O Governo Federal errou feio na meta de superávit primário, pelo segundo ano consecutivo. Esse superávit, que é o saldo positivo da conta receita menos gastos, teve que ser revisto ontem.

A história se repetiu, não houve aprendizado. A meta de poupar R$66,3 bilhões, que equivalem a 1,13% do PIB, teve que ser reduzida para meros R$8,747 bilhões, que significam 0,15% do PIB. Tudo isso tem como objetivo pagar um pouquinho da dívida interna. Na prática, a nova meta é 86,7% menor do que estabelece a Lei de Diretrizes Orçamentárias em vigor.

Uma leve diferença é que, no ano passado, a revisão dessa meta foi proposta depois do segundo turno das eleições presidenciais. Neste ano, se concretizou em julho, após quase um mês de embates entre os Ministérios da Fazenda e do Planejamento. Aliás, aqui no Observação e Análise o estabelecimento, acompanhamento e atingimento de metas já foi tema em pelo menos outras quatro ocasiões.

abuso financeiro contra idosos

Contando os centavos…

Uma pergunta simples e direta – por que o governo erra tanto quando define uma meta?

Nesse caso do superávit primário, podemos inicialmente analisar o processo que levou ao estabelecimento da meta e avaliar criticamente as premissas que a fundamentaram. Os principais erros cometidos nos mostram, hoje, que o número fixado foi muito mais um desejo, premido por uma necessidade de resposta ao mercado e à população.

Por outro lado, o Governo Federal nunca teve a humildade de reconhecer os erros de sua nova política econômica no primeiro mandato, notadamente marcado pela contabilidade criativa, pedaladas fiscais, grande aumento nos gastos e estouro das contas públicas. Pesou, também, a postura otimista de que o ajuste fiscal proposto seria facilmente aprovado pela base aliada  no Congresso Nacional, sem negociações de cortes, como se o ovo da galinha já estivesse garantido. Outro erro que parece visível foi não ter trabalhado com um cenário pessimista, imaginando, por exemplo, que a arrecadação federal poderia chegar a uma queda real em função da recessão econômica, como veio a ocorrer.

Já em maio a linha da meta mostrava que o resultado estava bastante distante do desejável, o que apontava que a meta era simplesmente maluca, que jamais seria atingida. Juntaram-se a tudo isso a crise política, as dificuldades com o Congresso e com as centrais sindicais e a fraca avaliação do desempenho da Presidente e sua equipe.

Agora a nova meta anunciada necessitará de aprovação de modificação da LDO no Congresso Nacional, que ainda virá acompanhada de corte orçamentário em torno de R$8,9 bilhões. Apesar de todos os discursos ministeriais realçando as incertezas da economia e fazendo juras de transparência, a sensação que fica é a de ajeitamento para ajudar na conta de chegada.

Com tantos erros na formulação e com tanta ruindade no gerenciamento, não será nenhuma surpresa se a história se repetir outra vez e, no lugar do superávit de R$8,747 bilhões, na virada do ano vier um déficit primário, como aconteceu em 2014.

Como se vê a gestão pela liderança continua fazendo muita falta. Apenas a fama de “gerentona” ou “gerentão” não é suficiente.

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 22 de julho de 2015   Curtas e curtinhas

Novas aplicações em LCI

Depois de um mês de suspensão, a Caixa Econômica Federal voltou a aceitar aplicações de novos recursos em LCI (Letras de Crédito Imobiliário) com duas novidades. A primeira é que o valor mínimo a ser aplicado passou de 30 mil para 100 mil reais. A segunda é que o prazo mínimo de resgate mudou de 60 para 90 dias. O investimento segue remunerando em torno de 90% do valor do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) que, por sua vez, equivale a 90% da Selic, que hoje está em 13,75% ao ano. O LCI é isento de Imposto de Renda. As aplicações antigas permanecem sem restrições para os clientes da Caixa que desejam renová-las. Já a caderneta de poupança…

2º aumento tarifário da água

Os municípios de Campinas, Jundiaí e Piracicaba, em SP, são alguns dos que terão um segundo reajuste nas tarifas de abastecimento de água neste ano, que vigorará a partir de agosto. As justificativas para a aplicação da taxa extra são o tarifaço da energia elétrica, o encarecimento do tratamento da água em função da escassez, a queda no faturamento em função das campanhas de redução do consumo e as necessidades emergenciais de investimentos nos sistemas para aumentar a oferta de água.

Em Campinas a tarifa subirá 15% e já havia subido outros 11,98% em fevereiro. Já em Jundiaí o índice será de 16% e já tinha sido de 6,59% em janeiro. Em Piracicaba será de 14,9%, mesmo com os 12,47% de março. Como se vê, tudo vai sendo jogado nas costas do consumidor-trabalhador, cujos salários mal conseguem um reajuste anual nem sempre pelo mesmo índice da inflação. Isso para não falar naqueles que simplesmente estão sendo demitidos. Você já pensou num cenário em que os demais serviços públicos concedidos poderiam mirar no exemplo da energia elétrica e da água para também reivindicar seus próprios aumentos? Em Belo Horizonte as empresas concessionárias do transporte coletivo urbano querem uma tarifa extra de 12,5%. O que ninguém quer é melhorar a gestão dos seus negócios ou correr riscos no regime capitalista.

Mudanças no boleto bancário

As cobranças por meio de boletos bancários movimentaram 1,3 trilhão de reais neste primeiro semestre de 2015. O modelo atual de boleto vigora desde a década de 90 do século passado. Agora, a  Febraban (Federação Brasileira de Bancos) quer fazer inovações para combater as fraudes, operando apenas com boletos registrados nos bancos, que hoje representam 60% do total, e possibilitar o pagamento de boletos em qualquer agência bancária também após a data de vencimento. No caso dos boletos não registrados, a Febraban orientou os bancos a abandonar essa modalidade, sob o argumento de que só se toma conhecimento da existência daquele boleto quando o pagamento é efetuado, ou seja, não existe controle. Entretanto os principais usuários, como escolas, sites de vendas online, administradoras de condomínios, concessionárias de serviços públicos, criticam a medida por considerar que os custos são mais altos quando se assina um contrato para a cobrança de boleto registrado. Vamos ver como tudo isso vai terminar e em quanto tempo.

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Na Avenida Afonso Pena, próximo ao Hotel Othon Palace. / Foto: Sérgio Verteiro

Na Avenida Afonso Pena, próximo ao Hotel Othon Palace. / Foto: Sérgio Verteiro

A beleza da florada dos ipês se mostra, um mês depois do início do inverno, em vários lugares de Belo Horizonte e de Minas Gerais.

Também na Av. Afonso Pena. / Foto: Sérgio Verteiro

Também na Av. Afonso Pena. / Foto: Sérgio Verteiro

A árvore típica da região começa a mostrar a exuberância de suas flores primeiramente com a cor roxa, que já começa a ter a companhia das que são cor de rosa. Logo também já poderemos perceber a chegada dos brancos e amarelos fechando a estação. Enquanto as flores chegam, as folhas caem e a natureza vai se renovando em seu ciclo conforme previsto em seu código.

Na Av. do Contorno, próximo à esquina com a Rua Hermilo Alves. / Foto: Sérgio Verteiro

Na Av. do Contorno, próximo à esquina com a Rua Hermilo Alves. / Foto: Sérgio Verteiro

Apesar de muitos atos de desamor à natureza, ela resiste e persiste. Mas para combater a invisibilidade é preciso olhar. Olhar, mirar, para perceber o ambiente que nos cerca e que nos acolheu.

Passando pelo Viaduto Santa Tereza, somos brindados pela copa florida se destacando entre o verde do Parque Municipal. / Fotos: Sérgio Verteiro

Passando pelo Viaduto Santa Tereza, somos brindados pela copa florida se destacando entre o verde do Parque Municipal. / Fotos: Sérgio Verteiro

Ainda que você ande pela cidade sem reparar na paisagem à sua volta, há tempo para perceber e admirar as belas árvores floridas, como as que destacamos neste post. Ao longo da Avenida do Contorno, no Centro de BH, na Praça da Liberdade, no Parque Municipal… são apenas algumas sugestões de locais para admirar tamanha beleza e, quem sabe, redescobrir a cidade.

Dentro do Parque Municipal. / Fotos: Sérgio Verteiro

Dentro do Parque Municipal. / Fotos: Sérgio Verteiro

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No início de julho a Presidente da República viajou até a Rússia para participar de uma reunião dos Brics, o grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Na volta, passou pela Itália, onde se encontrou com o Presidente e o Primeiro-Ministro do país. Essa foi a agenda oficial, comunicada pelo Palácio do Planalto.

Ufá - Russia, 09/07/2015. Presidente Dilma Rousseff durante VII Cúpula do BRICS. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Ufá – Russia, 09/07/2015. Dilma Rousseff e Vladimir Putin durante VII Cúpula do BRICS. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

No entanto, antes de chegar ao destino oficial, Dilma Rousseff passou em Portugal, onde até se reuniu com o Presidente do STF, Ricardo Lewandowski. A diferença é que essa parte não foi informada na agenda e simplesmente acabou chegando ao conhecimento público quando a comitiva presidencial já estava chegando lá. E, cá pra nós que nos preocupamos com a qualidade e a quantidade dos gastos: não seria possível fazer uma reunião com o Ministro Lewandowski em Brasília? Ou o aumento salarial do funcionalismo do poder judiciário, de 58% a 79%, está incomodando tanto?

Passemos a outros exemplos. Uma secretaria de estado do Governo de Minas, ao receber solicitações de informações e questionamentos sobre temas ligados ao negócio da pasta, informa friamente e com “cara de paisagem” que não vai se posicionar sobre o assunto.

Uma empresa de porte médio ou grande recebe benefícios fiscais da união, estados e municípios. Esses são publicados nos Diários Oficiais dos respectivos níveis de poder, que citam códigos de protocolos, parágrafos, alíneas, leis conexas e anexos de complicada e complexa legislação. São códigos tão complexos que até um especialista em garimpo de sutilezas e escondidinhos legais, mas muitas vezes imorais, tem dificuldades para encontrar e entender do que se trata especificamente. Assim podem ser lembrados diversos exemplos, como o abastecimento de água, as causas de um apagão na distribuição de energia elétrica… Esconde-se ao máximo aquilo que não seria interessante mostrar, pois toda pessoa bem informada é perigosa, ainda mais nesses tempos de redes sociais bastante atuantes!

Temos a Lei de Acesso à Informação, mas os órgãos públicos sujeitos a ela sabem se fingir de mortinhos sempre que necessário. Para cumprir o que dispõe a Lei, muitas vezes o site não é amigável, de pouca usabilidade e encontrar lá a informação correta e completa torna-se um desafio, como se fosse uma caça ao tesouro.

Outra forma de se fazer o jogo do escondidinho é simplesmente deletar a informação assim que expira o prazo mínimo previsto para que ela fique no ar.  Aí o jeito é torcer para que tudo tenha ficado registrado no “São Google”.

Se por um lado por um lado existem melhorias, por outro ainda há muito o que melhorar nas posturas de todos os envolvidos no processo de dar transparência a todas as informações que a sociedade tem o direito de acessar. Não dá mais para tolerar a aparência embalando a frase de um ex-Ministro da Fazenda quando disse “o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde”.

Para completar, que tal refletir sobre aparência e transparência em nossa vida familiar, nos nossos círculos de amigos, no associativismo e em nossos locais de trabalho?

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Vale a leitura

por Luis Borges 19 de julho de 2015   Vale a leitura

Por onde anda Marina Silva?

Decorridos pouco mais de nove meses do primeiro turno das eleições presidenciais de 2014, muitos se perguntam sobre o que Marina Silva está fazendo ou pensando. Afinal de contas ela obteve mais de 22 milhões de votos, que a levaram ao terceiro lugar na disputa. Diante do aprofundamento da atual crise econômica, política e social, é bastante visível seu sumiço da grande mídia, o que acaba passando a sensação de que ela está invisível. Neste artigo publicado pela BBC Brasil a jornalista Mariana Schreiber mostra o que ela está fazendo diretamente com as comunidades e como tem buscado inspiração nas experiências de outros países, como por exemplo a Colômbia, local de sua última viagem internacional.

A BBC Brasil tentou ouvir Marina Silva, mas sua assessoria informou que a viagem à Colômbia impedia que fosse realizada uma entrevista. Nos últimos meses, ela tem falado pouco com a imprensa.

Em um desses raros momentos, no mês passado, concedeu entrevista ao jornalista Keneddy Alencar, do SBT, em que disse não saber se disputará a eleição presidencial novamente e afirmou querer “pensar com tranquilidade” sobre como contribuir para o país.

“Eu ainda não tenho essa resposta (sobre se seria candidata). Não acho que uma candidatura deva ser em função da fadiga de material desse ou daquele partido. Uma candidatura será sempre em função de um projeto de país, de uma visão de mundo, de um programa de governo”, disse, ao ser questionada sobre a possibilidade de ser uma alternativa ao governo e ao PSDB.

“Eu quero discutir, pensar com tranquilidade qual é a natureza da minha contribuição para a sociedade brasileira.”

Crises de Brasil e Grécia se parecem?

Os analistas mais apressados devem estar forçando o encontro de muitas semelhanças entre as situações da Grécia e do Brasil neste momento em que os dois países passam por crises. Acontece que as condições de contorno são diferentes, inclusive nas maneiras de medir e comparar as principais variáveis envolvidas. Indo direto ao ponto, cada caso é um caso. Nesta matéria do UOL estão as opiniões de três economistas de instituições renomadas. Leia as análises sobre as principais diferenças entre as duas nações – histórico do PIB desde a crise econômica de 2008, controle da moeda nacional, causas para a inflação, relação com o FMI, nível de desemprego. Eles também analisam as principais semelhanças – dependência de capital estrangeiro e dos bancos, crise de confiança. Como se vê, há mais diferenças que semelhanças.

Perder menos com a aposentadoria

As discussões e propostas envolvendo o fator previdenciário nas aposentadorias pelo INSS continuam em pauta. Discute-se, também, o índice de reajuste das aposentadorias superiores a um salário mínimo, com a proposta de que sejam corrigidas pelo mesmo percentual deste. É bom lembrar que, hoje, o teto máximo para a aposentadoria é de R$4.663,75 e que é praticamente inatingível na maioria esmagadora dos casos, em função das regras de atualização monetária e do próprio fator previdenciário. Também o UOL publicou o artigo Qual é a melhor aposentadoria? Veja vantagens de cada tipo. Vale a leitura para entender melhor o assunto e começar a se planejar para esse momento da vida.

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 16 de julho de 2015   Curtas e curtinhas

Desaceleração do crescimento

O Programa de Aceleração do Crescimento também está dando uma grande contribuição para o ajuste fiscal em curso e está em plena desaceleração. Os números não mentem. No primeiro semestre de 2014, foram aplicados R$31,2 bilhões nos empreendimentos, enquanto no mesmo período de 2015 as cifras chegaram a R$19,9 bilhões. Foram R$11,3 bilhões a menos o que significa uma redução de 36% nos investimentos. As expectativas para o segundo semestre também não são das melhores, mesmo para o PAC que já foi um dos carros-chefes do Poder Executivo em tempos recentes.

Frei Betto e o PT

Nesta entrevista concedida ao jornal Valor Econômico, Frei Betto, um dos criadores do PT a partir das comunidades eclesiais de base, ouviu a pergunta a seguir.

O que o senhor achou das recentes declarações do ex-presidente Lula com críticas ao governo Dilma e ao partido que ele mesmo fundou?

Ao que respondeu:

Digo o que ele diz há muito tempo: O PT promoveu uma louvável inclusão econômica, mas não promoveu a inclusão política. O PT não criou cidadania, criou consumismo. E, agora, tiraram o sorvete da boca da criança e ela está se queixando. Da casa pra dentro, nota dez para os governos do PT. Tem tudo. Mas da casa pra fora o povo continua na favela, não tem saneamento, saúde, educação, segurança, transporte. O PT inverteu o processo. Investiu em bens e acesso ao consumo e não em bens sociais. Criou um apetite que agora se volta contra ele. As pessoas, é claro, não se conformam com a perda do que tinham.

Que clareza!

Repatriação de dinheiro

O Ministério da Fazenda estima que existam US$200 bilhões depositados em contas no exterior pertencentes a brasileiros e que foram enviados pra fora do país de maneira irregular, portanto sem pagar impostos. Entretanto alguns membros da equipe técnica discordam desse número e avaliam que o montante está em torno de US$100 bilhões. Sem se preocupar com a origem desse dinheiro e com foco em fechar as contas públicas ainda dentro das metas originais, o Ministério da Fazenda quer facilitar o retorno desses valores. A proposta que está sendo elaborada prevê uma taxação de 35% sobre o total a ser repatriado. Numa das hipóteses de adesão, os técnicos avaliam que poderiam entrar de R$20 bilhões a R$25 bilhões nos cofres da União, ou seja, pouco mais de 25% do montante caso houvesse interesse de todos que estão nas condições citadas. Sapo pula não é por boniteza, mas por necessidade.

Médicos de família

Segundo a Comissão Nacional de Residência Médica do MEC, 8% das vagas de Residência Médica são destinadas à Medicina de Família e Comunidade. Neste ano foram oferecidas 1520 vagas e só 400 foram preenchidas, pouco mais de 1/4 do total disponível. A atenção primária à saúde ainda tem muito o que caminhar, inclusive para despertar o interesse dos profissionais pela especialidade.

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Foi preciso redobrar a atenção durante a caminhada pela rua Mármore, no bairro de Santa Tereza / Belo Horizonte, no último dia 9 de julho. Um passeio interditado no quarteirão antes da Praça Duque de Caxias obrigou as pessoas a passarem quase no meio da rua, disputando espaço com os veículos que descem por ali em grande quantidade e velocidade ao longo do dia.

Foto: Sérgio Verteiro

Foto: Sérgio Verteiro

Ao lado do passeio interditado estava uma caçamba, ocupando a faixa de estacionamento de veículos, que seria o local mais seguro para os pedestres passarem. Note que, logo antes da caçamba, a faixa de estacionamento está bloqueada por sacos, o que ajuda a guardar espaço seguro pros caminhantes. O problema é que a caçamba força a caminhada do pedestre pela faixa de rolamento.

Uso o exemplo para responder a uma dúvida – como fazer uma obra, necessária, que bloqueia o passeio e, ao mesmo tempo, garantir a segurança dos pedestres? Entrei em contato com a Prefeitura, via 156. Até conseguir uma resposta, fiz 12 ligações para diversos órgãos. Por fim, na Regional Leste, fui informado que é possível fazer uma solicitação à BHtrans para que seja interditado um pedaço da pista de rolamento ao lado da caçamba. Assim, o passeio estaria interditado, a caçamba estaria no lugar certo e as pessoas teriam um local para passar com menos insegurança. Para fazer isso, é preciso preencher formulários etc. Ou seja, há solução, mas é preciso ter muita paciência.

Foto: Sérgio Verteiro

Foto: Sérgio Verteiro

Nesses tempos em que tanto se fala em mobilidade urbana, acessibilidade e atitudes compatíveis com a cidadania, o Observação e Análise tem abordado esses assuntos em diversas ocasiões – Acessibilidade difícil em Santa Tereza / Convívio difícilTombamento e abandono em Santa Tereza.

Ainda assim não posso deixar de ser um realista esperançoso. Por isso, revisito o poema No meio do caminho, do nosso poeta maior Carlos Drummond de Andrade.

No meio do caminho
Fonte: Estadão

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
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