Convívio difícil

por Luis Borges 4 de junho de 2015   Pensata

 

No fim da tarde desta quarta-feira, 3 de junho, véspera de feriado, quem passava pela rua Mármore presenciou uma cena que se torna cada vez mais comum.

Por volta das 17h30, no segundo quarteirão da referida rua no bairro de Santa Tereza, Belo Horizonte, uma senhora de presumíveis 50 anos buscava um local para estacionar seu carro. Não havia mais espaço. Ignorando a legislação de trânsito, a mulher simplesmente “jogou” seu automóvel na esquina das ruas Mármore e Ângelo Rabelo.

O Código de Trânsito Brasileiro estabelece, em seu artigo 181, que é infração média estacionar o veículo na esquina ou a menos de 5 metros do alinhamento com a via transversal, sob pena de remoção do veículo. Mas a referida senhora ignorou esse dispositivo da lei. Com a insuficiência de espaço, ela estacionou o veículo na esquina e ainda ocupou cerca de um metro da pista de rolamento da rua seguinte. Com isso, atrapalhou quem estava na rua Ângelo Rabelo e queria atravessar a Mármore e também quem estava na rua Mármore e queria virar à direita na Ângelo Rabelo.

Cruzamento entre as ruas Mármore e Ângelo Rabelo, onde se passou a história. / Fonte: Google Street View

Cruzamento entre as ruas Mármore e Ângelo Rabelo, onde se passou a história. / Fonte: Google Street View

Estava instalado o caos. Quem passava à pé ou conduzindo seu veículo “fuzilava” a senhora com os olhos. Ela, no entanto, demonstrava não estar nem aí e seguiu no seu “pulinho” à padaria. Tudo aconteceu como ela queria, à revelia das leis de trânsito, da segurança coletiva ou do direito dos outros.

Depois de quase 10 minutos de trânsito embatumado, a mulher voltou empertigada, atravessou de um lado para outro entre os veículos que desciam a rua Mármore até chegar a seu carro. Partiu sem dar seta, deixando o local onde estacionou de forma irregular realizando uma manobra arrogante e insegura.

Esta senhora demonstrou pensar apenas em si mesma e em seu pãozinho quentinho, sem se preocupar com os outros usuários da via ou com os raríssimos fiscais de trânsito que passam pelo local. Aos poucos tudo voltou ao normal, compatível com o volume do trânsito para o horário.

Mas ficou a constatação de que está cada vez mais difícil conviver com essas pessoas de posturas individualistas, pensando apenas em si mesmas e querendo levar vantagem sempre. E, claro, dispostas a ignorar, burlar ou fingir desconhecer as leis. Geralmente essas pessoas gostam muito é de reclamar dos outros e patrulhar os atos alheios.

Não sei até onde irá o limite e a tolerância de quem é atingido por este tipo de postura mas, como diz Chico Buarque na música Gota d’água:

“Deixe em paz meu coração, que ele é um pote até aqui de mágoa, e qualquer desatenção, faça não, pode ser a gota d’água”.

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