Sempre alerta

por Luis Borges 3 de dezembro de 2015   Pensata

São demais os perigos dessa vida. Muitas vezes eles se tornam invisíveis, mesmo estando muito próximos de nós. É preciso estar sempre alerta. O risco é permanente e deveria ser atenuado pela sua gestão. No entanto, muitas das ações que deveriam ser feitas são deixadas de lado, tanto por nós quanto pelos outros, que deveriam agir no processo de fazer as coisas acontecerem.

Se nem a sorte nem o “quase” ajudarem, o resultado da omissão e da negligência pode resultar em tragédias. Cito três casos para ilustrar.

1) O incêndio da boate Kiss, em Santa Maria (Rio Grande do Sul), deixou 242 mortos e 680 feridos em 27 de janeiro de 2013.

Faltou, por exemplo, um sistema de segurança consistente e efetivo. Além disso, muitas das partes envolvidas – entidades públicas e privadas – não cumpriram suas atribuições legais e obrigatórias.

2) O desabamento do viaduto Batalha dos Guararapes, na região de Venda Nova (Belo Horizonte), em plena Copa do Mundo de Futebol, no dia 3 de julho de 2014.

Foram duas pessoas mortas, 23 feridas, moradores retirados de suas residências em 2 conjuntos habitacionais bem próximos. Houve também diversos culpados tentando “tirar o corpo fora” diante dos erros e nada de ressarcimento dos prejuízos, inclusive financeiros.

Quase um ano e meio depois a movimentação de veículos e pessoas no local tendem a demonstrar que o viaduto nem era necessário. O caso continua tramitando nas esferas administrativas e judiciais, a atribuição de culpa e o pagamento pelos danos ainda engatinham.

Viaduto Batalha dos Guararapes. / Foto: Lucas Prates/Hoje em Dia/Arquivo

Viaduto Batalha dos Guararapes. / Foto: Lucas Prates/Hoje em Dia/Arquivo

3) A ruptura de barragem de rejeitos da Samarco Mineração em Mariana (MG) em 5 de novembro último, que deixou 13 pessoas mortas e 8 desaparecidas.

A lama que desceu da barragem de terra varreu a vida ao longo da calha do Rio Doce até o Oceano Atlântico. Como já se sabe até o plano de contingenciamento para enfrentar situações desse tipo existia apenas no papel e não pôde ser aplicado, porque ninguém o conhecia. Quem deveria fiscalizar todo o sistema minerário local também não o fez.

Prevenir é melhor que remediar

Estou citando tudo isso para convidá-lo a pensar sobre outros casos de perigo, alguns com mais chances de se tornar reais do que outros, que nos rondam apenas em Belo Horizonte e região metropolitana. Prevenir sempre será melhor que remediar. Mas esse ato exige ação e combate à omissão e ao descaso.

Pensei rapidamente sobre o assunto e me lembrei de alguns casos:

Adutora – Imaginemos uma adutora de ferro fundido, com diâmetro de 500mm, transportando água em alta pressão. Essa água é buscada cada vez mais longe. A adutora percorre longos caminhos e, por onde ela passa, nenhuma outra atividade pode acontecer. Não se pode, por exemplo, construir um condomínio habitacional sobre essa adutora. Os tubos, no entanto, nem sempre estão aparentes, podem ser subterrâneos.

Havendo uma ocupação indevida de trechos ao longo do caminho da adutora, se pessoas circulam pelas proximidades, o que pode acontecer se a adutora se romper? Nem sei se haverá tempo para correr ou para ser levado pela água…

Gasoduto – Existe um gasoduto subterrâneo no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, passa bem na região do viaduto São Francisco, por exemplo. Mas quem se lembra dele? E se houver um descuido qualquer e, em decorrência dele, um grande vazamento?

Outros riscos – O que pensar da ruptura de uma linha de transmissão de energia elétrica em alta tensão, da queda de um elevador de um edifício ou obra, de uma enchente com alagamento em conhecidas vias da cidade cortadas por córregos canalizados? Riscos existem, devem ser avaliados e, quando for possível, controlados. Se não der pra prevenir, devemos ter planos que orientem a ação para o caso de o pior acontecerIsso vale para os casos citados nesse texto, em grande parte de responsabilidade do poder público e de entidades privadas. Mas também vale para os riscos presentes em nossas casas.

A memória é curta e tudo cai rapidamente no esquecimento. Por isso, é importante nos lembrarmos dos versos de Geraldo Vandré.

Quem sabe faz a hora não espera acontecer.

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O passar do tempo que passa

por Luis Borges 28 de outubro de 2015   Pensata

O que você vai ser quando crescer? Essa era uma pergunta que eu ouvia muito quando estava concluindo o curso primário e iniciando o ginasial, ao completar 11 anos de idade, morando na cidade eterna de Araxá. De lá para cá, a vida teve o seu curso delineado por diversas condições, com um satisfatório espectro de resultados pessoais, profissionais e sociais.

Araxá igreja matriz

Vista da Igreja Matriz de São Domingos, em Araxá (MG) / Foto: Marina Borges

O passar do tempo que passa me fez ouvir outra pergunta feita por muitas pessoas queridas, com as quais tenho diferentes graus de convívio por ocasião das comemorações de meus 61 anos de idade completados dia 24 de outubro.

Você se preocupa com o fato de estar ficando mais idoso?

A partir dessa pergunta fiz uma série de considerações mostrando meu posicionamento. Inclusive para os matemáticos e engenheiros, segundo os quais no dia de hoje, 28/10, estou no quarto dia dos meus 62 anos.

A idade em que me encontro traz preocupações naturais, mas elas fazem parte da consciência da finitude do curso da vida, que terá a morte como último momento. Prossigo sereno e tranquilo no convívio com a família, com os amigos que querem estar mais próximos, e sempre ciente de que a vida continua necessitando de planejamento e gestão, independente da fase.

Tenho também a certeza de que já é hora de começar a usufruir um pouco do que foi construído em família, visando à sustentabilidade para os novos tempos que chegam cada dia mais. Ainda não é hora de parar e muito menos de ir para os aposentos, mas já dá para melhor cadenciar o ritmo. É plenamente possível continuar como um apoio aos projetos da família, participando desde a formulação e até na execução naquilo que couber.

Percebo que se descortina um envelhecimento ativo e feliz, usufruindo do aprendizado trazido pela maturidade que sempre se acentua e pela gestão da ansiedade, que faz a bola baixar conscientemente.

Finalmente, falei bastante sobre a minha expectativa de continuar participando da vida com autonomia e independência, esta com as devidas restrições impostas por um limite físico, e sempre contando com o amor da família solidária e a amizade fortalecedora advinda do convívio com os amigos.

É claro que tudo sempre muito bem permeado pelo bom humor e pela presença espirituosa, com a marca de quem nasceu sob o signo do escorpião amarelo, que faz as coisas conforme a sua natureza e só quer o bem de todos e para todos.

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Maus tratos nem sempre visíveis

por Luis Borges 21 de outubro de 2015   Pensata

A Organização das Nações Unidas estabeleceu em 1998 que 1º de outubro é o Dia Internacional do Idoso. O ano seguinte foi considerado “Ano Internacional do Idoso”, para chamar a atenção para o envelhecimento da humanidade e as condições em que ele acontece. Mais de quinze anos se passaram e tudo continua muito desafiante, a exigir reposicionamentos estratégicos das pessoas, das organizações humanas e do Estado. Se há o que comemorar, há muito mais a fazer e também a perceber nos detalhes, no “escondidinho” das relações do dia-a-dia. Além de ver a floresta, é preciso ver melhor ainda as árvores e seus galhos.

Parto da premissa de que, de maneira geral, as pessoas possuem algum grau de expectativa sobre como será o curso de suas vidas na velhice. Para efeitos de raciocínio vou considerar que os idosos brasileiros são aqueles que possuem idade a partir de 60 anos, conforme estabelecido na lei. Vale lembrar que, em função do aumento da longevidade, já existem estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) propondo aumentar para 65 anos a idade de início da velhice. Essa simples mudança faria com que quase 7 milhões de um total de 23 milhões de pessoas deixassem de ser consideradas idosas, conforme dados do IBGE.

Qual é a percepção dos “gerontolescentes”, aqueles que estão hoje entre 50 e 59 anos de idade, em relação ao tratamento que dispensam aos idosos nos diversos ambientes em que eles vivem? O que pensar daqueles que têm uma postura imperial, de pouco diálogo, impaciência para ouvir e muita arrogância nas posturas de “proprietários da verdade”? São chocantes as cenas que registram gritos, xingamentos, desprezo, exigência de obediência inconteste, manipulação, imposição e baixíssima transparência.

Após tantas possibilidades de maus tratos no campo psicológico – nem sempre percebidos, pois muitos acabam se automatizando – ainda tem aqueles que tentam entender por que a depressão tomou conta de alguém idoso. É claro que a vontade e a disposição para viver só tendem a desaparecer…

E o seu futuro?

Os anos se sucedem de forma rápida, como as cadeiras numeradas. / Foto: Marina Borges

Os anos se sucedem de forma rápida, como as cadeiras numeradas de um estádio. / Foto: Marina Borges

E você? Já se projetou, com a idade de 75 anos, vivendo situações com algumas das condições de contorno citadas acima? Sua preparação para viver esses tempos com saúde, segurança, autonomia e independência está sendo feita? O aprendizado que temos em função do que vemos torna-se cada vez mais incentivador, mas é para quem percebe e admite que essas coisas acontecem, por enquanto, com os outros.

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Quem quer ser professor?

por Luis Borges 15 de outubro de 2015   Pensata

Professor, docente ou mestre é aquele que lidera e interage no processo de transmissão do conhecimento nos diversos níveis do sistema educacional. O 15 de outubro é dia de homenagens e reconhecimentos, mas também de reflexões e proposições para contribuir nas soluções dos problemas que a educação enfrenta.

Aqui vou me ater apenas aos professores que trabalham na educação básica brasileira, ou seja, aqueles que estão na educação infantil, no ensino fundamental e no ensino médio. A razão é muito simples. Se 49,8 milhões de alunos foram matriculados na educação básica em 2014, segundo o Ministério da Educação (MEC), como garantir que existirão professores em qualidade e quantidade suficientes para atender a todas as necessidades?

Recente estimativa divulgada pelo MEC mostra que, em todo o país, faltam 170 mil professores para os níveis fundamental e médio. Entre as causas fundamentais apontadas estão os baixos salários, a falta de um horizonte de carreira profissional e reflexos dos problemas sociais na sala de aula. Nesse sentido, é importante lembrar que desde 2010 um número menor de estudantes tem ingressado nos cursos de licenciatura em busca de formação docente. No caminho até a diplomação existe uma grande evasão escolar e muitos dos que chegam ao fim do curso buscam o título, e não necessariamente a sala de aula.

O declínio é visível em todos os cursos de licenciatura, tanto nas escolas públicas quanto privadas. Segundo o pró-reitor de graduação da Universidade Federal de Minas Gerais, a demanda pelos cursos de licenciatura da Universidade caiu cerca de 50% nos últimos anos. Já segundo o pró-reitor de graduação da Universidade Federal de Ouro Preto, a ociosidade de 10% nas vagas da instituição é fortemente influenciada pela baixa procura nos cursos de licenciatura. E assim acontece na maioria das instituições de ensino conforme mostram os dados oficiais disponíveis.

O que pensar sobre aqueles que ainda assim prosseguem se preparando para ingressar no magistério ou levando em frente a opção profissional que fizeram, apesar de tudo o que se fala, se chora ou se lamenta em relação à educação? Acredito que realmente é uma escolha feita em função de uma boa dose de vocação para o ofício e também com uma boa dose de realismo para enfrentar, com muita determinação, todas as pedras do caminho. Para quem quer ser professor continua sendo essencial saber que as coisas fáceis já foram feitas e que para todos do segmento só ficaram as mais difíceis. Para eles persiste a crença de que a educação é a base de tudo e que ela é essencial para as transformações que nossa sociedade necessita, ainda que possa parecer que o tempo passa devagar diante de necessidades tão prementes.

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Estamos num ambiente de recessão econômica e de crise política, que só dificulta o encontro de uma saída que aponte para a retomada do crescimento da economia. O clima é de desconfiança entre empresários e mais ainda em meio aos trabalhadores. A razão é bem simples – à medida em que o faturamento cai e os custos vão ficando insuportáveis, o primeiro que aparece é o facão cortando trabalhadores. Margens de lucro inalteradas, gestão do negócio insatisfatória e erros governamentais adubam a conjuntura.

Quem já passou ou está passando pela condição de desempregado, com ou sem carteira assinada, conhece muito bem o quanto essa dor dói. A Pnad Contínua, do IBGE, estimou 8,6 milhões de pessoas desocupadas, no país, no trimestre de maio a julho deste ano. Em comparação com o mesmo período do ano passado, o contingente cresceu 26,6%.

Em princípio todos precisam trabalhar para dignificar e responder à própria existência e para contribuir para a geração das riquezas de uma nação. O sofrimento para quem procura um trabalho torna-se cada vez mais pesado e extenuante à medida em que o tempo passa e as contas só continuam chegando.

E haja realismo esperançoso para aquietar uma mente em efervescência em busca de uma resposta. Até me lembro de alguns versos da música Guerreiro menino, que foram compostos por Luiz Gonzaga Jr. e também cantados por Raimundo Fagner.

"Um homem se humilha
Se castram seus sonhos
Seu sonho é sua vida
E vida é trabalho
E sem o seu trabalho
O homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, se mata
Não dá pra ser feliz
Não dá pra ser feliz"

Ainda assim, muitas são as pessoas que pensar que situações como essas sempre acontecem só com os outros. Já ouvi gente com formação de nível superior e pós-graduação dizendo que é funcionário público concursado e, portanto, inatingível pela crise econômica. Só se esquecem que a recessão econômica faz cair a arrecadação dos altíssimos impostos e contribuições, e que até salários já estão sendo pagos parceladamente em alguns estados e municípios.

Mas a grande questão é que quanto pior, pior mesmo e que quando o mercado está desfavorável para o trabalhador, está mesmo. A busca acaba sendo prioritariamente por um posto de trabalho e secundariamente pelos salários, benefícios e horizontes de carreira profissional. A conjuntura e os cenários são de sobrevivência.

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Pago impostos, logo existo

por Luis Borges 30 de setembro de 2015   Pensata

A crise política e econômica prossegue, recrudesce e a solução criativa visando encontrar uma saída que atenda a todas as partes interessadas ainda não está visível. No caminho, aparecem diversas sugestões para resolver a situação. Quero chamar a atenção aqui para as propostas que só enxergam o aumento de impostos e sempre percebem no crescimento da carga tributária o caminho mais curto para a solução de tudo.

Nas notas fiscais, lá estão eles...

Nas notas fiscais, lá estão eles…

Porém, ninguém pensa nas condições necessárias para viabilizar o processo que levará aos resultados que serão objeto de taxação pelo Estado. Se a geração das riquezas se reduz e os gastos só aumentam, a equação nunca fechará. Os três poderes da República são constitucionalmente harmônicos e independentes, mas só sabem gastar sem se preocupar com a capacidade da sociedade para gerar os recursos de maneira sustentável. Todos só querem a tal da verba.

E assim vão surgindo mais e mais propostas de impostos como a ressurreição da contribuição sobre movimentações financeiras, a cobrança de royalties sobre a energia eólica e a taxação dos jogos de azar, entre os quais estão o bingo, o jogo do bicho e os carteados dos cassinos. Vale lembrar que os jogos de azar da Caixa tiveram seus preços aumentados no último mês de maio, em alguns casos reajustes de 100%. Outros impostos já foram aumentados e são uma realidade em nome do ajuste fiscal das contas públicas.

A hora é de questionar a qualidade dos gastos, a ruindade da gestão, os altos salários cheios de penduricalhos, principalmente nos poderes judiciário e legislativo, e a ostentação presente nos edifícios públicos, nas viagens aéreas, nas diárias de hotéis, nos gastos com cartão corporativo.

Fica a sensação de que só existimos para pagar impostos, de preferência na data marcada, com ou sem condições para tal.

É bom lembrar que, em muitos casos, os impostos são singelamente chamados de contribuições como a CSLL – Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido, COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social e CIDE – Contribuição sobre a Intervenção no Domínio Econômico. Esta última já está toda revitalizada, de forma que o pagador de impostos passará a contar com ela também.

A certeza de que pago impostos, logo existo também me faz pensar e me perguntar sobre o limite para suportar algo que já passou dos limites há muito tempo.

Qual é a sua visão sobre esse assunto? Compartilhe nos comentários.

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Desatenção no trânsito

por Luis Borges 9 de setembro de 2015   Pensata

Era uma sexta-feira do início de agosto, por volta das 20h30, na Av. Antônio Carlos, em Belo Horizonte. O trânsito estava assim:

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Eram muitos problemas – trânsito pesado, motoristas forçando passagem e furando fila, o cansaço, a visão da longa fila de carros na avenida… o que indicava ainda mais necessidade de atenção.

A motorista que estava no meio desse engarrafamento contou que, ao passar pelo viaduto São Francisco, viu um ônibus e um táxi que estavam na pista que daria acesso ao Anel Rodoviário forçando a entrada na faixa da av. Antônio Carlos. O carro da frente soltou o freio, na ânsia de não ser batido. Mas, aparentemente, não prestou atenção na distância do carro que vinha atrás. Resultado – bateu no pára-choque dianteiro da motorista citada. Nem buzinar adiantou.

Num caso desses, como parar, no meio da avenida engarrafada, para ver se houve algum estrago? Como se comunicar com o motorista da frente? O jeito foi seguir até seu destino, esperando que nada tivesse acontecido com o carro.

Essa mesma motorista teve outro dissabor alguns dias depois. Entrando no seu bairro, dirigindo pela rua principal, foi atingida na lateral direita por um motorista que abria a porta, mas se esqueceu de olhar pelo retrovisor antes. Na porta que foi aberta, o estrago foi pequeno, apenas um friso se soltou. No carro atingido, a roda foi amassada, o pára-choque danificado e foi preciso trocar parte da lataria. O carro ficou 8 dias corridos no conserto, coberto pelo seguro.

Centenas de acidentes diários

Essas pequenas desatenções são expressas na estatística da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social. Em 2015, de janeiro a julho, foram registrados 34.977 acidentes de trânsito sem vítimas em Belo Horizonte – 165 por dia. Se incluirmos a Região Metropolitana, o número sobe para 57.923. Isso sem contar os casos que não foram registrados, já que algumas seguradoras não estão pedindo mais o B.O., que passou a ser feito na delegacia online. O que comprova que o trânsito de Belo Horizonte continua cheio de pessoas dirigindo seus veículos desatentamente.

É bom lembrar que “acidente sem vítima” não quer dizer acidente sem transtornos ou consequências. Os envolvidos ficam dias sem o veículo, precisam modificar a rotina e, em muitas vezes, tirar dinheiro do bolso.

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O rádio prossegue firme

por Luis Borges 20 de agosto de 2015   Pensata

Ouço rádio desde os tempos de menino na minha cidade natal, Araxá (MG), capital secreta do mundo. Ao lado de minha mãe, tornei-me um ouvinte atento da ZY-4, Rádio Imbiara, com sua programação de música, esporte e notícia. Com o passar do tempo fui cursar o ensino médio em Uberaba e lá ouvia a Rádio 7 Colinas. Em 1973 cheguei a Belo Horizonte. Passei a ouvir músicas na Rádio Mineira, esporte e notícias nas rádios Guarani e Itatiaia. E assim cheguei aos dias de hoje, acompanhando os avanços da tecnologia da comunicação.

De vez em quando surge alguém dizendo que o rádio não vai resistir ao avanço das mídias digitais, mas o mero achismo ainda não prevaleceu e o rádio também pode ser ouvido pela internet. Como um dos fundamentos da gestão nos ensina que devemos trabalhar com fatos e dados para melhor compreendermos os fenômenos e os processos que os geram, fiquei feliz ao encontrar uma recente pesquisa do Ibope Mídia. Ela mostra que o rádio prossegue firme e com bastante força entre os meios de comunicação no país. Vou citar aqui alguns fatos e dados que, observados e analisados, podem comprovar a minha percepção.

O Ibope ouviu 41 mil pessoas em 13 capitais brasileiras e aproximadamente 90% delas afirmaram que ouvem emissoras de rádio. Em Belo Horizonte o número de ouvintes chegou a 94%, enquanto nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília ficou em 88% dos entrevistados.

A pesquisa mostrou também que 53% dos ouvintes são mulheres, 47% são homens e que eles passam 3h50 por dia ligados nas ondas do rádio.

Outro aspecto interessante é o fato de que as pessoas afirmaram que ouvem rádio ao mesmo tempo em que fazem outras atividades. Nesse sentido 21% afirmaram entrar na internet simultaneamente, 17% também se ligam na televisão e 14% leem jornais e revistas.

Rádios portáteis, rádios relógios e outros aparelhos comuns são os escolhidos por 60% dos ouvintes. Outros 24% sintonizam as estações de sua preferência no automóvel e 16% via aparelhos de telefone celular.

Finalmente em termos dos conteúdo da programação, 65% focam em notícias e prestação de serviços, 47% em música, 19% em temas religiosos e 18% em esportes.

Eu também prossigo ouvindo em torno de 4 horas de rádio por dia, com a predominância de música e jornalismo. E, quando nada, os minutos finais dos jogos do América Futebol Clube narrados por Ênio Lima, pela Rádio Itatiaia.

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Farinha pouca, meu pirão primeiro

por Luis Borges 11 de agosto de 2015   Pensata

Em meio à crise política que muito contribui para realimentar as dificuldades da economia e às dificuldades para aprovar o ajuste fiscal das contas públicas, causa espanto ver projetos que propõem aumentar gastos. Na semana passada o portal G1 noticiou que o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, negocia com o governo um aumento de 16% nos salários dos Ministros do STF, que gera efeito cascata. Para os demais servidores, pede reajuste de 46%, parcelados em quatro anos.

Ainda que o trabalho do STF seja necessário, o que assusta é a gula e a desenvoltura para salvaguardar os interesses da corporação, independente da capacidade do Tesouro Nacional para bancar tais índices. Se tudo acontecer como esta sendo proposto, um Ministro do STF que recebia em torno de R$27.000,00 em 2014 entrará janeiro de 2016 embolsando pouco mais de R$39.00,00 mensais. Isso equivalerá a um reajuste de aproximadamente 35% em dois anos.

Mas de onde virão os recursos para bancar esses aumentos, nesses anos em que a economia só decresce e não mostra perspectivas de recuperação tão cedo? Para completar todo esse quadro, os técnicos do STF avaliam que a proposta de aumento salarial não impacta significativamente nos gastos da União. Pelo visto o ditado popular “farinha pouca, meu pirão primeiro” está mais vivo do que nunca, e é muito bem praticado. A função de arrumar o dinheiro não lhes pertence.

Já que os pagadores de impostos ainda mantêm baixa a sua capacidade de se organizar e se indignar, caberá a eles continuar bancando essa conta, em nome da obediência civil. Até quando, não sei, mas o pós-capitalismo pode estar menos longe do que parece. E não é em anos luz.

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No início de julho a Presidente da República viajou até a Rússia para participar de uma reunião dos Brics, o grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Na volta, passou pela Itália, onde se encontrou com o Presidente e o Primeiro-Ministro do país. Essa foi a agenda oficial, comunicada pelo Palácio do Planalto.

Ufá - Russia, 09/07/2015. Presidente Dilma Rousseff durante VII Cúpula do BRICS. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Ufá – Russia, 09/07/2015. Dilma Rousseff e Vladimir Putin durante VII Cúpula do BRICS. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

No entanto, antes de chegar ao destino oficial, Dilma Rousseff passou em Portugal, onde até se reuniu com o Presidente do STF, Ricardo Lewandowski. A diferença é que essa parte não foi informada na agenda e simplesmente acabou chegando ao conhecimento público quando a comitiva presidencial já estava chegando lá. E, cá pra nós que nos preocupamos com a qualidade e a quantidade dos gastos: não seria possível fazer uma reunião com o Ministro Lewandowski em Brasília? Ou o aumento salarial do funcionalismo do poder judiciário, de 58% a 79%, está incomodando tanto?

Passemos a outros exemplos. Uma secretaria de estado do Governo de Minas, ao receber solicitações de informações e questionamentos sobre temas ligados ao negócio da pasta, informa friamente e com “cara de paisagem” que não vai se posicionar sobre o assunto.

Uma empresa de porte médio ou grande recebe benefícios fiscais da união, estados e municípios. Esses são publicados nos Diários Oficiais dos respectivos níveis de poder, que citam códigos de protocolos, parágrafos, alíneas, leis conexas e anexos de complicada e complexa legislação. São códigos tão complexos que até um especialista em garimpo de sutilezas e escondidinhos legais, mas muitas vezes imorais, tem dificuldades para encontrar e entender do que se trata especificamente. Assim podem ser lembrados diversos exemplos, como o abastecimento de água, as causas de um apagão na distribuição de energia elétrica… Esconde-se ao máximo aquilo que não seria interessante mostrar, pois toda pessoa bem informada é perigosa, ainda mais nesses tempos de redes sociais bastante atuantes!

Temos a Lei de Acesso à Informação, mas os órgãos públicos sujeitos a ela sabem se fingir de mortinhos sempre que necessário. Para cumprir o que dispõe a Lei, muitas vezes o site não é amigável, de pouca usabilidade e encontrar lá a informação correta e completa torna-se um desafio, como se fosse uma caça ao tesouro.

Outra forma de se fazer o jogo do escondidinho é simplesmente deletar a informação assim que expira o prazo mínimo previsto para que ela fique no ar.  Aí o jeito é torcer para que tudo tenha ficado registrado no “São Google”.

Se por um lado por um lado existem melhorias, por outro ainda há muito o que melhorar nas posturas de todos os envolvidos no processo de dar transparência a todas as informações que a sociedade tem o direito de acessar. Não dá mais para tolerar a aparência embalando a frase de um ex-Ministro da Fazenda quando disse “o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde”.

Para completar, que tal refletir sobre aparência e transparência em nossa vida familiar, nos nossos círculos de amigos, no associativismo e em nossos locais de trabalho?

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