas que, em algum momento, poderão estar nas pautas de votações.

mexendo o doce em brasília

Congresso Nacional – 2009 / Foto: Rodolfo Stuckert / Fonte: Site da Câmara dos Deputados

Segurança pública

O Ministro da Justiça anunciou na Câmara dos Deputados a intenção de enviar brevemente ao Congresso Nacional uma Proposta de Emenda à Constituição aumentando o protagonismo da União nos aspectos ligados à segurança pública. Segundo o Ministro, a ideia é garantir mais poder à União para legislar, favorecendo uma integração com estados e municípios.

Enquanto a intenção não vira gesto, a população prossegue sofrendo com as sensações de insegurança e sendo vítima dos mais diversos tipos de violência. Essa lei, por si só, não vai resolver esses problemas. O fato é que o teórico Sistema Integrado de Segurança também precisa de uma justiça mais ágil, que sinalize para toda a sociedade que o descumprimento das Leis não ficará impune nem adiado eternamente.

Leia mais sobre essa proposta aqui.

Idosos acima de 80 anos

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, em caráter conclusivo, o Projeto de Lei 3575/12. Ele estabelece que as pessoas com idade superior a 80 anos têm prioridade em relação aos demais idosos para atendimento em processos judiciais e em tratamentos de saúde, exceto para casos de emergência. A Lei define como idosa a pessoa com idade superior a 60 anos e lhe assegura uma série de prerrogativas. Segundo dados do IBGE, o Brasil possui atualmente 23 milhões de pessoas idosas, das quais 3 milhões possuem idade superior a 80 anos. Agora, o Projeto de Lei seguirá para análise e votação do Senado. Não há estimativa de tempo para a tramitação nessa nova fase. Mas, na Câmara, levou pouco mais de 3 anos.

Leia mais sobre essa proposta aqui.

Médico Deputado

Também a CCJ da Câmara dos Deputados decidiu que médicos que são deputados podem exercer a medicina de forma privada, gratuita ou remunerada, e que tal ato não é incompatível com o mandato de deputado. Apesar da Constituição Federal impedir o acúmulo de funções dos Deputados em órgãos públicos, empresas concessionárias de serviços e de economia mista, a CCJ entendeu que existe compatibilidade, desde que não atrapalhe as atividades parlamentares. Agora o tema será votado pelo plenário.

Já que os Deputados exercem atividades relativas ao mandato de segunda a sexta feira, sobram os finais de semana, feriados e períodos de férias para o exercício da medicina, que tanta falta deve fazer aos seus pacientes clientes, muitos dos quais são até eleitores.

Leia mais sobre essa proposta aqui.

Território de Tabelião

A CCJ também aprovou, em 5 de maio e em caráter conclusivo, o Projeto de Lei 3004/11, que permite ao Tabelião exercer suas funções em mais de um município. A condição para isso ocorrer dependerá de autorização do Poder Judiciário, que também determinará o tamanho da área de atuação na Comarca. Atualmente a Lei que regulamenta os serviços notariais determina que ele seja prestado no âmbito municipal, independente da sua área territorial. Segundo o relator, muitas vezes o município é pequeno e a Comarca é grande. Por isso as divisões territoriais que demarcarão os limites de atuação de cada Tabelião devem ser feitas pelo Poder Judiciário. Por outro lado, o Tabelião concursado só poderá prestar os serviços num único local, não se permitindo filiais. A proposta seguirá para análise e votação no Senado, mas é possível perceber uma disputa por esse rentável mercado, cuja divisão de fatias parece não estar agradando plenamente aos detentores das concessões desses serviços públicos.

Leia mais sobre essa proposta aqui.

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por Sérgio Marchetti

Capítulo 1

De acordo com várias pesquisas nacionais e internacionais de fontes confiáveis, constata-se que um dos maiores medos da população mundial é o de falar em público. Os resultados apontam que ele supera até o medo de morrer. Relatos de pânico, lapsos de memória, taquicardia, sudorese, coceiras, pigarro e outras reações estranhas são frequentes e atingem pelo menos a 70% da população. Nos dias atuais, embora haja tanta tecnologia, o número de apresentações presenciais é crescente, ou seja, vamos ter que enfrentar nossos fantasmas e vencer o medo que temos deles.

Por ser professor de Comunicação Oral, muitas pessoas já me procuraram na esperança de eliminarem seus sofrimentos para falar em público. Pude ajudar a muitas delas. E, ao contrário do que todos pensam, meu público individual foi, sem exceção, de pessoas que possuem curso superior e ocupam altos cargos. Um deles me relatou que numa viagem aérea para realizar sua primeira grande palestra, durante uma turbulência chegou a torcer para que a aeronave caísse (ainda bem que ele não era o copiloto), assim morreria como palestrante. Concluí que ele seria tão palestrante quanto Tancredo Neves foi presidente.

Observo, mesmo sem querer, a postura e a voz de profissionais quando estão no palco. Grande quantidade não consegue disfarçar seu desconforto, pois a postura e o tom de voz os denunciam. Sabemos que o momento mais difícil é o do inicio, mais especificamente os primeiros três a cinco minutos. Portanto, administrar o começo é uma estratégia poderosa. Cumprimentar, agradecer e fazer a introdução de forma cadenciada são recursos que podem ajudar a qualquer orador. É providencial falar de assuntos que dominam, acreditam e gostam.

falar em público medo

O palco e o público influenciam nesse medo. / Foto: Marina Borges

Há anos publiquei um livro (com edição já esgotada), cujo título é Falar em Público e Comunicar… é só Começar. Quis, com meus escritos, ajudar a todos que sofrem desse mal. Eu já padeci dele e sei exatamente o que sente uma pessoa inibida quando anunciam seu nome e a chamam para o palco. Naquele momento o palco é o cadafalso. Alguns caminham sem cor e com o semblante de um condenado à morte. Provavelmente dormiram mal de tanta ansiedade e faltou melatonina – hormônio regulador do sono. Outros me confidenciam que seria menos penoso caminhar para a execução do que para falar em público. E não é exagero. Infelizmente o sofrimento é demasiadamente grande para um número expressivo de pessoas.

E de onde vem tanto pavor? Quais são os motivos? Afinal, o orador vai falar de alguma coisa que conhece. Há muita especulação sobre as causas que levam as pessoas a sofrerem tanto, quando estão diante de uma plateia. Os traumas de infância, pais severos e protetores, babás torturadoras, bullying e outros acontecimentos que tenham compelido o indivíduo, fatalmente contribuíram negativamente para gerar temor e, em muitos casos, pânico.

Algumas orientações para falar em público

Para minimizar os efeitos ansiogênicos devemos planejar com muito esmero tudo aquilo que vamos falar sobre um determinado tema, além de dominá-lo. O objetivo de sua apresentação deve estar muito claro. O que pretende? Vender um produto? Convencer o público a tomar alguma atitude?

Toda apresentação deve ter uma abertura, que é o momento de dizer a que veio. Fazer um trailer sobre o assunto vai ajudá-lo significativamente. Na segunda parte faça o desenvolvimento, que é o foco principal da palestra. O orador deve demonstrar sua tese, utilizando-se de referências, estatísticas, fatos, históricos etc. E, ao final, mobilize seu público. Proponha e sugira ações e reflexões. E, por favor, tenha dó. Nada de terminar com o maldito “é isso aí”…

Caríssimo leitor, como viu, há muitos outros detalhes que podem ajudá-lo a transformar o cadafalso em palco. Voltaremos ao tema em outras oportunidades, mas, por ora, cabe dizer-lhe que, de todas as técnicas, a mais importante é a de falar com o coração. Lembre-se disso e vença a inibição com a emoção. Boas falas.

Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui Licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br .

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A vida sem crachá – Trabalhar 23 anos no mesmo grupo empresarial e crescer verticalmente na carreira acaba sendo uma trajetória de muitos aprendizados. Talvez um dos maiores deles seja uma demissão no momento em que, apesar das dificuldades e metas não atingidas, aparentemente tudo continuava tranquilo no sentido da continuidade. Como se reinventar num ponto de inflexão como esse, gerenciando o sofrimento e a necessária continuidade da vida no mundo do trabalho, sem o crachá de empregado? Leia o relato da jornalista e mestre em comunicação Cláudia Giudice após sua experiência numa grande editora e seus novos caminhos após o desligamento da empresa.

Produtividade não é maná dos céus – A melhoria da produtividade no país continua sendo um desafio para o aumento da nossa competitividade. Teoricamente o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deveria cumprir papel crucial para incentivar e facilitar o acesso de empresas de pequeno e médio porte, prioritariamente, aos seus recursos financeiros disponibilizados a juros civilizados. Na realidade, o que se verifica é que 41% do capital emprestado pelo BNDES foi direcionado às dez maiores empresas brasileiras, segundo o mais recente relatório do banco. Assim fica difícil falar em melhoria da produtividade, e como sabemos, ela não cairá do céu como maná. É o que mostra este artigo de Monica Baumgarten de Bolle, economista e doutora pela London School of Economics.

Ócio criativo – Aliança entre trabalho, estudo e lazer a um só tempo é a essência do conceito do ócio criativo, formulado pelo sociólogo italiano Domenico de Masi, professor da Universidade La Sapienza, em Roma. Ele é um estudioso da atividade produtiva na era pós-industrial e é muito instigante em seus pensamentos. Alguns até o consideram utópico, mas ele sempre desperta muita atenção na difusão de suas formulações. Ele esteve recentemente no Brasil e concedeu excelente entrevista à jornalista Fernanda Mena, da Folha de São Paulo. Para o sociólogo “o neoliberalismo da era Thatcher inverteu as coisas: a luta de classes dos pobres contra os ricos se tornou a luta dos ricos contra os pobres. Isso ocorre no Brasil também”.

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Na travessia do meu tempo converso com diferentes tipos de pessoas, de idades, ofícios e assuntos dos mais variados. Mas tenho notado que uma parte expressiva dessas pessoas, talvez um pouco mais de 50%, tem se caracterizado pelo excesso de reclamações, lamentos e choros. Elas tem me passado a sensação de que são vítimas de alguma coisa o tempo todo, ao mesmo tempo em que dizem trabalhar bastante e que se dedicam a muitas pessoas que vivem no seu entorno.

Algumas também disparam contra a crise econômica, a corrupção e a perda de poder aquisitivo enquanto continuam comprando, comprando e comprando. Tenho percebido também que algumas delas não admitem ouvir o menor contraponto questionador de suas atitudes e posturas. Aliás, até se irritam porque só sabem falar muito e fazer lamentos. Numa dessas quase saí festeiro com uma pessoa só porque ousei balbuciar algumas palavras sobre o planejamento financeiro para dar suporte ao ciclo idoso da vida.

Fiquei mais “bege” ainda quando um amigo cinquentão veio chorar o fim de um amor que já durava 2 anos. Diante de seu estado sofrido, mas típico de quem não se emenda, sugeri a ele que ouvisse algumas vezes a música Pra que chorar, do “poetinha” Vinícius de Moraes em parceria com Baden Powell.

O amigo ainda não me procurou para dizer como está reagindo à terapia musical nos últimos dias. Mas prossigo solidário, quieto, de ouvidos abertos e boca fechada. Vamos ver como tudo isso vai se desdobrar. Como se vê, reclamações, lamentos e choro não faltam, e estão aí para muitas modalidades.

Pra que chorar
Fonte: Letras.mus.br

Pra que chorar
Se o sol já vai raiar
Se o dia vai amanhecer
Pra que sofrer
Se a lua vai nascer
É só o sol se pôr
Pra que chorar
Se existe amor
A questão é só de dar
A questão é só de dor

Quem não chorou
Quem não se lastimou
Não pode nunca mais dizer
Pra que chorar
Pra que sofrer
Se há sempre um novo amor
Em cada novo amanhecer
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